História After all, I love you – NAMJIN - Armários

Meu celular despertava – como de costume – às 5:30 da manhã.

Me revirei na cama e desliguei o alarme.

Mas já? Ah, droga. Levante logo.

Fico discutindo comigo mesmo para levantar ou ficar mais 2 minutos deitado. Não consigo ficar mais tempo que isso, pois acho que vou perder a hora, que vou cair no sono e tudo vai estar perdido. Levante, droga. E assim eu fiquei.

Eu ainda estava atordoado quando o alarme de Yoongi começou a soar.

Bati no relógio dele – que sim, estava junto ao meu celular do meu lado da cama – para o parar.

Yoongi se remexeu e fez um barulho esquisito com a boca. Um protesto.

Podemos até gostar de acordar cedo, mas quem gosta de levantar da cama?

Levantei-me como um zumbi – ainda atordoado – e direcionei-me ao banheiro.

Fiz minha higiene e quando saí, Yoongi já tinha arrumado a cama.

– Bom dia, Jin hyung. – disse ele.

– Bom dia. Como você está? 

– Bem. – ele respirou fundo, como se estivesse leve. – Incrivelmente, bem. 

– Hum, isso é ótimo. 

– E você?

– Bem.

Alguém espancou a porta.

– JÁ ACORDOU, PESTE? 

Yoongi foi a passos lentos até a porta e falou:

– Vou contar à mamãe que você está me chamando de peste e você vai ver quem é a peste.

– SIM, ELE JÁ ACORDOU, MÃE! – ela ignorou totalmente a ameaça de Yoongi.

Ouvi passos de Sayuri se distanciando.

Yoongi abriu as portas de seu guarda-roupa.

– Como ela consegue gritar à essa hora? – perguntei.

– É de Sayuri que estamos falando, Jin. – ele falou num suspiro e deu de ombros.

Yoongi ama sua irmã, mas ela enche  tanto o seu saco que ele é frio na maior parte do tempo com ela. 

– Quer uma roupa emprestada? – ele tirava algumas peças para fora e pensava se as colocaria (pela cara de questionamento que fazia).

– Acho que não vai precisar. Vou ligar para Namjoon. Ele ficou de vir aqui me trazer uma peça de roupa.

Yoongi estava focado em suas roupas e apenas assentiu.

Yoongi tinha olheiras e parece sim que chorou a noite toda.

– Oi, meu amor. – disse Namjoon do outro lado da linha. Ele tinha voz de quem já estava acordado há tempos. – Bom dia. 

– Olá, bom dia. Você está em casa ainda?

– Não, tive de dar uma saída. Resolver uma coisa. Estou com aquela camisa rosa sua e sua calça jeans aqui comigo. Tem também uma cueca e meias. Já estou à caminho.

– Hã, ok, estou à sua espera. Até mais. – e desliguei. – Ele já está vindo. 

Me pergunto o que Namjoon estava fazendo. O que há para fazer tão cedo?

Yoongi pareceu se produzir para tão pouco, que no caso seria ir para a escola. Ele colocou sua camiseta nova, mas a calça era velha, porém cuidada.

Desconfiei, mas preferi não comentar.

É, eu já fiz isso, já tentei me mostrar melhor e superior para o ex. Isso faz você se sentir melhor e desejado; você ri maligno por dentro enquanto tenta fazer pose de durão.

Descemos para o café após Yoongi fazer sua higiene.

– Bom dia, senhora Takada. – disse eu, para a mãe de Yoongi que preparava o café da manhã. 

Ela se virou para mim.

– Ah, você está aqui, Jin? Eu não sabia. Bom dia. – falou ela.

Ela nem se preocupa mais. Ela sabe que as vezes surjo do além em sua casa. Sou uma pessoa confiável, pelo menos as mães dizem isso o tempo todo. Discordo.

– Ah, Jin. Eu também não sabia. – disse Sayuri comendo sua torrada. – Desculpe os gritos.

– Tudo bem. 

– O Kookie vem? – perguntou animada com os olhos esbugalhados.

Todos sabemos, inclusive sua mãe, que ela tem uma droga de uma queda por Kookie. 

O Kookie não gosta ela. Não que ele não goste dela, é que ela fica muito em cima dele. O tempo todo. 

Dei de ombros.

– Ninguém merece. – disse Yoongi sentando-se a mesa.

– Shh. – Falou ela, para não o mandar calar a boca em frente de sua mãe.

– Shh, você.

– Parem. Vocês dois parecem umas crianças. – disse a senhora Takada. – Quer que eu prepare algo para você, Jin? Café? – sugeriu. – Esse não é o óculos de Yoongi? – questionou.

