História After all, I love you – NAMJIN - Talvez se você me contar quem é o seu chefe

Jin 

Estou com um pouco de medo do Jimin. E por isso tenho me cuidado muito na rua; tenho me cuidado até dentro da escola porque não sei se tem informantes lá. 

Com me cuidar, eu digo não andar abraçado em Namjoon; o que tem sido difícil. Mesmo eu tendo me assumido para meus pais, eu tenho que me esconder; o que eu achei uma completa injustiça. Mas para o bem de todos vamos nos cuidar; vamos todos nos cuidar.

Estou achando estranho o sumiço dele. Sumiu completamente. Já faz uma semana que não tenho nenhum tipo de notícia dele e nem de Minseok, e isso está me apavorando. Fui atrás de Jimin, mas ele não me atende; liguei para Minseok, mas foi a mesma coisa; falei com Hoseok e Taehyung, mas eles disseram que não falam com Jimin há uma semana e meia. 

Estou pirando. Mas, em compensação, meus amigos já estão consideravelmente voltando às suas rotinas. 

A mãe de Yoongi foi falar com ele há alguns dias. Disse ao garoto que se arrependia por ter dito aquelas coisas e que foi muito errado. Ela disse que apenas estava num momento ruim, e para completar tudo ela recebeu aquela ligação anônima e pirou; disse coisas que não devia dizer; coisas que ela não sentia realmente (o que eu discordo, porque no momento da raiva você fala o que quer dizer. Mas não falei isso ao garoto). Ela acrescentou também que ama muito o Yoongi e que ela apenas ficou assustada. Finalizou dizendo que não quer perder mais ninguém em sua vida, sendo Yoongi o seu neném e que iria continuar sendo. Que ele a desculpasse por aquele ato ridículo (ela usou essas palavras, segundo ele) e que ela o ama acima de sua sexualidade, e ela não aguentava mais ele a evitando dentro de casa.

Yoongi concordou e os mesmo se abraçaram com ela o convidando para os três tomarem um sorvete em uma praça qualquer.

Sim, ela também se resolveu com Sayuri. Só que foi mais natural, claro, já que Sayuri disse que havia ido ao shopping e não para a casa de Kyungsoo. 

Ela pediu desculpas a Sayuri por ter feito aquele escândalo todo no meio da praça e ter sido rude, é que ela já estava nervosa pela situação do Yoongi que acabou despejando mais do que devia na garota. Todavia, mesmo assim, Sayuri não podia cabular a aula para ir ao shopping já que ela tem o final de semana para fazer isso, e que não interessa que a droga do filme inaugurou naquele dia. 

E, no fim, todos ficaram de bem e ela devolveu os seus celulares e os mesmos continuarão recebendo suas mesadas.

Yoongi disse também que a mãe dele comentou na praça sobre conhecer o garoto que estava com o braço a sua volta naquele dia. Yoongi disse que tudo bem, só que tremendo de medo.

Falando no garoto, Hoseok se assumiu para os pais – o que eu pensei que seria bem complicado, mas não. Eles foram atenciosos e apenas disseram para Hoseok se cuidar (se prevenir) e não ficar pulando de galho em galho, porque isso é safadeza e não ser homossexual. Quando enchi os pulmões para debater com Hoseok sobre isso, ele disse acrescentou antes de mim: "eles não disseram isso só porque eu sou bi, mas sim porque não admitem mesmo, porque quando eu comecei a namorar com algumas garotas minha mãe interveio para eu não ficar pulando de galho em galho porque isso era safadeza e não ser homem", e então eu fechei a boca. Pelo menos isso, pensei comigo mesmo.

Ele foi falar com a mãe de Yoongi e deu tudo certo, segundo eles. Ela gostou de Hoseok.

E, finalmente, Jungkook pegou o seu exame na clínica.

O garoto estava nervoso demais e pediu para eu ir até lá, às lágrimas, para o ajudar a abrir. No fim, eu tive que abrir para ler.

Mesmo não entendo nada, deduzi que pelo "não reagente" que tinha lá, o garoto não devia ter nada. Olhei direito e ainda pedi para ele ler também, fazendo-o abrir um sorriso maior que sua cara podia e me abraçar apertado, exclamando: "Jin, eu sou saudável! O Taehyung também! Ah, meu Deus!", e saltitando. Saltitei junto, feliz por meu amigo ser saudável e por Taehyung não ter feito nada além de querer ser feliz com quem gosta.

