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História After all, I love you – NAMJIN - Kim Minseok


Escrita por: Dih175

Notas do Autor


EEEEEEE OLHA QUEM TA AQUI, EOOO Ô.
Leiam quando tiverem tempo, capítulo maior que todos já escritos por mim (ainda tento saber se isso é bom ou ruim)
PARABÉNS PRA VOCÊ EEEEEE *lê joga confete de novo* para o Lipe e pra Carol❤
Minha gente, vou sumir por uns tempinhos aqui no Spirit... Mas quando eu voltar, volto com tudo!
Participação de um membro do EXO! Não se preocupem, ele não vai sumir depois. Ele vai ficar na fic por um bom tempo, se não até o final!
Boa leitura❤

Capítulo 16 - Kim Minseok


Fanfic / Fanfiction After all, I love you – NAMJIN - Kim Minseok

Corri sem rumo algum, e só olhava para o chão, e vez ou outra olhava para frente. Não adiantava muito, minha vista estava embaçada, e o que importa isso, afinal?
Esbarrei em alguém.
Caímos.
  – Jin? O que aconteceu? – Falou ele surpreso.
  – Você? – Disse eu choroso. 

– Sim, sou eu. – Ele sorriu fraco. – Por que sempre que eu encontro com você, você está chorando? 

Ele levantou e me ajudou.

Passei as mãos em meus olhos, secando as lágrimas.

– Não me diga que foi por aquele garoto... Qual o nome dele mesmo?

– Namjoon. – Cuspi o nome dele.

– Pelo visto foi ele. O que aconteceu?

– Encontrei aquele... Aquele... Arg, aquele garoto na cama com outra. Nós estavamos namorando.

– Que imbecil! 

– O maior do mundo. – Falei baixinho.

– Pensei que nunca mais fosse te encontrar, Jin. – Disse ele. – Acho que naquele dia eu nem me apresentei, acabei te ouvindo, nos beijamos e sua mãe apareceu. Meu nome é Kim Minseok. Meus amigos e eu escolhemos Xiumin para meu nome artístico, porque ainda conseguirei viver de música. Enfim, as vezes falo de mais. Conte-me o que aconteceu, desde o início.

Ele passou o braço por meus ombros, e saímos andando. Eu contava tudo devagar, e lágrimas percorriam minhas bochechas. Parecia que eu estava vendo naquele exato momento, e doía demais. Apenas queria acordar, só isso. Seria pedir demais?

– Por que ele pediria para você ir lá? Para você ver ele te trair? Não faz sentido, Jin. Pense.

– Deve ter sido aquela vadia que mandou a mensagem, talvez não aguentasse mais ser a outra.

– Ele à odiaria por isso. 

– Você está protegendo ele? Eu que fui traído e você está protegendo aquele... Aquele...? - Deixei a frase no ar, desisti de xingar Namjoon e suspirei.

– Desculpe, mas só estou falando o que penso. Ok, então ele te traiu. Termine tudo e não olhe mais no rosto dele. É apenas isso.

– Vou deixar ele ser feliz com ela e não vou interferir, nem fazer showzinho de mulherzinha traída. Berrar coisas, dizer que tudo terminou... Ah, não vou gastar minha saliva com ele.

Ele assentiu.

Entramos em um bar – o mesmo onde nos conhecemos –, e fomos nos sentar. 

– Uma vodka, por favor. – Pedi ao balconista.

– Duas vodkas. – Disse Xiumin.

O homem assentiu.

– Espero que você tenha dinheiro, estou duro. – Falei fazendo linhas com minhas digitais no balcão.

– Eu pago, não tem problema. – Falou. – Ei, pare de pensar nisso, não mudará nada, Jin.

– Fácil falar. – Disse eu.

O balconista nos entregou as vodkas.

– Identidade. – Pediu o mesmo.

Até sentiria medo, mas agora eu só queria beber e chorar.

– Identidade eu não tenho, mas tenho essa nota de mil won, ela serve? – Disse Xiumin.

O homem pegou o dinheiro de sua mão.

– Ok, serve. – E saiu.

– Fácil assim? – Perguntei.

Xiumin riu descontraído, como se fosse uma piada.

– Ele sempre pede e sempre dou dinheiro de graça à ele e depois bebo mais algo "de graça".

Sorri fraco, com lágrimas secas em meu rosto.

Tomei a vodka em um gole, ela desceu queimando. O problema seria quando ela voltasse, se é que voltaria, uma dose mínima dessa.

" O que você fez?! Não é nada disso, Jin."

Por que eles sempre dizem a mesma coisa? Por que não são um pouquinho originais?

Ele é original me traindo – por me ter, um menino, e ter uma garota. – e não é original em uma desculpa?

Queria que ele se fodesse, um grande foda-se na sua cara, seu filho de uma puta. Mas não posso me enganar, amo esse cara. Esse cara que me consolou quando eu precisei; esse cara que tive alguns anos de amizade; esse cara que dizia me amar.

"Você podia e fez tudo sem pensar nas consequências. É isso o que você realmente quer?"

Acredite, me arrependi de ter aceitado. 

– Vem, Jin. Chega de se lamentar, vamos dançar. – Disse ele me puxando, não deixando eu dizer que não.

Rá! Um tapa na sua cara, não vou ficar sofrendo, não mesmo.

Me balancei ao ritmo da música – que era agitada –, e tentava sorrir a Xiumin que me via mal, sorria e tentava me animar, fazendo cócegas ou contando alguma piada ruim o suficiente para me fazer rir daquilo.

A música ficou lenta. Parei de imediato. Olhei para Xiumin e não sabia o que fazer.

– Me concede esta dança? – Falou ele fazendo aquelas poses de cavaleiros, com uma mão nas costas, levemente curvado para frente e a outra mão livre estendida à mim.

Sorri.

– Claro. – E dei minha mão a ele.

Dançamos no ritmo. Ele dançou no ritmo e me levou junto.

Não sei dançar.

– É só deixar eu te guiar, é simples. – Disse ele quando contei.

Fui seguindo ele com os passos. Sentia que eu iria cair à qualquer momento, mas permanecia tentando o seguir. Xiumin ia devagar, mas mesmo assim era difícil.

Quando consegui o seguir, a música ficou animada.

– Quer continuar? – Perguntou ele, ainda com a mão em minhas costas.

Assenti de leve.

Ficamos dançando num ritmo inexistente. Uma música lenta ao ritmo de uma música agitada.

Hilário.

Algumas pessoas nos olhavam, e as vezes tropeçavam em nós. As mesmas ficavam com caras de: o que vocês estão fazendo?

" Não interessa à vocês", eu respondia com os olhos.

– Não dá mais. – Disse eu rindo, cessando a dança.

– Mas agora que estava ficando animado? – Disse ele sorrindo.

– Preciso ir para casa. – Falei.

– Ok, levo você.

– Você não vai fazer valer o seu dinheiro?

Ele negou

– Não... Para que? Vamos. – Disse ele saindo da pista.

Tão autêntico, gostei.

Saí da pista indo atrás dele.

Xiumin deve(é) ser aquele tipo de amigo que não fica puxando muito assunto do que aconteceu de errado, e sim tenta fazer você esquecer.

Saímos do bar. Eu estou com medo de alguém contar a minha mãe outra vez que eu estava com Xiumin, mas vale a pena correr o risco.

– Você estuda, Xiumin?

Ele sorriu.

– "Xiumin". Sim, estudo. – Respondeu.

– Então por que que você anda por aí de madrugada?

– Tenho insônia e não gosto de ficar no quarto, no celular. Gosto de pessoas reais. Não que o pessoal que eu conheça na internet não seja real ou até mesmo legal. Eu apenas gosto de poder tocá-las, o que não acontece na internet.

– Sim, entendo. E seus pais?

Ele deu de ombros.

– Eles dorme essa hora, estão cansados demais com seus trabalhos odiosos.

E foi então que fiquei sabendo que seus pais mais trabalhavam do que davam atenção ao filho. Isso também explica a nota de mil de graça ao garçom. 

– Ah.

– Sabe, Jin, as pessoas normalmente falam "sinto muito" pelos meus pais, mas não quero um sinto muito, quero amigos reais com quem eu possa contar e não pessoas que sintam pena de mim. Jamais sinta pena de mim, ok? Você me promete isso?

– Prometo, sim.

– Ok. Me diga, como foi depois? Sua mãe, o que ela fez?

E eu contei a ele.

– Por que ela fez isso? Sua mãe é louca?! Desculpe, mas ela só pode ser louca para imaginar que isso seria uma coisa boa para se fazer.

Acho que se fosse qualquer outra pessoa eu teria xingado, mas não sei, não senti raiva e nada do tipo, apenas pensei em uma resposta. 

– Ela disse que as pessoas pisariam em mim. Xiumin, eu entendo ela e não cabe a nós julgar isso.

– Tudo bem. E você? Você estuda? Por que eu também só encontro você de madrugada.

– Estudo, mas as coisas ruins sempre acontecem de madrugada. – Falei, lembrando do tapa de minha mãe, de Yoongi chorando por Hoseok, e agora, Namjoon me traindo. – Acho que eu deveria dormir essa hora, talvez melhorasse.

– Acho que se é para acontecer, vai acontecer de qualquer maneira, não tem essa de horário.

– Só estou cansado, por que a minha vida não é igual a uma história? Eu sou a droga de um iludido!

– Você não é iludido, apenas acredita que vai ser feliz com quem ama. Mas lembre-se que amor de amigo vale muito. Muito mais que "amor" de namorado.

– Eu sei disso. – Disse eu.

– Sua casa é tão longe assim?

– Não. – Eu ri. – Demos a volta no quarteirão.

– Por que?!

– A conversa está boa, ué.

Ele sorriu disso.

– Só você mesmo, Kim Seokjin. – Falou ele.

– Não me chame assim, Kim Minseok.

Ele espremeu os olhos: você está de brincadeirinhas comigo?

– Não me chame assim também. – Falou ele sério e começou a rir.

– Pronto, chegamos. – Estamos na esquina de minha casa.

– Qual delas é a sua?

– Como eu vou te contar? Quem garante que você não vai lá me matar enquanto durmo?

– Rá! Jura. Tenho coisas melhores para fazer.

– Não sei se me sinto bem ou mal com isso. – Eu sorri.

Ele me lançou um riso, depois voltou a olhar a rua.

– Sério, qual a sua?

Apontei para minha casa.

– Aquela. 

– A de dois andares no meio daquelas? – Ele apontou.

– É.

– Ok, amanhã passo aqui.

– Não passa não, tem de ir para escola.

– O quê que tem? Vou passar, está decidido. – Eu sorri e ele me devolveu o sorriso. – Jin.

– Oi.

– Oi, tudo bem? Brincadeira. Enfim, diga a mim que vai entrar lá e vai dormir, que não vai chorar por aquele idiota que não te merece. Diga para mim que vai dormir.

– Ok, vou tentar.

– E vai conseguir, não quero você chorando, ok?

Sorri amarelo.

– Ok.

– Agora vá que eu também preciso dormir.

– Boa noite, obrigado. Obrigado mesmo.

O abracei e senti o choro em minha garganta me sufocar. Engoli.

O mesmo me abraçou de volta.

– Sempre que você precisar. – Disse ele.

Soltei-o e dei as costas. Fui em direção a minha casa.

Que horas seriam agora? 

Peguei meu celular. 3:46am.

Meu Deus, eu não vou dormir e Xiumin menos ainda. Ok, não sinta pena dele, não sinta. Você prometeu. 

Guardei o celular no bolso e cheguei em frente a minha casa.

Olhei para trás para ver Xiumin.

Ele assentiu para mim, assenti para ele e ele se foi.

Entrei em casa, em extremo silêncio, e fora só eu fechar a porta que lágrimas exploraram meu rosto. Subi as escadas sem fungar ou coisas assim. À essa hora, eles já estão se preparando para acordar daqui a algumas poucas horas, de maneria que acordariam por qualquer coisa.

Entrei em meu quarto e sentei atrás da porta, já fechada.

Chorei em silêncio no escuro do quarto.

Depois de alguns minutos, me acalmei, mas ainda estava choroso. Fiquei mexendo em minha calça.

Será que isso foi uma armação?

Ok, mas não cola... Namjoon estava ali porque ele queria, ele acordou de imediato quando gritei, e ele ainda disse "O que você fez?!" para aquela garota. 

Difícil será a escola hoje mais tarde, não será nada fácil.

Eu disse a Xiumin que iria tentar dormir e não chorar. Tudo bem.

Levantei-me e troquei de roupa.

"QUE MERDA É ESSA?!"

Ok, Seokjin, pare. Lembre de algo bom.

Sorri para meu pijama, um sorriso: vem filho, vem tirar foto com seus familiares, mas foi um sorriso. Lembrei de Xiumin tentando me ensinar a dançar, de ele se inclinando para eu o conceder a dança. Sorri.

Deitei-me e tentei dormir, o que não foi tão difícil como pensei que seria.