– U-hum, por favor. – Fiquei desesperado. – Sim é. Posso usá-lo? 

Ela deu de ombros.

– O óculos é dele. – ela indicou Yoongi que não estava nem um pouco preocupado. Acho que ele não lembrou o quê tem por trás dos óculos, ou está no mundo das nuvens. 

Ele suspirou, acho que lembrando de algo. Yoongi olhava para um ponto fixo na mesa.

– Ele que sabe. – continuou ela.

Senhora Takada fez meu café e saiu para trabalhar, como de costume. Ela não toma café pois diz que parece ficar com mais fome ainda.

Assim que ela passou pela porta, sentei na mesa e tirei os óculos. Sayuri olhou para mim.

– O quê aconteceu com o seu olho? 

– Briga. – falei, tomando um gole do meu café.

– Você briga? 

– Há uma primeira vez para tudo.

– E você venceu? 

Tomei meu café e pensei no que dizer.

– Ninguém venceu, seguraram o menino. 

– Que chato. – falou ela e voltou a comer.

Sayuri é aquele tipo de menina que ama uma coisa nova. Simplesmente ama. Mas quando falamos que ela tem de amar alguém novo, ela diz que Kookie é novo – ironia – e diz que não vai trocar Kookie nem se seu k-idol a notar. Lembrei que olhei para ela como se fosse louca e ela gargalhar dizendo que quando eu amasse, eu saberia. Senti uma dorzinha no peito.

Agora, eu entendo ela. Mas isso não significa que eu não ache ela louca, porque eu ainda acho.

– Pode não contar isso à sua mãe?

Ela me olhou e ficou assim por alguns instantes.

Sayuri tem 14 anos.

– Só por quê você não me trata mal. – disse ela, se levantando.

– Isso é o sim dela. – falou Yoongi.

– Eu nunca falei assim com você.

– Falou sim.

– Mentiroso! Quando?!

– Semana passada, quando pedi para não contar a mamãe que foi você quem lavou a louça. Você disse "não tem problema, só por quê você me trata bem". – ele imitou a voz dela.

Ela suspirou.

– Amo você. – disse ela, calma. 

Yoongi sorriu.

– Eu também, sua chata.

Ela sorriu. A mesma sabia que ele iria a "elogiar" junto de um xingamento. Eles não passam disso, a não ser que seja crítico.

Meu celular começou a tocar. Estávamos no quarto de Yoongi e eu o ensinava a regra da nova matéria de matemática enquanto Namjoon não chegava. 

– Oi? 

– Já estou aqui. 

Desliguei.

– Namjoon já está aqui. 

Levantei-me e olhei pela janela e lá estava seu carro branco, na frente da casa.

Yoongi fechou os cadernos e guardou dentro da mochila.

– Ainda bem, não estou com muita cabeça para isso. – disse, esfregando os olhos e se espreguiçando.

Baguncei seu cabelo e desci as escadas, abri a porta e Namjoon saiu do carro. No carona estava Kookie.

Ainda bem que Sayuri está no quarto dela, pensei.

– Bom dia. – Comprimentei eles.

Abracei Kookie e depois Namjoon. 

Eu não queria bancar o namorado ciumento, mas queria saber onde ele estava, não adiantava fingir que não. 

– Kookie me ajudou com o quê eu precisava, de noite explico à você. – disse ele, meio que lendo meus pensamentos.

– Por quê só à noite? – questionei.

– Você vai saber quando chegar à escola. Aconselho você a ficar no corredor dos armários e ficar atento. 

– O quê foi que você aprontou dessa vez? – coloquei a mão na cintura, dizem que pareço mandão assim, mas é inevitável.

– Não conte à ninguém que fui eu. – falou ele e entrou na casa. – Suas roupas. – e me deu a peça de roupa.

– Sayuri? – perguntou Kookie, olhando para os lados à sua procura.

– No quarto.

Ele soltou o ar e respirou fundo.

Sorri.

– Vamos subir.

Subimos e Namjoon foi falar com Yoongi e perguntar como o mesmo estava, fui tomar um banho as pressas.

Tomei o banho com a pergunta o quê Namjoon fez?, em minha mente, e nenhuma resposta; nenhuma conclusão. Nada que eu imaginava parecia ser inteligente de se fazer.

Namjoon nos levou até a escola e disse que voltaria para a sua casa para dormir. O mesmo estava com um rosto de sono que parecia que iria dormir a qualquer momento. Disse a ele que se cuidasse e me mandasse uma mensagem quando chegasse. Ele disse que iria o fazer e entramos na escola.

