História After all, I love you – NAMJIN - Primeiro dia de aula

Acordei ainda meio atordoado pela tarde passada. 

Namjoon ainda dormia ao meu lado de boca aberta e de barriga para baixo. Depositei um beijo em sua bochecha e fui tomar meu banho.

O primeiro dia de aula iria começar, e eu, sinceramente, não estou preparado.

Saí do banheiro e Namjoon ainda estava dormindo e abraçado em um travesseiro como se abraça em mim.

– Bom dia. – disse eu, tentando sorrir, tentando parecer bem, e o beijando.

– Bom dia. – ele sorria através de meus beijos. – Como você está? – o mesmo se referia à tarde passada e abriu os olhos para me fitar.

– Bem. Não totalmente, mas bem.

Ele sorriu e selou nossos lábios. Nunca pensei que amaria tanto isso – mentira, já pensei sim. Eu ficava olhando para o teto de madrugada pensando em como seria namorar Namjoonie.

Era maravilhoso em minha mente, mas acontecendo é mais mágico ainda.

– Eu te amo. – disse ele tocando a ponta de meu nariz.

Sorri.

– Vai tomar seu banho.

– Está bem, sr. Mandão. – ele sorriu e foi em direção ao banheiro.

Sorri sozinho e ele fechou a porta.

Arrumei a cama e fui preparar o nosso café da manhã.

Tomamos o café e Namjoon fez questão de me levar em seu carro para a escola, e eu aceitei.

Yoongi me mandou uma mensagem perguntando onde eu estava porque eu estava demorando. Escrevi para o garoto que ainda estávamos no tempo e que nos esperasse no portão.

Yoongi estava nos esperando no portão, o como combinado, e eu estava com um café em mãos, como sempre no período de aulas para me manter acordado. E também porque eu amo uma cafeína.

Comprimentei os meninos e Namjoon apenas deu um bom dia a eles.

Ainda tínhamos algum tempo para conversar então adentramos a escola a passos lentos e jogando conversa fora sobre alguma coisa que não mudaria nada na vida de ninguém. 

O café já estava frio em minhas mãos, mas eu ainda o tomava a goles pequenos como de costume. 

Fomos até o mural ver em que sala ficaríamos este ano e eu torcia para não ficar sozinho como no ano passado. 

Pedi para eles olharem e virem me contar depois, enquanto eu ia para a parede oposta do mural.

E lá fiquei tomando o meu café frio até que Taehyung se aproximou.

– Bom dia, flor do dia. – falou ele.

– Olá, Taehyung.

– Ninguém me chama de Taehyung. – disse ele. – Me chame de Tae. 

– O quê é que você quer? – falei impaciente e dando mais um gole em meu café.

– Fiquei sabendo que sua mãe te bateu e que você é viadinho. – falou rindo.

Continuei frio, mas explodindo por dentro.

– Você tem algo haver com isso?

– Adoraria ter, mas não. 

– Por que eu acreditaria no que está dizendo?

– Se não acreditasse, eu não sei porque perguntou.

Ele tem razão. Pior que o idiota tem razão.

Hoseok se aproximou e colocou o braço em volta dos ombros de Taehyung.

– Por que está falando com esse viadinho à essa hora da manhã? – perguntou o garoto.

– Podem parar de me chamar assim?! Eu não sou um animal!

– Você é um animal, seu inútil. – falou Taehyung. – Nem para comer a fruta certa você serve.

– Repete. – disse Namjoon seco e nas costas deles.

Os mesmos se viraram para ele.

Droga. Que belo início de ano.

Larguei meu café que caiu e estourou no chão, mas pouco importa a droga do café. 

Me atravessei entre Namjoon e Taehyung tentando impedir que acontecesse qualquer coisa.

– Namjoon, não. Não faça nada, deixa eles.

– Escute o seu namoradinho. – aconcelhou Hoseok debochando.

–  Cale a droga da boca. – Sibilou Namjoon.