***

– JIN! – Minha mãe berrou e acordei no susto. – Garoto, você está surdo?! Estou chamando você a quinze minutos e você não tem reação! Levante, tome seu banho e desça em cinco minutos. Seu amigo, Xiumin, está lá embaixo. – Informou e saiu do quarto.

Meu coração disparou.

Eu não consegui identificar sua expressão quando falou que ele estava lá embaixo. Não sei se seria bom, por que o primeiro encontro deles não foi nada agradável.

Pulei da cama.

Xiumin é corajoso, tenho de admitir.

Peguei uma roupa bonita – é, porque sim. – e fui rumo ao banheiro. 

Tomei meu banho, joguei creme em mim, penteei meus fios e passei a mão neles – o que não adiantou muito –, e parei para me observar.

Não escute ele. Falei ao meu reflexo, me referindo a Namjoon.

Escovei meus dentes, peguei minhas roupas e corri para o quarto.

Bati as cobertas em minha cama, coloquei meu celular no bolso, peguei minha mochila e voei para fora do quarto, indo descer as escadas.

Cheguei no andar de baixo e me deparei com a tal cena: Minha mãe e Xiumin rindo ao conversar. 

– Bom dia, Bela Adormeciada. – Disse Xiumin. 

– Bom dia, filho. – Disse minha mãe. – Fiz um café para você, está dentro de sua térmica.

– Bom dia. – Respondi a eles e fui até a cozinha. 

Peguei meu café em minha mini-térmica e dei um gole pequeno nele, como sempre.

Voltei a sala.

– Como estamos de horário? – Perguntei. 

– Se sairmos agora dá tempo. – Respondeu Xiumin.

Minha mãe pulou do sofá como se tivesse levado um choque no traseiro.

– Vá, vá. – Ela me expulsou. – Boa aula. – Me deu um beijo. – Se cuide. – Ela foi até Xiumin. – Boa aula também, se cuide. – E o abraçou. 

Senti um pingo de ciúme. Mas tudo bem, já me acostumei a ter de dividir minha mãe com todos meus amigos.

Saímos e dei meu celular em sua mão.

– Pode abrir as mensagens para mim? Não quero ler algo que Namjoon tenha dito. Apague para mim?

– Você até noite passada tinha medo de me falar onde era sua casa porque tinha medo de eu te matar, agora esta me dando seu celular? 

– Pode me fazer esse favor? – Disse eu dispensando o que ele falou.

– Tudo bem. – Disse ele em um suspiro e se voltou ao celular.

Depois de um tempo, queria o dizer que queria sim ver, que não era para ele apagar. Queria arrancar o celular de sua mão, ler e chorar. Mas fui forte e esperei ele terminar.

– Pronto. – Disse ele me dando o celular. 

Coloquei-o no bolso.

– E então? – Perguntei.

– Duzentas e vinte e duas mil mensagens de Namjoon. – Tomei meu café, como se aquilo fosse me drogar para aguentar tudo. – E fora ele, tinha uma mensagem de um tal Yoongi perguntando onde você está, querendo saber se passaria na casa dele com Namjoon pois está atrasado. Eu respondi dizendo que você não iria com Namjoon. Teve também uma tal de Sarah, perguntando se você estava bem e onde você estava que ela iria te encontrar. Ela disse que Namjoon a ligou chorando, dizendo o que houve e ela queria conversar com você.

– Hm, saco. Não quero falar com ela sobre isso, não quero saber nada que Namjoon tenha dito.

– Bom, eram só essas mensagens. Namjoon disse que...

– Não – Interrompi. –, não quero saber.

– Ok, tudo bem. Vamos trocar de assunto. Sua mãe me pediu desculpas por aquela noite, sabia?

Sorri fraco.

– Isso é bom, não é? – Falei.

– Jin, pare. 

– Mas eu estou atrasado, e...

– Pare. – Repetiu.

– Estou parado, o que foi?

– Não vale a pena ficar triste por alguém que você acha ter te traído. –  Disse ele.

– Que eu "acho"? O quê? Você já foi traído?

– Ele diz ao contrário nas mensagens. E sim, já fui. – Ele assentiu. – Sei que dói, mas tente se divertir.

– Como vou me divertir se meus amigos vão ficar me questionando e querendo saber de tudo, com Namjoon no meu pé pela escola inteira? E já não basta isso, ainda tem Sarah que vai querer conversar.

– Ok, sei que é ruim, e para compensar isso, falei com sua mãe e depois da sua escola vamos tomar sorvete. E se você quiser, sair para jantar. Faço questão.

– Ah, juro que agradeço tudo isso, mas não estou bem para sair assim.

– Você vai fazer algo melhor? Aposto que vai chegar e se enfornar no quarto para chorar.

– Ok! Tá! Eu vou! E agora vamos logo.

– Vamos sim. – Falou e voltamos a andar.

Ouvi um cantar pneus atrás de nós e logo uma batida de porta.

Nos viramos para o barulho.

– Jin. – Era Namjoon.

– Namjoon. – Contei a Xiumin.

– Quer que eu faça alguma coisa? – Cochichou ele, mas não deu tempo de eu responder, Namjoon já estava a minha frente.

– Me desculpe, não era nada... 

– Cale a boca. – Falei.

Seus olhos encheram de lágrimas e quase fraquejei.

– Mas Jin, deixe eu te contar o que aconteceu...

– Eu não quero ouvir, você não entendeu? Fale para Sarah não vir falar comigo, não quero falar com ela sobre você. – Falei com desdém.

– Jin, ela apareceu chorando, e... 

– Namjoon, vá se ferrar! Ela apareceu chorando e você resolveu comer ela? "Hm, vamos comer ela, ela ficará melhor..."

– Não, não foi isso... – Ele se ajoelhou. – Deixe eu explicar...

– Vamos embora. – Falei a Xiumin.

Xiumin assentiu.

– Jin! Por favor! – Gritava Namjoon em tom de choro.

Não olhe para trás. Não olhe, não chore, apenas continue andando.

Foi só eu dobrar a esquina que caí no choro.

Xiumin não pensou duas vezes antes de me abraçar forte.

– Por que você não deixa ele se explicar? – Falou ele calmo o suficiente para me acalmar e não querer gritar com ele.

– Não quero ouvir ele falar que se sentiu atraído por ela... – Eu manchava sua camisa de lágrimas, mas ele parecia não se importar nem um pouquinho.

Com essa frase uma vez fora de minha boca, o choro se tornou maior.

Me ouvir falar aquilo fazia eu me sentir enojado, como se eu fosse o errado, como se eu que tivesse o traído. Mas sinto isso por ter sido idiota o suficiente para namorar com ele.

– Mas nas mensagens ele não fala nada disso, Jin. Aconselho você a ouvi-lo. Pode ser mentira? Pode muito bem ser, mas pelo menos você vai saber o que ele tem a dizer e você não ficar montando teorias malucas.

– Não estou pronto ainda. – Falei.

– Vai estar pronto quando? Quando você estiver bem, aí você vai lá, escuta e fica mal de novo?

– Agora não, Xiumin. Por favor. – Eu soluço igual uma criança que destruiu sem querer seu brinquedo favorito e a mãe tentava a consolar dizendo que compraria outro igual.

– Ok. – Falou e me abraçou mais forte.

Fui me acalmando aos poucos com Xiumin ali, abraçado à mim.

A imagem de Namjoon na cama com outra não saia da minha cabeça. Estava fresquinha, como se tivesse acontecido agora mesmo.

Por que você fez isso, Namjoon? Eu nunca fui o suficiente? Sarah disse aquele dia na praça que você sempre gostou de mim, talvez eu não tenha gostado o suficiente.

Por que você não saí da minha cabeça?

Eu não quero ser descrente. Desde que começamos a namorar, eu nunca quis ser descrente no seu amor por mim, até você me mostrar o contrário. Você simplesmente está me arruinando. 

– Jin.

– Hã? 

– O que você está pensando? Não fique em silêncio, coloque para fora, quero ajudar você.

– Só queria ir para casa...

– Você tem algum trabalho hoje?

Neguei em seu peito.

– Ok. Quer ir lá para minha casa?

– Eu não posso faltar, Xiumin. Tenho de ir... Apesar de eu não querer nem um pouquinho.

– Então vamos andando. – Disse ele.

O larguei e sequei minhas lágrimas. Xiumin deslizou seu braço por meus ombros.

Eu tomava meu café enquanto andávamos.

Eu te odeio. Mas eu te amo tanto. Por que essa dor me sufoca e parece que vai me matar a qualquer momento? Só queria ficar em casa e chorar sozinho. 

Queria tanto que isso tudo fosse uma mentira, queria tanto poder te perdoar, mas isso vai contra os meus princípios. Se você faz uma vez, tem tendência a fazer de novo, e se você fez pela primeira vez é por que eu nunca fui o seu suficiente. Queria que você saísse da minha cabeça, que eu não tivesse te conhecido, nunca. Não, eu não posso pensar isso, ele faz parte da minha história e isso mudaria algumas coisas, se não tudo.

Peguei me celular, e vi meu reflexo nele. Eu estava com olheiras gigantes. Respirei fundo. Olhei a hora. Eu estava exatamente no horário.

– Xiumin. – O chamei.

– Oi. – Disse ele.

– Por que você disse que eu estava atrasado?

– Namjoon iria ir atrás de você. Eu sabia.

– Sabia?

 – Jin, por mais que talvez ele não goste de você, provavelmente ele iria ir atrás.

– Ah. E a sua escola?

Tomei o último misero gole de café que sobrou e fiquei um pouco mal por ele ter chegado ao fim, igual meu namoro.

– Vou entrar no segundo. – Disse ele dando de ombros. – Vou direto daqui para lá. Claro, se você não precisar de mim.

– Xiumin, porque você está se preocupando assim comigo? Nos vimos só duas vezes, contando com hoje três, e não sei o porque disso. Você sente pena de mim? Se você não quer pena, não trate os outros com pena.

– Não tenho pena. Não sei, Jin, apenas quero ser seu amigo, algo me diz que você é um cara legal. Mas se você quiser, eu sigo essa rua – ele apontou para a outra extremidade da rua. – e vou embora, você nunca mais cruzará comigo.

– Não, não quero isso. Preciso ir, obrigado. Vejo você depois?

– Com certeza, estarei aqui. – O abracei e entrei em disparada pelo portão da escola.

– Onde você estava?! – Yoongi agarrou meu braço. – Por que demorou para me responder? Eu precisava de você.

– Desculpe. – Continuei andando, não olhei para ele. – Eu estou atrasado.

– Nós estamos atrasados. – Corrigiu ele.

Então ande logo!

– Onde está Kookie? – Perguntei.

– O que você tem? – Perguntou Yoongi.

– Depois. – Falei. – Onde está ele?

– Está com Namjoon. Não me esconda as coisas, Jin. Conheço você. Quem era aquele garoto? Por que Namjoon está esquisito também? Vocês brigaram, não foi?

– Foi. – Disse eu.

Meus olhos marejaram e olhei para o lado contrário de Yoongi e pisquei várias vezes, não queria que ele me visse chorar.

Fui até o meu armário, fucei em meu bolso, em busca da chave.

Ouvi Yoongi suspirar. O mesmo se escorar no armário ao meu lado e me ver largar minha mini-térmica e pegar meus livros.

– Conte o que foi.

– Ele me traiu. – As palavras simplesmente saíram de minha boca, em um suspiro.

– Traiu? O que?

– Fale baixo. – Disse eu. – Sim, foi isso. Eu vi com meus olhos.

Pisquei várias vezes novamente, para meu armário aberto.

– Mas não tem sentido, Jin.

– A amantezinha dele me mandou uma mensagem, pensei que fosse ele, então eu fui. Quando cheguei lá, ele estava dormindo, bem belo, com ela abraçada nele. – Funguei.

Eu via as pessoas passarem por mim, indo para suas salas, e eu só sabia chorar e pegar meus livros para os colocar na mochila.

– Ah, Jin... – Yoongi me virou para ele e me abraçou, me inclinei um pouco e chorei em seu ombro.

Yoongi ficou quieto por alguns instantes.

– Mas ele sempre disse para mim que te ama, não tem o porque de ele fazer isso.

– Talvez eu não tenha sido o suficiente para ele.

– Nunca pense que você é menos por ter sido traído, apenas idiotas fazem isso. Namjoon não é idiota, ele te defendeu, Jin. Ele te ama.

Isso fez eu chorar mais.

– Ok, desculpe, não quero deixar você mais mal.

– Preciso saber se eu estou sendo idiota... Xiumin disse para eu ouvir Namjoon mesmo que ele esteja mentindo... 

Vi que estávamos sozinhos no corredor, todos já haviam ido para as salas.

– Quem é Xiumin? É aquele garoto? Mas enfim, acho que você deve fazer isso, Jin. Como eu disse, Namjoon vive dizendo que ama você. Não quero ficar do lado dele, nem do seu lado, por que sou amigo dos dois, mas ele sempre fica perguntando o que pode fazer para te agradar. Ele me pergunta as vezes até sobre sexo, Jin. Ele se importa com você.

