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História Adelfés Psychés - Red


Escrita por: onceshunter

Notas do Autor


Olá!!!!
Aqui está o esperado capítulo novo!

Boa leitura.

(Red, Taylor Swift)

Capítulo 5 - Red


Fanfic / Fanfiction Adelfés Psychés - Red

Ouve-se um estouro e a lâmpada no teto pisca uma vez antes de se apagar. O pânico que toma conta de Lauren é tão intenso que seus braços ficam rígidos ao lado do corpo, fixos ao chão e seu coração bate tão rápido que ela consegue ouvir o sangue passando em suas artérias e veias.

Olhando para a porta mais uma vez vê que há rachaduras na madeira branca. Há lascas por todo o chão e ela empurra as pernas contra a parede com toda a força que a adrenalina e o instinto de sobrevivência lhe conferem.

Ally dirige o mais rápido que pode enquanto Dinah está inquieta no banco do passageiro. Chegam à casa de Lauren quase ao mesmo tempo em que a viatura.

— Não tem ninguém além dela lá dentro. — diz um policial alto, de cabelos loiros, saindo pela porta da frente. Tem mais ou menos vinte e cinco anos. — Se alguém invadiu, fugiu há pouco. Vou dar a volta no quarteirão com a viatura, talvez ainda dê tempo de pegá-lo.

Ally corre para dentro da casa seguida por Dinah. Lauren está sentada no sofá, branca como papel. O outro oficial, de cabelos escuros, uns centímetros a menos e a mesma idade do outro rapaz está em pé à frente dela, fazendo anotações em um bloquinho de papel.

Ao vê-la, Lauren pede licença ao oficial e corre para abraça-la.

— Você está bem? — pergunta Ally. — O que aconteceu?

— Eu estou bem. Alguém tentou arrombar a porta do meu quarto, mas não conseguiu.
— responde, lágrimas descendo por suas bochechas. — Eu pensei que ia morrer. — volta a abraçar Ally e Dinah se junta ao abraço.

— Por que a polícia está aqui? — pergunta Lucy minutos depois, entrando na casa. — Lauren? — ela apressa o passo e vai até onde estão Dinah, Lauren e Ally. — O que aconteceu? — pergunta olhando ao redor com os olhos arregalados. Os CDs na estante estão espalhados pelo chão, as cadeiras da mesa estão caídas pela sala de jantar e uma delas está quebrada. 

Lauren mal consegue falar, tremendo e soluçando abraçada a Ally, então Dinah conta para Lucy o que aconteceu.

— Puta merda! — Lucy exclama depois de ouvir a história. — Ela se machucou?

— Não. A polícia chegou antes que algo grave acontecesse. — Dinah responde. — Mas ela está apavorada.

— Não é pra menos! Eu também estaria. — afirma. — Meu Deus, esse lugar está uma bagunça!

Os oficiais conversam em voz baixa a alguns passos delas.  Dinah e Lucy se aproximam dos rapazes.

— Eu sou Dinah e esta é Lucy, nós somos amigas da Lauren.

— Eu sou o oficial Brown e este é o oficial James. — diz o rapaz moreno. — Dinah sorri e Lucy assente de maneira simpática.

— Vocês sabem o que aconteceu? — pergunta Dinah.

— Ainda não. — diz o oficial Brown.

— Foi um ladrão? — pergunta Lucy, cruzando os braços.

— Nós acreditamos que não. — responde, depois olha para o parceiro.

— A Srta. Jauregui tem inimigos? — pergunta o oficial James. — Dinah e Lucy franzem o cenho.

— Inimigos? Não! Por Deus, ela é advogada de Direitos Humanos! — Lucy responde. — Não há uma alma nessa cidade que a conheça e não goste dela!  

— Por que a pergunta? — Dinah questiona.

Os dois rapazes ponderam antes de responder.

— Não há sinais de arrombamento na porta da frente, o invasor provavelmente tinha a chave da casa. — começa a dizer o oficial Brown. Dinah e Lucy arregalam os olhos. — A porta do quarto onde ela estava está cheia de rachaduras e teve duas dobradiças quebradas a golpes e, com um pouco mais de insistência, as outras dobradiças também teriam cedido.

