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História After All - Capítulo XX: O Problema de Ginny Weasley


Escrita por: SnowCharming

Notas do Autor


Eu voltei a responder vocês, geente *----* Milagre de natal fora de época, ahhahah. Muito obrigada por terem continuado a comentar e me apoiar, mesmo parecendo que eu estava meio distante. É esse apoio fod*stico de vocês que me dá a maior vontade de continuar a escrever e de postar. Obrigada por tudo, meus amados <3
Agora, bora matar a curiosidade de vocês sobre qual o problema de Ginny Weasley! Bora capítulo =* <3

Capítulo 21 - Capítulo XX: O Problema de Ginny Weasley


Fanfic / Fanfiction After All - Capítulo XX: O Problema de Ginny Weasley

POV DRACO

A ruiva tinha os olhos marejados novamente. Aquela fraqueza me dava asco, mas havia algo errado, a Weasley, apesar de uma grande traidora do sangue, era forte.

— Vem comigo — falei, virando-me novamente para a saída.

A garota veio atrás de mim, enquanto eu saia da biblioteca, indo em direção à sala de feitiços, que o professor Flitwick costumava deixar aberta, e a encontrei assim, como sempre. Abri a porta da sala, e esperei que aquela que me acompanhava passasse.

— Você precisa me ajudar, Malfoy — a menina falou, antes mesmo de entrar na sala por completo, agora com a voz já mais firme do que antes e sem as lágrimas nos olhos.

— O que precisa, Weasley? — questionei, fechando a porta antes que alguém nos visse ou escutasse.

— Eu preciso aprender oclumência, Draco — Gina contou, sem delongas.

— Pra que precisa disso?  Ninguém deve querer entrar na sua cabecinha de fogo. — Senti os olhos da ruiva queimarem em minha direção. — afinal, você não é nada demais — completei, com um sorriso de lado

— Você bem sabe que alguém já esteve na minha cabecinha de fogo uma vez. Por culpa do seu pai, inclusive — a Weasley retrucou, em um tom acusador. — Mas deixemos as desavenças passadas de lado, Malfoy — ela pediu, antes que aquela conversa se tornasse uma discussão sem fim. — Eu acredito que alguém esteja tentando entrar em minha mente novamente.

— Não acho que oclumência funcione com possessões, tendo em vista que foi isso que aconteceu da última vez. É só para legilimência — informei, tentando ser didático.

— Mas por que tem que ser possessão? E se for, não há nada que possa ser feito? — Gina embalou uma pergunta na outra.

— Se da primeira vez foi possessão e você acredita que tem alguém tentando entrar na sua mente agora, provavelmente seja porque está tendo os mesmos sintomas de antes — expliquei em um tom exageradamente calmo, odiava pessoas lerdas. — E de qualquer modo, por que não pede ajuda para sua amiguinha de sangue ruim?

— Não precisa falar assim da Hermione, Draco — ela repreendeu-me — E eu não quero que ela se preocupe, nem Harry, nem minha família — a grifinória parou por alguns instantes, tornando-se pensativa, ou talvez esperando uma reação minha. Depois de um tempo, finalmente prosseguiu.  — Mas não há algum modo que eu poderia me proteger tanto de possessão quanto de legilimência?

— Há um feitiço — respondi, sem mais palavras.

— Por favor, Malfoy. Eu preciso disso. No primeiro ano eu não era dona de minhas vontades e ações. Eu quase matei pessoas! — a ruiva elevava o tom de voz sem nem perceber. — E no sexto ano, eu estava aqui e minha mente era invadida todos os dias, os comensais atacavam minha mente, tentando encontrar informações sobre Harry, eu ficava totalmente desprotegida.

Ela não olhava mais para mim, olhava pela janela, para longe, como que para as lembranças que a atormentavam, falando baixo e sem parar. Aquilo me perturbava e eu parei de prestar atenção, passando a pensar no que deveria fazer.

Eu aprendi oclumência cedo, Belatriz e Severo me ensinaram em algumas de minhas tantas aulas privadas. Aprendi a usar uma máscara de frieza para esconder os sentimentos e uma barreira invisível para proteger a mente. Eu pensava que era para que o diretor não desconfiasse do plano para seu assassinato, mas depois que fiquei sabendo que Snape era um homem de Dumbledore, passei a acreditar que ele me ensinou tudo para que Voldemort não descobrisse os medos e indecisões que eu tinha.