Choraminguei baixinho em seu ombro. 

– Eu amo ele. – Falei bem baixinho, que duvido que até mesmo Yoongi tenha ouvido. – Mas eu o odeio também.

Ele passou sua mão protetora em minhas costas, em movimentos giratórios. 

– Jin. Yoongi. – Era a voz da diretora. 

Desabracei Yoongi e limpei minhas lágrimas de cabeça baixa, para que ela não as visse.

– Oh. – Foi Yoongi.

– O que vocês estão fazendo aqui ainda? O que aconteceu, Jin? Por que está chorando?

Não podia dizer que era problemas em casa, por que ela é muito chegada em minha mãe. Ela iria falar com minha mãe e minha mãe negaria, depois viria me perguntar o porque de eu estar chorando. Eu não quero falar à ela.

– Briguei com Kookie. 

Yoongi me olhou: O que?

Logo desfez essa expressão e concordou.

– Ok, pegue suas coisas, vou levar vocês a suas salas. 

Peguei minha mochila, bati o armário e peguei a chave.

– Não abusem. – Avisou a diretora. 

Ela nos levou até a sala. A mesma falou com o professor de Yoongi primeiro. Não pude evitar de dar uma olhada lá para dentro, ver Namjoon. Por mais que eu o odeie, eu o amo também.

Ele estava lá, com seus olhos inchados, olhando para a diretora na porta. Ele percebeu minha existência ali e ficou me olhando, parecia que queria me olhar enquanto podia. 

"Não é nada disso, Jin."

"Não toque em mim!"

Meus olhos marejaram e desviei o olhar. Dei dois passos para trás e não enxergo mais Namjoon.

Só queria mudar de escola, ter de ver a pessoa que me traiu todos os dias é ruim, muito ruim.

– Fique bem. – Murmurou Yoongi, me dando um apertãozinho no braço.

– Vou tentar. – Murmurei de volta. 

Yoongi entrou.

Fomos a outra parede, onde fica minha sala.

A diretora fez o mesmo. Conversou com o professor. 

– Pode ir, Jin. – Disse ela a mim.

Respirei fundo e tentei esvaziar minha cabeça. Tentar fingir que nada aconteceu.

– Obrigado. – Falei a ela. 

– Não abuse. – Repetiu e sorriu fraco.

Devolvi o sorriso e pedi licença ao professor.

Olhei meus colegas e passei por eles.

Sentei-me do lado de Kookie. O mesmo queria algumas explicações pelo modo que me olhava. Mas quem tem de se explicar aqui não sou eu. 

Tirei meus materiais de minha mochila e peguei meu óculos de grau dentro do estojo.

O professor explicava algo sobre física. Ele é o professor de física.

Por que logo hoje que o meu mundo está caindo tem física?

Eu não vou entender a matéria, mas preciso. Esse professor é do tipo que passa a matéria, explica bem, e depois, dependendo, ele passa uma prova surpresa. Se duvidar, no mesmo dia.

Tentei copiar – porque sou bom fazendo – e prestar a atenção no que ele dizia.

"O que você fez?!" 

– Porra. – Murmurei para meu caderno, muito baixo que quase nem eu ouvi.

Não queria chamar a atenção, mas Kookie me olhou por alguns instantes. Continuei copiando, fingindo que não via seu olhar em mim.

Eu copiava, mas não conseguia raciocinar direito, por mais que eu tentasse.

Mais tarde teria de pedir ajuda a Kookie, apesar de ele aparentar estar bravo e ainda não sei o porquê.

– Bom, por hoje é tudo. Podem conversar. Mas – interveio ele. – não comecem a gritar, se não passo teste sobre essa matéria no tempo em que nos sobrar. Se terminar, terminou. Se não terminou... Bom... – Ele se sentou e foi fazer algo com seus papéis.

Kookie fechou seu caderno e se virou para mim.

Terminei de copiar e também fechei o caderno.

– O que foi, Kookie?

– Você não enxerga, Jin? – Falou ele como se fosse óbvio.

– Enxerga o que? – Vi com o canto dos olhos Hoseok olhando para nós.

Olhei para ele. O mesmo acenou para mim e abriu um sorriso gigante. Acenei de volta e sorri: Filho vem tirar foto com a família.

– Isso. – Disse Kookie.

– Isso? Isso o que?

– Hoseok. – Ele cochichou. – Foi sua revanche.

– Namjoon que te disse isso? Pensei que podia ser, mas veja só: Quando cheguei lá, ele não estava sob efeito de drogas, pois se estivesse, ele não acordaria quando berrei.

– Jin, a menina te mandou de madrugada, deu tempo suficiente para o efeito passar.

– Ok, digamos que foi isso. O que aquela garota fazia ali? Porque ele levou ela lá?

– Ele não levou ela a lugar algum. Ela que apareceu em sua porta chorando. Ele quis ajudar.

– Ok, só tenho uma pergunta a te fazer: E o que te levou a acreditar, a pensar que é de fato verdade?

– Ele ama você, existe argumento melhor que esse?

Assenti: Ok.

– Jin! – Exclamou Hoseok, em minhas costas. O mesmo me fazia...massagem?

– Ah, oi Hoseok. 

O professor fez um sinal a Hoseok: Sente.

Ele arrastou uma cadeira até o meu lado.

– Não esqueci do nosso trato. – Disse ele.

– Nosso trato? – Perguntei confuso.

– É, você está me devendo um almoço.

 Suspirei.

– Olha, Hoseok, não sei o que você quer, mas não vai rolar. 

Quem sabe ele queira colocar amigo contra amigo, fazendo ciúmes? Tenho de acabar com isso logo.

Obrigado, mãe.

Seu eu não tivesse me desculpado, talvez ele não ficasse em cima de mim, igual uma abelha e um doce.

– Quero ser amigo de vocês.

– Nosso? – Disse Kookie.

Hoseok assentiu.

– É.

– Por quê?! – Perguntou Kookie.

Hoseok deu de ombros.

– Por que vocês são legais? – Respondeu ele com uma pergunta. – Eu sempre invejei vocês, por isso os xingamentos, desculpe.

Seu teatrinho está realmente excepcional, eu até acreditaria. Mas não, obrigado.

– Ah, tudo bem. Está desculpado.

– Você pode passar o almoço com nós? – Perguntou a mim.

– Posso. – Hoseok abriu um sorriso. – Mas não quero.

– Por quê? – Ele fez biquinho.

– Eu sei o que você fez. Eu sei, e acho que você é o maior idiota do mundo. Só não te mato porque ele não deixou. Você devia o valorizar ao invés disso. – Cochichei para Hoseok.

Ele ficou chocado: O quê?

– Se você machucar ele mais uma vez, eu vou te machucar.

Hoseok assentiu, engoliu em seco e saiu.

– Wow. – Sorriu Kookie.

O sinal soou. 

– Bem turma, próxima aula haverá prova dessa matéria. Estudem; nos vemos lá. Tchau. – Disse o professor. O mesmo pegou seus materiais e saiu.

– Quando é a próxima aula dele?

– Quinta. Quer que eu vá na sua casa para te explicar?

– Sim. Amanhã. – Disse eu.

– Amanhã? Não pode ser hoje? – Perguntou.

Neguei, o professor de inglês entrou.

– Por quê? 

– Tenho um compromisso hoje.

– Que tipo de compromisso é esse?

– Vou jantar com um amigo.

– Mas que amigo? Yoongi? 

Neguei.

– Silêncio! – Exigiu o professor.

Calei-me e peguei o livro e caderno. Kookie fez o mesmo.

***

Almoço. O sinal soou para o almoço.

– Sobre o que estávamos falando mesmo? – Perguntou Kookie. – Ah. Que amigo?

– O da festa. Aquele que minha mãe me bateu.

Kookie parou de guardar seus materiais.

– O quê? Você não está querendo fazer ciúmes em Namjoon, não é?

– Não. Quando saí da casa de Namjoon chorando, encontrei com ele.

– E já vai sair com ele? Quem garante que ele não vai te matar? E outra, você quer esquecer Namjoon?

– Vou sair sim. Ele já até falou com minha mãe.

– Sua mãe gosta de qualquer um, Jin.

-– É, eu sei, mas ele falou. Se algo acontecer, ela sabia. – Ri fraco.

– Você não me respondeu. Você quer esquecer Namjoon?

– Quero sim, pelo menos por uma noite.

– Mesmo?

– Mesmo.

– Ok, amanhã então. Depois da escola.

– Tudo bem.

Joguei minha mochila nas costas. Kookie fechou a sua e fez o mesmo.

Saímos da sala e encontrei Namjoon escorado na parede, do lado de sua sala, com Yoongi falando com ele.

Namjoon concordava, e quando me percebeu ali, se endireitou e veio até mim, deixando Yoongi falando sozinho; algo que não se faz por namorado nenhum.

– Não. – Falei antes de ele falar.

Ele fechou a boca e suspirou.

– Amo você. – Foi apenas o que falou, de cabeça baixa. 

Também amo você! Eu ia responder, mas não falei. 

– Ok. – Foi tudo o que falei.

Aquilo doeu em mim, assim como doeu nele. Era preciso.

– Olha, vamos comer, não adianta nada ficarmos aqui se vocês não vão se entender. – Disse Kookie. 

O mesmo pegou meu braço e saímos em disparada, seguidos por Yoongi e Namjoon.

Nos servimos e o ok ainda estava em minha mente. Doía, dói.

Fomos nos sentar. Namjoon se sentou ao meu lado, Kookie de frente para Namjoon e Yoongi de frente para mim.

Eles conversavam, eu conversava – pouco, mas não me julgue, droga. –, Namjoon trocava palavras, mas ele parecia querer comer, não falar.

– Yoongi, precisamos conversar. –  Disse Hoseok, se sentando ao lado dele.

– Já estamos fazendo isso, diga logo o que você quer. – Falou Yoongi impaciente para sua comida.

– O que aconteceu?

– Aconteceu que você é um idiota.

– Eu sou um idiota? O que eu te fiz?

– Foi o que você não fez. Vai dizer o que quer ou vai cair fora?

– Eles também sabem? – Perguntou Hoseok, calmo, se referindo aos meninos.

– Sim.

– Eu disse para você não contar a ninguém. – Disse Hoseok.

– A boca é minha e eu falo para quem eu quiser.

– Para quem mais você contou?

– Por quê? As pessoas não podem saber que você é viadinho? – Yoongi cochichou. – Não é assim que você chama quem não "come a fruta certa"?

Sorri para minha comida e olhei de novo para eles.

Hoseok olhou em volta para ver se alguém ouviu. Ninguém aparentava ter ouvido, todos conversavam e riam.

– Yoongi. – Era em tom de imploro. – Vamos conversar...

– Já estamos o fazendo. Não gosto de jogar conversa fora atoa, ou você fale logo, ou vá embora.

Hoseok hesitou, respirou e saiu.

Foi Hoseok dar as costas que Yoongi começou a soluçar de boca fechada. Ele não queria chorar.

Levantei-me e me sentei onde Hoseok estava alguns segundos antes.

– Ei, não chore, foi necessário. – Disse eu.

– É, eu sei, mas dói. – Falou ele de cabeça baixa.

– É, eu sei. – E olhei involuntariamente para Namjoon, trocamos olhares e me voltei a Yoongi.

– Se ele for o cara para você, ele vai te procurar. – Disse Kookie.

– Com certeza vai. – Falou Namjoon. Olhei para ele e ele me olhava.

– Não sei se quero isso. – Disse Yoongi fungando.

– Você não gosta dele? – Perguntei.

– Gosto, mas ele não vai mudar.

– Talvez ele só tenha de perceber que te ama. – Sugeri.

Kookie me olhou e negou de leve: Não diga isso.

Droga, estou iludindo ele.

– Não sei, ele só me usa... E... E... Ele não é gay... – Ele fungou.

– Como você sabe? – Perguntou Namjoon.

Yoongi parou de chorar de repente e levantou a cabeça para olhar Namjoon.

– Eu não sei. – Disse para ele mesmo.

– Exatamente. – Disse Namjoon.

– Tudo vai ficar bem. – Abracei Yoongi de lado e ele assentiu.

– Quem sabe ele apenas esteja confuso em relação a tudo isso. Quem sabe Hoseok não tenha te usado e sim preferido você para ter essa relação e ver se é isso mesmo o que realmente quer. Agora o que você tem de fazer é esperar. – Disse Namjoon.

Sorri de leve para baixo, para a mesa.

– Pode ser. – Disse eu – Vai ficar tudo bem, apenas espere. Se ele continuar com isso, você acaba com tudo.

– Ok. – Disse ele.

– Vamos comer que daqui a pouco o sinal bate. – Disse Kookie.

– Esfomeado. – Disse Yoongi e sorriu choroso.

– Sou mesmo, e se você não é, problema seu. – Disse Kookie, voltando a comer.

Comemos e saímos do refeitório.

O sinal soou no mesmo instante.

