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História Adelfés Psychés - Sad Song


Escrita por: onceshunter

Notas do Autor


Este é o primeiro capítulo da história, espero que você goste!

Boa leitura.

(Sad Song, We The Kings)

Capítulo 2 - Sad Song


Fanfic / Fanfiction Adelfés Psychés - Sad Song

Nova Iorque, 19 de setembro de 2012.

 

Às sete horas o despertador toca. Ela mal se mexe e tenta bloquear o som com seu travesseiro. Não quer sair da segurança de sua cama, não quer encarar a realidade do lado de fora. O despertador insiste, com seu tinido estridente, e ela desliga o alarme. Põe-se em pé e se arrasta para o banheiro. Toma um banho longo, porque a temperatura da água e o vapor parecem desacelerar o tempo para ela.

Obriga-se a sair do banheiro e se veste. Tem feito muitas coisas obrigada, ultimamente. Obrigada por outros, mas principalmente por si mesma. Precisa seguir com sua vida e sabe disso. O mundo não para porque seu coração está partido. O mundo não para porque ela fora tola em acreditar em juras de amor vazias.

Passa alguns minutos sentada em sua cama, o longo cabelo escuro solto nas costas sobre sua camisa preta.

Ao entrar em seu carro, liga o rádio e dá partida. Uma desconhecida música alegre parece tentar animá-la. Então a música dá lugar à outra, bem mais lenta. As notas do piano parecem martelar em seu cérebro. Um peso imenso esmaga seu coração enquanto a doce voz da cantora começa a soar através dos alto falantes.

As lágrimas são incontroláveis e descem por seu rosto abundantemente, de forma que ela desliga o carro e tira a chave da ignição. Encosta a cabeça no volante, sem forças para sustentá-la erguida. E, não pela primeira vez, amaldiçoa o dia em que se conheceram. O dia em que se apaixonaram. Amaldiçoa, acima de tudo, o dia que fora abandonada por quem lhe prometera ficar para sempre.

A canção toca suas últimas notas e termina, mas a dor permanece. Permanece como naquela noite de verão, quando percebeu que seu amor não voltaria mais. Ou quando chegou em casa e viu a porta destrancada e correu para dentro, pensando que havia retornado para ela, apenas para encontrar o ambiente tão vazio quanto ela havia deixado e perceber que esquecera de trancar a porta.

Dizem que o tempo cura os corações partidos, mas será o tempo capaz de remendar uma alma partida?

Lauren não sabe. Ela apenas sabe que preferiria estar morta a sentir-se dessa maneira. Falta-lhe a coragem para por fim a essa dor? Ou será que no mais profundo lugar de seu coração, ela espera que algum dia os ventos tragam a sua outra parte de volta aos seus braços? Que as estrelas cruzem seus caminhos novamente?

Tudo que ela sabe nesse momento é que faltar ao trabalho apenas mais um dia não fará muita diferença, de qualquer maneira, então volta para dentro de casa e se deita em sua cama, como fazia quase todos os dias quando a realidade era terrível demais.

Dorme, na esperança de sonhar que está em seus braços novamente. De ouvir sua voz, sentir seu cheiro, olhar em seus olhos e pedir-lhe que nunca vá, que nunca mais a deixe.

Entretanto, ela sempre acorda. É arrancada de seus sonhos pela realidade. Se pudesse apenas dormir para sempre, o faria, apenas para sonhar com seu grande amor. Seu único amor, a quem amara de todo o coração, com todas as suas forças. Vivera inteiramente por aquele relacionamento e, em um piscar de olhos, estava acabado - sem despedidas, sem razões ou porquê.

Agora, tudo que resta são lembranças. Lembranças de momentos felizes, que  só lhe trazem mais dor.

Quando pega no sono, toda a dor vai embora, até que a campainha e a voz de sua amiga através da porta a acordam. Ela levanta de sua cama e atende à porta.

— Lauren! — Dinah diz com um largo sorriso.

— Hey, Dinah. — responde sem entusiasmo algum. — Entre.

Ela dá espaço para que a mulher passe pela porta, mas Dinah para em sua frente e a envolve em um abraço apertado. Relutantemente, Lauren retribui, colocando seus braços em volta da mais alta. Separando-se dela, Dinah segura seu queixo e olha em seus olhos.

— Você estava chorando? Seus olhos estão inchados e vermelhos. Quase não dá pra ver o verde neles.

— Eu estava dormindo. — responde brevemente.

— Você dormiu o dia todo? Lauren, são oito e meia da noite! Você estava na cama até agora? — questiona.