Medos, quais eram os meus medos agora? A volta Daquele-que-não-deve-ser-nomeado, com certeza liderava o ranking. O que ele faria se soubesse que tentei impedir sua volta? O que faria se quando voltasse soubesse que eu andava ajudando uma traidora do sangue? E ainda por cima, uma Weasley, o pior tipo deles, mais do que isso, a namorada de Harry Potter.

Potter. Maldito santo Potter. Se não fosse por ele, minha mãe e eu poderíamos estar em Azkaban fazendo companhia para meu pai. Eu jamais o agradeceria. Mas talvez eu pudesse ajudar sua namoradinha. Como uma troca de favores. Então eu não sentiria mais como se eu devesse algo a ele. Era um grande risco que eu poderia correr depois, caso o Lorde voltasse, mas odiava dever algo ao cicatriz.

Mas seria seguro passar um segredo tão grande para alguém em quem eu nunca confiei, alguém para quem Snape jamais contaria um segredo como esse? Ou talvez ele contasse, afinal, era por inteiro um homem de Dumbledore.

Além disso, ainda preciso melhorar a minha imagem. O resto do mundo talvez visse isso como um ato de redenção. Harry Potter saberia disso e talvez parasse de me ameaçar para a Granger. E a Granger talvez me desse ainda mais credibilidade. Talvez isso ajudasse a consolidar uma nova reputação para mim.

— Há um feitiço — repeti, interrompendo a ruiva, que ainda murmurava alguma coisa, a qual eu não fazia ideia do que fosse.

— Você já disse isso, Malfoy. Mas se não for me ajudar com ele, ou pelo menos me dizer qual é, ele existir não me ajudará. — Senti a vergonha que ela tinha por estar pedindo ajuda para mim.

Só então percebi o quanto ela já devia ter procurado, ou sofrido, para recorrer a mim. Gina Weasley deveria estar desesperada para que tenha chego a esse nível, Afinal, os Weasley deviam ter tanto preconceito dos Malfoy quanto os Malfoy tinham dos Weasley.

— É um feitiço ilegal. Você não o encontrará em nenhum livro da biblioteca — lhe avisei, antes de qualquer coisa.

A garota parou a andança pela sala, que vinha fazendo desde sua entrada. Provavelmente, percebendo que havia conseguido minha ajuda. Eu então dei continuidade a minha fala:

— Snape o criou. — Pude ver uma espécie de alívio em seu rosto. — Você muito provavelmente sabe que, no quinto ano, seu amado Potter teve aulas de oclumência com o professor, certo?

A grifinória concordou com a cabeça, sem dizer palavras.

— E, seguramente, também sabe que na última dessas aulas Potter conseguiu se defender e acabou entrando na mente de Snape. — Gina concordou novamente. — No dia em que vocês da Armada de Dumbledore foram para o ministério “salvar o Black” e a Ordem da Fênix apareceu, Voldemort nutriu uma imensa desconfiança de Snape, coisa que nunca havia acontecido antes.

A Weasley fêmea continuava sem dizer palavras, somente murmurava em sinal de concordância a cada frase minha.

— No final daquele ano Dumbledore contou coisas demais para o professor e lhe deu obrigações demais. A oclumência até então lhe havia sido suficiente. Mas se a raiva de um garoto de quinze anos pode romper suas barreiras mais fortes, imagina o que o Lorde das Trevas poderia fazer se continuasse tendo desconfianças dele?

Era difícil imaginar tudo aquilo sem me sentir culpado, sabendo que cada uma daquelas ações culminariam na morte de Snape, em como a minha covardia era culpada por sua morte e em como a sua coragem o havia feito seguir em frente, obediente e leal, como sua inteligência o levara a fazer coisas incríveis: feitiços, poções, objetos mágicos.

— Voldemort o mataria, como fez com tantos outros. — a garota respondeu à minha pergunta retórica.

— Sim, ele o faria. Mas faria pior. O Lorde odiava traidores, talvez até mais do que sangues-ruins e traidores do sangue — expliquei. — Foi então que, com as bases da oclumência, Snape criou um feitiço poderoso.

A ruiva me lançava um olhar que dizia “continue”. E cedendo a seu desejo, prossegui:

— Ele havia começado esse feitiço no dia em que mudou de lado, em que deixou de servir o Lorde das Trevas para servir a Dumbledore, como seu mais leal servo. Mas, quando os Potter morreram e milorde foi derrotado pela primeira vez, ele parou de se debruçar sobre essa tentativa, a deixando de lado até aquele dia.