— O que isso quer dizer? — pergunta Lucy, apreensiva.

— O invasor não entrou no quarto da Srta. Jauregui porque não quis. — afirma o outro rapaz.

Lucy descruza os braços e fica com a boca entreaberta. Dinah engole em seco, nervosa.

Lauren se junta ao grupo, apoiada de lado em Ally. Seus cabelos estão grudados à testa por causa do suor e suas bochechas começam a retomar a cor, embora sua respiração continue ofegante e ela ainda sinta suas pernas bambas.

— Se não foi um ladrão... O que foi?  — pergunta Dinah.

— Isso... Foi um aviso. — responde o oficial James em tom sério. — Alguém queria deixar um recado. — Ally franze o cenho e Lucy olha para Dinah.

— Um aviso? — Lauren pergunta ao oficial. — Aviso por quê? — pergunta com a voz rouca.

— A Srta. consegue se lembrar de algum caso complicado que esteja defendendo ultimamente? Contra algum magnata, uma empresa poderosa ou um político? — pergunta o rapaz moreno.

— Não, nós somos uma firma pequena. Defendemos os casos que os grandes escritórios não querem pegar porque não são lucrativos. — ela responde. Parece tão frágil que um sopro a derrubaria. — Por que alguém iria querer me machucar? — pergunta com lágrimas nos olhos.

Ally encosta a cabeça no ombro de Lauren e Lucy se aproxima e segura sua mão.

— Tem algum lugar onde você possa passar a noite? — pergunta o oficial James.    
— Mandaremos uma viatura para garantir sua segurança no local.

— Você pode ficar conosco. — afirma Dinah. — É mais difícil invadir um prédio do que uma casa. — Lauren assente e fecha os olhos.  — Eu passo o endereço para vocês. — ela diz para os oficiais.

— Nós vamos fechar o local e passaremos a noite por perto. — diz o oficial James. — Pode ser que quem fez isso volte.

Lauren assente e aperta a mão de Lucy. Os rapazes voltam a conversar entre si.

— Vai ficar tudo bem, Laur. — Lucy fala suavemente, olhando em seus olhos. — Você vai ficar bem.

Um carro para na frente da casa e Dinah sai para atender, avisando aos policiais que é alguém de sua confiança.

— Você também é bem-vinda, Lucy. — diz Ally. Ela sorri e agradece, sem soltar a mão de Lauren por nenhum segundo.

Dinah retorna quando Lucy e Lauren vão para o quarto de Lauren buscar roupas e pertences pessoais.

— Quem era? — pergunta Ally para Dinah.

— Normani. Eu pedi a ela que viesse buscar a chave do apartamento pra nos esperar lá.                — responde. Ela abaixa a cabeça, suspira e cruza os braços. — Ally, eu estou com medo.                   — murmura. — Por que alguém iria querer machucar a Lauren?

— Eu não sei. — responde Ally. — Honestamente, eu também estou com medo. Olha o que fizeram com o lugar. Eu não quero nem pensar no que poderiam ter feito com ela.  — sua voz falha e seus olhos se enchem de lágrimas por um instante.

Lauren e Lucy voltam do quarto de Lauren, Lucy abraça Lauren de lado e com o outro braço segura uma maleta. Lauren traz sua bolsa pendurada no ombro direito e as duas andam lentamente até a sala. Ela fala algo com os dois rapazes, que concordam.

— Podemos ir agora? — pergunta para Ally e Dinah. — Por favor.

— Sim, claro. — Ally responde pegando as chaves do carro no bolso traseiro de sua calça jeans. Lauren dá um abraço forte em Lucy.  

— Eu te encontro lá, ok? — diz Lucy segurando o rosto de Lauren. — Nós não vamos te deixar sozinha.

Lauren assente e pega a maleta que Lucy carregava para ela. Lucy vai para seu carro e Lauren entra no carro de Ally, no banco de trás. Dinah se senta a seu lado e beija o topo de sua cabeça ternamente.