Vi Sarah.

Não me pare, não me pare, não me pare.

Ela estava com suas amigas, as mesmas daquele dia.

– Jin! – Disse ela, as meninas sorriram e vieram junto com ela.

Olhei para Namjoon. O mesmo está sem expressão.

– Precisamos conversar. – Disse ela me puxando.

– Não, Sarah, não. – Disse eu.

Ela pegou meu punho.

– Vai ser rápido. Meninas, já volto. – Disse ela me arrastando para longe deles.

– Sarah, não quero falar sobre ele.

– Hã? – Ela pareceu entristecer.

– Não, Sarah. Por enquanto não. Vou conversar com ele amanhã, mas hoje não.

– Por quê? – Perguntou ela.

– Por que não, ainda não.

– Tudo bem, mas... Quem era aquele garoto lindo que trouxe você? – Ela abriu um sorriso e ficou toda animada. – Você está tendo algo com ele?

– Não tenho nada com ele, ele é meu amigo, acho. – Respondi.

– Hm, e você tem o número dele? – Perguntou ela.

Senti um pingo de ciúmes. Não ciúmes tipo namorados, mas sim ciúme de ele começar a namorar e não me dar a atenção que eu gosto de ter.

Nos conhecemos a dois dias, mas gosto da sua atenção comigo e vou pegar ele só para mim. Vou o pegar, colocar num porão, só com água e comida, para não começar a namorar e me esquecer.

– Ah... Ah... Não tenho... – Disse eu.

E de fato eu não tenho, e se tivesse, não daria.

– Você consegue para mim? – Perguntou.

Não.

– Ah, sim, vou pedir a ele. – Disse eu.

– Obrigada, Jin! – Disse ela.

Arg.

– De nada. – Sorri.

Ela me abraçou e voltou para pegar suas amigas e sair rebolando o quadril involuntariamente (acho) por aí.

Sarah mudou, seria suas amigas? Eu não sei, só sei que não a queria dominada pelo dinheiro com ela está parecendo ficar.

***

O sinal soou para irmos embora.

Duas provas na quinta, de exatas, é de mais para mim.

Não que eu não goste, eu gosto. Mas continua sendo de mais para pouco tempo.

Eu sei a matéria, mas mesmo assim, é bom dar uma revisada. Menos a de física, a de física tenho de estudar amanhã com Kookie.

– Ele vai vir te buscar agora? – Perguntou Kookie. – Seria uma coisa rude a se fazer, Jin.

– Eu não sei, eu estava atrasado e só disse "vejo você depois?", ele concordou e eu entrei correndo.

– É uma coisa rude a se fazer, dizer isso. Fazer as coisas sem pensar se torna rude.

– Não quero discutir. – Disse eu.

Talvez se Namjoon não tivesse feito as coisas sem pensar (a cobra), eu não precisaria ter falado sem pensar.

– Discutir pelo que? Você sabe que é verdade.

– JungKook, por favor. – Falei.

– Ok. Desculpe, Hyung. – Se desculpou, ele percebeu que fiquei bravo.

– Ok, vamos. – Disse eu colocando meu braço em seus ombros.

Saímos da sala. Yoongi e Namjoon estavam nos esperando, escorados na parede de sua sala.

– Podemos conversar agora? – Disse Namjoon, para mim.

Neguei.

– Namjoon... – Disse eu, senti minha garganta se fechar.

– Dê uma chance a ele. – Cochichou Kookie.

– Ok, vem. – Disse eu meio bufando e fomos até o pátio dos fundos.

Enquanto eu ando, me controlo para não chorar, eu penso que não posso chorar.

Chegamos no pátio e me sentei, Namjoon fez o mesmo.

Namjoon suspirou, tomava coragem para falar.

– Pode fazer isso logo? – Disse eu.

– Desculpe. Hã... Por onde começar?... – Eu quase falei "pelo início?" Mas não o disse. Acho que estou sendo meio rude de mais. – Eu estava vendo série na televisão, quando alguém bateu na porta. Fui atender e era a Yuka. Nunca falei com ela antes e... E ela estava chorando, pedia ajuda. Fiquei confuso, mas não neguei. Levei ela até meu quarto e a sentei na cama. – Eu sinto as lágrimas brotarem e meus olhos, mas as seguro. – Perguntei a ela por que estava chorando, e ela disse que sua mãe a bateu, e que ela a queria fora de casa. Perguntei a Yuka o que ela fez, e ela disse que era lésbica. Desci até a cozinha e peguei um copo d'água para ela. Cheguei a pensar no porém de ser muita coincidência isso tudo, mas voltei e dei o copo com água para ela.

– E depois? – Perguntei com medo do que viria, e vendo que ele parou de falar.

– Eu fui mijar, estava apertado há horas. Quando voltei, ela estava deitada, de costas para a porta do banheiro. Lembro que tomei aquela água, me sentei na cama e fui falar com ela, mas ela parecia ter dormido, lembro de ter achado estranho. Depois, comecei a me sentir molengo, sentir minhas pálpebras pesarem...

Fiquei quieto esperando ele continuar, e ao mesmo tempo tentando não chorar.

– Então eu me deitei de barriga para cima, não queria cair pelo quarto. Ela se assustaria; meus pais se assustariam.

Eu não me assustaria?

– Fechei os olhos, mas ainda não estava dormindo. Yuka se virou para mim e ficou quieta, acho que me olhava. Então ela cochichou "Ele vai ficar feliz.", como se estivesse me contando um segredo. Depois eu apaguei. Você tem de acreditar em mim, Jin. Acho que Yuka me drogou.

– Namjoon, você tem como provar isso?

Ele pensou.

– Não... – Ele negou com a cabeça.

– Então sinto muito. – Me levantei. – Por que você beberia aquela água? Não faz a droga do sentido.

Ele pegou meu punho.

– Mas e as mensagens, Jin? – Ele tinha os olhos marejados. – Por que eu te mandaria mensagens, estando com "outra"?

– Ela mandaria. Ela mandou. Não aguentava mais ser a outra.

Ele negou com a cabeça.

– Não, Jin... Não. Pense, a vingança de Hoseok, quem seria o "ele" que ela falou?

– Namjoon, me solte... – Eu estou com vontade de chorar.

– Jin, me escute, foi Hoseok. Eu jamais, nem na eternidade trairia você. Nem com o cara mais lindo, e nem com a menina mais linda. Entenda, Jin, eu amo você. Você é o meu cara, mais lindo. – Disse ele, ainda me segurando.

– Por favor, m-me solte...

– Eu vou dar um jeito de te provar. – Disse Namjoon com convicção, apesar de estar à ponto de chorar.

Assenti e fechei os olhos por alguns instantes. Não chore.

– Jin. – Era a voz de Xiumin.

Como ele conseguiu entrar aqui?

Virei meu rosto ainda de olhos fechados, e os abri logo em seguida.

Namjoon me soltou.

– Quem é ele? – Perguntou Namjoon.

– Amigo dele. – Disse Xiumin.

– Estou falando com Jin, não com você.

– Não te devo mais satisfação, Namjoon. – Falei. – E outra coisa, não trate ele assim, ele não foi um idiota.

Saí com Xiumin do pátio.

– Não precisava ter dito aquilo... – Disse Xiumin. – Ele apenas ficou com ciúmes.

– Ok, não precisava, mas saiu. Me sinto meio mal agora...

– Está tudo bem. – Falou e colocou seu braço em meus ombros.

– Como você conseguiu entrar aqui?

– Sei lá, apenas entrei e ninguém falou nada.

– Ok, e onde eu estava?

– Menti para você todo esse tempo. – Falou ele sério. – Eu na verdade, sou um stalker. – Ele sorriu depois da palavra stalker.

– O quê? – Ri.

– Stalker. – Repetiu rindo.

– Ah, claro.

– Eu estou falando sério, eu sorrio quando falo sério.

– Então quer dizer que as coisas que me falou mais cedo eram mentiras?

– Ok, ok. Você me pegou; não sou stalker, mas estou quase lá.

– Jura?

– Sim. – Respondeu.

– Ah tá. Tenho certeza de que viu Kookie e Yoongi no corredor e perguntou a eles, Sr. Stalker.

Ele começou a rir loucamente, me juntei a ele.

Por alguns minutos, me esqueci de tudo, mas daí lembrei e parei de rir alto.

– Ok, você me pegou, de novo. Perguntei mesmo, são coisas que stalker fazem.

– Não, isso é coisa que jornalista faz.

– Shh, ninguém precisa saber disso. – Ele colocou a mão em minha boca e olhou para os lados para ver se alguém ouviu, mas não tinha ninguém.

Ri.

Vi Kookie e Yoongi vindo em nossa direção. Parei de rir e tirei a mão de Xiumin de meus ombros.

Kookie fez que não com a cabeça, Yoongi também desaprovou.

Yoongi disse algo a Kookie e o mesmo concordou e disse algo.

– O quê foi? – Perguntou Xiumin, com um grande ponto de interrogação na testa.

– Não é certo estar rindo enquanto Namjoon chora. – Disse eu.

– É proibido rir? É proibido ser feliz? – Perguntou.

Neguei de leve, olhando para meus tênis.

– Então pare com isso. Eu já disse para você o ouvir, acho que estava o fazendo quando cheguei. E então?

– Espere. – Murmurei.

– O que foi isso, Jin? – Perguntou Kookie.

– Isso o quê? – Perguntei.

– Rindo aqui, enquanto Namjoon está provavelmente chorando. Você falou com ele?

– Falei. Eu posso rir quando eu quiser, JungKook.

– Rá, ok, então vá rir, enquanto a pessoa que te ama está chorando. Muito lindo, não é? Vai lá rir com seu amigo, vai. – Ele passou por mim, batendo com seu ombro em meu braço, indo atrás de Namjoon.

Senti meus olhos marejarem. Muito. Eu só queria colocar as mãos no rosto e sair correndo, me esconder de mim mesmo, do monstro que eu sou.

– Não ligue para isso, Jin. – Disse Yoongi. – Você tem o direito de sorrir sim, mas Kookie está preocupado com Namjoon, ele acredita que seja verdade, dê um desconto a ele...

– Isso foi muito certo da parte dele. – Eu já chorava. – Eu fui traído, não tenho a droga da prova de que é isso que ele fala é verdade, e eu ainda pago o pato por rir?! Ah, faça-me um favor, Yoongi!

– Jin, se acalme, Yoongi só quer ajudar.

Yoongi ficou quieto e pareceu ficar mal.

– Desculpe, você não tem culpa. – O abracei chorando e ele me abraçou leve, com jeito, contra seu peito. – Eu estou sofrendo com isso, açúcar...

Ele me abraçou mais forte, como se o apelido "açúcar" o fizesse despertar um ponto fraco em mim, o quê de fato é.

– Ele vai provar a você, Jin. Mas tente o entender, ele não trairia você. Por que ele faria isso, mesmo tendo te pedindo em namoro?

– Por que está todo mundo do lado dele? – Coloquei meus olhos em seu ombro, molhando ali de lágrimas.

– Não estou do lado dele, estou do lado do amor. – Falou ele.

Senti outra pessoa me abraçar. Xiumin.

– Isso mesmo, também quero que vocês se acertem logo. – Disse Xiumin em meu ombro.

Assenti manhoso no ombro de Yoongi.

Somos um sanduíche, o que seria fofo se não fosse crítico.

Incrível como Xiumin consegue me fazer sorrir por tão fácil, e em tão pouco tempo.

Yoongi sempre foi meio molengo comigo, mas durão. Ok, não faz sentido. Ele é molengo comigo e com os outros não, é isso.

Não sei se é assim com Hoseok. Provavelmente ele era antes, agora deve ser a fase espinhos.

Estou nessa fase com Namjoon. Não queria estar assim, preciso do seu toque em mim, o sentir perto, e não longe como eu tenho o feito ficar. Eu preciso dele.

Acho que estou fazendo o certo de certo modo, por que se ele me traiu mesmo, ele precisa aprender a não fazer isso. Não comigo, mas com outra pessoa. Por que se ele me traiu mesmo, comigo ele não volta.

Se ele não traiu, pelo menos vê se é eu mesmo quem ele quer, mesmo em uma crise.

Eu amo ele, e ainda o quero. Queria saber se ele ainda me quer, mesmo depois de eu ter o insinuado idiota, mesmo depois de me explicar "o que aconteceu".

Espero que sim.

– Quer vir com nós, Yoongi? – Perguntou Xiumin.

– Onde? – Perguntou Yoongi de volta.

– Podemos ir tomar um sorvete enquanto isso, você não acha, Jin?

Assenti para o chão.

Eu parei de chorar, mas ainda era recente, então...

– Desculpe, mas ainda nem sei seu nome. – Disse Yoongi.

– Kim Minseok. Mas como vou ser muito famoso algum dia, meu nome será Xiumin, de maneira que pode me chamar de Xiumin. Gosto do nome. – Ele estendeu a mão a Yoongi, um cumprimento, como se eles nem tivessem se visto antes.

