História After all, I love you – NAMJIN - Não!

Terminei de tomar meu café em dois minutos e tentei digerir o que minha mãe acabara de falar: Jimin havia me entregado a ela.

Jimin sempre foi possessivo. Sempre amou demais para quem apenas gostava.

Mas esse não era o meu caso. Eu o amava, e ele me amava (ou ainda ama, não sei). Mas ele me queria o tempo todo. Eu não podia ter amigos. Eu ia ao banheiro e quando voltava ele fingia estar "de boa", mas depois eu ia ver meu celular, e a barra de aplicativos o denunciava. Era sempre em minhas conversas, em meus aplicativos de conversa.

Já discutimos muito por isso. Eu dizia que eu devia ter meus amigos, mas ele parecia pensar em "para que? Você tem a mim."

Ele brigava muitas vezes pela minha calça jeans que eu amo. Ela é branca e rasgada nos dois joelhos. Rasgada que eu digo, é um rasgo grande. Até entendo, mas nem todos no mundo são gays, e eu sei me dar ao respeito quando estou namorando, certo?

Até ele ir para o Japão.

Depois que ele foi para o Japão eu me senti sozinho, pois eu ficava só com ele o tempo todo. E quando ele foi embora ficou só eu e eu. Não que eu não tivesse amigos, mas eu sentia que faltava algo, alguém. Foi aí que comecei a sair mais, comecei a ir mais à festas, ficar mais, me divertir mais. 

Não sei se ele está de volta, e isso me confunde, pois ele pode ter alguém por aqui me observando. Mas por que ele faria isso? A troco de que? E por que ele não pediria para essa pessoa desconhecida ligar ao invés de ele se arriscar assim?

Levantei-me. Beijei minha mãe, meu pai, e fui junto a Xiumin para o carro. Minha mãe murmurou um "se cuide" suspirado e depois foi tudo silencioso.

Eu estava com minha térmica em mãos e tomava de novo outro café a goles pequenos.

Eu preciso de mais do que apenas esse café para aguentar o que vem por aí.

Falei ao motorista onde era a casa dos meninos e ele assentiu, e acho que sabe onde é. Não que seja longe daqui.

Me escorei e coloquei o cinto de segurança, olhei pela janela e tomei um gole do meu café.

De repente me deu vontade de olhar para trás, ver se havia alguém ali. Alguém de carro nos seguindo, sei lá.

Não havia ninguém. Me escorei de volta e fitei a janela. Outro gole.

– Quer falar sobre isso? – perguntou Xiumin suave. 

Neguei, senti o choro subir. Engoli com outro gole de café.

– Ok, desculpe. – falou.

Assenti e fiquei olhando para a janela. Eu via o reflexo de Xiumin ali. Ele olhava para a sua janela e as vezes me olhava, acho que para garantir de que eu não estivesse chorando.

Me pergunto o que levou Jimin a fazer isso. Possessividade ao extremo? Ok, mas, por que ele ainda não apareceu? Ele está bolando algo? Droga, não gosto de ser pego de surpresa por coisas assim.

Bufei.

Vi o reflexo de Xiumin me olhar. Ele não sabia o que dizer e eu não queria dizer nada, não por obrigação para o confortar.

Chegamos rápido – o rápido que passou mil coisas em minha mente – na casa de Yoongi. Era só dobrar a esquina.

Engoli mais um gole do meu café.

Namjoon. Ele faltaria hoje, não? 

O motorista não buzinou, ele esperava o pedido.

Pedi a ele que o fizesse e abri a porta do carro. Xiumin fez o mesmo e veio ao meu lado.

– Tudo bem? – quis saber.

– Não, mas vou ficar.

Não é como se eu estivesse fazendo drama. Vivi tecnicamente metade de minha vida com Jimin e começamos a namorar. Namoramos dois anos e ele foi para o Japão.

Terei problemas se ele voltar, ou aparecer. Que aconteça logo.

Xiumin respirou fundo como se aquela aspirada limpasse sua alma ou o estresse.