Chegam ao prédio pouco tempo antes de Lucy. Dinah vai até a portaria enquanto Ally acompanha Lauren até o elevador. Sobem em silêncio e Ally destranca a porta, abre e entra na frente. Lauren entra logo atrás dela e vão para o quarto de Ally.

Normani sai do quarto da frente — o quarto de Dinah — e entra no quarto onde estão Ally e Lauren.

— Hey, Mani. — diz Ally com um sorriso fraco. Ela sorri de volta e se volta para Lauren.

— Como você está? — pergunta Normani.

— Com medo. — a voz de Lauren não passa de um sussurro. Seus olhos estão inchados e vermelhos, assim como a ponta de seu nariz e suas bochechas. Seu cabelo está bagunçado e úmido. — Eu nem o que eu fiz. — ela diz com uma expressão triste, dando de ombros.

Normani se aproxima e dá um abraço nela, que fecha os olhos. As três ouvem a porta da sala se abrir e a voz de Dinah seguida da voz de Lucy.

Depois de conversarem por alguns minutos no quarto, Lucy dorme na sala, depois de muito insistir para que Ally durma em sua cama com Lauren e Dinah e Normani dormem no quarto de Dinah.  

Lauren passa a noite em claro, pensando. Procura não se mexer muito na cama para não acordar Ally, que também não dorme muito, preocupada com a amiga. Lucy passa a noite sentada no sofá, alerta a qualquer barulho, olhos fixos na porta da frente. Normani e Dinah também não dormem, conversam em murmúrios até amanhecer.

Quando tudo está claro, por volta das sete horas, alguém toca a campainha e Lucy levanta de um pulo para atender. Os dois policiais da noite anterior a cumprimentam e perguntam por Lauren, que sai do corredor com Ally.

— Bom dia, Srta. Jauregui. — diz cordialmente o rapaz mais alto.

— Bom dia. — ela responde um tanto sem voz. — Pode me chamar de Lauren, se preferir.     — ele assente com um sorriso simpático.

— Passamos a noite aos arredores da casa, mas ninguém apareceu. — diz o rapaz de cabelos escuros. — Se você puder, gostaria que nos acompanhasse até a delegacia para registrarmos um boletim de ocorrência.

Lauren concorda e vai até o quarto para trocar de roupa e pede que Ally a acompanhe. As duas seguem os rapazes até a viatura estacionada em frente ao condomínio e vão até a delegacia. Chegam a uma sala grande, com uma mesa e duas cadeiras. Atrás da mesa está uma mulher de longos cabelos negros, de trinta e poucos anos.

Ela tem um sorriso simpático e se apresenta como xerife Hellen Dawson, aperta as mãos de Lauren e Ally e pede que elas se sentem. Os dois oficiais, James e Brown, entram na sala e ficam encostados à parede atrás de Lauren.

— Posso te fazer algumas perguntas, Srta. Jauregui? — pergunta gentilmente a xerife.

— Claro. Pergunte tudo que você precisar saber. — ela responde calmamente. Sua voz continua mais rouca que o normal e sua pele está mais pálida também.

— Em primeiro lugar, gostaria que você me contasse, com todos os detalhes que lembrar sobre o que aconteceu ontem, durante o dia todo. Conte-me tudo que tenha parecido estranho, incomum ou que chamou sua atenção.

Lauren começa a falar, esforçando-se para lembrar cada detalhe. Fala sobre a porta aberta, sobre o porta-retratos quebrado e as cortinas arrancadas.  

— Você mencionou que havia uma foto com uma amiga no porta-retratos quebrado, correto?      — pergunta a xerife. — Vocês trabalham juntas?

— Sim, somos sócias no escritório, conhecemo-nos na faculdade de Direito. — responde Lauren.

— Você consegue pensar em alguém que desaprove sua amizade com a Srta... — ela procura em na tela de seu computador. — Vives?

— Não, eu acho que não. — responde Lauren. — Você acha que tem algo a ver com isso?