Yoongi apertou a mão dele e disse enquanto o fazia:

– Min Yoongi. – Se apresentou.

– Prazer. – Disse Xiumin.

Soltaram as mãos.

– Não sei por que, mas gostei dele. – Disse Yoongi para mim, me fazendo rir baixinho. Ele falou com se Xiumin não estivesse ali.

– Eu o vi primeiro! – Disse eu.

– Ele gostou de mim primeiro. – Disse Yoongi.

– Ah, sem essa! – Dei um empurrãozinho em seu ombro, o fazendo dar um passo para trás.

– Estou dizendo! – Disse Yoongi rindo.

Olhei de relance para Xiumin, ele se divertia vendo nós "competirmos" por ele.

– Você que sabe, Xiumin. Quem você gostou primeiro? – Disse eu.

Ele olhou para nós dois, nos observando.

Eu fazia sinais para mim mesmo: diga que foi eu! Diga que foi eu!

– Nenhum de vocês. – Disse ele fazendo cara de: Vocês estão se achando. Levantando uma das sobrancelhas. Logo, ele sorriu. – Mentira, gosto dos dois.

– Não! – Berrou Yoongi. – Me escolha!

Ri, Xiumin e Yoongi fizeram o mesmo.

– Isso é um sim, para o sorvete?

– É. – Sorriu Yoongi.

Olhei para trás e Kookie vinha com Namjoon. Namjoon parecia ter chorado mesmo.

Não queria o dar as costas, mas também não queira falar com ele.

– Vamos? – Disse Xiumin vendo o mesmo que eu.

Assenti.

Vi Yoongi abanar para os meninos: desculpem. E quem sabe um Tchau, também.

Fomos para fora da escola.

***

– Não queria depender de você, Xiumin. – Falei servindo minhas bolas de sorvete.

Falei a mim mesmo que serviria só três – porque é por peso –, mas Xiumin não aceitou isso. Ele disse para eu servir mais, e aqui estou eu, pegando mais sorvete.

– Não tem essa. Pode servir, aproveite que estou pagando. – Falou. – Isso serve para você também, Yoongi.

Olhei para o de Yoongi e só tinha uma bolinha, minuscula.

– É só isso o seu? – Disse Xiumin. – Me dê isso aqui.

Xiumin pegou o potinho de Yoongi, e antes de ele poder dizer qualquer coisa, Xiumin já estava enchendo de sabores deliciosos.

– Você tem de tomar esse aqui, vai por mim, O MELHOR. – Cantarolou Xiumin no "o melhor".

Sorri dele, ele é muito afinado. Com certeza, conseguirá viver do que o faz bem. Torço por ele.

Yoongi sorriu para ele.

– Ok, já chega. – Disse Yoongi tirando o potinho da mão de Xiumin, o impedindo de colocar mais. – Vou ficar uma bola, de tão gordo. E com dor de garganta. – Apontou.

– Não vai ficar uma bola nada, e nada que um remédio não se revolva. Se divirta. – Disse Xiumin, o dando o potinho. – Tem balinhas ali. – Ele apontou. – Coloque também.

Yoongi deu de ombros e foi servir balas também.

– E você? – Perguntou Xiumin olhando meu potinho. – Bom garoto. – Ele passou a mão por meus fios, como se eu fosse um totó. – Vou terminar o meu e nos encontramos na mesa, ok?

Assenti.

– Não fique com vergonha, sirva o que você quiser aí. – Falou e foi servir os seus.

Eu tinha mais de 7 bolas no meu, nem sei se vou conseguir tomar tudo isso e ainda fui colocar aquele chocolate, que quando você coloca, ele fica duro. Aquilo pesa muito.

O meu deu 993,63 won.

Fui me sentar junto a Yoongi. Ele está sentado de frente para a porta – uma vidraça, na verdade, gigante.

Ele olhou em seu celular e procurou algo do outro lado da rua, e voltou-se ao celular. Dei mais alguns passos para ver o que ele quis olhar. Hoseok.

Me sentei. – De costas para Hoseok, de frente para Yoongi.

– O que foi? – Perguntei.

– Ele quer falar comigo. – Disse ele.

– Por mim, se você quiser o chamar, pode chamar. Mas não prometo não brigar. E outra, quem está pagando é Xiumin, não é nem eu. Ele só pode vir aqui se ele quiser pagar, ou não quiser comer. – Falei.

Yoongi assentiu e se voltou ao celular e logo o largou.

– E então?

– Falei para ele ir embora – Disse Yoongi tomando seu sorvete. Depois ele olhou além de mim, seus olhos ficaram parados. Olhei para trás e Hoseok ainda estava ali. –, não quero falar com ele ainda.

Xiumin chegou e se sentou ao meu lado, na parede.

– Ok, vai falar quando? – Falei, me voltando a Yoongi.

Ele deu de ombros.

– Quando ele amadurecer, quem sabe? – Sugeriu o mesmo.

Eu ri sem humor.

– Nunca? – Falei.

– Ah, não seja descrente. Não sei nem do que vocês estão falando, mas não seja descrente nas pessoas. – Disse Xiumin para mim. – E você disse para quem ir embora? – Falou para Yoongi.

– Hoseok. Ele é meu ex, se é que chegamos a ter algo para ele ser ex. – Cochichou Yoongi.

Ninguém precisa saber que somos gays. Aqui, eles – as pessoas. – podem até saber, mas nunca comentam sobre – fora na minha rua. – Aqui as pessoas preferem fingir que não vêem, e nós fingimos sermos héteros.

– Ok, mas por que mandou ele embora? Podia ter deixado ele se explicar. Espera, o que ele fez mesmo? – Falou Xiumin, baixinho.

– Não quer me assumir. – Falou Yoongi para seu sorvete, mexendo nele, e tirando um pedacinho algumas vezes.

Xiumin encheu os pulmões para aconselhar, mas destaquei antes:

– Ele é o maior idiota da escola.

Yoongi pareceu aceitar o xingamento a Hoseok, concordando para seu sorvete.

– Ouvi falar dele. – Disse Xiumin.

– Quando? – Perguntei.

– No seu celular; Namjoon falou dele.

– Ah. – E voltei a tomar.

– Você devia dar uma chance para ele se explicar. Tem pessoas que tem dificuldade em se assumir, quem sabe ele não é um deles? Converse com ele. Você já fez isso? – Perguntou Xiumin. – Talvez ele só faça tudo isso por estar confuso.

Yoongi negou, olhando para Xiumin.

– Faça isso. – Recomendou, voltando a tomar seu sorvete.

– Vejo o que faço. – Disse Yoongi.

– Ah, pare! Você fala isso quando vai pensar. E se você vai pensar, a resposta normalmente é não. – Disse eu.

– Mas me deixe pensar, poxa! – Falou Yoongi, abrindo um sorriso.

Amo ver Yoongi sorrindo, ainda mais nas minhas – ou suas – piores ocasiões. Parece que as coisas se colorem. E de fato se colorem.

Sorri de volta. Olhei para trás, Hoseok tinha sumido.

Xiumin pagou nossos sorvetes, e me senti meio mal. Mesmo o de Yoongi tendo sido mais caro que o meu. Xiumin tem sido um amor, me pagou uma vodka, pagou agora nossos sorvetes – não nos deixando servir "misérias". –, e depois vou ir jantar com ele. Ele até falou com minha mãe, foi realmente corajoso, pois ela o xingou na primeira noite que se encontraram.

Caminhamos até minha casa, e Xiumin se ofereceu para levar Yoongi até em casa. Yoongi aceitou.

Entrei e fiquei com ciúme, não nego.

Ciúmes de amigo.

– Jin! – Minha mãe apareceu, como sempre, quando chegou da escola. – Onde você estava?

– Com Xiumin, eu mandei uma mensagem a você.

– Você tem de me ligar, você acha que eu abro meu celular para olhar mensagens toda hora?

– Desculpe, mãe. – Falei.

– Tudo bem. – Ela me beijou na testa. – O que foram fazer? Vem, vamos ali na cozinha.

A segui e sentamos na mesa. Parecemos amigas que tomam café juntas e contam as novidades uma para outra. A diferença é que não sou mulher e não estamos tomando café. Pena, porque queria um café.

– Nós fomos até uma sorveteria com Yoongi. – Falei

– E Namjoon? – Perguntou minha mãe.

– Ah... Ele preferiu ir para casa.

– Sério? Por que? Quem nega sorvete? Ele estava sem dinheiro, será?

Dei de ombros.

– Ele apenas não quis ir. – Falei.

Lembrei-me de mais cedo no pátio.

"Namjoon, você tem como provar isso?"

"Não..."

"Então sinto muito."

Eu juro que eu quero o desculpar, mas eu ainda não sei se é verdade.

"Ele ama você, existe argumento melhor que esse?"

– Planeta Terra chamando. – Disse minha mãe estalando os dedos consequentemente na frente de meus olhos. – O que você estava pensando, Jin?

Neguei: nada.

– Como foi seu trabalho? – Perguntei, trocando de assunto.

Ela percebeu, fez uma careta, mas começou a falar sobre seu trabalho.

Ela falava, e falava. Eu comentava algumas coisas, mas nada de mais.

Alguém bateu em nossa porta.

– Eu atendo. – Falei calmo, como se estivesse com sono. Levantei-me e fui até a porta.

A abri.

– Vim aqui para avisar que vou em casa mudar de roupa, e depois volto para irmos. Pode ser? – Disse Xiumin.

– Ah, tudo bem. Daqui a pouco vou me arrumar.

– Esteja pronto. – Falou ele com um sorriso no rosto.

– Estarei.

Ele assentiu e se foi.

Fechei a porta e voltei a cozinha, me sentando junto a mesa.

– Vá lá se arrumar, filho. Não quero atrasar você. – Disse minha mãe.

– Posso ficar aqui mais um pouco, mãe. – Disse eu.

Ela continuou a falar sobre alguma coisa e eu fingia prestar a atenção. Mas tudo o que eu ouvia eram só palavras sem fundo. Sabe aquela matéria que você tem de ler um texto para responder depois: você lê, lê de novo e mesmo assim, nada daquilo faz nenhum sentido; você não consegue entender e nem prestar a atenção em nada? Igual agora.

"Não, Jin... Não. Pense, a vingança de Hoseok, quem seria o "ele" que ela falou?"

Quem seria o "ele"? Eu não sei, a única pessoa que quer acabar com isso é Hoseok. E quem sabe, um dedo de Taehyung, se não a mão toda.

–... Então ela foi para a mesa dela, me deixando lá, falando sozinha, como se eu não fosse nada. Não queria depender dela para poder trabalhar, mas como a vida não é só rosas... – Contou minha mãe.

– Nossa, que bruxa. – Falei. Era a única coisa que eu podia dizer, porque não ouvi metade da história e não podia perguntar o porque de a mulher ter dado as costas para ela, se não ela diria "você não estava prestando a atenção?" Então preferi comentar uma coisa que serve para tudo. – Ela devia trabalhar sozinha e não com outras pessoas.

– Pois é. – Concordou minha mãe.

– Mas agora tenho de subir para me arrumar. – Falei.

– Quem vai também? – Perguntou.

Fiquei com medo de minha mãe dar para trás agora e me impedir de sair com ele, já que vamos sozinhos, pensei que ele tinha avisado isso à ela.

– Só eu e Xiumin. – Falei.

– Mas e Namjoon, Yoongi e JungKook?

Dei de ombros.

– Não sei, Xiumin convidou só a mim, acho.

– Como assim "acha"?

– Ele foi levar Yoongi em casa aquela hora. Não sei se ele convidou Yoongi. Mas Kookie e Namjoon não vão.

– Vocês tem horas para voltar?

– Mas ainda nem fomos! – Eu sorri.

– Voltem até às onze. – Avisou ela.

Assenti e subi as escadas.

***

Eu estava no topo da escada e lá estava Xiumin, como um príncipe em meu sofá me esperando.

Ele falava com minha mãe sobre algo e quando meu viu veio ao meu encontro.

Me senti um misero cara que vai a um bar beber, e não jantar com uma pessoa rica.

Eu estava com uma roupa simples, minhas roupas são simples, mas eu estava "arrumado" digamos assim, para não falar "ajeitado".

Xiumin me olhou, de baixo à cima, e quando chegou aos meus olhos ele abriu um sorriso: você está lindo. Como se nada disso, ou quem tem mais dinheiro, importasse.

Sinto minhas bochechas queimarem. Droga, não me deixe vermelho, idiota.

Desci as escadas e me senti aquelas garotas que vão ao bale de escola, nos filmes, e descem as escadas divando.

Mas eu tropecei. Não caí, mas tropecei. Me deu calor, senti que iria cair e comecei a rir de mim mesmo. Seu idiota, só você mesmo para tropeçar quando tem de divar.

Xiumin sorriu sem maldade.

Minha mãe sorriu também.

– Então, foi como eu disse, Xiumin e Jin: Às onze. – Repetiu minha mãe, retomando a pose de mãe.

Assenti, já no primeiro degrau.