– Não quero ser uma pedra no seu sapato. – falei, tomei mais um gole.

Yoongi abriu a porta e me viu. Viu Xiumin. Yoongi sorria.

O que foi?, perguntou com os olhos, fechando seu sorriso e a porta.

Tentei parecer bem, eu juro!

– Acredite, você não é uma pedra no meu sapato. – falou. – Olá, Yoongi. Tudo bem? Bom dia. 

– Olá – Yoongi sorriu –, estou bem, e você?

– Estou bem. – respondeu Xiumin. – Dê um jeito no seu amigo. Você é melhor com isso do que eu. – Xiumin sorriu fraco.

– O que foi, Jin? O que aconteceu?

– Explico no carro se não vamos atrasar o Xiumin. – falei fazendo a volta no carro e entrando nele.

Yoongi entrou no carro e ficou no meio e do meu lado. Xiumin ficou na outra janela.

– Foi Namjoon? – chutou Yoongi.

– Jimin. – respondi.

– Jimin? O que tem ele? Ele não tinha ido para o Japão? 

– Tinha. – tomei outro gole de café. 

Senti a térmica mais leve. Talvez estivesse no fim.

– Voltou? – chutou novamente.

– Não sei.

– Calma, me explica, não use meias palavras. – exigiu Yoongi.

– Sabe a ligação anônima que minha mãe recebeu que aí ela ficou sabendo que eu estava no bar beijando o Xiumin?

– Espera, anônima? Eu nem sabia disso, mas continue.

– Era o Jimin. Era a voz do Jimin. Minha mãe reconheceu a voz. 

Tomei outro gole de café e ele acabou.

– O Jimin? Será que sua mãe não se enganou? O Jimin está fazendo a sua vida no Japão, por que voltaria para isso? O pai dele não permitiria. 

– Pelo que parece ele está aqui ou tem alguém aqui que o dê essas informações. – falei.

Senti falta das mãos pelas quais eu necessito. Onde elas estariam agora? Provavelmente em uma clínica.

Precisava/preciso do seu abraçou acolhedor que só você sabe dar, Nam. Espero que esse exame de positivo. Que você tenha mesmo sido drogado.

Yoongi mexeu as mãos no ar: mas onde está o sentido?

– Também não sei, apenas queria que ele aparecesse logo ou sumisse de vez. – disse eu, colocando minha térmica na boca só para lembrar de que ela já estava vazia.

– Ele era possessivo... – refletiu Yoongi para ninguém em especial.

– Ainda é. – o corrigi.

– Mas isso faria você o odiar. Por que ele faria isso? – perguntou Yoongi, tentando desvendar a situação.

– Talvez minha mãe tenha suposto certo. Ele mesmo ligou porque achava que ela o descartaria. Talvez ele quisesse ter o gostinho de fazer isso. Mas a pergunta é: por quê?

A pergunta ficou no ar. Ninguém respondeu.

– Espera, deixa eu ver se eu entendi. O tal Jimin é o seu ex-namorado? Aquele que você comentou comigo que foi para o Japão e tal? – disse Xiumin tentando esclarecer seus pensamentos.

– Isso.

– Acho que faz sentido então ele voltar por isso. Tem caras que não aceitam "perder" para outro. Talvez ele tenha pensado que você, de alguma maneira, esperaria por ele. – sugeriu Xiumin.

– Pode ser. – concordei.

Acho que dei o assunto como acabado, porque ninguém disse mais nada.

Yoongi suspirou, Xiumin olhou para além da janela e eu me escorei no banco. O motorista continuou dirigindo.

Estou angustiado. Não gosto dessa sensação. Quero que o exame de Namjoon saía logo e que Jimin apareça logo.

 Yoongi quebrou o gelo:

– Contei para a Sayuri. 

Olhei para ele.

– Contou o que? 

– Sobre... sobre. – falou, gesticulando como se eu fosse entender.

E entendi.

– Ah, e ela? – perguntei realmente curioso.