— E o que é esse feitiço, Draco? O que ele faz? — a monitora perguntou, curiosa e ansiosa.

— Ele protege a mente de todos os modos possíveis — respondi, saciando sua curiosidade. — Contra a legilimência, contra possessões, contra a maldição Imperius, contra qualquer feitiço que tenha como intuito atingir, ler ou controlar sua mente. Ninguém nunca mais poderá entrar em sua mente, para nada.

— Nem em sonhos? — a garota perguntou, em um tom que demonstrava preocupação.

— Nem em sonhos, nem em devaneios, nem se você estiver transbordando os seus sentimentos por cada poro de seu corpo. Você estará completamente invulnerável no quesito mente — tentei lhe confortar.

Mas a garota pareceu ainda mais preocupada.

— Nem que eu queira? — ela perguntou por fim.

— E por que ia querer alguém em sua mente? — indaguei confuso, mas no mesmo instante percebi o que se passava. — Ele fala com você por sonhos, não é mesmo? Igual faz com a Granger, o Potter.

A ruiva pareceu espantada por eu saber que a amiguinha se encontrava com seu namorado por sonhos. Acho que ela havia esquecido que agora eu tinha que dividir o quarto com a sangue-ruim.

— Sim, é um jeito de nos ajudarmos, de sabermos se o outro está bem, de dar apoio mesmo estando longe — ela tentou explicar.

— Bom, se você, mesmo sabendo que a oclumência não te servirá caso isso não seja uma legilimência, ainda assim quiser ficar só com isso. — Dei de ombros, mostrando que eu realmente não me importava.

Mas a menina agora estava realmente em dúvida sobre o que fazer, pude ver os pensamentos perpassando seus olhos; ter que escolher entre duas coisas que para ela pareciam muito importantes.

— Acho que talvez seja melhor não — Gina pareceu decidir-se por fim.

Só que agora eu havia percebido a gravidade da situação, e não poderia deixar a Weasley andando por aí com alguém na sua mente. A pessoa poderia muito bem ser um dos comensais fugitivos, tentando usá-la para alcançar o Potter; além disso, o comensal saberia que agora estou agindo contra o lado das trevas e provavelmente quereria me punir por isso.

A ruiva precisava da minha ajuda, e ela a teria, mesmo que não quisesse.

— Mas, você deve saber, que do mesmo modo que o Potter entra na sua cabecinha oca a noite, qualquer bruxo pode entrar. Quem sabe eu não te faça uma visita qualquer noite. — Pisquei o olho esquerdo para a ruiva, com a intenção somente de a irritar.

— Cala a boca, Malfoy. E não ouse fazer isso! — a grifinória saiu da sala, me deixando sozinho, confuso e sem resposta.

Mas eu ousaria. Agora eu estava decidido em ajudá-la, para devolver o favor ao Potter e proteger a mim mesmo. Eu invadiria seu sonho, eu a controlaria nele e a deixaria com medo de que algo realmente ruim acontecesse e então ela cederia e me deixaria realizar o feitiço para proteger àquela cabeça de fogo.

Passei um tempo somente sentado na sala, com aquele livro enorme nas minhas mãos. O abri e fui até a página em que estava o feitiço para entrar em sonhos, uma variação do legilimens, somnialis. Era um pouco mais difícil, pois eu não só veria o sonho, para isso eu poderia usar o legilimens, mas interagiria com a pessoa. Minha mãe sempre entrou em meus sonhos, mas nunca o contrário, talvez eu pudesse lhe pedir ajuda.

Mas talvez não houvesse tempo para esperar até eu poder lhe pedir ajuda, era melhor eu tentar aprender esse feitiço estúpido logo. Me concentrei no livro e li várias vezes as instruções que eu deveria seguir para conseguir alcançar meu objetivo. Ter claramente a imagem da pessoa na minha mente e o local onde ela estaria, o feitiço era não verbal, ducolimens somnialis, e era preciso desenhar no ar com a varinha o formato da inicial da pessoa que teria o sonho invadido; o contato visual poderia ajudar. Ótimo, eu nunca conseguiria algum contato visual com a ruiva enquanto ela dormisse segura no quarto das meninas na torre da grifinória.