Hoseok riu da impaciência dele.

– Namjoon, por favor.

O mesmo olhou em meus olhos e não sei o quê ele viu, mas disse:

– O quê é de vocês está guardado. - pegou meu punho e dali.

Yoongi e Kookie nos seguiram sem dizer uma palavra. Não havia o que ser dito. O melhor era ficar em silêncio.

Namjoon me guiou até o pátio de trás da escola, ao que parece, para conversamos.

– Yoongi. Kookie. Preciso falar com o Namjoon, podem nos deixar a sós?

Yoongi olhou para Namjoon – que olhava as mãos –, e se voltou a mim assentindo.

– Claro, sem problemas. Nos vemos no almoço.

Kookie confirmou com a cabeça e os mesmos deram as costas, saindo dali.

Esse pátio é bem movimentado normalmente, mas como hoje é o primeiro dia de aula todos estão se encontrando e colocando a conversa em dia ao invés de vir para cá.

Sentei-me de frente para Namjoon no banco que ali tinha e ele fez o mesmo.

Fiquei olhando para minhas mãos e pensando no que dizer, quais seriam as palavras certas para usar. Mas não sou bom nisso.

– Deixe eles para lá, tudo bem? – foi o melhor que pensei. 

– Deixar eles para lá? – cuspiu ele, incrédulo. – Jin, você vai deixar eles tratarem você assim? Como se você fosse um animal? 

– Nam, apenas finja que eles não existem e isso tudo acaba. – eu queria realmente acreditar nisso.

– Taehyung te entregou para sua mãe e no fim deu em tudo isso.

– Não sabemos se foi ele.

– Está defendendo ele? 

– Não, não é isso. Olha, apenas deixe eles de lado. Não podemos culpar o Taehyung por uma coisa que não temos prova.

– Se não foi ele, foi quem? Hoseok? São as únicas pessoas que tem alguma coisa contra você; contra mim.

– Eles tem algo contra mim, não contra você.

– Nós somos um só.

Sorri de leve.

– Namjoonie, se você me ama esquece isso, está bem? Eles vão ter o quê merecem. Nós sempre colhemos o quê plantamos. 

Ele confirmou de leve.

– Colhemos. Mas eu juro que se eles fizerem mais algo para você, eu não respondo por mim. – avisou.

– Eles não vão. – eu queria realmente acreditar nisso.

O sinal soou forte e ressonante, como sempre.

– Vamos? Que sala eu estou? – disse eu me levantando.

– Na sala do JungKook. São apenas duas salas esse ano. 

– Quer dizer que um de nós vai pegar eles?! Ou eles vão ficar um em cada sala?! – a segunda alternativa era aterrorizante. Era aterrorizante saber que eles estudam aqui.

– Exatamente. 

– Você viu onde o nome deles estava?

– Preferi pagar para ver. O Yoongi e o Jungkook sabem, eu não.

– Vamos pagar para ver então. – e Namjoon se levantou. – Sorte que não estamos na mesma sala.

Ele me lançou um olhar triste. Parecia uma criança.

– Por quê?! 

– Eu não iria prestar a atenção na aula. – dei de ombros, ficando rubro. – Mas seria ótimo você lá. – o abracei e o beijei na bochecha, me separando rapidamente.

– Não faça isso. – interveio. – Não me abrace, me beije e me solte. – e ele me agarrou.

Olhei em volta desesperado procurando se alguém tinha visto, mas por sorte não havia ninguém.

Ele selou nossos lábios logo que olhei para a sua face novamente. Eu queria separar, mas fui dominado por aqueles lábios carnudos em mim e não resisti.

– Amo seu beijo. – comentou pertinho da minha boca. – Ele é apaixonado.

– Eu sou apaixonado. – sorri olhando para os seus lábios perto da minha face.

– Eu também. – declarou, formando um sorriso sexy em seus lábios. 

Ele me beijou novamente, e juro que esqueci que alguém podia ter visto até nos separarmos novamente.