– Ela disse que me apoia. – ele abriu um sorriso.

– Hum, isso é bom. Mas você acha que ela vai guardar segredo? 

– Acho que ela não contaria. Isso é uma coisa minha e eu teria que contar. Espero que ela não conte.

Yoongi está com um ar tão descontraído, não sei. Esbanja felicidade mesmo com a boca calada. 

– Se resolveu com Hoseok? – perguntei.

Xiumin abafou um riso. Não foi um riso maldoso, mas ele parecia não querer ter o soltado.

Yoongi tinha aberto um sorriso de orelha à orelha, mas depois do riso de Xiumin nós dois o olhamos.

– Desculpe. – disse ele.

Continuamos sem entender.

– Não me olhem assim. Desculpe, mas, quando eu estava indo para sua casa, Jin, eu vi um garoto. Acho que era Hoseok. Ele estava pulando a árvore que há na sua casa, talvez na janela do seu quarto, Yoongi.

Eu não vi o rosto de Yoongi, mas tenho certeza que ele está mais vermelho que  uma pimenta.

Ele se escondeu nas mãos. e eu fiz cócegas em suas costelas.

– Garanhão! – disse eu, ainda fazendo as cócegas. 

Ele se contorcia e sorria com o rosto nas mãos.

Cessei as cócegas. 

Xiumin se desculpou e Yoongi disse que tudo bem, ainda corado.

– Alguém mais viu? – perguntou Yoongi, preocupado.

– Olhei para os lados e tinha um senhor, mas ele estava longe o suficiente para Hoseok descer da árvore e o senhor pensar que ele só estava andando por aí. Nas casas eu não percebi ninguém. Ainda era bem cedo. 

Yoongi respirou fundo. 

– Meu Deus, que susto. Eu ouvi o celular da minha irmã despertando e acordei no susto. O expulsei da minha casa, praticamente.

– Da sua cama, é importante lembrar. – brinquei.

Xiumin riu e eu também.

– Ah, vá se ferrar. – xingou Yoongi e riu.

– Mas agora é sério, vocês se entenderam? Como foi?

– Sim, nos acertamos. Por favor, Jin, se ele vir falar com você hoje, o deixe pelo menos falar. – pediu Yoongi.

– Falar comigo? – perguntei.

Nossa, tudo o que é mais preciso.

– É, ele está disposto a mudar. – disse Yoongi.

Chegamos na casa de Kookie. Acho que foi Deus dizendo não briguem. Apenas assenti para Yoongi e abri de novo a porta do carro. Xiumin fez o mesmo.

Xiumin veio para o meu lado e disse baixinho:

– Pegue leve com Hoseok. Lembre que mesmo que você não goste dele, o seu amigo gosta. É horrível ter uma relação separada assim.

– Deve ser. Prometo que vou tentar. – respondi.

Eu não gosto de Hoseok, e se tudo que Namjoon diz é verdade foi Hoseok quem nos separou. Não gosto dele, mas farei um esforcinho por Yoongi, afinal, Hoseok está "disposto a mudar."

Xiumin pediu para o motorista buzinar, e o mesmo o fez.

No instante seguinte Kookie saiu pela porta e a fechou atrás de si, vindo ao nosso encontro.

– Bom dia. – falei sorrindo.

– Bom dia. – respondeu e olhou para Xiumin. – Olá, obrigado.

– Olá, o que é isso, não tem de quê. – respondeu Xiumin.

Kookie fez que sim e forçou um sorriso.

Xiumin sorriu um sorriso realmente bonito.

– Pode sentar atrás com o Jin e Yoongi, vou na frente. – disse Xiumin.

Assentimos e entramos todos no carro.

– Ele sabe onde é nossa escola? – perguntei, me referindo ao motorista.

– Eu já o disse. – avisou Xiumin.

O motorista ligou o carro.

Enquanto estávamos no carro, Yoongi contou a Kookie sobre Hoseok.