— Não, eu... — suspira e olha para o chão.

— Você passou o dia todo sem comer nada? — -Dinah pergunta, agora mais terna. Lauren não responde. Ela franze o cenho levemente, preocupada.  — Ainda bem que eu trouxe comida para você. — conclui com um sorriso.

Entram na pequena sala da casa e Lauren senta-se à mesa, enquanto Dinah coloca pratos, talheres e copos.

— Eu trouxe Yakisoba do seu restaurante preferido.

Lauren hesita em responder; já faz algum tempo que o nó em sua garganta não a permite comer direito.

— Eu... Não estou com muita fome... — murmura em resposta e abaixa o olhar.

Dinah abre as embalagens e coloca nos pratos, depois cruza os braços olhando para Lauren.

— Enquanto você não comer, eu também não como. — afirma determinada.

— Dinah...

— Não venha com "Dinah", você sabe que não vai funcionar. — levanta uma sobrancelha.

Sem vontade de discutir, Lauren coloca uma garfada de seu prato na boca e Dinah também o faz.

Mastiga lentamente e engole um pouco por vez. Dói fazê-lo. Parece que não está mais acostumada a comer.

— Dinah, eu realmente não estou com fome... Você trabalhou o dia todo, precisa comer. —tenta argumentar.

Dinah apenas torna a cruzar os braços e dá de ombros, não vai desistir tão facilmente. Lauren, dando-se por vencida, come todo o conteúdo do prato lentamente.

Depois de um minuto olhando uma para a outra, Dinah decide quebrar o silêncio.

— O que aconteceu? — pergunta, com as sobrancelhas erguidas.

— Você sabe o que aconteceu, Dinah. -— responde com um meio sorriso amargo.

— Não, Lauren. Você estava lutando. Você estava seguindo em frente. Por que você se entregou? Por que você desistiu? O que mudou?

Lauren levanta o rosto para olhar nos olhos marejados de Dinah. Entende a preocupação de sua melhor amiga. Sabe que a ama, mas não consegue se importar.

— Eu só percebi que não adianta. — responde lenta e pausadamente. Fecha os olhos e suspira. — Só... Não adianta mais.

— Não adianta? — diz exasperada. — O que isso quer dizer? — Dinah começa a chorar.

Lauren cruza os braços e tomba a cabeça para o lado.

— Não faça isso comigo! — ela suplica. — Lauren!

Ela apenas suspira. Não tem mais forças para chorar.

— Eu não vou fazer nada, Dinah. — responde sem emoção. Embora se despreze por fazer Dinah chorar, não sente compaixão ou pena.

-— Lauren, aquele monstro não merece tudo isso! — exclama e fica em pé. — Olha o que fez com você! Você mal sai de casa há semanas! Você estava se recuperando e agora você desistiu, e você não quer nem dizer por quê!

—Bem, o monstro costumava ter nome. — responde com a mesma frieza de antes.

— Que se foda, Lauren! Você acha que eu me importo? Eu me importo com você! — Dinah está visivelmente alterada, gesticulando de forma exagerada, os olhos começando a inchar e o rosto avermelhado. — Você está se matando e fazendo todas as pessoas à sua volta assistirem!

— O que você quer que eu faça? Que eu morra de uma vez? — diz com um sorriso sarcástico no rosto. Pega uma das facas na mesa, observando enquanto Dinah arregala os olhos e coloca na frente dela. — Então me mate e se livre do fardo.

Dinah parece levar um soco, expira forte e senta novamente. Abre a boca apenas para fechá-la. Não consegue responder. Não consegue acreditar que a doce menina com quem crescera havia se tornado aquela mulher fria, cruel e egoísta. Fica olhando nos olhos da mais baixa procurando qualquer sentimento neles, pena, arrependimento, tristeza, até mesmo ira, mas não há nada. Nada além de gelo e escuridão.

Sai da casa sem dizer uma palavra sequer, pega seu carro e dirige até seu apartamento. Sente a terrível dor da perda, porque embora não esteja exatamente morta, sua melhor amiga se foi. A Lauren que costumava dormir em sua casa e assistir filmes com ela até a madrugada não existisse mais.

Entra no elevador aos tropeços e, ao chegar a seu apartamento, joga-se no sofá e fica completamente aérea, olhando para a as luzes da cidade através das portas de vidro. Nem percebe quando sai uma figura baixinha vestindo pijama e um pouco sonolenta do corredor que dá para os quartos.