— Estamos trabalhando com várias possibilidades. — responde a mulher. — Ela tem inimigos?

— Lucy? Não, ela trabalha comigo. Não dá para não gostar da Lucy. Ela é gentil com todo mundo.

A xerife Dawson continua digitando em seu computador e assentindo algumas vezes.

— A Srta. saiu de algum relacionamento problemático, ultimamente? — pergunta olhando para Lauren. — Algum namorado muito possessivo ou ciumento que talvez não esteja lidando tão bem com o término? — Lauren dá um sorriso sem graça e olha para baixo.

— Na verdade, a última pessoa com quem me relacionei foi uma mulher. — responde timidamente. Os rapazes atrás dela dão um suspiro decepcionado e Ally olha para trás e dá uma risada.  — Mas já faz uns dois anos que não a vejo.

— Entendo. — a xerife responde com um sorriso compreensivo. — Você disse aos oficiais ontem que ouviu passos e batidas na porta do quarto onde estava. Saberia me dizer se eram passos de um homem ou de uma mulher?

— Não posso ter certeza. — ela responde. — Eram passos cuidadosos, poderiam ser de um homem pequeno ou de uma mulher. E as batidas na porta pareciam ser com alguma coisa de madeira.

— O invasor não batia em sua porta com as mãos, então? —ela parece surpresa.

— Não, definitivamente não. Eram pancadas muito fortes e o barulho era muito alto.

Xerife Dawson digita mais um pouco em seu computador e a impressora atrás dela começa a imprimir algumas folhas. A mulher se levanta de sua cadeira, pega as folhas e coloca na mesa, em frente à Lauren.

— Preciso da sua assinatura na linha pontilhada. — fala apontando para uma linha no final da segunda folha. — Por favor, leia o relatório e me avise se houver qualquer coisa diferente do seu depoimento nele.

Lauren lê as folhas cautelosamente, depois assina na linha pontilhada. A xerife agradece e faz uma cópia das páginas para Lauren, depois diz a ela que está liberada. Ela e Ally saem da sala e os dois oficiais as levam de volta para o condomínio.

Ao chegar ao apartamento, Normani, Dinah e Lucy comem à mesa. Há waffles, frutas, sucos e uma jarra cheia de chocolate quente em cima de uma toalha branca.

— Vocês fizeram tudo isso? — pergunta Ally impressionada. Dinah dá uma gargalhada, negando com a cabeça.

— Lucy pediu em um Buffet. — responde Normani. — Juntem-se a nós. — convida com uma expressão simpática.  

Ally e Lauren se sentam, Ally na ponta e Lauren ao lado de Lucy, que sorri. Sorrindo de volta, Lauren coloca um waffle no prato e derrama um pouco de mel por cima.

—E aí? — pergunta Dinah.

— Eles só me fizeram um monte de perguntas. — responde Lauren, colocando um pedaço de waffle na boca.

— Algum suspeito? — pergunta Normani, preocupada.

— Não. Mas os oficiais de ontem disseram que vão ficar por perto por alguns dias. — explica com os olhos fixos em seu prato.

— E como está você? — Lucy pergunta, tocando seu ombro.

Lauren demora alguns segundos antes de olhar para Lucy.

— Eu estou com medo. — confessa em um sussurro. Seus olhos se enchem de lágrimas que ela enxuga rapidamente. Lucy coloca o braço ao redor de seus ombros.

— A polícia vai achar quem foi o culpado por ontem à noite. Logo, você não vai mais ter com que se preocupar. — assegura Dinah.

— Eu só não consigo entender por que alguém que eu nem conheço iria querer me machucar.

— Nós também não. — Ally se manifesta. — Não faz sentido. Quer dizer, por que você? — Lauren suspira e balança a cabeça para os lados. — Você dedica a sua vida a ajudar as pessoas.

— Deve ter sido algum viciado, provavelmente drogado. — diz Normani.  —Algumas drogas causam alucinações muito reais. Ele provavelmente nem se lembra do que fez.