Kookie perguntou coisas como "como você sabe que ele está mesmo disposto a mudar?", "ele vai falar com os pais seus sobre você?", "você vai falar com a sua mãe sobre a sua homossexualidade?" e "vai contar a ela sobre Hoseok?". Yoongi respondeu coisas como: "Ele disse que me ama. Disse que esperava que eu pedisse a ele algo do tipo – me assumir, no caso.", "Não sei, vai?", "Algum dia vou. Ainda não estou preparado." e "Acho que quando eu me assumir, dependendo da sua resposta, e se ele quiser falar com ela, vou sim."

Yoongi parecia preocupado. Sua mãe iria reagir mal? Hoseok falaria com seus pais sobre ele? 

Contei a Kookie sobre a voz de Jimin e ele disse que não fazia sentido. Quem seria o informante? Não percebemos ninguém estranho nos (me) observando. Era difícil dizer. Ele disse que teríamos que esperar para ver no que daria.

Chegamos na escola. Agradeci ao motorista e a Xiumin. Xiumin disse que foi um prazer e o abracei sorrindo. 

Os meninos agradeceram.

Kookie me olhou de cara feia. Acho que porque abracei Xiumin.

Depois que entramos na escola, perguntei:

– Você tem notícias de Namjoon? 

Yoongi me olhou maravilhado: Você se importa, eu sabia!

Kookie continuou andando e disse:

– Ele está na clínica.

– Ele não vem hoje, não é?

– Provavelmente não. – respondeu.

Vi Hoseok. Ele vinha na nossa direção, mas não exatamente vindo até nós. Ele piscou e sorriu para Yoongi.

Yoongi ficou todo bobo e sorriu piscando e volta. Fingi não ver.

Taehyung entrou em meu campo de visão de mãos dadas com uma garota – a mesma de antes.

Ele cumprimentou Hoseok e a garota que deu um beijo no rosto. Hoseok pareceu não se importar com o beijo, mas olhou para Yoongi para ver se ele se importou. Yoongi tinha fechado o sorriso, mas pareceu não se importar. A felicidade parecia maior.

Fomos ao meu armário.

Coloquei minha outra térmica ali e peguei os livros necessários. 

Depois fomos ao de Kookie, depois ao de Yoongi e tagarelamos por todo o trajeto.

– Olá. – disse Hoseok.

Morre.

Percebi que Taehyung estava junto.

– Oi. – disse Taehyung

– Olá. – respondemos em uníssono, inclusive Yoongi.

– Bom, vim aqui me redimir. Pedir desculpas... por tudo. Eu... desculpe por tudo, Jin. Jungkook, Yoongi, Desculpem. Eu sei que fui um idiota e tudo mais, mas eu estou disposto a mudar agora... por... mudar... mudar por... bom – ele limpo a garganta –, eu gosto mundo do amigo de vocês, garotos, e eu estou disposto a mudar por ele. – disse Hoseok, finalmente.

– Pise na bola que eu piso em você. – disse eu.

Yoongi me deu uma cotovelada.

– Ok, tudo bem. Está desculpado, mas fica o aviso. – disse eu.

"[...]Uma vingancinha idiota de Hoseok[...]" Droga, não sei o  que fazer. Perguntar a Hoseok e ele negar; Ficar quieto e ver o teatrinho.

O que eu faço? "Mas não somos tão idiotas quanto parecemos ser. Posso ser pior que isso."  Droga, não posso deixar meu amigo com um idiota... mas ele gosta dele... droga, beco sem saída, que sinuca de bico.

" – O quê você quer, Hoseok?

– O quê você quer? – perguntou de volta.

– Paz. – dissera eu.

Ele sorriu sem humor.

– Você está de brincadeira?"

– É. – disse Kookie, fazendo-me acordar do devaneio.

– Bom – disse Taehyung –, quero pedir desculpas pelo dia que eu derrubei sua bandeja de almoço, Seokjin. Queria me desculpar por ser um completo idiota e provocar você. Sinto muito.

Ele pareceu mais sincero, não sei.

