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História Acting Loving - Casal


Escrita por: VictoricaChan

Notas do Autor


"Seja qual for o relacionamento que você atraiu para dentro de sua vida, numa determinada época, ele foi aquilo de que você precisava naquele momento"

{Deepak Chopra}

Capítulo 7 - Casal


 

Kailan girou a chave na maçaneta ás cegas. A luz do corredor havia queimado novamente. Pra variar. Ele entrou no apartamento apertando o primeiro interruptor que encontrou para poder trancar a porta de volta. Se jogou no sofá e tirou o celular do bolso para ver o horário. Onze horas da noite. Parece que fiquei fora por anos.

O dia que começou com a dúvida frequente de Kailan em aceitar o papel terminou melhor do que ele esperava apesar de tudo. A sessão de fotos foi mais tensa do que previa e agora ele teria que trabalhar ainda mais para não ter nenhuma recaída durante as gravações. Ainda sim lá estava ele de visual novo, um emprego, um personal trainer e ainda teve a chance de passar um tempo com Hyung. Mesmo que em alguns momentos o clima ficasse pesado entre eles Kailan não se sentiu mal como aconteceria em qualquer outra situação. Acho que conviver com alguém que consegue manter tanta calma acaba me deixando tranquilo também.

Então, logo depois do almoço Hyung o levou até o prédio onde funcionava a emergência e atendimento médico para o caso de acidentes, algum tratamento ou acompanhamento. Assim Hyung o apresentou a Sun, a psicóloga que faria todo acompanhamento com eles durante a série e que ele já conhecia de um filme anterior.

A princípio Kailan ficou bem inseguro e nervoso, não gostava de psicólogos, psiquiatras ou quaisquer outros tipos de profissões e pessoas que o ficassem analisando. Mas a mulher, além de muito simpática, conversou apenas trivialidades enquanto eles preenchiam alguns documentos para serem oficialmente pacientes da doutora e Kailan realizava, também, seu cadastro na clínica do estúdio para o caso de possíveis enfermides. Então podia-se dizer que tinha até mesmo um plano de saúde agora.

A claridade da lâmpada começou a incomodá-lo, ele cobriu os olhos com o braço e se acomodou melhor no sofá. Como de costume acabaria dormindo ali mesmo, afinal seu quarto estava intransitável e sua cama virou um verdadeiro deposito de bagunça. O cansaço o dominava pouco a pouco, mesmo Alek tendo pedido para encerrar o dia Hyung não só fez questão de manter a agenda, como adiantá-la. Eles fizeram vários exercícios corporais, contracenaram e repassaram algumas cenas dos mais variados roteiros. Ficaram por minutos treinando expressões na frente do espelho e Kailan sentiu na pele o que era lidar com Nancy Prado quando ela simplesmente apareceu no meio dos ensaios e começou a mandar em tudo e todos. 

O sono finalmente começou a se apoderar de Kailan que não resistiu. Fazia dias que não dormia direito, que não tinha a mente tão cansada ao ponto de superar sua insônia. Mas então o barulho do celular o fez sair dessa zona de conforto. O aparelho tocava e tocava e Kailan tinha a impressão de que cada vez mais alto. Olhou a chamada no visor, não era nenhum número conhecido, aliás parecia ser de outro estado.

— Alô? — ele atendeu com a voz sonolenta.

— Dormindo a essa hora? — a voz feminina do outro lado o fez parar no meio de um bocejo e despertar de vez sentando-se no sofá. — Isso não é típico de você, Kai.

Kailan queria responder, queria retrucar, queria... Mas sua boca mal se mexia, nenhum som saia, suas cordas vocais pareciam anestesiadas. E ele sabia que ia acabar gaguejando.

— E-Eu.... V-Você... Como? Esse número não...

— A tecnologia é bem evoluída Kai, consegui pegar os recados deixado no telefone da casa e com isso seu número também. Então... Não vai me contar sobre o teste? Não está feliz com a minha ligação? — Ele pode sentir que ela sorria do outro lado.

— Isso.... Isso quer dizer que o telefone de casa foi desativado?

— Não, mas como ninguém vai pagar a conta de certo será cortado. Ainda tem esperanças que mais alguém escute o seu recado?

Kailan suspirou.

— Claro, ele não era pra você de qualquer forma. O que você quer? Pensei que a essa altura você já tinha se livrado de mim, não é mesmo?

— Não seja rude Kai. Sabe que por mais que fale isso não vou te abandonar de fato. Nunca vamos conseguir nos livrar um do outro. Essa é a maldição da nossa família, maninho.

— Não me ligue de novo, Kristen. Adeus! — Ele encerrou a chamada e mudou o aparelho para o modo avião. Levantou-se do sofá e apagou as luzes, caminhou até o banheiro e lavou o rosto. Tomou um susto ao se lembrar de que agora tinha uma nova aparência, mas ainda sim lá estavam suas olheiras e expressão de pânico e raiva.

Maldita hora pra ela ligar! — Ele socou a parede de azulejo do lado do espelho. A princípio sentiu que o som do impacto ressoaria por todo o prédio, mas depois de um tempo tudo que restou foi a dor subindo dos nós dos seus dedos para o braço e o azulejo manchado de sangue.

Ainda nervoso Kailan caminhou até o quarto, olhou para sua cama cheia de roupas e algumas caixas, as cortinas fechadas encardidas, o guarda roupa faltando uma das portas e completamente desorganizado também. Puxou o cobertor despejando tudo no chão e se jogou no colchão empoeirado sem travesseiro. Dessa vez não! Eu tenho que estar no estúdio bem cedo. Ninguém vai me tirar isso. Em vão ele tentou relaxar e dormir.