Vi Taehyung de mãos dadas com a mesma garota de antes, e por mim, tudo bem desde que não fosse Namjoon ou um dos meninos.

Ficamos jogando conversa fora no corredor dos armários. 

Sim, perguntei ao Kookie o quê era, mas ele riu colocando a mão na boca (como se estivesse tímido) e disse para eu esperar. 

Sou um curioso de carteirinha, de maneira que fico observando tudo no corredor, mas não vejo nada de anormal.

Yoongi perguntou do que estávamos falando e expliquei, sem olhar para ele. Eu ainda olhava para as pessoas e tentava ver algo, mas não via nada demais.

Sarah apareceu com suas amigas no corredor e foram até seus armários pegar alguns livros. Depois elas vieram até nós.

– Oi, Jin! – disse Sarah sorrindo. – Essa é Yumi, ela vem do Japão, seus pais se mudaram para cá, ela só conhece nós e...

Ouvimos um berro agudo. 

Me distraí por um segundo e aconteceu o quê acho que Namjoon fez.

Nos viramos para o grito e lá estava Hoseok, com a porta de seu armário aberta e uma cobra dentro. O mesmo berrando adoidado. Nunca soube que uma pessoa que destrói corações tinha um medo de cobras assim.

Eu não sabia se tinha medo da cobra ou se ria de Hoseok. Na dúvida, ri de Hoseok.

Namjoon não iria colocar uma cobra ali dentro que o matasse, com certeza não. Então não tem ao certo o porque ter medo.

Olhei para as garotas e os meninos. Yumi estava gargalhando. Sarah ria, mas decentemente. Sun Hee também, ela é muito fofa rindo.

Yoongi, ria muito e apontava, chegava a ter lágrimas nos olhos. Kookie ria com a mão na boca.

Eu ria com a mão na barriga, de tanto que eu espremo a mesma.

Depois de um tempinho, Hoseok olhou em volta e começou a rir falso dele mesmo, para disfarçar. O mesmo se distanciou um pouco do armário e olhava para a cobra com o canto dos olhos.

Taehyung apareceu no corredor, olhou a cobra e o amigo.

– Idiotas. – a boca dele disse, mas não sei se foi isso mesmo. 

Ele indicou com a cabeça para Hoseok o seguir.

Algumas pessoas tinham medo da cobra, mas riam baixinho, de olho na mesma e a cada movimento dela; outras riam alto e apontavam.

Um menino surgiu – estava sério –, olhou a cobra e fechou o armário.

O mesmo saiu andando.

A aula foi resumida ao encontro de Hoseok com a cobra. 

O mesmo estava em aula e se defendia, dizendo que foi só para fazer todos rirem.

– Isso foi rude. – cochichei.

– U-hum. Eu avisei a ele. – cochichou de volta.

– Foi merecido. Bem feito. 

Kookie sorriu.

– Quem vê você com esse rostinho nem pensa que você tem esse pensamento. – disse ele.

Mexi as sombrancelhas e sorri.

O professor terminou de passar a matéria no quadro e começou a explicar. Calamos a boca. 

Se Yoongi não contar a Kookie, não serei eu quem vou contar.

Bateram na porta. O professor foi até ela. Nossa diretora estava lá e falou algo para o professor que assentiu e ela entrou.

– Bom dia, alunos. – dissera e olhava para todos alunos. Parecia um discurso. – A porta de minha sala está aberta, para se alguém souber de algo sobre quem fez isso com Hoseok. Mas enquanto não descobrirmos quem foi, teremos mais um período de aula. – todos fizemos um "ah...!" – Desculpem, mas é necessário. 

Droga.

Apesar da "suspensão" rolou alguns risinhos lembraram do ocorrido.

– Isso não tem graça. – continuou ela. – É uma coisa hostil de se fazer à alguém.

Sinto muito por Hoseok, mas ele mereceu. Posso ser um cara horrível, ou coisa parecida, por apoiar isso, mas o quê ele fez com Yoongi ninguém aponta – claro, ninguém sabe, mas vocês entenderam – e ninguém acha dó. Ele é um idiota.

– A cobra ainda está com nós e ainda decidiremos o que faremos com ela. – então ela mudou de assunto. – Enfim, minha sala está aberta se alguém souber de algo e terá sigilo total. Obrigada pela atenção de todos. 

Kookie estendeu a mão ao céu.

– Sim, Jungkook? – ela pareceu achar estranho, já que teria sigilo se fôssemos à sua sala, para que falar algo ali?

Eu também achei estranho. O quê você vai dizer, Kookie?