– Vamos nos atrasar... – resmunguei.

– Vamos. – e olhei em volta, ainda não tinha ninguém. 

Andamos pelos corredores e ele pegou minha mão, mas eu disse:

– Ainda não, Namjoon. Espere eu me sentir pronto, tudo bem?

– Tudo bem, desculpe. 

Assenti. 

Seguimos até o final do corredor e entramos em salas diferentes, uma de cada lado do corredor.

A professora me xingou, mas a mesma deixou passar pois sabe que não sou de me atrasar e é o primeiro dia de aula. 

Olhei pela sala em busca de Kookie ou Taehyung com Hoseok.

Achei Kookie com uma classe vazia ao seu lado, e, logo atrás dele, algumas muitas mesas depois, tinha Taehyung e Hoseok sentados juntos.

– Droga. – murmurei.

– Desculpe, o quê disse? – perguntou a professora.

– Bom dia. – disse eu.

– Bom dia para você também. Vá se sentar, Seokjin. 

E foi o quê fiz. Hoseok riu de mim, não sei do quê, mas riu. E Taehyung também. Uma piada interna.

Me sentei revirando os olhos.

– Sou motivo de piadas agora. – cochichei para o Kookie.

– Não dê importância. 

Assenti e comecei a copiar a matéria, pois estava atrasado.

*

O sinal soou pela sua trigésima vez e ressonante como sempre. 

Hora do almoço.

Kookie já estava com seus matérias guardados enquanto eu guardava tudo tranquilamente dentro da mochila.

Todos já haviam saído e Kookie estava me xingando por ter que esperar.

A cantina é cheia nesse horário e o quanto mais rápido sairmos melhor.

– Hyung! Por favor...! Vamos! – ele estava a ponto de começar a suar de tanta impaciência. Ele trocava o peso de uma perna para a outra.

– Pronto, pronto, terminei! – joguei minha mochila nas costas e saí ao lado de Kookie até a porta.

Ali estava Namjoon e Yoongi nos esperando.

– Que demora! – reclamou Yoongi.

Namjoon deu-me um abraço e um beijo no topo da cabeça.

– Foi tudo culpa da noiva, aí! – falou Kookie bravo, me indicando.

– Ah, pare. Todos vamos comer, mais cedo ou mais tarde.

– Preferia que fosse mais cedo. – murmurou o mesmo.

Namjoon riu e me soltou.

Kookie ficou quieto.

As vezes sinto que ele é meu filho. Assim como as vezes sinto que ele é o meu pai e eu o filho. E o abracei. O garoto me renegou, mas continuei o abraçando enquanto andávamos. 

Entramos na fila e pegamos bandejinhas.

A fila estava muito gigante; gigante mesmo. 

Peguei suco natural, frutas, arroz, feijão, um bife que normalmente é mais duro que sei lá o quê, e salada.

Sobrou 10 minutos só para comermos, de maneira que teríamos que engolir a comida e ter 5 minutos para voltar. 

Começamos a procurar uma mesa vazia, o que já estava difícil, e então alguém bateu em minha minha bandeja derrubando tudo no chão. 

Olhei para o lado a procura do infeliz. Foi de propósito, eu sei. 

Taehyung.

Eu mereço. 

– DROGA! VOCÊ NÃO ESTA ME VENDO AQUI?! – todo mundo olhou para mim. Todo mundo mesmo. 

– Desculpa, não foi a intenção. – falou doce.

 Cínico. 

– Sabe onde eu vou colocar essa sua intenção?! 

– Jin, se acalme. – disse Namjoon, calmo.

Dei as costas e caminhei para fora do refeitório.

Virei a esquerda e depois a direita. 

Sala do zelador, estava escrito na porta. Entrei e peguei uma vassoura com um pano. Ninguém aqui é meu empregado, já basta o café de de manhã.

Voltei e vi Namjoon andando muito rapidamente em minha direção.