ᴥᴥᴥᴥᴥᴥ

Hyung twittava contra sua vontade avisando seus seguidores sobre o programa ao vivo em que ele e Jiune participariam. Apesar de estar extremamente irritado e ansioso com aquilo e continuar brigado com Alek ele sentia que Kailan parecia muito pior. A semana transcorreu como o planejado, eles cumpriram todos seus compromissos, mas diferente do primeiro dia ele notava que Kailan parecia muito abatido e cansado. Talvez seja os exercícios, devem estar pegando pesado com ele por conta do prazo. Mas pelo que pareceu ele sempre teve ótima resistência física.

— Finalmente terminado! — Max Bridges, o figurinista comemorou vendo Kailan vestido com os trajes desenhados pela própria Koogi. — Agora sim, todos os figurinos que usaram na primeira parte estão montados.

— Que ótimo. — Hyung comentou desanimado voltando a atenção para o celular. — Não vamos usar metade das roupas na segunda parte mesmo.

Bridges fechou a cara e colocou as mãos na cintura.

— Se não sabe apreciar o trabalho dos outros não fique na sala apenas incomodando. — Ele foi direto e Kailan prendeu a respiração perante as alfinetadas. Hyung tirou os olhos o celular e se levantou.

— Não quis diz disser isso Max. — Apesar do clima tenso os dois homens pareceram se entender com o olhar fazendo Kailan ficar menos nervoso no meio deles. — Tenho que pegar o avião pra Nova Jersey. Nos vemos segunda. — falou pegando seu casaco e acenando para Kailan que nem teve tempo de responder nada, pois quando se deu conta o moreno já havia batido a porta.

Alek
Estamos na entrada! CADÊ VC?

As mensagens histéricas de Alek faziam com que a tela do celular de Hyung piscasse com as notificações a todo momento. Ele apressou o passo ignorando elas, mas então veio uma chamada dele. Sem paciência Hyung revirou os olhos e atendeu, mas nem se deu ao trabalho de colocar o aparelho no ouvido para escutar reclamações, apenas gritou para ele.

— ESTOU CHEGANDO!

Alguns minutos despois chegou na entrada e entrou no bendito carro onde Alek já estava esperando. Seu motorista William, já acostumado com horários apertados avançou de presa e pegou a rota mais rápida para o aeroporto.

ᴥᴥᴥᴥᴥᴥ

Apesar do desespero de Alek eles embarcaram a tempo. Hyung saiu do aeroporto, claro que não sem antes passar por uma chuva de paparazzis que William logo fez questão de ajudar a barrar. Mas para desespero de Alek o moreno parou algumas vezes para dar seu autografo e tirar selfie com alguns fãs.

Cerca de meia hora depois eles finalmente entraram na van do estúdio do programa. Uma vez dentro do lugar eles se apressaram para o prédio e, finalmente, Alek pode suspirar mais aliviado quando alcançaram o camarim e Hyung começou a ser maquiado.

— Agora só falta a Jiune. — Ele se jogou no sofá espalhando seus diversos celulares e aparelhos comunicadores pela mesa de centro. — Puta que pariu! — Ele se levantou digitando freneticamente.

— O que foi agora? — Hyung perguntou já irritado fazendo o maquiador borrar um pouco enquanto contornava sua sobrancelha.

— Desculpe. — Ele se apressou para limpar.

— Tudo bem. A culpa é do Alek. — Hyung voltou a ficar imóvel.

— Só agora chegou a mensagem da Amber avisando que o voou delas atrasou por conta de uma tempestade que também estava causando problemas no sinal de celular. — Ele comentou pegando outro aparelho. — Não é possível que não embarcara! A Jiune te falou algo? Atualizou alguma rede social?

— Não, nada. As últimas fotos e tweets que postou também foram sobre o programa. — Alek andava de um lado para o outro, com um celular na mão mandando mensagens e outro no ouvido tentando ligar para Amber.

— Droga, é ao vivo. Não tem como atrasar!

— Mas que contratempo horrível, acho que vamos ter que remarcar ou... cancelar de vez, já que ando muito ocupado com a série e...

— Boa Hyu, mas tenha mais fé na sua namorada, em mim e na Amber. — ele o interrompeu. — Afinal, seria terrível só um dos lados do casal participar da entrevista, não é? — Hyung se mexeu bruscamente de novo, felizmente não causando nenhum grande dano a maquiagem. Lançou um olhar felino para ele.

— Nós dois precisamos de paz e sossego aqui Alek, seus ataques estão desconcentrando todo mundo.

— Que seja. — O home se retirou da sala impaciente enquanto Hyung bufava.

— Está tudo bem senhor? — o maquiador perguntou. — Se quiser posso pedir que tragam uma água ou qualquer coisa para o senhor.

— Isso seria bom. — O homem de pele bem clara e cabelos avermelhados assentiu tirando o celular do bolso e enviou a mensagem. — Qual é seu nome mesmo?

— Robert Barnes, senhor. — ele respondeu voltando ao trabalho. Hyung reclinou a cabeça para trás fechando os olhos visivelmente cansado.

— Certo Robert, não me chame de senhor, pode me tratar pelo nome. — O maquiador assentiu pensando na sorte que tivera. Logo ele um novato na emissora não apenas havia conseguido ser designado para maquiar um dos mais famosos e renomados atores do país como, diferente do que pensava e alguns rumores dizia, ele era bem-educado e carismático.

ᴥᴥᴥ

Kailan já se encontrava em seu apartamento e esse estava bem mais arrumado. Com o passar da semana ele havia dado uma boa organizada e pagado uma diarista para limpar o local, com exceção de seu quarto. Onde ele ainda não havia tido tempo de organizar as coisas e na verdade onde escondeu um pouco das bagunças.

Mas sala, cozinha, banheiro e corredor estavam brilhando. Um pouco de louça se acumulava na pia, mas nada comparado a anterior. Os armários e geladeira estavam reabastecidos. As economias de Kailan estavam no limite, mas dentro de pouco tempo receberia seu primeiro salário então não teria com o que se preocupar.