—Na verdade, quando estávamos voltando, o oficial Brown disse que foram no mínimo duas pessoas. — ela responde. Há uma sensação ruim em seu estômago que ela não consegue descrever.

— O quê? — pergunta Dinah. — Ninguém disse nada disso ontem! — exclama.  Lucy se vira para Lauren, sua expressão é um misto de surpresa e apreensão. Normani olha para Ally, que assente seriamente.

— Por que ele pensa isso? — Lucy é a primeira a quebrar o silêncio que se formou.

— Porque o estrago era muito grande para ter sido feito por alguém sozinho. — responde Ally. — E as luzes apagaram enquanto tentavam arrombar a porta do quarto.

— A energia foi desligada. Não é possível que alguém tenha feito as duas coisas ao mesmo tempo. — completa Lauren.

Dinah olha fixamente para Lauren, tentando processar o que acabou de ouvir. Lucy engole em seco, olhando para seu prato.

Depois do café da manhã, Lauren pede que Lucy a acompanhe até sua casa. Normani, Ally, Dinah e até a própria Lucy tentam convence-la a não ir, mas ela está determinada.

— Se vocês não quiserem ir, eu vou sozinha. — insiste. Lucy se dá por vencida e decide acompanha-la.

— Você ainda pode mudar de ideia. — diz Lucy parando o carro em frente ao jardim da casa de madeira escura. Lauren abre a porta e desce do carro. Percorre o caminho de pedrinhas, enfia a chave na fechadura e empurra a porta.

Por alguns segundos, fica completamente sem reação. Em meio a tudo que havia acontecido, ela não havia reparado muito nos detalhes no dia anterior.  À luz do dia, torna-se possível observar a verdadeira bagunça feita.

Na sala, além das cortinas arrancadas, as almofadas do sofá foram retiradas, os CDs estão espalhados pelo tapete e a mesa de centro, virada de pernas para o ar. Em cima da mesa de jantar, que parece ser a única coisa intocada no ambiente, permanece o porta-retratos trincado. As cadeiras ao redor estão no chão, uma delas sem uma perna.

Andando lentamente pelo corredor, Lauren chega ao banheiro. O assento do vaso sanitário foi arrancado e o espelho, quebrado. O pequeno gabinete sob a pia teve as gavetas arrancadas e as toalhas nele guardadas espalhadas pelo piso. Dentro do box, os frascos de shampoo estão caídos e alguns rachados.

— Meu Deus! — ouve a voz de Lucy na cozinha. Ao chegar ao ambiente, entende o motivo do espanto da amiga.

Há cacos de vidro por toda a parte. A gaveta de talheres foi retirada e todo o seu conteúdo jogado no chão. É quase impossível andar sem pisar nos pedaços de pratos e copos que cobrem todo o chão. A pia está coberta de farinha de trigo. Na despensa, os sacos de alimentos foram rasgados e se misturam. A porta da geladeira está aberta e há ovos quebrados nas prateleiras.

— Eles viraram o lugar de cabeça para baixo. — diz Lauren para Lucy, que assente boquiaberta.

Andam lado a lado pela cozinha e lavanderia, onde os produtos de limpeza estão espalhados no chão e uma vassoura teve o cabo quebrado.

— Quanto tempo você disse que a polícia levou pra chegar?  — pergunta Lucy, olhando ao redor.

— Três a cinco minutos. Não muito mais que isso. — responde Lauren, observando a janela aberta.

— Não tem como fazer tudo isso aqui em cinco minutos. — ela afirma. — Mesmo em duas pessoas.

Em frente ao quarto de Lauren, Lucy observa, agora mais atentamente, o estrago feito à porta — rachaduras, madeira trincada, dobradiças brutalmente arrancadas e lascas pelo chão.

— Lucy! — chama Lauren de seu escritório logo em frente.

Lucy entra no ambiente e para ao lado dela, observando que nada foi tocado. Os livros em cima da mesa estão cuidadosamente empilhados, como Lauren costuma deixar. As canetas e lápis, dentro do copo decorado e o laptop branco sem nenhum arranhão. Outros livros continuam na estante, junto com algumas revistas e uma ou outra escultura pequena. Tudo está em seu devido lugar, exceto por uma rosa vermelha colocada em cima da mesa.