– Tudo bem. – falei.

Kookie me olhou: Mesmo?

– Só quero ficar em paz logo – disse Taehyung por fim –, e, como eu disse, podem me chamar de Tae ou TaeTae, como preferirem. – ele sorriu, parecia bem. Não parece um idiota.

– Prefiro Taehyung. – disse Kookie seco.

– Foi como eu disse: como preferir. – disse Taehyung com o mesmo sorriso.

Kookie desviou o olhar.

Hoseok foi até Yoongi e passou seu braço pelos ombros do mesmo, remetendo a um garoto muito feliz.

Não sei se sou capaz de destruir esse sorriso querendo questionar Hoseok e estragando tudo entre eles.

Não sei o que fazer.

* * *

Na hora do almoço Hoseok esperou comigo e com Kookie por Yoongi. Como Taehyung vem junto no pacote, esperou também.

Vi Namjoon sair junto com Yoongi da sala. Meu primeiro impacto foi levar um susto. Meu​ coração acelerou.

Meu segundo impacto foi olhar para Kookie. Não sei porque, acho que meio  que querendo uma resposta. Eu não esperava o Nam ali.

Desculpe, Namjoon ali.

Então Namjoon me viu e tentou sorrir. Quase sorri de volta, mas apenas olhei para Yoongi que olhava para Hoseok. Namjoon percebeu a presença de Hoseok ali com Taehyung e pareceu não se importar. Quem sabe Yoongi tenha dito a ele.

Hoseok e Taehyung tagarelavam. Eu e Kookie estávamos quietos até o garoto dizer baixinho:

– Não sei se aguento. 

– Aguenta? – perguntei meio confuso.

Ele gesticulou com a cabeça para Hoseok e Taehyung.

Soltei o ar.

– É, eu também não. – pausa. – Acho que devo isso ao Yoongi, não sei ao certo.

– Como assim? Ah. A carta de Namjoon, você se refere, não é?

Assenti.

– Pois é, quem sabe você puxe Hoseok, junto de Namjoon, para conversar. É a melhor coisa a se fazer. – sugeriu Kookie.

Antes que eu pudesse responder, Namjoon chegou bem próximo a mim que poderia me agarrar se quisesse. Senti sua respiração.

– Você recebeu as minhas flores? – perguntou.

Arrepiei-me e me contive para não me jogar em seus braços dizendo: "eu te perdoo, eu te amo, nunca mais vamos brigar!", mas fiquei parado. 

Vi Yoongi ir para junto de Hoseok, mas ficar nos observando com olhos atentos.

– Recebi. – falei.

– E...? 

– E que eu não posso te perdoar por dizer coisas bonitas. 

– Não quero que você me perdoe, apenas me dê tempo. – disse ele.

– Estou te dando. – disse eu.

– Obrigado. – pausa. – Eu te amo, Jin. – cochichou ele.

Por que você não toma atitude e me abraça? Preciso tanto do seu toque agora... queria sentir que estou seguro e que posso enfrentar Hoseok e Jimin (Taehyung, quem sabe?). 

Eu sei que você não me traiu, Namjoon, mas eu preciso te dar essa lição para você aprender que as pessoas não são tão boazinhas quantos parecem ser.

No início passou pela minha cabeça que Namjoon podia realmente ter me traído, mas depois comecei a pensar que ele não seria capaz de fazer isso comigo, ou com ninguém que ele pelo menos goste. Ele podia ter me  traído, porque vi com meus próprios olhos, mas acreditava também que ele não havia o feito pelo fato de eu amar ele e acreditar que ele me ama também.

Depois da carta, me resta só 5% de dúvidas da traição. Tudo se encaixa e tudo faz sentido. Por que Hoseok ainda não fez nada contra mim, nem contra os meninos? Por que eu receberia aquelas mensagens? Tenho de concordar com Xiumin, se ela fosse a outra realmente, Namjoon a odiaria por isso.

A não ser que... droga! Hoseok esteja com Yoongi para se vingar. 