Assim, ele se acomodou num dos banquinhos da cozinha, colocou um pote me cima da bancada e apoiou o celular nele. Apesar da rachadura na tela ainda era possível assistir os vídeos. Acessou no site da emissora e entrou na conta que havia acabado de criar e pagar. Com seu sinal de TV cortado e sem dinheiro o bastante para quitar a dívida toda de uma vez, essa foi a única maneira que ele encontrou. Afinal, estava quase na hora do programa em que Hyung e Jiune participariam.

ᴥᴥᴥ

Apesar do atraso com o voo Jiune conseguiu entrar no estúdio a tempo. Foi preparada por sua própria maquiadora e cabelereira no avião, então apenas correu para trocar de roupa. Hyung já esperava nos bastidores com Alek que batia o pé ansioso e nervoso enquanto a apresentadora importunava Hyung sobre ele está escondendo sua data do casamento.

A plateia entrou e a mulher finalmente o deixou em paz para ir falar com o diretor. Jiune apareceu correndo graciosamente mesmo de salto. Usava uma saia godê escura e uma blusa de gola alta e mangas compridas que tinha uma abertura em formato de coração na altura do decote. O vermelho era no tom exato combinando com a camiseta que Hyung usava por baixo do paletó.

— Finalmente Jiu! Alek está pra parir um filho. — Ele se apressou direção dela que o abraçou.

— Berlim teve uma das piores tempestades dos últimos anos. Quão sortuda posso ser, hein? — ela comentou rindo, enquanto Hyung a apertava em seus braços e mergulhava o rosto em seus cabelos soltos.

— É devia jogar na loteria. — ele falou baixo.

— Está tudo bem? Hyu? — ela o afastou para olhar seu rosto. Ele afirmou abrindo um sorriso que ela conhecia bem... Um sorriso para câmeras. Hyung segurou as mãos da moça.

— Que bom que voltou, Alek está me enlouquecendo. — Jiune riu se aproximando e dando vários selinhos no namorado.

— Que belo casal. — A apresentadora se aproximou com o celular que estava filmando. — Devem estar muito felizes por se reencontrarem depois de tanto tempo, certo?

— Com certeza Ellen. — Hyung respondeu abrando-a pela cintura.

— Tive muitos problemas pra chegar, mas finalmente estou em casa. — Jiune acenou para a câmera simpática. A maquiagem leve e os figurinos escolhidos a dedo davam o ar romântico no tom exato, constatou Alek se aproximando.

— Está quase na hora gente! — ele falou animado. — Acho que precisam de você lá na frente Ellen. — Ele se livrou da mulher e puxou o casal para o lado.

— Meu Deus, ela é mais insuportável do que pensei. — Jiune comentou baixo.

— Você não viu nada ainda. – Hyung respondeu e se virou para Alek. — Acho que tem câmeras até nos camarins.

— Vou cuidar disso, não se preocupem. Apenas lembrem-se da pauta, das perguntas que já repassamos e...

— Alek já fizemos isso centenas de vezes, vai dar tudo certo. — Jiune falou.

— Eu sei, mas é sempre bom terem cuidado. Ela é muito evasiva, pior do que muitos paparazzis e blogueiros de fofoca. — Alguém gritou o nome dos dois ao fundo. — Lembre-se de que estão pisando em ovos e ao vivo. Não deixem ela intimidar vocês nem tentar entrar nas perguntas proibidas — Eles se encaminharam para uma das entradas do palco com Alek em seu encalço sussurrando instruções. — Certo, Amber vai ficar atrás do palco e eu vou para sala de direção por segurança. Boa sorte.

O homem se despediu dando tapinhas nas costas de Hyung que revirou os olhos.

— Será que ele acha que ainda temos quinze anos? — ele falou no ouvido de Jiune já que os aplausos e gritos da plateia estavam ensurdecedores.

— Se essa mulher conseguiu assustar o Alek tanto assim, temos mesmo que tomar cuidado. Mas tenho certeza que tiramos isso de letra, como sempre. Ainda está pra nascer alguém que consiga nos passar pra trás. — Ela riu ajeitando o cabelo atrás da orelha.

— Tem toda razão. — Hyung segurou na mão dela. A apresentadora Ellen Dubroff anunciou os convidados da noite, eles entraram no palco acenando para a plateia. Era hora do show.

ᴥᴥᴥ

— Aí estão eles! Nosso casal mais aguardado! — Eles se cumprimentaram como se não tivessem se visto antes. — Jiune, está maravilhosa como sempre, amei o modelito. Você não amaram? — A plateia gritou no momento que Hyung segurou sua mão no alto e ela deu a sua famosa voltinha fazendo a saia girar. — Uau! Hyung, querido. Cavalheiro como sempre. É uma honra tê-los aqui hoje a noite.

— O prazer é todo nosso. — Jiune falou enquanto se encaminhavam para o meio do cenário acenando para o público.

Havia uma poltrona do lado direito onde a apresentadora se sentou e um sofá à esquerda que cabia exatamente duas pessoas. Eles se acomodaram e as câmeras tomaram posição.

— Muito bem, muito bem! — Ellen falou acalmando a plateia. — Hyung e Jiune, como podem ver vocês são um dos casais mais queridos do país. Como é estar nessa posição? Como se sentem em relação a isso?

— Eu confesso que até hoje não me acostumei com isso. Esse status, sabe. — Hyung começou. — Afinal, somos só um casal como outro qualquer.

— É, temos bons e maus momentos como todo mundo e sinceramente não temos uma grande história emocionante para contar.

— Ah isso não é verdade. — Ellen comentou. — Estão juntos a quase quatro anos certo?

