Em frente ao reflexo amordaçado por estereótipos, eu me procurava. Eu via algumas cores pastéis e meus ossos sobressaltados. Olhos cinzas cravados nos meus denunciavam a mentira manipulada que tu criou.
Eu não me encontrava.
No entanto, eu sabia. Eu carregava uma exaustão deformada e repulsiva dentro de mim. Eu via claramente a silhueta hedionda por meio da falsa cor do meu olhar; eu era uma fraude. Isso era mais óbvio do que a maciez nítida da pele refletida ou do vermelho bonito que decorava aqueles lábios cheios. Mas ninguém via, porque eu era o teu ideal.
Eu não queria ser.
Minha alma sustentava o gosto asqueroso do padrão em que tu me transformou. Às vezes, ela gritava e recebia algumas dores como punição. Tu queria frear minha coragem; tu queria evitar a desordem futura.
Tanto a minha audácia fracassada, quanto a putridez da minha alma, eram minhas, certo? Elas eram as únicas coisas que me pertenciam. E ambas não aguentariam. Afinal, tu me corrompia a ponto de deixar com que eu apodrecesse aos poucos naquele corpo extremamente perfeito.
Elas morreriam.
Eu seria só um número do registro geral.
Eu seria o que tu sempre quis, não é?
Tome controle.
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