História Adotei a filha do Manager - Soturnidade.

Choi Nayoung

 Havia despertado mais cedo que o normal, tomar um banho pra tentar tirar a energia negativa e ficar sentada na cama, olhando para o nada, tinha se tornado meu hobby matinal. A partir do momento que ficava sem pensar, a insegurança se tornou meu maior medo, mas, estava disposta a mudar isso.

– Nayoung-ah...?! – uma voz baixa me chamou. A porta do meu quarto estava fechada e eu estava sentada na cama olhando para a parede clara, com os pensamentos nublados.

– Pode entrar... – falei. Ouvi a porta ser aberta lentamente, virei meu rosto para a pessoa que entrava no meu quarto. Era Hoseok.

– Você está bem? – perguntou preocupado. Sentou-se ao meu lado.

– Acho que sim e você? – perguntei ainda olhando para a parede. Ele sorriu pequeno.

– Eu estou bem mal... – olhou para o chão de madeira escura, balançando os pés. Direcionei minha atenção para ele.

– Seja forte Hope, vamos superar juntos – sorrio vendo ele sorrir junto.

– Vamos, temos que tomar café da manhã – levantou da cama me olhando, esperando eu levantar.

– Ok! Só estou indo porque estou com muita fome – ele riu. Pousei minhas mãos nos ombros do Jung e fomos andando até para o andar de baixo.

O clima entre os meninos estava bem tenso e de tristeza, estavam concentrados em suas refeições – que foram preparadas por Jin e Taehyung –. 

– Bom dia...?! – disse receosa de levar um vácuo dos seis. 

– Bom dia Nayoung-sshi – Jimin disse, ele estava com os olhos inchados, com certeza chorou muito a noite. Os outros estavam bem acabados e feições de tristeza.

– Dormiram bem? – perguntei mesmo já sabendo a resposta.

– Pra ser sincero noona... eu nem consegui dormir – Taehyung disse, as olheiras estavam bem visíveis no rosto do Kim. Me sentei ao lado de Seokjin que bebia um suco.

– Aish... porque tudo tem que ser tão complicado? – reclamei em puro desânimo.

– A vida é complicada Nayoung-sshi – Jin disse em um timbre sério. E assim foi a manhã inteira, bem silenciosa.

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O barulho de choros e de palavras de consolação, misturadas naquele ambiente me deixava cada vez mais deprimida. O velório estava sendo bem pior do que eu imaginava. A mãe de Jisung-oppa estava aos prantos, a mulher nunca se imaginou enterrar o seu único filho. Aos seus quase oitenta e dois anos, a senhora não conseguia se manter em pé. A mãe foi a única a comparecer ao velório do nosso manager, e simplesmente o resto dos membros da família não "conseguiram" comparecer na ocasião.

A filha de Jisung-oppa, que tem apenas quatro anos de idade, foi proibida de ver o velório do pai, já que pode ser um choque emocional para ela. Sook – a única filha de Jisung – foi levada para um orfanato, já que avó paterna não poderá cuida-la, já que estava velha demais. A mãe de Sook, faleceu depois de três meses que a filha nasceu – contraiu infecção hospitalar, já que o parto foi apartir da cesária –. E o resto dos familiares pela parte materna, não querem nem ouvir o nome da pequena, já que levou a culpa pela mãe estar morta. Agora, ninguém sabia o que a vida de Sook se tornaria.

– Eu quero ir embora, isso está sendo muito pesado pra mim – murmurei sentindo a vontade de chorar aumentar. Estava sentada em uma das cadeiras, próximo ao caixão. Os meninos estavam perto da mãe de Jisung, tentando consolar a mais velha, e parecia estar dando certo. A mulher parecia bem mais calma e não chorava muito. Até Yoongi, que não era de expressar seus sentimentos, estava ajudando e tinha chorado muito quando soube da notícia. Levantei da cadeira e fui até eles, me coloquei ao lado de Jimin. 

– A senhora está bem? – perguntei olhando para o rosto vermelho de tanto chorar, os pequenos olhos estavam querendo inchar de tantas lágrimas que caíram.

– Estou bem melhor minha jovem – sorriu amarelo, deixando as marcas da idade tomar seu rosto, deixando-a fofa.

– Conte com nós, a perda também está nos afetando – Namjoon pegou na mão dela fazendo um breve carinho com os dedos, sob a pele enrugada.

– Vocês são tão simpáticos e amorosos. Agora entendo o do porque dele amar tanto vocês – disse calma ainda segurando a mão de Namjoon. 

– Jisung-hyung foi essencial para o grupo, ele realmente fez muito bem seu trabalho. Estamos orgulhosos dele, tenha certeza – JungKook se pronunciou sorrindo. Ele havia ficado mais quieto que o normal. Não temos aquela intimidade e nem nossas conversas duram muito, mas percebia que ele estava sofrendo mais que os outros, ele tinha Jisung como seu pai postiço. JungKook tinha um grande afeto por ele, foi um baque ouvir que ele havia falecido. 

– Ele sempre fez muito bem – a mais velha respondeu tristonha.

Imagino as outras pessoas que faleceram no vôo do Japão para a Coreia do Sul, suas famílias e seus filhos. Esse dia claramente está sendo um dos piores de minha vida e da vida de todos os afetados. Daqui pra frente vai ser uma luta para todos os envolvidos. Dificilmente hoje será esquecido.

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A imagem do caixão do oppa sendo enterrado na terra, ficará marcado na memória de todos, principalmente na mãe de Jisung. Foi um chororô total na hora e eu estava conseguindo me manter forte e sem derramar quaisquer lágrima. Mas quando a mãe de Jisung se pôs a cantar Arirang Alone, me desabei em rios de lágrimas. Não estava mais aguentando aquilo tudo. O Memorial dele ficou enfeitado de rosas brancas, em sinal de paz e silêncio, além de uma carta escrita pela senhora em memória de todos os mortos do acidente.

Agora, depois de uma hora que tudo isso ocorreu, estamos sentados no sofá da sala sem fazer nada e sem dizer nada. Seokjin ainda estava derramando algumas lágrimas e Jimin teve seu rosto todo inchado de tanto que chorou no enterro. Taehyung e Yoongi estavam quase dormindo, estavam cansados, J-hope estava com a cabeça escorada em meu ombro, Namjoon estava tomando seu banho e JungKook estava olhando para o teto. A senhora voltou para a casa dela, junto ao seu médico, ela não conseguia mais andar e sua pressão havia aumentado relativamente para quase ter um infarto. Agora a questão seria, o que vai acontecer com Sook?

– Eu vou adotar a Sook – disse sem pensar. Ganhei a atenção de todos para mim, alguns olhares confusos e outros assustados.

– Adotar? – Jimin perguntou.

– Sim, eu vou adota-lá – sorri com a minha ideia.

– Mas não é uma grande responsabilidade só para você? – Seokjin perguntou preocupado.

– Pensando por esse lado, seria uma grande responsabilidade... – suspirei derrotada, não seria algo fácil para alguém, principalmente para mim, ser "mãe de primeira viajem".

– Vamos adota-lá juntos – JungKook disse. E se formou um belo de um sinal de interrogação na minha cabeça.

– Como...? – perguntei novamente.

– É isso, vamos adota-lá. Somos próximos à ela, somos os oppas favoritos dela. Porque não? – sorriu animado me olhando.

Até que não seria uma péssima ideia ou seria?...