— Três anos e cinco meses. — Jiune falou. — Mas realmente nos conhecemos há quase oito anos.

— É verdade, vocês se conheceram durante um filme. Como foi isso? Foi paixão à primeira vista? Detalhes! Queremos todos os detalhes! — A mulher gesticulava freneticamente e eles não sabia se riam disso ou da pergunta em si.

— Olha, eu acho que foi ódio à primeira vista, viu Ellen. — Hyung comentou. — Jiune faltou me bater quando trabalhamos juntos.

— Que mentira! Ele que sempre tava me tirando do sério. — Ela fez sinal de cochicho com a mão para plateia. — Não acreditem nessa cara de bom moço dele. — As gargalhadas invadiram o lugar.

— Ok, sério agora. — Jiune continuou. — Era um dos meus primeiros trabalhos em algo grande, na trilha sonora de um filme e eu estava super empolgada e nervosa. Eu faria uma pequena participação em algumas músicas que precisavam de uma voz feminina mais jovem. Na época nós tínhamos o que? Você uns doze treze anos, né? E eu catorze. — Hyung assentiu. — E eu não sabia nada do filme. Não sabia nada do Hyu, que ele era o protagonista do drama. Enfim, nada de cinema! E aí que começa a ficar engraçado.

— Aí começa a ficar trágico, né. — Hyung falou fazendo-a rir. — Porque esse foi meu primeiro grande filme e eu estava muito feliz, mas muito entediado porque só tinha adultos no set. E ao contrário do que devia acontecer quando eu e a Jiune topamos um com o outro a gente se estranhou de cara.

— Uau, como assim? Vocês dois parecem se dar tão bem. — Ellen voltou a falar.

— A gente se dá bem, mas somos muito diferentes. — Jiune voltou a falar. — E éramos praticamente crianças, porque o Hyung com treze anos era bem mais maduro que eu... Então não precisava de muitos motivos pra brigar.

— Acho que o grande problema é que a Jiune sempre foi muito agitada e eu muito quieto. Então ela viva correndo pelo lugar, conversando com todo mundo e fazendo bagunça. E quando ela diz que eu tirava ela do sério, é porque eu não topava as loucuras dela.

— Ah, eu sou feliz. Me culpe! — A moça fez um beicinho ergue os braços em sinal de derrota.

— Querida, subir na estrutura de iluminação não é ser feliz. É ser doida mesmo. — ele riu.

— Tá, eu tenho que concordar. — Ellen se pronunciou rindo também.

— É, eu tinha uns probleminhas de hiperatividade mesmo. — Jiune se deu por vencida rindo também. — Mas de certa forma isso fez a gente se aproximar. Até porque não conhecíamos ninguém em Minnesota e pegamos um dos piores invernos. Foi ótimo para o filme, mas um horror pra pessoas da produção.

— É, por conta disso a Jiune pegou um belo de um resfriado e não pode cantar, mas por mais estranho que fosse não ter ela subindo pelas paredes no lugar começou a me deixar entediado de novo. Foi nesse meio tempo que fui visitar ela e onde ficamos mesmo amigos e, inclusive, como surgiu a música do filme e tudo mais.

— A música! Era nesse ponto que queria chegar. We Are¹ se tornou a música tema de Encruzilhadas e foi inclusive indicada ao Oscar, junto com outras categorias do filme. Hyung também ganhou seu primeiro Oscar assim, certo? — O moreno acenou. — Mas o que eu sempre quis entender foi como essa música surgiu, vocês fizeram ela juntos ou você fez para ele Jiune...?

— Bom, eu comecei a música para o Hyu, mas pensando também no personagem do filme e ele, como interpretava o Jake, conseguia entender ele ainda melhor então me ajudou a finalizar, ouviu os primeiros acordes e trabalhar melhor na sonoridade. Porque sim, embora não pareça o Hyung entende bem de música.

— É mesmo? — Ellen colocou a mão no queixo.

— Nem tanto, nem tanto. É que na Coréia tive aulas de música na escola. Mas como vim pra cá muito cedo nunca aprendi direito. Foi convivendo com a Jiu que entendi alguma coisa.

— Ah isso é formidável, vocês mesmo sendo tão ocupados participam muito da vida um do outro, né?

— É a gente sempre mantem contato, acima de tudo nós somos melhores amigos. — Jiune concluiu.

— Percebe-se. Porque vocês se conhecem desde que Hyung tinha treze anos, mas só começaram a namorar três anos depois.

— É, foi isso. — Jiune continuou. — Nós nos tornamos amigos inseparáveis. Hyung me ajudou a terminar a canção e convencer a produção a ouvi-la e foi onde a música bombou, o filme, que já era uma obra prima por si só, ganhou inúmeras indicações ao Oscar também e nossas carreiras começaram de fato. Então ficamos muito tempo trabalhando, eu saí em turnê, passamos meses sem nos ver, mas sempre estávamos ligando, conversando e mandando mensagem. Foi uma loucura, nós nem tivemos tempo de pensar em outra coisa. Fora que também éramos muito jovens.

— Então como começou o namoro? Quem tomou a iniciativa primeiro? — Os dois se entreolharam.

— Na verdade nunca ouve um pedido de namoro formal e toda aquela coisa. — Hyung falou. — Foi bem ridículo na verdade porque eu simplesmente estava falando com Alek alguma coisa, acho que sobre alguma festa e soltei algo tipo “é claro que vou levar minha namorada” e a Jiune olhou pra mim com uma cara que... — ele fez uma careta. — Eu não sabia se ela queria rir ou me bater, mas ela só confirmou com a cabeça falando “É, vou comprar um vestido pra combinar com você” e meio que foi assim que tudo começou.

— É, eu acho que foi bem assim mesmo. — ela falou com um sorriso nostálgico. —Tanto que depois que estipulamos uma data de aniversário de namoro, porque não sabíamos ao certo quando começou.