Xiumin também assentiu e me olhou.

Ele me fitou por alguns instantes até dizer:

– Vamos?

– Vamos sim. – Falei.

– Espere aí, Jin. Só um segundo. – Disse minha mãe indo até a cozinha.

Ela foi pegar dinheiro. Eu apenas sei. Você deve saber quando sua mãe vai fazer alguma coisa e diz para você esperar, você normalmente sabe o que ela foi fazer.

Minha mãe voltou as pressas. Ela deu o dinheiro em minha mão.

– Não tenho muito, desculpe. – Falou ela baixinho para mim.

Olhei quanto tinha.

50.000 won.

– Ah, mãe... – Eu não podia aceitar esse dinheiro, eu não deveria ter aceitado sair com Xiumin.

Estendi o dinheiro a ela. Minha mãe negou.

– Leve, pode gastar. – Incentivou ela.

Olhei para Xiumin, ele estava sem expressão, não iria se meter.

Assenti, mas ainda não queria estar com este dinheiro.

Abracei minha mãe e ela retribuiu.

Xiumin assentiu e colocou a mão fechada à baixo de seu peito: Entrelace nossos braços.

Foi o que fiz. Depois, coloquei o dinheiro no bolso.

Saímos e vi do outro lado da rua, um carro preto com alguém dentro.

Fechei a porta e Xiumin me direcionou ao carro. Sentamos no banco de trás.

No banco do motorista estava um cara silencioso, careca e um pouco gordinho, vestido de preto.

Olhei para Xiumin sem entender.

– Eu não queria isso. – Falou ele em um lamento.

Continuei sem entender.

– Vamos? – Disse Xiumin tocando no braço do homem, o fazendo ligar o carro. – Meu pai o contratou. – Ele se escorou no banco, colocando o cinto de segurança. Fiz o mesmo. – Eu disse a meu pai que eu poderia dirigir, eu já tenho carteira! Mas ele disse que iria pagar alguém para o fazer por mim, e que não iria mais discutir isso. – Ele deu de ombros. – Fazer o quê, né?

– Ah, mas veja pelo lado bom: você não vai se cansar de dirigir. – Falei.

– Quero ser independente, Jin. – Disse ele. – Quero poder dirigir. Quero poder ir onde eu quiser, sem ter que mandar alguém o fazer por mim. Mas se meu pai faz tanta questão...

– Talvez ele só queira te proteger, não de você, mas te proteger dos outros.

– Me proteger? Rá! Ele só pensa nele e naquela droga de trabalho. Ele não pensa nem sequer na minha mãe! As vezes tenho impressão de que ela não pensa nem nela mesma; ela se dedica de mais a aquela droga de trabalho.

Assunto fraco de Xiumin: Pais.

Fiquei com medo de seu motorista contar algo a seu pai, mas Xiumin parecia não se preocupar. Acho que o motorista não deve ser novo no serviço.

Xiumin olhou pela janela e observava, o que aparenta, o céu.

– Gosto de observar o céu, as vezes. É interessante pensar que, mesmo uma pessoa estando longe, ela está sob o mesmo céu que você, vendo o mesmo que você. – Disse Xiumin.

– Existe alguém? – Perguntei.

– Não, as vezes só fico viajando mesmo. – Disse ele se voltando a mim.

– Hm, sério, fale a verdade. – Ri.

– Estou dizendo! Já tive amigos e amigas que foram para longe, mas sorte a minha que nunca foi um amor, deve doer.

– Dói. – Afirmei. – Mas as vezes é o melhor a se fazer.

– Ah, você já teve? – Perguntou Xiumin curioso, mas sereno.

– Já. – E fiz um jogar de cabeça: E o motorista?

Xiumin assentiu: Tudo bem.

– Tive um namorado. – Falei. – Ele era muito possessivo, tinha muito ciúmes. Ele nunca encostou um dedo em mim para me machucar, mas ele ficava com muito ciúmes dos meus amigos. Dos meus amigos! Eu gostava muito dele, e ainda o considero um pouco, mas perdemos o contato. Fiquei sabendo que ele iria para o Japão uma semana depois de ter terminado com ele, seu pai quis o mandar para lá; disse que o ensino era melhor. – Dei de ombros.

– Como foram as primeiras semanas? – Perguntou.

– Foram dolorosas. Por mais que ele fosse, ou é, não sei, possessivo, eu ainda tinha um afeto por ele. Fiquei mal, sentindo que algo estava faltando, por mais ou menos um mês, até eu meter na minha cabeça que era o melhor para ele.
"Logo que ele chegou lá, ele me ligou, contando sobre tudo lá, como era lindo, que me queria lá para ver aquilo com ele. Meu coração apertou e eu disse que não podia, e que ele tinha de parar com isso, que não iríamos mais ser namorados. Lembro que ele ficou em silêncio por alguns minutos e depois começou a falar de novo, um assunto nada haver com o término.
"No 2° mês, decidi o escrever um texto dizendo que não estava dando, que precisávamos para de nos falar, que seria melhor; que ele iria se focar melhor. Bloqueei ele em todos os lugares: Facebook, Instagram, Twitter, tudo. Chorei bastante.

– Mas você podia ter o dito que queria só amizade, nada mais que isso. – Disse Xiumin.

– Eu disse, e ele falou que tudo bem. Mas ele continuou flertando e tudo mais comigo, eu me sentia mal, como se estivesse o iludindo. – Expliquei.

– Ah. E como você se sente agora?

– Referente a isso? – Perguntei. Xiumin assentiu. – Me sinto meio cabisbaixo, mas estou bem. Só queria que não tivesse de ter terminado assim.

– Ele deve estar bem lá no Japão. Já deve ter encontrado outro rapaz. Pode, e está, feliz. Acho que o máximo que você pode fazer, e se permitir, é ser feliz também.

– Como você tem tanta certeza de que ele esta bem?

– Ninguém é triste no Japão. – Constou.

Não me segurei e comecei a rir. Ele me acompanhou.

– Chegamos. – Avisou o motorista.

Parei de rir e olhei sorrindo para a janela.

O restaurante mais lindo que já vi. Sem dúvida, o mais lindo.

O motorista parou na frente do restaurante e um homem abriu a porta para eu descer.

Desci e Xiumin também, pelo outro lado.

Ele fez o mesmo de antes e entrelaçamos os braços.

Tenho de comer pouco para poder pagar isso aqui, um prato apenas. Pensei.

– Lembro que a primeira vez que vim aqui, fiquei meio intimidado. – Disse Xiumin, enquanto andamos até porta de entrada. – Mas não se incomode, não quero você intimidado. Somos todos iguais, independentemente do dinheiro.

– Hã... Ok. – Disse eu.

– Hoje você só tem de pensar em curtir, nada de coisas ruins. Promete para mim?

Assenti roboticamente, como se minha mãe tivesse me xingado.

– Certo. – Falou ele sério. Depois abriu um sorriso e olhou para frente.

O imitei.

Um rapaz, mais ou menos da nossa idade, abriu a porta do restaurante.

– Boa noite, apenas uma mesa de dois lugares? – Perguntou o mesmo.

Xiumin assentiu.

O rapaz chamou outro homem que nos guiou até a mesa, no andar de cima.

A mesa dava para uma vista linda. Dava para ver as luzes acessas no meio da escuridão, algumas pessoas andando aqui e ali, e pessoas paradas, fazendo sei lá o quê.

No restaurante, toca aquelas músicas calmas, bem baixinho. Há pessoas sentadas, comendo coisas caras e conversando entre si. Algumas riam, algumas apenas conversavam. Vi executivos fazendo negócios. Até que vi uma mulher, numa mesa não muito distante, chorando.

Por que ela estaria chorando? Será que ela foi demitida? O namorado deu um "tchau e bença"? Sua mãe a xingou?

Ela olhava para seu celular, de tela brilhante, e chorava lendo algo.

"Sinto muito, mas sua mãe morreu."  Eu imaginava o que dizia ali. "Sinto muito, mas temos de terminar." Ou talvez: "Você é uma falsa, nunca devia ter te conhecido." Imaginei sua melhor amiga dizendo.

– Jin. – Falou Xiumin, olhando para trás dele mesmo, tentando enxergar o que chamou minha atenção. – O que foi?

– Nada. – Balancei a cabeça, afastando aquela menina e seu choro do meu cérebro. – Então, há quanto tempo ele é seu motorista?

– Faz um bom tempo já. Mais ou menos um ano. Desde que tirei minha carteira e quis dirigir. – Disse Xiumin.

– Você deve ter uma boa convivência com ele. – Falei devido ao "tudo bem" dele dentro do carro, sobre eu poder contar coisas na frente do motorista, sem ele contar ao pai de Xiumin.

– É, tenho. As vezes peço conselhos a ele.

– Boa noite. – Disse o garçom. – Já escolheram o que vão pedir?

Xiumin pegou o cardápio e fiz o mesmo.

Cheguei a última folha, e nada que tinha ali eu conhecia. Nem mesmo as bebidas.

Olhei para Xiumin que estava olhando o cardápio como se estivesse lendo um jornal, numa matéria interessante. Ele estava em dúvida de qual prato pedir.

Eu estava com um grande ponto de interrogação na testa.

Me ajuda! Eu queria dizer a Xiumin, ou até mesmo ao garçom – que parece ter mais dinheiro em sua conta do que todo o dinheiro que passará por minha mão.

Xiumin fez seu pedido, eu nunca ouvi esse nome de comida antes. Nossa, me sinto um pobre, inútil e intrometido. Deslocado é a palavra.

Xiumin olhou para mim. O mesmo viu minha dúvida e me mostrou um prato no cardápio, dizendo ser uma ótima escolha, para uma primeira vez.

Assenti.

Ele pediu aquele prato, que parece delicioso, ao garçom e uma bebida. Duas da mesma.

Quando o garçom saiu levando o cardápio consigo, olhei para onde a menina chorosa estava antes, ela havia sumido. Olhei em volta, a sua procura. Nada.

– O que você tanto procura? – Perguntou Xiumin.

– Tinha uma moça chorando, e agora ela sumiu. – Falei, ainda a procurando em vão.

Xiumin começou a procurar também.

– Como ela era? – Perguntou.

– Mas não tinha mais ninguém chorando além dela. – Falei.

– Não tem ninguém chorando. – Disse Xiumin dando mais uma revisada. – Ela deve ter ido embora. – Deduziu.

– Pode ser. – Olhei lá para fora, vi as pessoas ss movimentando ainda.

– E seus amigos, Xiumin? – Perguntei, eu não o ouvi falando deles.

– Estão em casa.

– Ah, você me entendeu. – Falei sorrindo de canto.

– Tenho alguns, mas que considero de verdade é apenas um, o outro eu gosto, mas não ao ponto de considerar. – Disse ele olhando para meu reflexo, que batia na vidraça. Parecia olhar além de mim.

– Ah sim. Os pratos demoram a chegar, aqui? – Perguntei.

– Um pouco. Está com fome?

– Um pouco.

Trocamos sorrisos fracos, sorrisos de fome.

Depois de observarmos a rua, e as pessoas se movimentando, Xiumin começou a deduzir o que elas estavam indo fazer, a julgar por suas roupas.

– Aquela – Ele apontou para uma mulher de terno. – É executiva, está indo para o serviço noturno.

– Isso não soou bem. – Falei mordendo o lábio para não rir.

– E eu pensando que você é inocente. – Disse ele iniciando um riso.

Rimos.

Xiumin continuou com as deduções e eu também. As vezes, ele falava coisas sem sentido algo, e me fazia rir com a mão na boca para não gritar.

As vezes eu olhava para as pessoas e elas nos olhavam quem deixou vocês entrarem? Olha, volte a comer que tudo ficará bem.

Depois, Xiumin ficou sério e se escorou na cadeira, olhando para uma mesa.

Olhei para a mesa e havia dois homens de ternos, conversando entre si. Devem ser de alguma empresa.

– Algum problema? – Perguntei à Xiumin.

– A primeira vez que vim aqui, nos sentamos ali. – Ele apontou rapidamente para a mesa, e apaixonou a mão antes que alguém achasse estranho. – Meu pai disse que ele sempre teve o sonho de entrar em um restaurante remunerado, pagar o prato mais caro para sua família e sorrir. O que significaria que tudo estaria completo.
"Eu tinha 6 anos, viemos e tudo mais, nos sentamos ali, rimos e conversamos. Na verdade, meus pais conversavam, eu comia e vez ou outra minha mãe falava algo de criança comigo.
"Acho imbecilidade de meu pai fazer isso, não de pagar um lugar caro e levar a família para comer nesse lugar caro, mas sim ter um sonho desses, não estou aqui para julgar, nem nada. Mas ser rico era o sonho dele? Ser rico e ter uma família "feliz"? Quem é feliz com tanto dinheiro?
"Lembro que logo que coloquei meus pés aqui, me senti esquisito, como se eu não pertencesse a este lugar. Não pertencesse a classe rica. Meu pai batalhou, e ainda batalha, dia e noite para ser rico, e eu odeio isso.
"Naquela época, eu era um garotinho feliz, eu brincava e achava que o mundo todo era minúsculo, que tudo estava nas minhas mãos, era só eu querer. Mas não é bem assim. E é um pensamento idiota, um pensamento de gente rica, de quem tem tudo. Tento todos os dias ser uma pessoa melhor que ele.