Pensei que Jeon Jungkook daria para trás, mas no dia seguinte ao do exame ele falou com os pais. A mãe do garoto de imediato não falou nada, mas o seu pai sim: "não conte para ninguém" e o Kookie sentiu a raiva e a tristeza subirem por todo o seu corpo e saírem em formato de lágrimas. Seu pai não concordou com nada disso da forma esperada, dizendo para o garoto fazer o que quisesse, desde que ninguém da família soubesse e ele continuasse tirando boas notas na escola, caso contrário ele resolveria isso do seu jeito.

Jungkook me contou que não soube responder e continuou chorando, então seu pai saiu, dizendo: "tinha que ser bichinha mesmo", e a mãe o abraçou, dizendo ao pé do seu ouvido que estava tudo bem e que ela estava do seu lado, que ela não deixaria o pai do garoto agir assim com ele, não mais, e que para ela estava tudo bem. Disse também para ele se cuidar (no modo garotos; se proteger) e ter paciência com o seu pai, porque fazê-lo aceita-lo seria uma tarefa difícil. Jungkook assentiu e murmurou um "obrigado", voltando a chorar de dor. A mãe dele o apertou mais contra seu peito e disse que não precisava agradecer, que ela apenas estava o apoiando como ela disse que sempre faria.

Kookie finalmente foi falar com Taehyung, e, até onde sei ou me contaram, Taehyung disse que o ama (o que eu achei um pouco forte) e que por ele tudo bem os obstáculos no meio do caminho, desde ter que falar com os seus pais, a ter que falar com os pais de Kookie, o preconceito e etc. Que ele estaria ali com Kookie e que tudo seria no tempo dele. (tá, eu achei fofo, confesso.)

A suspensão de Namjoon estava andando perfeitamente. Até que ontem ela teve um fim e agora Namjoon pode ficar fazendo vários nadas a tarde toda. Hoje ele me disse que iria até a casa do Yoongi jogar vídeo game.

Falei para Yoongi não abrir o bico a respeito do meu serviço – do porquê estou fazendo isso –, porque se não eu ia o matar. Ele riu e disse que tudo bem.

– Jin – disse Haewon, acordando-me do devaneio enquanto eu limpava as mesas –, tem um tal de Jimin querendo falar com você. Ele está lá fora.

Me assustei ao ouvir o nome do Park, fazendo o meu coração disparar, mas ao mesmo tempo fiquei confuso: como ela sabe que ele está lá fora?

– Ele ligou para cá – respondeu ela para a minha expressão de questionamento –, e então o Hyun disse para eu te avisar.

– Ah, ok. – concordei, tirando as luvas.

– Hyun te deu quinze minutos já que estamos sem movimento hoje. – disse ela, olhando em volta.

Olhei também, mesmo sabendo que era verdade, porque normalmente eu não consigo ficar viajando na maionese como agora a pouco.

– Tudo bem, só vou levar o balde lá para trás.

Ela assentiu e foi atender alguém.

O que ele quer aqui? Depois de uma semana ele surge do nada e logo no meu serviço? Bom, pelo menos foi aqui, e não na escola em um momento desprevenido com Namjoon, pensei, indo levar o balde e largando meu avental por lá.

Voltei e assenti para Hyunshik: estou saindo.

Ele assentiu de volta: vai lá.

Minhas mãos estavam molhadas de suor frio, mas segui em frente, saindo pela porta da frente.

Olhei em volta e vi o Jimin ali, escorado em seu carro ao lado da cafeteria. Talvez se ele se esticasse um pouco conseguiria olhar lá dentro.

Me aproximei com passos indecisos, mas rápidos.

Toda a vontade que eu tinha de dar uns bons socos em seu rosto se esvaiu toda quando ele levantou o olhar até os meus. Havia tempos que eu não o via assim. Na verdade, eu nunca o vi assim.

Ele estava realmente mal por alguma coisa. Estava com olheiras fundas e com as bochechas e o nariz rosa – aquele rosa pós-choro – e seus olhos estavam vermelhos de choro também.

– Oi, Jimin – falei calmo e triste por ele.

– Olá, Jin – e me lançou um meio sorriso triste.

– O que aconteceu? – procurei saber com a voz embargada.