— Então eu não diria que é uma história menos emocionante. Afinal estão juntos a quase quatro anos e sabemos como é difícil fazer um relacionamento durar tanto tempo. Principalmente pessoas famosas e populares como vocês. — Eles assentiram com a cabeça e a mulher se voltou para um a das câmeras. — E é exatamente esse o tema do programa de hoje! Jiune e Hyung vão nos contar o segredo do sucesso para manter um relacionamento firme. — Ela voltou a atenção para os dois. — Eu quero começar com uma pergunta simples... Quantas vezes vocês já brigaram desde que começaram a namorar.

— Viish! — Hyung riu. — Acho que perdemos a conta né. Afinal, a gente começou a amizade já se estranhando.

— Então como todo casal vocês tem brigas. Mas nós, o público, as pessoas de fora, raramente vimos alguma vez vocês de mau, separados... Como vocês resolvem seus conflitos?

— Pra começar nós tentamos ser o mais discreto possível e manter nossa privacidade. Não tem porque ficar vindo a público avisar toda vez que acontece uma DR. — Jiune ficou séria. — E outra ponto é que sempre falamos como a amizade é importante para nós, então nunca faríamos nada para prejudicar um ao outro, independente de tudo. Nós acompanhamos de perto o crescimento da carreira de cada um, sabemos por tudo que tivemos que passar então acima de tudo sempre vamos querer o bem um do outro, certo? — Hyung assentiu.

— E é por isso também que o diálogo sempre foi muito presente na nossa relação, sempre tentamos entender o outro ao máximo, afinal carreiras como a nossa não daria certo se não estivéssemos dispostos a sacrificar algumas coisas e aceitar outras para manter nossa relação.

— Hum, chegamos aonde eu queria. Ciúmes! — Ela esfregou as mãos ansiosas. — Por exemplo a Jiune já fez diversos clips bem sexy e ensaios fotográficos que... né — Ellen ergueu as sobrancelhas no momento que uma imagem foi coloca no telão. Uma foto de um dos ensaios mais sensuais de Jiune que riu. — Vamos, Hyung, o que você tem a dizer sobre isso.

O moreno riu passando a mão na nunca vendo a foto da namorada sentada numa poltrona de veludo apenas de lingerie e botas de cano e salto alto com um daqueles microfones condensadores.

— Mulherão da porra, né. — A plateia gritou e Jiune gargalhou. — É engraçado as pessoas me perguntarem quando sai algum clip novo ou ensaio mais sexy da Jiune se eu gostei, porque como a gente tá sempre em contato eu sempre sei e vejo antes as coisas. No começo era mais difícil lidar, eu confesso, mas nunca dei nenhum palpite negativo ou algo do tipo pra ela apagar a foto ou pedi pra ela não tirar. Eu acho isso uma grande babaquice, porque é o trabalho dela, é algo que ela sempre batalhou a vida inteira e ela tem toda a autonomia pra fazer como ela bem entender, sabe.

— A gente tem limites e regras é claro, mas quanto a vida particular. Não é como se eu fosse sair por aí postando nudes no instagram. E não porque o Hyung me proíbe ou nada do tipo, mas é que é o nosso jeito de pensar, entende. Nosso trabalho exige nosso corpo e rosto também. E esse ensaio em especifico foi pra Victoria's Secret então né... Não tinha como ter outro figurino. — A apresentadora riu largamente.

— Ok Jiune, está perdoada. — Ellen falou e Jiune quis revirar os olhos. Que ridícula, ela fala como se eu ainda tivesse feito algo de errado. — Sua vez então. O Hyung é três anos mais novo que você, certo. Mas desde o começo da sua carreira ele fez uns papeis... Um tanto polêmicos, não?

— Ai, ai... Terency sempre me assombrando. — Hyung comentou brincalhão quando as luzes se apagaram um pouco e uma cena de um dos seus filmes começou a passar.

Nela Hyung usava cabelos castanhos na altura das orelhas com uma franja quase reta. O perfeito nerd. A garota era a típica menina popular, de cabelos loiros e olhos claro. Os dois estavam escondidos dentro de um dos armários do colégio se beijando até que a garota puxa o cinto de Hyung enquanto ele abre sua jaqueta e logo ela está só de sutiã, a cena é cortada para os tênis do rapaz mostrando a calça caindo. O joelho da menina loira logo atinge o chão também e então a cena é corta sobre o grito da plateia.

— É, é eu sei. Uma pena, mas não podemos mostrar o resto. — Ellen se desculpa. — Então, esse foi um dos primeiros filmes que você começou a ter cenas mais fortes, mais picantes não é Hyung?

— É, Terency foi um personagem bem difícil e a trama em si é bem tensa, mas O Sussurrar do Silêncio também é um dos meus filmes favoritos. E pra quem não sabe a Jiune inclusive escreveu uma das músicas embora ela não cante.

  — Você gostou do filme então Jiune?

— Eu amei! Desde o começo. E essa cena... Ahh essa cena me persegue também. Haha! Mas é como eu já disse várias vezes, eu não vejo o Hyung nessa cena, eu vejo o Terency que é um adolescente bem problemático e perturbado psicologicamente que acaba se apaixonando por essa garota do seu colégio. E toda a trama de desenrola nessa loucura deles, porque a Claire tem uma depressão que ela tenta esconder atrás da sua popularidade e evita muito admitir que pode gostar de alguém como o Terency, que tem toda a questão do bullying, síndrome do pânico e afins. Então nem de longe lembra o Hyung e eu estava lá no set nesse dia, eu vi como a cena foi feita, os mil takes que levou então eu não me sinto traída nem sinto ciúmes assim.