Lauren estica a mão quase involuntariamente para tocar a rosa bem quando Lucy segura seu pulso com os dedos.

— Não toque nisso. — alerta. Sua respiração está tão acelerada quanto a de Lauren.

— É só uma rosa. — argumenta Lauren. — Se fosse de alguma importância, a polícia não teria deixado aqui.

Ainda segurando cuidadosamente o pulso de Lauren, Lucy se inclina e observa mais de perto.

— Não vejo pó para digitais no caule. — afirma. — A perícia não esteve aqui depois que saímos?

— Sim, uma equipe inteira. — afirma Lauren.

— Por que eles não testariam? — questiona Lucy.

— Será que não viram isso ontem à noite? — pergunta Lauren.

— É uma rosa vermelha em cima da sua mesa branca. Não é possível que tenham deixado passar. Eles são extremamente detalhistas. — explica Lucy. — A menos que...

— A rosa não estivesse aqui ontem. — termina Lauren com um suspiro.

— Os oficiais que vieram aqui não passaram a noite por perto? Eles disseram que ninguém apareceu. — afirma Lucy, franzindo as sobrancelhas.

— Mas eles foram me buscar para me levar até a delegacia hoje de manhã. ­— responde Lauren. — Que horas são agora?

— Dez e quinze. Eles foram te buscar por volta das... Sete?

— Alguém sabia que eu voltaria aqui hoje e esperou que a polícia saísse. — conclui Lauren.  — E teve o cuidado de trancar a porta.

— Isso certamente não é o trabalho de um viciado. — fala Lucy, cruzando os braços. Lauren se encolhe um pouco.

— Lucy, eu estou com medo. — confessa. — Com muito medo.

— É, eu também. Vamos sair daqui. — responde puxando o braço da morena gentilmente para fora.

— Não, não é isso. — interrompe. — Eu estou com medo disso tudo. — olha em volta. — Alguém teve o trabalho de fazer uma cópia da minha chave e esperar as garotas saírem para me apavorar. Depois, voltaram no dia seguinte para terminar de virar a casa de cabeça para baixo e deixar essa rosa. Eu não acho que seja um aviso, eu acho que é uma ameaça.

— Por que alguém nesse mundo iria te ameaçar? — diz Lucy. Lauren dá de ombros. — Você não faz mal nem a uma mosca.

— Eu não sei. — responde fechando os olhos. — Eu queria saber.

Lauren decide pegar mais algumas coisas em seu quarto e ao entrar, se depara com todas as suas roupas no chão. O enorme espelho na parede está todo rachado e os lençóis da cama parecem ter sido rasgados por uma faca.

— Seu quarto também? — pergunta Lucy. — Não estava assim ontem!

— Não, com certeza não. — responde. — Nós deveríamos sair daqui.

Lucy e Lauren retornam até o apartamento, tremendo dos pés à cabeça. Trocam poucas palavras no carro e a única coisa que decidem levar é a rosa vermelha.

— O que é isso? — pergunta Ally quando Lauren coloca a rosa em cima da mesa de centro da sala, onde estão sentadas nos sofás. — Quer dizer, eu sei que é uma rosa, mas o que tem de especial nela?

— Não tem espinhos? — pergunta Normani.

— Estava na mesa do meu escritório hoje de manhã, mas não estava ontem à noite. — conta Lauren. — E o lugar está muito pior do que estava ontem.

— Muito pior? — pergunta Ally. — Como?

— Parece que passou por um terremoto. — diz Lucy. — Tudo está revirado e espalhado pelo chão.

— Você acha que invadiram de novo? — pergunta Dinah, pegando a rosa. Levando ao nariz, faz uma careta.

— Dinah! — repreende Normani. — Não faça isso!

— Por que não tem cheiro de rosa? — pergunta Dinah, franzindo o nariz e juntando as sobrancelhas.