Espere, se ele está com Yoongi para se vingar, quer dizer que Namjoon estava me traindo, o que não sei se faz sentido. – Ou faz, mas quero acreditar que Namjoon não me traiu e que Hoseok esteja mesmo arrependido, ou que pelo menos goste do meu amigo.

Assenti para Namjoon.

Andamos até o refeitório. 

A namorada de Taehyung apareceu com uma amiga, toda sorridente, e deu um beijo na boca de Taehyung. Continuamos andando.

Ela não questionou nada – pelo que eu ouvia ela falando. – Ela falava só sobre ela mesma, sobre shopping, roupas e gloss. 

Entramos na fila. Peguei uma bandeja e fui colocando coisas no meu prato e todos tagarelavam. Inclusive Kookie que acabou falando com quem estava ao seu lado: Taehyung.

Sua namorada estava só falando sobre ela mesma que ele resolveu não comentar. Aí ela se virou para a amiga e falava com ela. Taehyung puxou assunto com Kookie que não estava afim, mas no fim cedeu.

Yoongi falava com Hoseok, e estava todo sorridente. Amo ver meu amigo feliz.

Eu servia minha comida em silêncio, e me senti meio mal por só eu e Namjoon estarmos calados. Me senti mais mal por ele do que por mim próprio.

Eu seria fraco por falar com ele estando na situação em que estamos? Mas somos amigos, antes de sermos namorados, tenho de reconhecer.

Puxei assunto. Ele pareceu tranquilizar,  e só então percebi que ele estava rijo.

Fomos nos sentar e todos tagarelávamos. 

Namjoon falava algo sobre sua mãe ter feito bolo e coisa e tal.

Eu comia. Taehyung sentou-se do lado de Namjoon e puxou assunto com ele.

Sai, ele é meu!, Senti vontade de gritar.

Taehyung se desculpou com Namjoon sobre o dia da briga. Namjoon assentiu e disse "ok." E continuou falando comigo.

O dei mais atenção: Ele é meu, vaza!

Taehyung não desistiu. Ele tentou entrar no assunto e Namjoon e eu fomos robôs com ele: "Ah.", "Hm.", "Legal.", "Mesmo?" e "U-hum." Mas mesmo assim ele continuou ali. Ele não perdia o sorriso do rosto, parecia mesmo não se importar.

Até que ele se tocou, eu acho, e foi falar com a sua namorada, que continuou falando de shopping, roupas e gloss. Ele parece estar com ela porque fazem um casal bonito, e não porque gosta dela. Ele parece não a suportar. Quem sabe seja só meu ponto de vista.

Namjoon continuou falando e eu continuei comendo e o ouvindo.

Hoseok falava com Yoongi, que sorria e falava também.

"Hoseok não parece nada mal, nada mal mesmo. Ele parece ser um cara legal, não sei porque, mas ele parece. Ele parece."

Eu devo dar uma chance a ele? Merda, eu não sei o que fazer.

– Jin... você está me ouvindo? – perguntou Namjoon.

– Ah. – disse eu, acordando do devaneio. – Estou sim. 

– Então o que eu disse? 

– Desculpe, Nam... eu não estava ouvindo. Desculpe. 

Ele sorriu com o canto da boca e quase fraquejei DE NOVO!

– Tudo bem. – falou. – No que está pensando? 

Joguei a cabeça para Hoseok e Yoongi.

– O que tem eles? – perguntou.

– Hoseok sempre foi idiota e de repente isso? – insinuei, mostrando Taehyung e ele ali, e a situação em si.

– As pessoas podem mudar por amor. Você não acredita nisso?

– Vindo de Hoseok não. Sempre vou ter um pé atrás. – falei. – E também tem que ele aprontou para n... – e quando eu percebi já tinha dito.

– Aprontou para... – disse Namjoon, querendo que eu terminasse. Mas ele sabia o que eu ia dizer.

Sorri amarelo, negando.