— Dinah? — pergunta preocupada. — Dinah, o que aconteceu? É mais de meia noite! Você não ia dormir na casa da Lauren, hoje? — ela para de falar e se senta ao lado de Dinah no sofá, que mal se mexe. — Vocês brigaram? — pergunta ternamente.

Silêncio predomina por alguns momentos, até que Dinah consiga falar.

— Ela se foi, Ally. Eu não a reconheço mais. — diz em voz baixa, sem virar o rosto.

Ally abre a boca para responder, mas não diz nada. Quer confortar a amiga, de alguma forma, mas o que pode dizer? Ela mesma já sabe que a Lauren que conheciam não existe mais há tempos, mas Dinah sempre recusou a desistir. Achava que, de alguma forma, conseguiria trazê-la de volta. Pelo reflexo do vidro, pode ver que algumas lágrimas descem pelo rosto dela, que continua a olhar para fora em silêncio, então apenas encosta sua cabeça em seu ombro.

— Ela está quebrada de mais maneiras do que eu consigo consertar. — murmura Dinah. — Eu queria acreditar que sou o suficiente para ajudá-la a se levantar, mas não sou. Vejo isso agora.

Ally continua em silêncio, procurando as palavras para dizer.

— Ela está doente, Dinah. Precisa de ajuda. — responde cautelosamente.

Dinah vira o rosto para olhar em seus olhos.

— Está mesmo, Ally? Não é essa mais uma das mentiras que contamos a nós mesmas porque a verdade é muito pior? — sua voz está falha e embargada. — Ela se foi e nós não queremos aceitar.

Ally não consegue responder; abaixa a cabeça e olha para o chão.

Odeia ver Dinah sofrendo, odeia pensar que Lauren se foi. Odeia mais ainda se sentir tão impotente, vendo as duas pessoas mais importantes em sua vida sofrendo daquela forma.

Sentada ao lado de sua melhor amiga, sente que falta uma parte sua, a terceira parte. Aquela que crescera com ela e com Dinah, que costumava iluminar até os dias mais sombrios com apenas um sorriso ou com o brilho de seus olhos verdes. Tenta não chorar, mas as lágrimas insistem em cair.

— Ela está se matando e nos matando junto. — ouve Dinah dizer. — Eu não sei por mais quanto tempo eu consigo viver assim.

Ally suspira, olhando para seus pés, tentando disfarçar os soluços. Dinah coloca o braço ao redor de seus ombros e choram juntas, já que compartilham da mesma dor, até que o cansaço de um longo e cheio dia de trabalho as vence e pegam no sono.

Algumas horas depois, quando os primeiros raios de sol começam a atravessar a escuridão da noite, o celular de Dinah toca. Ela levanta do sofá de um pulo e segue o som até a cozinha. Abre sua bolsa, pega o aparelho e atende a ligação.

— Mani? — diz rouca.

— Dinah? — a outra mulher soa transtornada. — Eu preciso que se sente. — diz, tentando manter a voz estável.

— Normani, o que aconteceu? — diz alarmada. — Você está bem? Onde você está?

— Eu estou bem, estou no hospital. — tenta tranquilizar a namorada. — Você está sentada? Eu preciso que você se sente.

Dinah puxa uma cadeira e se senta rapidamente. Seu coração bate tão rápido que ela consegue ouvi-lo. Ally aparece na porta.

— O que houve? — murmura.

Dinah balança a cabeça para os lados e murmura de volta “eu não sei”.

— Eu estou sentada. Normani, fale comigo. O que aconteceu? — não consegue esconder o desespero em sua voz.

— Você sabe que hoje é meu dia de plantão. — ela pausa, procurando as palavras em sua mente.  — Um paciente chegou aqui, acidente de carro em alta velocidade. Chocou-se contra um poste. — ela para de falar, fazendo seu melhor para não deixar Dinah perceber que está chorando.

 — Normani? — Dinah responde com a voz embargada. — Quem é?

— Uma moça... Por volta dos dezessete anos. Sob o uso de entorpecentes. — sua voz começa a falhar e ela mal consegue ouvir sua própria voz. — A equipe de emergência está na sala de cirurgia agora, o estado é gravíssimo. — Dinah fecha os olhos com força do outro lado da linha, soluçando. — É a Taylor. Eu não acho que ela vai sair da mesa cirúrgica.


Notas Finais


Precisei repostar para mudar a ordem dos capítulos (se existe um jeito mais simples de fazê-lo, por favor, me avise haha).

Sua opinião é importante e bem vinda, então sinta-se à vontade para deixar um comentário.

Beijo,
Lana.


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