— Nós sempre fazemos isso, vemos o personagem, o trabalho e não a pessoa em sí, porque é o que de fato é. — Hyung continuou. — Tem gente que diz “ah deve ser mais difícil pra você porque ela é uma cantora, é ela mesma, a imagem dela que está nas fotos”, mas o que essas pessoas não entendem é que aquela é a Jiune cantora, modelo, assim como no filme é um personagem e mesmo que bata um ciúme básico né... A gente sempre fica mais feliz do que enciumado pelo outro.

— Isso realmente é muito poético, vocês são bem resolvidos e eu acho que por isso são tão vem sucedidos na vida e no trabalho. Mas agora me contem então, sobre o que um casal tão bem resolvido briga?

Jiune colocou a mão no queixo.

— Hum... basicamente por a gente também ser diferente. Por exemplo, eu sou bem bagunceira porque vivo correndo com shows e tudo mais...

— Ah pondo a culpa na turnê... — Hyung riu.

— Não, mas tipo... Colaborou pra me tornar uma pessoa bagunceira, que joga tudo na mala. E o Hyung é quase metódico sabe, todo arrumado e perfeccionista. Sério, a estante de filmes dele tem que ser por ordem alfabética, a de livros é por gênero algo assim... Meu Deus! É muita organização pra uma pessoa só! —Ellen riu.

— Ah a gente também não gosta dos mesmos tipos de comida.

— Mas isso é você que é asiático e tem os gostos peculiares.

— Eu nem gosto tanto assim de comida oriental, você sabe.

— Claro, depois de eu te apresentar o hambúrguer.

— Eu vou mesmo ter que falar quem coloca catchup na bolacha recheada Jiu?

- Shiiiu! Não, deixa quieto. — Ela tapou a boca ele com uma mão fazendo sinal de silêncio com a outra. — É, a maioria das nossas discussões são por coisas da convivência de casal mesmo, as vezes por ter que cancelar planos também por culpa das agendas.

— Isso é realmente um porre. Eu tenho duas filhas e já perdi várias coisas do colégio delas por conta disso. — Ellen comentou. — O que nos leva a nossa primeira pergunta do twitter. — O telão exibiu a mensagem. ­— É da Melisa que diz: Adoro vocês dois, quando vão se casar?

— Ah essa pergunta também é outra que assombra. — Hyung riu. — Nós não temos planos de nos casar. Nós não achamos que isso vai nos fazer um casal melhor ou mais verdadeiro, sabe. A gente vive viajando e quando temos tempo estamos sempre juntos, cada um tem sua casa, mas isso não nos faz ser separados.

— É, não vemos por que ter que ter um anel ou papel assinado dizendo que somos um casal. O importante é o quanto nós nos amamos e queremos ficar juntos. Esses padrões e pressões simplesmente não é nossa cara.

— É, eu concordo um pouco com você Jiune, mas admito que adoraria vê-la vestida de noiva.

— Ah, nesse caso tem uma surpresinha vindo aí. — ela retrucou e Hyung piscou um olho. — Mas ainda não podemos contar, lamento! ­— Um “ah” triste veio da plateia.

— Muito bem, vamos para a segunda pergunta. ­— Outro tweet apareceu. — Olá Huy e Jiu, meu casal favorito. Vocês são lindos em tudo que fazem. Quando pretendem ter um filho e como ele ou ela se chamará?

O coração de Hyung parou e ele engoliu em seco. Que merda é essa? Alek não tinha avisado sobre as perguntas proibidas? Trocou um olhar com Jiune que embora tentasse manter uma expressão normal e alegre no rosto estava bem pálida para ele enquanto Ellen falava animadamente sobre como os filhos deles seriam realmente lindos. Sem que muitas pessoas notassem ou qualquer câmera captasse, Hyung segurou a mão de Jiune sob o tecido aveludado do sofá e falou.

— Isso é uma coisa que nós não pensamos. Como você bem disse Ellen eu mal completei maioridade haha! Definitivamente não sirvo pra ser pai agora. Nós estamos muito mais focados nas nossas carreiras e queremos viver a vida antes de ter uma responsabilidade como essa, sabe.

— É claro e estão certíssimos. Falo isso porque tive minha primeira filha com sua idade Hyung e definitivamente não é bom ser mão cedo. Ser mão em qualquer idade já dá trabalho, mas jovem dá o dobro de dor de cabeça e...

— Mas eu definitivamente quero ser mãe. — Jiune falou mais alto. — E pode soar meio clichê, mas quero ter uma menina e daria o mesmo nome da minha avó para ela, Clarisse. Porque foi graças a minha avó que eu me interessei por música, ela que me ensinou as primeiras notas no piano. — Hyung sentia a mão da moça tremer. — Só que eu quero poder ter bastante tempo e preparo para ser mãe e embora eu já tenha vinte e três não acho que saberia cuidar de uma criança mesmo.

— Eu entendo, mas tenho certeza de que vocês serão ótimos pais, porque são um ótimo casal, extremamente unido que se amam muito. E para testar isso... — ela se voltou para uma das câmeras. — No próximo bloco vamos ter o tão aguardado quis de casal. Não saiam daí, nós voltamos já, já, após os comerciais.

A vinheta começou a passar e uma das músicas de Jiune a tocar. Os comerciais começaram finalmente. 

— Ah! Foi formidável, vocês sabem como agitar uma plateia... — Ellen começou a falar quando Jiune se levantou apresada.

— Poisé, precisamos beber água. — Hyung pigarreou indo em direção aos bastidores.

— Verdade, estou com a garganta seca também. — A mulher o alcançou para seu desgosto. Encontrou Jiune já numa das mesas de refeição tomando um copo grande de suco. — Bom, como eu estava dizendo Jiune...

— Senhora Ellen... — Amber, a agente e empresária de Jiune apareceu. — Acredito que estão precisando da senhora na sala de direção.