— Dinah, tem cheiro de quê? — pergunta Normani arregalando os olhos. — Tem cheiro doce? Faz seu nariz coçar? Você se sente tonta?

— Não. — responde calmamente. — Tem um cheiro forte de... Algum metal.

— Metal? — pergunta Ally, também cheirando a rosa na mão de Dinah.

— Gente! — reclama Normani. — Pode ter alguma toxina nisso! Não cheirem coisas desconhecidas!

— Uma toxina tipo Antraz? — ironiza Dinah. — Eu estou bem, não é nada demais. Só tem um cheiro estranho.

— Antraz não é uma toxina. — corrige Lauren. — É um vírus.

— Você disse que tem cheiro metálico? — pergunta Normani e Dinah assente. — Como ferro?

— Isso! — exclama Ally. — Cheira a ferro e mais alguma coisa orgânica.

Normani pega a rosa da mão de Dinah e a aproxima de seu nariz cautelosamente. Franze o cenho só por um momento e faz uma cara assustada.

— Eu conheço esse cheiro. É cheiro de sangue. — afirma. As outras arregalam os olhos.
— Sangue fresco e provavelmente humano.

— S-sangue humano? — gagueja Dinah. — Você tem certeza disso?

— Sobre ser sangue, sim. — replica Normani, menos assustada que as outras por estar acostumada a lidar com sangue diariamente. — Se é humano eu só posso ter certeza analisando no laboratório.

— Quando você pode fazer isso? — pergunta Lauren, apreensiva. Seus olhos correm nervosamente pela sala, como se estivesse com medo de ser atacada a qualquer momento.

— Agora. — responde Normani se levantando. — E eu vou precisar que todas vocês venham comigo.

— Por quê? — questiona Lucy.

— Porque todas nós entramos em contato com a rosa de alguma forma. Se isso for mesmo sangue humano, pode estar contaminado com sabe Deus o que.

— Você acha que é alguma coisa perigosa? — pergunta Ally. Sua expressão é de temor, não só por si mesma, mas também pelas amigas.

— É improvável. — afirma Normani. — Mas eu só vou saber quando testar.

Divididas nos carros de Dinah, Lucy e Normani, estavam no hospital em poucos minutos. Normani, sendo a chefe da equipe de diagnósticos, não tem problemas ao entrar com as outras mulheres em sua sala, mas pede que aguardem enquanto vai ao laboratório.

— É definitivamente humano. — diz abrindo a porta da sala branca, onde Lauren e Ally estão sentadas nas cadeiras em frente à mesa, Lucy está em pé, encostada à parede e Dinah, sentada na cadeira de Normani.

— Está contaminado com algo? — pergunta Lauren, levantando-se. Normani dá de ombros e balança a cabeça.

— Nada visível no microscópio, por enquanto. Os exames de cultura levam, no mínimo, uma semana para apresentar resultados. — responde. — Por hoje, eu preciso apenas de amostras de sangue de cada uma.

Ally, Lauren e Lucy aceitam prontamente, mas Dinah reclama um pouco. Normani precisa insistir até que ela acabe cedendo.

— Vocês têm que me prometer que se tiverem qualquer sintoma como febre, ânsia de vômito, dores no corpo, inflamações, manchas na pele ou hematomas, vão me ligar imediatamente. — avisa. Seu tom de voz é firme e, embora esconda bem, também está com medo. As quatro assentem e concordam, o que a deixa um pouco mais tranquila.

Lucy se despede e vai para seu apartamento; as outras voltam para o apartamento de Ally e Dinah.

— Vocês não acham que nós deveríamos entregar a rosa para a polícia? — pergunta Lauren, sentada na cama, ao lado de Ally.

— Eu só usei algumas pétalas para análise. — assegura Normani, deitada no colo de Dinah num colchão no chão. — Se vocês quiserem, o resto da rosa está num saco plástico dentro da minha bolsa no carro.

— Eu concordo com a parte de entregar para a polícia. — diz Ally. Normani se levanta, junto com Dinah. — Acho que deveríamos ir até a delegacia e contar tudo que você e Lucy viram.