Resolvi testar o feitiço com algumas pessoas, por isso voltei para a biblioteca, faltando apenas vinte e cinco minutos para ela ser fechada, Madame Pince não gostou nem um pouco (“Ande logo, Sr. Malfoy, o senhor tem exatamente vinte minutos antes que eu o arranque daqui pelas orelhas”).

Fui até às mesas de estudos, sabendo que ali haveriam alguns quintanistas já preocupados com os N.O.M.S. ou setimanistas, como eu, desassossegados com os N.I.E.M.S. Com a cara amassada em uma das mesas, babando sobre um livro, estava Jeremy Stretton, um garoto da Corvinal que era monitor, assim como eu e que eu vira mais cedo conversando com outro garoto em um dos corredores.

Concentrei meu olhar nele e com a varinha por baixo da mesa desenhei um J no ar. Nada. Tentei novamente, dessa vez utilizando letra cursiva para fazer a letra. Nada. O que estava faltando?

Dessa vez me concentrei no lugar, Hogwarts. A biblioteca de Hogwarts. A mesa de estudos, um livro e uma cadeira.

Olhei diretamente para o Stretton e o coloquei dentro do cenário que eu havia criado em minha mente. Concentrei-me em seu nome, em sua inicial. J.

Repeti o feitiço. Me vi então em um campo de quadribol, Stretton estava montado em uma vassoura e voava de um lado para o outro procurando o pomo em meio aos demais jogadores. Eu havia conseguido. Agora precisava aprender a controlar as coisas. Mentalizei uma vassoura em minha mão e ela apareceu imediatamente, exatamente enquanto o sonhador capturava o pomo e o erguia no ar, enquanto pousava com a vassoura no meio do campo.

Uma multidão veio correndo ao seu encontro, me fazendo decidir que seria melhor estar bem ao lado dele, no mesmo momento eu estava ombro a ombro com o garoto. Uma garota se destacou da multidão e correu para os braços do apanhador, era Hermione Granger. Tive que segurar a risada, mas acabei esbarrando no ombro do Stretton.

— Quem você pensa que é para esbarrar assim em mim? — o corvino gritou, empurrando-me com o seu ombro.

— Como se você não soubesse — disse debochado. — Você não quer brigar comigo aqui.

O olhar do garoto mudou, de irritado e bravo, passou para calmo e tranquilo e ele voltou a comemorar a vitória, abraçando a Granger e tentando beijá-la. Eu não queria ver aquilo. Ela virou o rosto. Queria que a Granger estivesse com roupas mais curtas, como aquele pijama maravilhoso dela. A roupa dela mudou instantaneamente e ela corou, como eu sabia que faria.

Pude ver o sorriso de Stretton e achei melhor que Granger não estivesse mais ali, e assim que ela desapareceu, resolvi sair dali.

Eu estava de volta à biblioteca. Stretton acordou e se assustou ao me ver bem na sua frente, balançou a cabeça, levantou, pegando suas coisas e saiu da biblioteca. Eu conseguira, entrei no sonho e o controlei.

Ouvi um barulho diferente e percebi que minha barriga roncava. Olhei para o relógio em meu pulso e percebi que agora faltavam apenas dois minutos para Madame Pince aparecer e me arrastar de lá. Além disso, me toquei que o banquete já devia ter sido servido.

— Droga! — reclamei para o ar. — Maldita Weasley, traidora do sangue.

Levantei e fui para o salão principal, que já estava deserto. Continuei a caminhar, até o mesmo quadro de frutas de antes, e, seguindo o mesmo procedimento, a pera se transformou em maçaneta, e eu entrei na cozinha de Hogwarts.

Os elfos vieram correndo em minha direção.

— Que honra o senhor por aqui novamente, senhor Malfoy.

— O que deseja, senhor Malfoy?

Ouvia tanto “senhor Malfoy” por parte dos elfos que já estava pensando na possibilidade de meu pai estar ali, pronto para me trucidar por estar ajudando uma traidora do sangue e uma sangue ruim.

— Podem fazer um lanche para mim, por favor? — pedi a um deles.

Logo uma meia dúzia de elfos foi em direção aos balcões e, entre estalares de dedos e mexidas de mão, havia meia dúzia de lanches prontos, assim como uma boa quantidade de suco de abóbora. Lanches e suco demais para mim. Lembrei do que a Lovegood havia dito mais cedo, Granger não sairia do quarto naquele dia, ela devia estar com fome. Agradeci os elfos e subi para o quarto, carregando toda a comida com a ajuda da varinha.