— Ah! Tá! Certo. — A mulher suspirou desanimada provavelmente já sabendo do que se tratava.

— Já verificamos os camarins. — Amber sussurrou para os dois. — Pode ir para lá descansar até o fim do intervalo. Ellen ainda deve dar um anuncio quando voltar dos comerciais, só tente não borrar a...

— Não, vou ficar aqui mesmo. — Jiune falou séria suspirando fundo. — Quero acabar logo com isso e ir pra casa. — Amber tinha sempre uma aparência bem séria e profissional. Usava roupas sociais, na maioria das vezes ternos femininos com bastante bolsos para os inúmeros celulares e o cabelo preso num coque ou rabo de cavalo. Mas naquele momento seu olhar sempre rígido adquiriu certa ternura e sua voz não saiu tão firme e autoritária como de costume.

— Certo. Vou cuidar dos meus afazeres também e volto a minha posição. Deixo ela com você Hyung. — O rapaz assentiu e ela se afastou.

Mais câmeras surgiram responsáveis por gravar os bastidores. Hyung deu um sorriso acenando enquanto Jiune bebia mais um gole do suco como desculpa para não olhar para eles. Mas que inferno. – pensava Hyung. – Eles não dão um minuto de sossego. Ele também pegou alguma coisa para beliscar e puxou Jiune para um canto mais reservado longe das filmagens e olhares alheios.

— Só temos que aguentar mais um pouco, terminar esse quiz idiota e então eu finalmente vou poder te dar seu presente de aniversário. — Ele sorriu pra moça que devolveu um olhar mais amistoso.

— Só mais um sorriso, certo?

— Certo. — Eles seguraram as mãos dando força um ao outro.

ᴥᴥᴥᴥᴥᴥ

Kailan terminou de comer seu jantar. Havia pedido comida mexicana e um refrigerante bem grande indo totalmente contra sua nova dieta, mas estava para enlouquecer comendo só coisas saudáveis. Sabia que seu trabalho exigia que ele fizesse sacrifícios e restrições para os personagens, mas realmente estava tendo dificuldade de ter sua vida tão monitorada. Então na primeira brecha resolveu que comeria algo decente. Basta eu queimar isso amanhã, não vai fazer mal algum.

O programa estava quase terminando. A parte do quiz de longe a mais legal porque Ellen não falava nem importunava tanto os convidados e eles se divertiam mais. Funcionava assim, o casal era colocado sentado de costas e as perguntas eram feitas para um de cada vez. Eles tinham lousas brancas onde deviam escrever a resposta da rodada. Depois as plaquinhas eram viradas e confirmado se o convidado acertou o que era perguntado sobre o parceiro.

Hyung e Jiune iam muito bem. Coisas básicas como “qual a cor favorita do sue namorado?” e “o que sua namorada mais detesta?” eles tiravam de letra. Com certeza depois de anos de convivência e namoro isso devia ser fichinha mesmo. Kailan sabia bem disso. Mas era realmente engraçado quando chegava na parte das preferências. “Gato ou cachorro?” foi a pergunta feita para Jiune e, sabendo que Hyung tinha ambos Kailan ficou bem curioso quando a resposta. E ficou surpreso e se perguntando se era planejado pois na sua placa Hyung escreveu “os dois” enquanto Jiune respondeu “Gato e cachorro”. Mas eles também erravam coisas, principalmente nas preferencias e algumas datas.

Eles são realmente e um casal feliz e compatível... Chega a dar inveja. Não são muitas pessoas que conseguem isso na vida. A mulher finalmente estava terminando o programa. Anunciou a agenda de shows de Jiune marcados para o próximo mês, bem como a presença deles no baile do MET e fez o suspense básico sobre o novo trabalho de Hyung que seria anunciado em breve.

— Vamos lá, não pode nos dar nem uma dica? — Ellen era insistente até o final. — Só uma pistazinha!

— Ah Ellen... vou acabar com meu contrato assim. — Ele brincou.

— Hyung é terrível! Nem pra mim ele tem dado notícias, acredita? — Jiune riu, mas Kailan notou que Hyung ficou um tanto sério. Uê, ele não contou tudo pra ela? E não mandou as fotos? Ah claro Kailan e ela vai admitir isso em rede nacional pra ele ter quebra de sigilo, né gênio.

— Digamos que... — Ele começou abraçando Jiune e fazendo um olhar bem misterioso para a câmera. — Vai ser uma produção de matar. Então não deixem de stalkear cada passo nosso. O site oficial vai ao ar semana que vem com várias charadas.

Kailan quase se engasgou com o refrigerante ao rir. Hyung sabia mesmo como fazer propaganda e as mensagens subliminares foram as melhores possíveis. Eles se despediram e o programa finalmente chegou ao fim. O rapaz voltou para a tela inicial do celular e chegou o relógio. Quase meia noite... E não estou com um pingo de sono.

Jogou as embalagens no lixo e os talheres na pia da cozinha. Voltou a bancada pegando seu celular e rumando para seu querido sofá, agora com almofadas lavadas. Uma coisa ainda o estava incomodando, talvez fosse só cisma dele ou talvez quisesse uma desculpa para mandar aquela mensagem. Abriu o WhatsApp e enviou para o número particular de Hyung.

Kailan
Não sei porque estavam preocupados. Foram excelentes no programa. E adorei a cara de pau da Jiune no final. Aquela apresentadora parece um saco, mas eu achei divertidíssimo vocês dois.

Enviou a mensagem com vários emojis de positivo. Começou a digitar de novo e quando leu pensou se devia mesmo enviar aquilo. Ah, o que tem de mais? Trabalhamos juntos não é? Ele apertou o botão confirmando.

Kailan
Sua namorada é incrível. Espero conhece-la para agradecer. Lembra? Você disse que ela o convenceu a vim falar comigo. Acho que estou em débito com ela.