— É eu também concordo. Não é bom reter informações da polícia. — Normani fala. — Eu vou buscar a rosa e trago para vocês.

— Eu vou com você. — fala Dinah. As duas se levantam e saem do quarto, depois do apartamento e tomam o elevador.

Ally permanece com Lauren no quarto, quando percebe que algumas lágrimas caem dos olhos dela.

— Ei, meu amor, o que houve? — indaga Ally, tocando gentilmente seu rosto.

— Eu arrastei vocês todas pra isso. — murmura com a voz embargada. — Eu nunca vou me perdoar se acontecer algo com vocês.  — Ally abre os braços e a envolve de maneira terna.

— Não vai acontecer nada, Laur. Nós vamos ficar bem, todas nós.  — tenta confortá-la, mesmo que também esteja apavorada.

— Eu não tenho tanta certeza, Ally. Alguém teve um trabalhão para me assustar.

— Vai dar tudo certo, eu sei. Toda essa confusão não passa de um mal entendido. — afirma Ally, torcendo para que Lauren acredite nas palavras que ela mesma não acredita.

A porta da frente se abre de uma vez e passos apressados se dirigem ao quarto.

— A rosa sumiu. — expele Dinah, sem fôlego. Ally franze a testa e pergunta “o quê?” e Lauren para de respirar por alguns segundos.

Atrás de Dinah, chega Normani mexendo numa bolsa azul marinho em suas mãos. Vira a bolsa de cabeça para baixo, deixando que tudo dentro caia no lençol sobre a cama — papéis, canetas, uma presilha de cabelo, carregador de celular e um par de brincos.

— Não está aqui! ­— exclama. — Simplesmente sumiu! Quando cheguei ao meu carro, a porta do motorista estava destrancada e a rosa que estava na minha bolsa havia sumido. Só a rosa. Meu celular está aqui, meus brincos caros também. Essa caneta — pega uma caneta branca e dourada, muito bonita — vale cem dólares e ela continua aqui.

— Jesus Cristo! — suspira Ally.

— Algo está errado. — afirma Dinah. — Isso é... Pessoal. Muito pessoal.

Lauren continua parada, pálida, mal respira. Suas pupilas estão dilatadas e seu olhar, perdido.

— Lauren, você tem alguma ideia de alguém que... — começa Normani.  

— É ela. — afirma Lauren abruptamente, interrompendo Normani. Ally e Dinah trocam um olhar. — Só pode ser ela.

— Ela quem? — pergunta Normani com as sobrancelhas franzidas. — Ela, ela? — Lauren assente.

Dinah balança a cabeça negativamente.

— Lauren, já faz dois anos. Ela está provavelmente... Morta. — conclui, recebendo um olhar fulminante de Ally. Normani estreita os olhos para ela, num aviso silencioso para que pare de falar.

— Dinah, cale a boca. — adverte Ally firmemente. Normani a encara surpresa, pois não é de sua personalidade agir assim. — O que te faz pensar isso, Laur? — pergunta, voltando-se para Lauren.

— Eu a vi pela minha janela ontem, do outro lado da rua, logo depois que vocês saíram.

Dinah perde a cor e Ally solta todo o ar de seus pulmões.

— Você contou isso pra polícia? — pergunta Normani e Lauren nega. — Não? Por quê?

— Porque não foi a primeira vez. — justifica. — Eu já pensei que a tinha visto mais de mil vezes desde que ela desapareceu e sempre era coisa da minha cabeça.

— Então por que dessa vez não é coisa da sua cabeça? — pergunta Dinah. — Por que você tem tanta certeza?

— Porque... Ela costumava me dar essas rosas vermelhas. — responde Lauren, encolhendo os ombros. — E ela costumava tirar os espinhos desse jeito também.


Notas Finais


Espero que você tenha gostado.

Sua opinião é muito importante e bem-vinda, então, sinta-se à vontade para deixar um comentário.

Até o próximo!

Love,
Lana.


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