Chegando no corredor do quarto falei a senha para a parede e abri a porta com um aceno. A garota com quem eu era obrigado a dividir o quarto estava do mesmo jeito que quando sai mais cedo. Deitada na cama e com um livro fechado nas mãos.

— Você realmente não saiu do quarto? — perguntei.

A bruxa levantou a cabeça, seus olhos estavam cansados e vermelhos, e a olheira sob eles era mais visível do que normalmente.

— Passei a tarde e a noite lendo. Não tive vontade de sair — ela respondeu, com um sorriso cansado.

— Sabe–tudo — fingi uma tosse.

Granger soltou um leve riso como resposta.

— Não saiu nem para... — Mas, antes que eu concluísse a pergunta, pude ouvir o ronco alto de sua barriga. — Ia perguntar “comer”, mas já obtive resposta.

A grifinória novamente deu uma risada fraca, mas franca, como resposta.

— A história é realmente interessante. Comer não me pareceu importante. — A morena deu de ombros. — Mas agora que terminei o livro, pode ser que eu esteja começando a sentir fome.

Dessa vez fui eu quem ri em resposta.

— Para sua sorte, você agora tem uma amiga em comum comigo. — A garota arqueou as sobrancelhas, desacreditando completamente. — Luna Lovegood. E ela me pediu para trazer isso para você — menti, enquanto colocava a comida em cima da mesa.

Era a segunda vez que eu a alimentava. O que eu era agora? Uma baba de sangues-ruins? Ou um amigo?

A garota se levantou devagar da cama e sentou na cadeira mais próxima.

— Obrigada por isso, Malfoy — agradeceu, mordiscando um dos sanduíches.

— Bom, ela é namorada do meu melhor amigo — tentei justificar.

— Ainda assim, não achei que isso aconteceria nunca — a grifinória disse.

Dei de ombros, porque eu mesmo jamais teria me imaginado como amigo da Lovegood, e mordi um sanduiche, para preencher o silêncio que ficara. 

— Pelo jeito você estava com fome — sentenciei, vendo que a morena já estava indo para seu terceiro lanche.

— Bom, até que estava. — Ela deu outra mordida antes de tornar a falar. — Obrigada por isso, de novo.

— A verdade é que se você morresse de fome talvez me considerassem culpado — brinquei, fazendo a morena rir enquanto bebia seu suco, o que levou-a a se engasgar.

Levantei depressa e dei-lhe uns tapinhas nas costas, ela se recuperou do engasgo, mas não conseguiu para de rir.

— Está bem, já pode parar, nem foi tão engraçado assim — reclamei, mas sem estar realmente bravo, voltando para o meu lugar.

— Seria hilário se algo assim acontecesse. Eu morrer de fome em um castelo com uma cozinha como a daqui. Um verdadeiro absurdo! — a garota disse, em meio aos risinhos que ainda lhe escapavam.

O primeiro pensamento que deveria ter me vindo à mente seria “uma sangue-ruim a menos!”, mas o que realmente pensei foi que eu jamais deixaria isso acontecer. Fechei a boca antes que as palavras me escapassem e decidi que era a hora de me retirar, afinal, eu ainda tinha um plano para por em prática aquela noite.

— Acabei — anunciei, limpando as mãos uma na outra e já me levantando.

— Hey — Hermione chamou, antes que eu saísse. — Como foi nas Masmorras?

Por Merlin! Eu já tinha me esquecido completamente de toda minha aventura no salão da Sonserina e da desculpa que usei para aquilo.

— Astoria não sabe de nada errado que esteja acontecendo — confessei.

— E você abordou a garota sobre isso assim do nada? É óbvio que ela não diria...

— Não foi do nada — interrompi-a.

— Você não está sugerindo que dormiu com a Astoria só por isso, por favor — a sabe-tudo concluiu por si mesma.

— Não só por isso, obviamente — discordei de modo veemente.

— Então você gosta dela? — perguntou.

— É óbvio que não! — contestei, recebendo da morena uma careta.

— Isso foi baixo, Malfoy — ela reclamou.

— Eu não fiz nada sozinho, Granger — me defendi, — E a Greengrass aproveitou bastante também.

A grifinória fez cara de quem vomitaria e percebi que aquele era um momento perfeito para me retirar, antes que ela fizesse mais perguntas sobre Astoria ou inventasse de me repreender.