– Por que diz isso? – Perguntei, referente ao "ser melhor que ele."

– Porque não quero ser um rico esnobe. – Falou, como se sentisse raiva de seu pai.

– Você acha que todos eles são?

– Não, seria idiotisse minha falar isso. Estou falando apenas de meu pai, que eu conheço e posso falar.

– E você tem um sonho? Um sonho que seja digno de chamar de sonho, já que o do seu pai é "idiota"?

– Só ser feliz. – Disse ele. – Acho que por mais que eu trabalhe, não desmerecendo a profissão, mas seu eu trabalhasse de barman em um barzinho, ganhasse algum dinheiro para viver, pudesse cantar e alguém ouvir, ter amigos, eu já estaria feliz. Estou na verdade, eu já faço isso, só não trabalho. – Ele sorriu: Trabalhar é o núcleo disso tudo.

– Você canta? Onde?

– No bar do outro lado da rua que estivemos ontem. Pode ir um dia lá me ver. Canto nas terças, quintas, sextas e finais de semana. – Disse Xiumin. – E você? Qual seu sonho?

Nunca parei para pensar nesse negócio de sonho.

– Eu deixo a vida me levar. – Falei. – Nunca tive algo para o que me guiar, claro que tenho uma faculdade em mente e tal, mas nada longe disso.

– Nem do tipo do que vai fazer depois?

Pensei.

– Ir para o Brasil. – Falei.

– Brasil. – Falou ele refletindo e sorriu. – Me conta o por quê? Acho legal esse tipo de sonho, esse estilo de vida, na verdade.

– Que estilo?

– O "deixe a vida me levar". Só que claro, não adoidado, só deixar as coisas fluírem ao longo que você faz escolhas. É interessante. Mas me conte, por que o Brasil?

Dei de ombros.

– Não sei, sinto vontade. Acho a cultura deles legal, são animados e tudo mais. – Falei sorrindo, me lembrando de uma cultura deles: o carnaval.

Eles pulam a noite toda e parecem nunca cansar. É um povo animado, com certeza.

– E você sabe que lá é mais agressivo que aqui, não sabe?

Assenti.

– Bastante assaltos, mortes... – Falei. – Mas não podemos levar muito em conta o que os jornalistas dizem, eles desdrobram muita coisa e a transformam numa coisa gigante, quando na verdade é pequena.

– Verdade. – Disse Xiumin.

– E você? Quer viajar para algum lugar? – Perguntei.

Não vou negar, tenho medo do Brasil. Acho que eu teria medo de andar sozinho pelas ruas de lá. Eu tento e tento colocar na minha cabeça que não deve ser tão perigoso, mas mesmo assim tenho medo e receio.

– Canadá. – Disse ele. – Japão, quem sabe, também.

– Japão? Japão está aqui do lado, você pode ir lá quando quiser, Xiumin. – Disse eu.

– O dinheiro de meu pai não é meu, Jin. – Falou ele num suspiro. – E mesmo que fosse, eu não o usaria. Estou o usando hoje, mais que o normal, porque é importante para mim.

– Importante?

O garçom chegou com os pratos.

– Com licença. – Falou ele colocando o prato à minha frente. – Com licença. – Repetiu, fazendo o mesmo com Xiumin.

– Obrigado. – Falei.

– Obrigado. – Disse Xiumin.

O homem assentiu.

– Bom apetite. – E se retirou.

Peguei o Hashi e coloquei neles um pouco de comida.

Ah, Deus! Que comida maravilhosa!

– Ah, Meu Deus, Xiumin! – Exclamei. – Que comida maravilhosa!

Ele sorriu comendo a sua.

– É boa, não é? Gosto desse prato que pedi para você. Mas hoje resolvi evoluir e pedir algo que eu queria pedir há tempos, mas nunca pegava pois pegava os que eu já comi.

Eu me pergunto se vou conseguir pagar este prato.

– E então? – Perguntei, comendo mais, não tinha como parar de comer.

Tento ser civilizado, afinal, estou num restaurante chique. Mas não sei como estou me saindo.

– Melhor escolha da minha vida, referente a pratos. – Disse ele comendo.

O garçom reapareceu com nossas bebidas.

– Com licença. – Disse ele colocando nossas bebidas em nossas frentes.

– Obrigado. – Disse eu, ele assentiu e se retirou as pressas de novo. – Você já teve outras escolhas melhores, sem ser referente a pratos? – Perguntei curioso.

– Já. – Disse comendo.

– Por exemplo?

– Você. – Respondeu.

Tossi, colocando a mão na boca, quase me engasguei.

– O que? – Perguntei, tomando um gole da bebida, que Deus, é maravilhosa também!

– Não me arrependo de ter colocado você na minha vida. – Disse ele.

Comecei a ficar com medo de ter que dar um fora em Xiumin depois de tudo que ele fez por mim. Eu não queria fazer isso, mas acontece que se ele quiser algo a mais que amizade, eu terei de o dar um fora. Amo Namjoon, não Xiumin.

Gosto muito de Xiumin, mas como amigo, um grande amigo. Que me ajudou quando eu precisei, e continua o fazendo.

– E eu não me arrependo de ter você nela. – Falei.

Ele sorriu e voltou a comer.

Mas ele não iria dar em cima de mim, não é? Ele estava me incentivando a ouvir Namjoon, talvez seja paranóia da minha cabeça.

Comemos, e vez ou outra eu olhava pela vidraça – o restaurante é todo de vidraça, se eu olhar para baixo, vejo as pessoas no andar de baixo. Tem cortinas, para o caso de alguém não quiser olhar para fora, o quiser ser visto de fora. –, deve ser – e é. – um restaurante lindo, visto de fora. E de dentro então?

– Então, Jin, o que está pensando?

– Em como esse restaurante é lindo. Mas eu confesso que me sinto meio deslocado aqui...

– Não fique. Lembra que eu disse que somos todos iguais, independentemente do nosso dinheiro? Não fique, ninguém vai te julgar se fizer algo diferente dos outros, e se olharem estranho, sorria. Seja feliz, deixe os outros com suas manias, você é você. Estamos aqui para curtir, e não ser o padrão que todos conhecem.

Sorri.

– Ok. – Não sei porque, mas me senti mais leve, como se um peso tivesse evaporado de minhas costas.

– Mas então, esse restaurante é lindo mesmo. Nunca me canso de observa-lo. – Disse ele, percorrendo seus olhos devagarinho pelo restaurante, o sugando com os olhos.

Será que eu também fazia isso sem perceber?

– Quer pedir mais alguma coisa? – Perguntou Xiumin se voltando à mim.

– Não, obrigado. Estou satisfeito. – Agradeci.

– Sabe que pode pedir mais, se quiser, não sabe?

– Sei, sim. – Disse eu. – Mas estou satisfeito mesmo.

– Tudo bem. – Ele sorriu.

Tomei mais um gole da minha bebida.

– Ela é alcoólica? – Perguntei.

– Dose leve de vodka. – Informou. – É bom, não é? – Ele tomou mais um gole.

Assenti, tomando mais.

– Isso não vai me deixar loucão, né? – Perguntei, rindo malicioso para meu copo.

É só um sorriso malicioso, nada mais, ok?

– Olha, eu não fico. Depende se você é fraco para bebida. Mas deve ser difícil se embebedar com isso. – Disse ele mostrando o copo, como se houvesse mais copos ali, de outras bebidas.

– Hm. – Tomei em goles pequenos, quero que dure.

– Sabe, eu não me importo de pagar outro para você. – Disse Xiumin.

– Não, tudo bem. Eu quero tomar só esse mesmo, não quero tomar mais bebida alcoólica que isso, tenho aula amanhã. – Disse eu.

– Sim, claro. Desculpe.

Assenti e olhei para rua novamente. O movimento estava cessando aos poucos.

O garçom veio e retirou os pratos, Xiumin pediu a sobremesa. Ele pediu duas da mesma para nós dois.

Depois que o garçom saiu, ele começou a contar sobre sua infância, e em como ele vê tudo que ele achava normal, naquela época, se tornar uma coisa ruim hoje.

E quando perguntei a ele "como assim?", Ele disse que via seus pais sumindo e o deixando com uma babá, uma mulher mais velha, e ela é tipo uma segunda mãe para ele.

Ele não sentia tanto a falta de seus pais por causa dela.

Xiumin me conta tão bem dela, que sinto uma vontade imensa de a conhecer algum dia. Ele me disse que qualquer dia me leva na casa dele para eu a conhecer, já que eu quero.

Xiumin explicou que depois que ele cresceu e não precisava mais de uma babá, ela continuava lá, cuidando dele mesmo assim, e um pouco da casa. Mesmo tendo faxineiras, ela é a mais antiga de lá, e seus pais confiam nela. Ela meio que manda nas faxineiras lá.

Xiumin disse que "manda em tese", ela fala o que pode ser feito, e elas fazem.

O garçom voltou com as sobremesas.

Parece, e com certeza deve ser, deliciosa.

Eu só vejo esse garçom, existe só ele aqui?

Experimentei a sobremesa depois de o agradecer novamente.

Ela é deliciosa, como já era de se esperar, só que muito mais do que ela aparenta ser.

Poderia comer ela pelo resto da minha vida.

Depois que terminei de comer, Xiumin pediu a conta.

Peguei meu dinheiro no bolso e dei a Xiumin, ele pegou a carteira dele e tirou outra nota de 50.000 won e juntou com a minha. Ele colocou as notas no meio do cartão, onde tinha os valores.

Nos levantamos e tracei nossos braços novamente.

Passávamos por alguns garçons e alguns atendentes e eu falava "obrigado, boa noite." Para eles, para os que me olhavam. Xiumin assentiu para eles: obrigado, até mais.

Ficamos esperando na frente do restaurante pelo motorista de Xiumin, exatamente 10:27pm.

– Então, quanto eu te devo? – Perguntei a Xiumin. – Você pagou muitas coisas para mim, em menos de uma semana. Quanto em te devo?

– Me deve um beijo. – Respondeu me olhando nos olhos.

***

Yoongi

Minseok, – Xiumin, como prefere ser chamado –, me trouxe em casa, e disse que levaria Jin a um restaurante chique e me perguntou se Jin iria gostar.

Falei a ele que Jin até gostaria, mas não seria confortável, afinal, Jin não é nenhum rico. Disse a ele que o fizesse não se sentir deslocado. Xiumin agradeceu e eu falei "quem agradece sou eu, obrigado." Ele sorriu, assentiu e foi embora.

Simpático.

– Quem é ele? – Perguntou minha irmã, se aproximando. – Amigo novo?

– Não é da sua conta. – Bati a porta e me direcionei a escada.

– Grosso.

– Ah, vá fazer coisas que você costuma fazer e me deixe. – Falei.

– Arg, para que essa grosseria toda? Brigou com a namorada?

– E você? Não tem um namorado para ligar?

– Parem vocês dois. – Disse minha mãe aparecendo. – Vem aqui, Yoongi. Eu e Sayuri temos uma notícia para dar à você.

– Notícia? – Perguntei.

Sayuri abriu um sorriso gigante.

– Ela vai embora? – Sorri estridente, igual ela.

Sayuri revirou os olhos.

– Não fale assim. – Repreendeu nossa mãe.

– Eu sei que ele me ama. – Disse Sayuri.

– Rá! Saí daí. – Falei.

– Desce aqui, faça um favor?! – Falou nossa mãe, já sem paciência.

Meu cu trincou.

Desci a metade da escada que eu já havia subido e fomos nos sentar no sofá, as duas de frente para mim, e eu sozinho num sofá, de frente para elas.

– Bom, você sabe que a escola de Sayuri não é uma das melhores... – Intercâmbio? Pensei. – ... E eu andei pesquisando algumas escolas por aqui, e a que mais vale a pena é a sua, Yoongi.

– O quê? – Perguntei, como se fosse um desaforo.

– Vamos estudar juntos, maninho! E eu vou ficar pertinho do Kookie! – Disse ela apertando a almofada, junto ao peito, como se aquilo fosse um ursinho de pelúcia, ou o próprio JungKook.

– Por quê? – Perguntei, me voltando a nossa mãe.

– Porque tem de ser, eu escolhi e está feito. – Disse nossa mãe. – Me deram uma semana para a transferência dela.

– Ah, mãe, qual é?! Você mesmo disse que detestava que os nossos tios estudassem juntos a você, na mesma escola. Por que está fazendo isso comigo?

Olhei para Sayuri, ela havia afrouxado o abraço a almofada e me olhava tristonha.

– Não estou fazendo nada com você, apenas estou fazendo o melhor por Sayuri. Vocês vão se dar bem. Se alguém mexer com sua irmã, você a defende e vise versa. São N motivos úteis para ser bom estudar perto dos irmãos. Dê uma chance a ela.