– Enfim, aprontou muito. As desculpas de Taehyung para mim foram mais sinceras, apesar de me doer ter de dizer isso.

– Dói?

– Ele derrubou meu almoço... me xingou no primeiro dia dizendo que eu não comia a fruta certa... e tal. 

Namjoon pensou.

– As pessoas podem mudar, Jin. Apesar de eu querer mata-los, eu vou deixar e ver no que dá. Mas se você quiser, podemos chama-los de canto e conversar com eles.

Achei uma boa ideia.

Assenti.

– É, pode ser. – concordei.

– Jin. – chamou Kookie.

– Oi.

– Tudo certo para eu ir estudar na sua casa hoje? – perguntou.

Kookie não esquece das coisas rápido, mas se passa pela cabeça dele, ele precisa dizer.

– Sim, tudo certo. – respondi.

– Vai estudar na... – Namjoon não conseguiu continuar a frase. O mesmo foi interrompido.

– Ah! Vocês vão estudar para física?! Meu Deus, eu não entendi NADA! Posso estudar com vocês? – perguntou Taehyung.

Puta merda, me deixe em paz!

Kookie me olhou: você que sabe.

– Taehyung, por quê? – perguntei.

– Por que o quê? – ele pareceu confuso.

– O que é isso tudo? Nós não somos amigos. – falei.

– Mas eu pensei que... 

– Pensou errado. – o cortei.

– Jin, pegue leve. – disse Namjoon.

– Pegue leve?! Ele foi um babaca e acha que vai entrar na minha vida e na minha casa fácil assim, com apenas um pedido de desculpas?!

– Olha o jeito que você fala com o meu namorado, seu idiota! – disparou a namorada de Taehyung.

Eu enchi os pulmões para a xingar, mas Taehyung fez um sinal com a mão para ela ficar quieta e disse:

– Jin, o que você quer? Eu pedi desculpas e estou tentando ser amigável por todos esses anos de briga.

– Você quer ser amigável agora? Do dia para noite?

Vi Taehyung e Hoseok trocarem olhares.

– Apenas me desculpe. – disse ele. – Eu estou arrependido.

– Ah, sim. Senta lá. – falei irônico.

– Seokjin, que droga, cara! Me dê um voto de confiança, pode ser? – disse Taehyung.

Pensei sobre.

– Ok. – falei num suspiro, me acalmando.

– Posso ir estudar com vocês? – perguntou devagar como se eu tivesse problemas ao identificar as palavras. 

Suspirei.

– Não seja um idiota. – avisei num outro suspiro.

– Não vou. – e abriu um sorriso.

Kookie parecia esperar um não, porque ele fechou os olhos e respirou fundo.

Yoongi sorriu, como quem diz: Meus filhos estão se entendendo!

Hoseok continuou sem expressão e voltou a falar com Yoongi.

– Onde você vai estudar? – perguntou Namjoon.

– Na minha casa. – disse eu.

– Tome cuidado. – alertou ele.

Sei o que ele está pensando. Hoseok fez tudo isso e pode ter tido ajuda de Taehyung. Praticamente, eu estaria lidando com fogo dentro da minha própria casa.

Yoongi pareceu esquecer da ameaça de Hoseok – do "esperem". Ele pareceu esquecer de tudo.

Eu sou um idiota quando estou apaixonado?, me próprio questionei.

Preciso dar um "sacode" nele.

Depois levamos nossas bandejas e pratos de volta e todos saímos do refeitório. 

– Como foi lá na clínica? Pensei que você não viria hoje. – disse eu.

Namjoon pegou meu pulso, fazendo-me parar de andar. 

Olhei para ele e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa seus lábios estavam nos meus.

Correspondi e senti amor; senti também suas mãos em minha cintura me puxando cada vez mais para próximo dele. 

Era disso que eu precisava. Do seu toque. Me sinto seguro; me sinto capaz de enfrentar tudo isso; me sinto bem.

Até eu me lembrar do que aconteceu e me distanciar dele.

– Você está maluco?! – quase gritei.