— Como eu ia dizendo, estou indo para o meu quarto. Até amanhã, Granger. — E levantei novamente, indo direto para a escada, sem dar tempo para que ela falasse qualquer coisa.

Subi as escadas ouvindo a morena falar algo como “Você é ridículo, Malfoy!”. Peguei meu calção e fui para o banheiro, eu precisava de uma ducha e talvez, tentar entrar em outro sonho, antes de ir pro da ruiva.

Tomei um banho rápido e me sentei na cama, secando meus cabelos. Não havia mais barulhos vindos do andar de baixo. Eu poderia treinar com a Sabe-tudo, mas ela não deveria perceber o que eu estava fazendo, se ela descobrisse com certeza me impediria de agir contra, ou talvez a favor, da Weasley.

Desci alguns degraus da escada para ter visão da morena, que realmente já dormia. Repeti o processo que havia funcionado com o garoto da Corvinal, mas dessa vez, sem olhar diretamente para ela.

Hogwarts, nosso dormitório, a cama dela e seu travesseiro; e a encaixei naquele cenário, desenhando então com a varinha uma letra H no ar, enquanto dizia o feitiço mentalmente.

Eu estava nos jardins de Hogwarts, próximo ao lago. Hermione estava um pouco mais a frente, sentada com o Weaselby, o Potter e a ruiva, os quatro riam e conversavam sob a sombra de uma árvore. Como eu não queria chamar atenção, resolvi que seria melhor ter outras pessoas comigo, Crabbe e Goyle, realmente seriam mais adequados, mas eu os odiava agora, seria ótimo se eles não falassem nada. Os dois então apareceram, dois armários burros, como sempre, mas sem falar uma palavra sequer.

Cheguei mais perto da árvore, para ouvir o que os quatro falavam. Hermione estava reclamando sobre a pressão dos testes que estavam por vir e os outros três fingiam se importar, mas na verdade Potter e a Weasley estavam de mãos dadas e olhavam para o céu, dando risadinhas de vez em quando, já o Weasley estava muito concentrado nos peitos da Granger.

Realmente eram belos peitos, mas eles estavam muito mais cobertos do que costumavam ficar esse ano, na verdade, a morena estava usando aquelas roupas largas que costumava vestir antes. Ela ficava muito melhor com as vestes de hoje em dia. Suas roupas mudaram, a Sabe-tudo parou seu discurso e olhou diretamente para mim.

— Draco... — ela disse, não como uma pergunta, mas como uma constatação.

Droga e agora? Ela havia me visto, o que eu devia fazer? Agir como eu costumava fazer, óbvio.

— Pra você é Malfoy, sangue-ruim! — cuspi as palavras, com o máximo de nojo que consegui reunir.

— Por que está falando assim comigo, Draco? — ela perguntou, me surpreendendo.

— Porque é só isso que você é — improvisei, sem achar verdade alguma naquelas palavras que antes eu dizia com tanta facilidade. — Uma sangue-ruim patética e sabe-tudo arrogante.

Eu queria que ela parasse com esse assunto, que agíssemos normalmente, ou melhor, como fazemos agora.

— Mas você não me chama mais assim — ela declarou, e percebi que podia voltar a ser o meu eu atual. — E eu já te disse, que se me chamasse de sangue-ruim mais uma vez eu faria com que você fosse parar em Azkaban.

Também não gostei do rumo que a conversa tomava agora, decidi que ela devia voltar a falar com o Weasley, na verdade, ela deveria brigar com o Weasley, isso era algo divertido de se ver.

— E você vai ficar aí sentado igual a um bufador estúpido?! — a Granger reclamou com o ruivo, que estava sentado na grama.

Ele devia concordar com ela.

— É verdade, igual a um bufador — o Weasley concordou, apático.

Hermione caminhou na direção dele, furiosa, e o jogou dentro do lago. Não consegui segurar a gargalhada, mas isso fez com que a grifinória se voltasse para mim. Seus olhos estavam escuros, como eu nunca havia visto antes, se assemelhavam a ônix e me encaravam profundamente.

Aquilo me assustou, mais do que qualquer coisa que aquela garota já fizera. Abaixei o olhar, e pensei que eu queria que aquilo fosse embora, aquele olhar tão profundo.

— E você some daqui, Malfoy. Já me irritou demais por hoje.

Sem discordar, ou olhar de novo para ela, eu virei as costas e assim que sai da vista dela saí do sonho.