– Eu tenho escolha?

– Não. – Respondeu ela.

– Tudo bem, posso subir? – Perguntei.

Mamãe assentiu e subi as escadas em disparada.

Não basta viver 10 horas por dia com Sayuri em casa, tenho de conviver com ela na escola agora.

Não que Sayuri seja uma peste, ela é, mas não que eu não a suporte, apenas existe a regrinha de cada um no seu quadrado.

Ela estaria ocupando o meu espaço.

Kookie ficará feliz que só.

Jin nunca teve nada contra Sayuri, o que me não me impressiona, é difícil Jin ter algo contra as pessoas.

Fora Hobi e Tae.

Mas Hoseok fez por onde, também.

O que ele queria falar comigo mais cedo? Ele não disse... Aish!

Joguei minha mochila na cama e peguei uma roupa, me direcionando ao banheiro.

Tomei um banho demorado, lembrando de Hoseok me olhando do outro lado da rua da sorveteria.

"Quem é esse garoto com vocês?"

"Amigo do Jin. Olha, vá embora, não sei nem por que estou te dando satisfações."

Ele lê a mensagem e me olha.

"Ele é seu amigo também?"

"E se for? Você não tem nada a ver com isso."

Então larguei o celular.

Hoseok leu a mensagem e me olhou: Ah...

Tinha o rosto triste.

Logo chegou Xiumin e se sentou ali.

Xiumin me aconselhou a ouvir o que Hoseok tem a dizer. Eu sei que tenho de ouvir, mas faremos ele sofrer um pouquinho antes de qualquer coisa.

Chumbo trocado não dói.

Sei que parece idiotisse, mas ele me fez sofrer de mais já. Ele ficava comigo numa noite, e no outro dia ele aparecia com uma menina lá na escola, beijava ela na minha frente e tudo, bem hétero. Rude? Mais que isso.

Terminei meu banho, me sequei e coloquei minha roupa.

Saí do banheiro, sequei meus fios e os penteei.

Me joguei na cama.

Fiquei aproximadamente uma hora e meia estudando, até alguém bater fraquinho em minha porta.

– Yoongi... – Era a voz de Sayuri, ela falava baixinho, próximo a porta.

Senti meu coração comprimir.

Levantei rápido e abri a porta.

– O que foi, Sah? – Perguntei, preocupado.

Ela costuma gritar.

Ela me abraçou, se aconchegando em meus braços.

– Ei, o quê foi? – Disse eu passando a mão por seus cabelos.

– Por que você me trata assim? – Perguntou manhosa.

Respirei aliviado, pensei que alguém, algum idiota, a tivesse a machucado de novo.

– Ah. Sayuri, por que isso agora? Sempre foi assim. E é assim que nós somos. – Falei.

– Sinto saudade do papai, Yoongi... – Falou ela no meu peito.

A abracei forte, eu também sinto falta dele.

Dei um passo para trás e bati a porta.

Fiz Sayuri me soltar e empurrei meus cadernos para o lado da cama.

Me sentei na cama e bati um minhas coxas: Deite aqui.

Ela veio e se deitou ali, de costas para mim, de frente para a porta.

Fiquei passando as mãos por seus cabelos.

– Também sinto saudades dele... Mas agora, tenho certeza que ele está em um lugar melhor.

– Você não acha que ele gostaria de nos ver unidos? – Perguntou rouca.

– Acho.

– E por que você está distante?

Eu iria chorar se continuassemos aquela conversa. Ok, chore pouco e na hora certa.

– Não estou distante, Sah...

– Está sim. – Disse ela se sentando para me olhar. – O quê foi? Por que está com lágrimas nos olhos? Me conte, o que está havendo?

– Ah, saudades do papai...

– Não, não é isso. Me diga o que realmente foi, Yoongi. – Ela sabe quando eu minto.

Era saudades de nosso pai sim, mas o que estava doendo mais alto agora não é isso.

– Sayuri, não conte à mamãe... E...

– Já te dedurei para a mamãe? – Me Interferiu ela.

Neguei.

– Então? Conte.

– Eu gosto de meninos...

Ela ficou em silêncio, parecia uma eternidade.

Eu sentia que ela levantaria, gritaria comigo e sairia correndo contar para a mamãe.

– Ok, e qual o problema? – Disse ela passando sua mão por meu rosto todo molhado de lágrimas.

Amo você, maninha.

– Ele apenas me usa, mas eu gosto tanto dele...

– Aww... Yoongi... – Ela me abraçou forte, reconfortando minha dor. – Gosta muito assim?

Assenti, a abraçando.

– Ok. Está tudo bem. – Ela mexia em meus cabelos, me consolando. – Desde quando isso?

– Desde o ano passando...

– Ah, Yoongi... Como você deixou isso acontecer por tanto tempo?... – Ela usa uma voz tão acolhedora que eu me sinto tão leve e bem.

– Não sei, eu pensava que ele mudaria...

– Ele não vai mudar, ele pode melhorar, mas não mudar.

– Ah, você entendeu, idiota. – Sorri fraco.

– Para me xingar você está bem, não é?! – Sorriu ela me dando um último abraço forte.

Ela colocou a mão em minha bochecha esquerda e olhou no fundo de meus olhos.

– Você acredita que ele mudará por você?

– Não sei.

– Como "não sabe"? Você ainda não conversou com ele?

Neguei.

– Por quê?

– Não me sentia pronto.

– Se sente pronto agora? – Perguntou.

– Não. – Respondi, mas não consegui segurar o sorriso que brotou em meu rosto.

– Fale com ele logo. – Ela me abraçou e retribui. – Amo você, muito, muito, muito. Pode contar comigo, se precisar de algo.

– Também amo você, Sah. – Respondi. – Você também, não é por que estou todo molenga hoje, que eu não saiba dar conselhos. – Sorri.

Ela se levantou, me puxando.

– Vamos lavar o rosto, Sr. Conselheiro.

Levantei-me e fui lavar o rosto. Ela me acompanhou.

– Por que você diz que "ele só te usa"?

– Ele fica comigo aqui, a noite, e no outro dia ele aparece, as vezes, com uma garota e beija ela na minha frente, e tudo. – Disse eu lavando meu rosto.

– Ai, Yoongi, desculpe, mas ele é um babaca!

– Eu sei, o maior. – Confirmei, agora secando meu rosto.

– Você acha que ele consegue melhorar o que ele tem de errado?

– A esperança é a última que morre. – Falei para o seu reflexo, ao meu lado, no espelho.

Sayuri sorriu.

– Isso! E você sabe o que dizer a ele?

– Sei.

***

Depois, descemos e ela me fez um Nescau e vimos algo na TV. Apesar de eu ter de estudar, não me preocupei nem um pouco, só queria ficar ali com ela e esquecer um pouco o lado ruim das coisas.

Meu celular tocou.

Namjoon.

Falei a Sayuri que já voltava e ela assentiu. Fui até a cozinha atender.

– Oi. – Falei.

– Olá, Yoongi. – Disse Namjoon calmo. Pensei que ele estivesse bravo. – Você ainda está com Jin?

– Não, não falo com ele já faz algum tempo. – Avisei. – Por quê?

– Falei com ele lá na escola e ele pediu para eu provar minha versão. Amanhã cedo vou fazer um exame de urina. Andei pesquisando, e à essa altura, só dá para ser exame de urina. – Falou.

– Hm, mas no que isso ajuda?

E então me liguei: Namjoon pensa que foi drogado.

– Mostra que teve alguma droga no meu organismo. – Explicou.

– Você vai avisar isso a Jin, ou vai querer que eu entregue o exame? Quanto tempo demora para sair o resultado?

– Vou entregar a ele, na verdade vou colocar no quarto dele. Eu dou um jeito. Demora em torno de uma semana.

– Tudo isso?!

– Foi o que eu perguntei a enfermeira; tive a mesma reação. Ela disse que se eu pagar pelo exame, sai em três dias.

– Então pague!

– Acontece que eu não tenho esse dinheiro, e não posso pedir ao meu pai, por que ainda não estou pronto para o contar. Minha mãe disse que quer me ajudar, mas ela não tem essa quantia. – Disse ele.

– Ah, que droga... Eu até te emprestaria esse dinheiro, mas eu também não tenho... Espere.

Voltei a sala, e perguntei a Sayuri:

– Você tem algum dinheiro guardado?

Ela me olhou confusa: o que?

– Não tenho. – Disse ela.

Assenti e voltei para a cozinha.

– Pois é, não temos o dinheiro, Namjoon. Sinto muito. – Falei a ele.

Ouvi ele suspirar do outro lado da linha.

– Kookie também não...

– A Sarah! – Exclamei, lembrando que nas férias ela trabalha no café que o Jin adora.

Parece que uma luz se ascendeu no fim do túnel de Namjoon:

– Verdade! Vou falar com ela, obrigado, até mais.

Chamada encerrada.

Sorri.

Pelo menos ele tem uma chance de tudo não se acabar entre ele e Jin.

Voltei a sala de estar e me joguei ao lado de Sayuri, no sofá.

– O quê eu perdi? – Perguntei sorrindo.

– Aquela vaca é mãe de Kouta! – Disse Sayuri.

– O quê? Mas ela sempre renegou o menino! Me explica!

E Sayuri começou a falar sobre a série, contando tudo o que perdi em menos de dez minutos.

***

Ajudei minha irmã a fazer o jantar, enquanto mamãe via televisão. Eu não vou lavar a louça depois, me recuso.

Nos sentamos para jantar e mamãe começou a contar sobre seu dia. Depois Sayuri puxou um assunto sobre a sua escola. Eu interagi também, contando algumas coisas. Mas sobre Jin e Namjoon, eu não contei nada.

– Jin tem um amigo novo. Eles estudaram juntos há um tempo atrás. Quer dizer, eles apenas se reencontraram. – Falei.

Mamãe acharia estranho Jin ter feito um amigo novo que fosse de fora da escola, então, quanto menos ela soubesse, melhor.

– Ele me trouxe em casa. Ele é bem simpático.

– É, ele parece. Mas comparado a você, ele é um rei. – Disse minha irmã.

– E você é um plebéia. – Falei.

– Na mesa não. – Disse nossa mãe.

Continuamos comendo.

Mamãe disse que iria se deitar, que era para Sayuri lavar a louça.

Ela subiu.

– Me ajuda? – Pediu Sayuri a mim. Eu a ajudava a tirar a mesa.

– Não vou ajudar ninguém. – Disse eu sério.

Ela sorriu, ela sabia que eu iria ajudar sim.

Ela lavava e eu secava e guardava.

– Você pretende a contar a mamãe? – Cochichou.

Respirei fundo: Isso me assombra.

– Ainda não sei quando, mas vou contar algum dia. – Disse eu baixinho.

– Acho melhor você contar do que ela te ver com esse garoto se dando uns amassos na rua. – Disse ela e sorriu do que falou.



Sorri.

– Não é? – Disse eu sorrindo.

– É sim. – Confirmou.

– E os seus namoradinhos? – Perguntei.

– Ah, tem um babaca me iludindo lá na escola. – Disse ela bufando.

– E por que você se deixa iludir?

– Eu não me deixo iludir. Não há como desgostar de alguém do dia para noite, Yoongi. – Falou. – Você sabe disso.

– Eu sei, mas se foque em outra pessoa, sei lá. – Disse eu.

– Mais um? Já me foco ao bastante em Kookie. – Ela abriu um sorriso quando pronunciou o nome de Kookie. – Será que ele vai gostar de eu ir estudar com vocês? – Perguntou animada.

– Oh, se vai. – Falei irônico.

– Idiota! – Ela me molhou.

Ri, coloquei minha mão embaixo da água corrente e molhei ela.

Ficávamos rindo baixinho e nos molhando.

Resultado: Tivemos de lavar e secar a louça com as nossas roupas molhadas.

Passamos um pano no chão.

Quando acabamos, subimos as escadas, falamos um "boa noite" um ao outro e entramos em nossos respectivos quartos.

Fui tomar mais um banho e depois me joguei na cama para continuar os estudos.

Eram 11pm a hora que fui até a tomada e apaguei a luz.

Deitei-me em minha cama e fiquei fitando o teto, pensando em como trato Sayuri mal. Mas é minha forma de demonstrar carinho e ela sabe. Só que tem vezes que ela quer um abraço ou um "amo você" e até entendo ela, eu também preciso disso as vezes. Apoiamos um ao outro e sempre vai ser assim.

Fechei os olhos e no instante seguinte ouvi alguém bater de leve em minha janela com as costas do dedo.

Me assustei e olhei para a janela.

Hoseok estava me olhando: Deixe-me entrar.


Notas Finais


Não me matem de ter terminado assim, obrigada sjsnsn

PARABÉNS DE NOVO PRO LIPE E PRA CAROL, EEEEE JSJANSJ ❤😘

Desculpem os erros se aconteceu, bjus de luz e até!


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