As mensagens foram enviadas, mas depois de cinco minutos não tinham sido visualizadas. Kailan não estranhou. Afinal eles deviam estar atendendo alguns fãs, arrumando as coisas para voltar pra Los Angeles já que deviam ter mais compromissos. Entediado, sem ter com quem conversar e sem sono Kailan trocou de roupa, colocando sua calça de moletom mais surrada, uma regata e uma touca cobrindo os cabelos. Calçou os tênis novos e pegou seus fones. Saiu do apartamento ao som de We Are.

ᴥᴥᴥᴥᴥᴥ

A moça encolhida no sofá se aninhava nos braços de Hyung. O choro era forte, ela nem conseguia falar por conta dos soluções. O rapaz ajeitava seus cabelos de tempo em tempo confortando-a. A maquiagem borrada escorria pelo rosto de Jiune junto com as lagrimas. Amber chegou com um copo de água com açúcar que ela bebeu com certa dificuldade enquanto acertava a respiração.

— Os paparazzis saíram do caminho? — Hyung perguntou.

— A maioria. Mas sempre tem aqueles gatunos de plantão. Acho melhor esperar um pouco mais para irmos.

— Ela não pode ficar mais tempo aqui! — Ele elevou a voz. — Jiu olha pra mim. — segurou o rosto da moça. — Tem que se controlar até chegarmos no carro, tá bom. Coloca um óculos e passamos rápido, pode ser?

— Eles vão desconfiar, eles vão pegar algum click errado e...

— Que se foda! — Hyung gritou com Amber que não alterou sua expressão. Não era a primeira vez que isso acontecia mesmo. — Vou levar a Jiune pra casa. Ela não estaria nesse estado se não tivessem armado esse circo pra gente. Agora se virem e dê um jeito de nos tirar dessa merda de estúdio.

— Hyu... — a moça falou segurando seu ombro e só então ele viu como estava com a respiração pesada também. — Vai dar certo, eu já estou melhorando.

— Certo, vou ver como está a situação lá fora. — Amber se dirigiu a porta quando esta foi aberta por Alek que entrou no camarim com o semblante cansado e preocupado.

— Boas notícias, despistamos e nos livramos de quase todos os fãs e paparazzis. — Ele falou caminhando até o sofá e se agachou olhando para a moça.. — Nós sentimos muito Jiune... E Hyung também. Sei que não paga nem serve de muito consolo, mas consegui fazer com que deem uma indenização generosa a vocês dois por terem colocado de propósito aquela pergunta. Eu briguei com eles imediatamente na sala de direção, mas não adiantou, já estava no ar.

— Eu sei que vocês tentaram. — Jiune falou limpando o rosto com a manga da blusa manchando-as. — Vou doar esse dinheiro então.

— A minha parte também.  — Hyung acrescentou enquanto seus respectivos agentes assentiam.

— Certo, vou avisar o William para vim nos pegar e aproveito pra checar mais uma vez a situação lá fora. — Alek se levantou. — Amber você termina de lidar com os produtores?

— Claro. Vocês dois se troquem rápido. — E assim ambos se retiraram da sala. Jiune travou o choro na garganta e se deitou no colo de Hyung.

— Está tudo bem, já acabou Jiu. — ele acariciou seu ombro.

— Eu sei, mas... Eu só... Ahh que ódio! Eu não queria ser assim! Não queria ter que ir lá fora. Aquelas pessoas... Como detesto pessoas assim.

— Você tem todo o direito de chorar. Sei que nossa situação é uma merda as vezes e a fama também virou um porre, mas nós vamos conseguir passar pelos paparazzis e por tudo isso. Tá legal? Não fique se sentindo tão mal. — A moça se sentou olhando para o namorado controlando a respiração e os soluços.

— Tem razão. Já fiz isso antes e posso fazer isso mais uma vez. — Ela limpou o nariz. Foi a vez de Hyung limpar o rosto dela, secando suas lágrimas e maquiagem com a manga da camisa.

— E lembre-se de que vou estar do seu lado. Nunca se esqueça do que eu te disse Jiu... Mesmo que seja um roteiro e estejamos cercados por câmeras o único momento da minha vida que eu não atuo é quando digo que te amo e o quanto é importante pra mim, tá bom? — Ele abraçou a moça que sentiu seu coração se acalmar. 


Notas Finais


¹We Are é uma música da banda One Ok Rock. Como a Jiune é cantora e num ia dar certo eu tentar criar músicas pra ela e tudo mais, finjam que algumas músicas são dela, tá? LOL
Agora, os filmes do Hyung são totalmente inventados.

PRIMEIRAMENTE... Matar uma guria que escreve fanfics de shipps errados ainda é crime.

Segundamente (que?)... Ok, falando sério agora. Primeiro desculpe pela demora, não consegui cumprir o prazo e fiquei uma semana sem postar. Acontece que além de problemas de saúde eu tive muita dificuldade em escrever esse capítulo. Toda essa dinâmica de entrevista e programa de TV e etc e tal. Reescrevi umas 3 vezes e ainda não ficou como queria, mas acho que isso foi o melhor que consegui por agora. Por isso, por favor, me digam se vocês se sentiram perdidos ou incomodados como eu e quaisquer dicas para melhorar em entrevistas futuras.

Bom, aproveitei e fiz um capítulo maiorzinho pra compensar a semana sem postar, mas tenho a leve impressão de que estão me odiando mais por isso. haha XD

Ah, eu confesso que dei uma "plagiada" amiga na formatação que a Mika usa pros chats na fanfic dela. (espero q não se importe ^^) QUE A PROPÓSITO.... me fez uma homenagem linda lá. Então se você ainda não lê "Destinados....?" corre lá! \O/

Até semana que vem Stalkillers <3
Abraços,
Vic


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