Olhei para a garota, e para minha felicidade, ela continuava dormindo. Pelo jeito, a pessoa só acordava se eu deixasse o sonho bruscamente.

Voltei para minha cama e me sentei, era hora de encarar a ruiva, de colocar juízo naquela cabeça de fogo estúpida. E além disso, eu ainda precisaria tomar a memória do que aconteceria no sonho, caso a pessoa que estava invadindo a mente dela voltasse antes de eu conseguir aprender o feitiço e aplicá-lo, e implantar uma memória falsa. Repassei os feitiços mentalmente e me preparei para invadir o sonho de Gina Weasley.

Hogwarts, torre da grifinória, quarto das meninas do sétimo ano, uma beliche, na parte de baixo, como uma vez ouvi a ruiva dizer para a Granger, e Gina Weasley dormindo nesse cenário. Com a mente totalmente focada na cena construída em minha mente, desenhei um G no ar com a varinha.

Eu de repente estava em um descampado desconhecido, uma casa velha e deformada logo atrás de mim, tendo em sua frente um jardim atulhado de quinquilharias. A Weasley estava logo em frente, sentada em um cobertor, olhando para o sol que se punha.

— Weasley — chamei-a, sabendo que só ela escutaria, porque eu queria assim.

A garota virou-se para mim assustada.

— O que está fazendo aqui, Malfoy? — ela indagou, sacando a varinha.

— Eu avisei que viria, não avisei? — questionei, já sabendo a resposta.

— Do que você está falando, seu trasgo? Saia daqui, ou vou te azarar! — a ruiva ordenou.

— E como é que você vai me azarar sem uma varinha, pobretona? — falei, fazendo com que a varinha dela desaparecesse.

— O que? Como você fez isso? — Ela estava olhando em volta, em busca do objeto que sumira no ar.

— Sou eu quem controla esse sonho, Weasley — anunciei com certa pompa. — E você não vai sair daqui até concordar comigo

— Concordar com o que, Malfoy? Do que você está falando? — a garota perguntou, confusa.

— Sente aí e escute. — Assim que as palavras saíram da minha boca, a ruiva caiu no chão e não conseguia mais se levantar, pois raízes saíram da terra e a prenderam no mesmo lugar em que caíra. — Você precisa selar essa sua mentezinha inútil.

Uma luz de compreensão iluminou o seu olhar, e eu pude ver que agora ela finalmente havia compreendido do que eu estava falando.

— Não acredito que você invadiu meu sonho, Malfoy! — Gina gritou, furiosa.

— Eu avisei que faria — declarei, sem delongas. — Você precisa entender as consequências de alguém como você deixar a mente aberta para o mundo, só pra poder falar com o Potter.

A garota não disse palavra alguma. Prossegui:

— Essa estupidez dá margem pra qualquer um entrar na sua cabeça se passando por ele, e te fazer revelar seus segredos mais íntimos, manipular sua mente, até mesmo te possuir.

— E como é que você sabe tudo isso, comensalzinho? — A cabeça de fogo tinha a língua afiada.

— Não que seja da sua conta, mas Snape era uma espécie de guia e guardião para mim. E ele era o melhor em oclumência e legilimência, melhor que Voldemort. — o nome engasgou em minha garganta, deixando-a seca. Pigarreei.

— Preciso pensar — a grifinória tentou desconversar.

— Já disse que você não tem o que pensar. Se pensar muito nisso, seja lá quem estiver invadindo a sua mente vai descobrir os seus planos e arruiná-los — expus a simplicidade dos fatos para ela.

— Gostaria de poder pedir ajuda a Harry, sem que ele ficasse preocupado — a garota esquivou-se novamente.

— Potter é um péssimo oclumente, não poderia te ajudar nem se esse fosse o problema, ainda por cima, ele não faz ideia da existência desse feitiço, Weasley — esclareci, sabendo que ela não poderia fazer nada. — Mas me diga uma coisa, quero saber isso dês do momento em que veio me pedir ajuda. Por que acha que alguém quer entrar em sua cabeça?

            A ruiva ficou em silêncio, resolvi que podia deixá-la livre dos galhos, apesar de que era melhor que ela continuasse sentada. As raízes recolheram-se para terra, e enquanto a garota massageava os próprios pulsos, falou em voz baixa:

— Acho que já entraram. Talvez agora mesmo estejam aqui dentro. Ou não. Eu não consigo lembrar do que faço, tenho tido lapsos de memória. Igual quando Riddle me possuia.