– Você estava correndo?! – perguntou bufando, parecendo que estava correndo.

– Não, por quê? – continuei andando.

– Foi o que pareceu. O que está fazendo com essa vassoura? 

– Vou limpar lá.

– Pode parar de correr, por favor? – disse ele a ponto de ter um ataque de asma.

Namjoonie não tem asma. 

– Não dá, não vai dar tempo.

– Você vai limpar mesmo? Achei que fosse brincadeira, pensei que estivesse levando para Taehyung.

Neguei com a cabeça. 

– Dessa vez vai passar em branco. Vá comer.

– Não, eu vou te ajudar.

– Namjoon, vá comer. – repeti.

– Não fique bravo. 

Acho que falei com fúria.

– Desculpe. Apenas coma, está bem? Depois eu vou comer.

– Mesmo?

– Mesmo.

Entramos no refeitório.

– Tudo bem. – ele foi se sentar com os meninos, com sua bandeja já sobre a mesa.

Fui onde estava tudo no chão e me agaixei para limpar, quando vi os pés de alguém.

– Viemos te ajudar. – disse Kookie ao lado de Yoongi.

– Vão comer. – falei juntando a caixa de suco que estava estourada no chão.

– Já comemos. Vamos te ajudar e pare com isso. – disse Yoongi.

Yoongi é daquele tipo durão. Ele deve ter xingado Taehyung até o ouvido dele sangrar. 

Assenti.

Colocamos todo o "grosso" na bandeja e Kookie foi levar o prato quebrado – na bandeja – e as comidas estragadas para a cozinha. 

Passei o pano no chão, por causa do suco e levanto-me indo até a porta. Vi Namjoon se levantar com a boca cheia de comida e tentando engolir o que sobrava para acabar.

Continuo andando até a sala do zelador, onde largo o pano e a vassoura lá.

O sinal soou. 

Não dá mais tempo de comer.

Lavei as mãos no bebedouro mesmo e continuei andando. Encontrei os meninos no refeitório me esperando.

Já estava praticamente vazio lá.

– Não vou comer, vamos. – disse eu secando as mãos na calça.

– Jin, por favor. – disse Namjoon.

– Nam, por favor, não quero comer. Estou bem. Tomei um ótimo café da manhã. Eu aguento até depois.

– Hyung, coma, nós vamos esperar você. – disse Kookie. 

– Kookie, estou bem. Vou comer depois. 

– Seokjin – disse Yoongi –, você promete? 

– Prometo. – disse eu. – Agora vamos.

Eles assentiram e andamos rapidamente para nossas respectivas salas.

A professora não nos xingou, ela apenas avisou para não acontecer novamente se não iríamos para a diretoria.

Eu não irei pagar para ver, porque ela parecia segura de suas palavras e o tipo que não esquece quem você é. 

Fomos nos sentar.

Algumas aulas se passaram e os garotos não calaram a boca um minuto se quer, rindo, brincando, copiando – fingindo estudar –, me provocando vez ou outra.

Eu estava a ponto de dar um soco na cara de Taehyung quando o sinal soou.

– Amém. – disse eu, colocando meus matérias dentro da mochila.

– Eu não aguentava mais, não estava conseguindo me concentrar nas contas.

– Você não conseguindo se concentrar? Em matemática?

– Para, hyung, é sério. 

Jungkook conseguiu um avanço de ano por ser focado demais, e ser muito bom em matemática. Não lembro de uma prova em que ele tenha tirando menos que 99,8. Nas outras matérias ele também é bom, tirando em média 98,8.

– Eu sei. – já estávamos sozinhos novamente na sala e ouvimos um grito. 

"Bultaoreune", ele dizia.

Nos entre olhamos e saímos correndo para fora da sala. 

Normalmente essa expressão é usada para brigas.

Encontramos uma multidão perto de um dos armários no final do corredor. Nada de Yoongi e nem Namjoon nos esperando. Não pensamos duas vezes antes de correr até a multidão.