— Acha que é Riddle de novo? — perguntei, pensando na caixa.

— Não, é diferente. Com o Riddle, eu acordava em lugares estranhos, com indícios de que eu tinha estado em lugares que eu não devia estar — ela explicou-se. — Agora eu sei que estou vivendo normalmente, porque as pessoas me dizem isso, sei que estive nas aulas, porque tenho anotações. Mas não lembro dos professores dizendo nada.

— Entendo. Para ser sincero, isso me parece mais com a maldição imperius do que com qualquer outra coisa — diagnostiquei, tendo quase certeza que aquela era a verdade.

— Eu pensei nisso, mas realmente não queria que fosse verdade — a grifinória confessou.

— Se você já estiver sob o efeito da maldição vai ser mais difícil de fazer o feitiço — comentei, mas ao ver a expressão no rosto da garota, prossegui. — Mas podemos tentar. Eu precisarei dos livros em que Severo fez suas anotações. Darei um jeito de pegá-los logo.

— Obrigada pela ajuda, Malfoy — a ruiva agradeceu, sincera.

Permiti que ela se soltasse do chão.

— Você sabe que terá um preço, não sabe? — Perguntei, quando ela se virava para entrar na casa.

— O que você quer? — ela questionou, com uma cara de quem já sabia que teria que pagar pela ajuda, ao se virar novamente para mim.

Eu poderia querer muitas coisas; que Potter parasse de me ameaçar, ter um quarto realmente só meu, que o meu plano e da Granger desse certo... Era isso!

— Quero que adoeça e volte pra casa uns dias — pedi, sabendo que aquilo era o certo a fazer.

— Mas pra que quer isso? — ela quis saber.

— Não interessa, ruiva. Mas se quiser minha ajuda, vai ter que fazer isso — esclareci a questão, para que ela não argumentasse mais.

A ruiva fez que sim, acenando com a cabeça, mas lembrou-se de algo.

— Draco, você não pode contar isso para ninguém, por favor. Ninguém pode saber o que está acontecendo comigo.

— Pode deixar, e ninguém deve saber desse feitiço — lembrei-me de dizer. — É ilegal, não tem registro no ministério.

— Ninguém saberá — a Weasley concordou.

— Nós precisaremos nos encontrar a noite, fora das vistas. E precisaremos de álibis — expliquei o plano, que ela logo mais não se lembraria.

— Malfoy, e se, seja lá quem tiver me enfeitiçado descobrir o que estou planejando, para tira-lo da minha mente? — ela fez a pergunta que devia estar a atormentando.

— Para isso há um jeito simples, vou pegar sua memória — contei-lhe.

— Mas como eu me lembrarei do que devo fazer? — A garota pareceu confusa por um momento.

— Vou implantar uma memória falsa — informei, sabendo que ela concordaria com qualquer coisa.

— Que memória? — Gina indagou?

— Você saberá em breve — disse-lhe, pegando minha varinha.

Pelo que eu havia lido no livro de feitiços, para que qualquer encantamento passasse da terra dos sonhos para o mundo real havia dois pontos importantes, o alvo precisava aceitar ser enfeitiçado e era necessário colocar no final do feitiço a palavra somnialis. Com isso, olhei de novo para a ruiva.

— Você concorda que agora eu te enfeitice com um feitiço do esquecimento e depois implante uma memória falsa no lugar da que eu tirar? — pedi sua permissão.

— Sim, eu concordo.

Peguei a varinha e recitei a primeira fórmula, pensando no que tínhamos falado em nosso encontro na sala do Flitwick e também nesse sonho e retirei essas memórias. Recitando então a segunda fórmula implantei a memória falsa, nos encontramos na mesma sala só que ao invés da conversa que tivemos, Gina me chamou para sair e eu havia concordado, sairíamos no próximo sábado, eu a buscaria as oito da noite.

Sai do sonho enquanto o olhar da garota ainda estava vago, e desgastado pelo esforço, adormeci.


Notas Finais


\o/ Quem arriscou que a ruiva estava enfeitiçada, acertou em cheio pelo jeito!
E esse Draco invadindo vários sonhos alheios, hahahhaha. O que acharam dos sonhos dos outros? E do que o Malfoy fez com os sonhos das pessoas??
Espero que tenham gostado, lindinhxs <3
Muitos beijinhos pra todos vocês =* <3


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