– Aconteceu que eu não aguento mais... – ele falava do mesmo jeito que eu.

Essa rua nunca é silenciosa desse jeito, mas hoje ela está incrivelmente quieta e me peguei perguntando-me mais cedo se hoje seria feriado.

Meu coração disparou ao ouvir o que ele falou, mas tentei continuar da mesma maneira.

– Não aguenta mais o quê?

Ele levantou os olhos aos meus mais uma vez e ficou alguns instantes em silêncio, apenas me observando, então de repente seus olhos se encheram de lágrimas e ele fez uma careta triste franzindo a testa.

– Eu achava que te amava – começou, abaixando o olhar para o asfalto, e eu vi as lágrimas escorrerem gentilmente por suas bochechas –, mas a verdade é que eu preciso de ajuda...

– Hã? – e eu de fato estava confuso.

– Eu amo você, Jin, mas eu confundi as coisas após um tempo.
"O Minseok me convenceu de que eram coisas erradas, e eu estou disposto a mudar.
"Ele disse para eu vir falar com você para consertar tudo... e eis o que estou fazendo... mas eu não sei por onde começar... – ele gaguejou – e-e-eu... – e caiu no choro, colocando as mãos no rosto.

Mesmo eu o odiando muito, do fundo do meu coração, eu ainda tenho um carinho muito grande por ele, do fundo do meu coração também.

Abracei-o e ele chorou no meu ombro, pedindo desculpas repetidas vezes e eu dizia que o desculpava, passando a mão por suas costas, dizendo também para ele se acalmar.

Logo que se acalmou, o soltei gentilmente e observei ele secar suas lágrimas.

Suas mãos estavam com marcas de feridas – marcas roxas e um pouco inchadas.

Eu pensava que ele não fazia mais isso.

Há muitos anos – há muitos anos mesmo –, quando ele ficava muito zangado, zangado ao extremo, o garoto socava a parede, o que fazia-o ficar calmo.

Uma vez ele quebrou dois dedos da mão direita e eu tinha que pegar os cadernos de seus colegas emprestado para copiar a matéria para ele nesse meio tempo enquanto o mesmo só ia para ouvir a explicação.

Esperei ele se recuperar e o mesmo começou a falar tudo o que eu já sabia, mas acredito que ele pense que não, pelo modo em que falava.

Ele falou que era ele quem estava "arruinando" a minha vida.

Pedia para eu não ficar bravo, mas que foi ele quem ligou para a minha mãe naquele dia em que eu estava no bar. Ele contou que sabia disso porque grampeou o celular dela, mas que eu não precisava me preocupar, porque ela não fez aquilo por mal. Segundo as ligações ao meu pai, era tudo para eu me assumir e ver se era o que eu queria – que não era por mal. (O que eu acreditei ser verdade, porque ela me falou isso, e agora ele está reconfirmando.)

Perguntei-me se ele grampeou o meu também, mas não importa agora.

Ele também confessou que pagava os garotos para fazerem tudo aquilo, que eu já devia saber, mas que provavelmente não tinha acreditado. E tudo isso havia apenas um intuito: arruinar a minha vida enquanto eu estivesse com o Namjoon para eu terminar com ele.

O que faz algum sentido, o que me remete a vez que Hoseok drogou Namjoon.

O que não faz sentido foi logo no início, quando eles ficavam me xingando.

Perguntei ambas coisas para o Jimin e ele disse que queria fazer-me sofrer o suficiente para o procurar, o desbloquear nas redes sociais e falar com ele para o mesmo achar a solução, o que obviamente ele tinha.

– Você sabe que isso foi bem egoísta, não sabe?

Ele assentiu fraquinho, continuando a falar.

Disse que foi o chefe dele que mandou o Hoseok drogar o Namjoon, não ele, mas que mesmo que ele não tivesse bolado isso, tinha assinado em baixo porque isso desencadearia em minha separação com o Namjoon e para o Minseok reaparecer, para que automaticamente o Jimin tivesse notícias minhas bem de perto e a todo instante; que eu me abriria com o Minseok – o que não acontecia com o Hoseok e com o Taehyung – e ele ficaria informado a meu respeito. 

Arrepiei-me, fazendo-me ter medo do Jimin e do que mais ele devia saber sobre a minha vida.

Além de fazer Minseok reaparecer, ele sabia que eu me daria bem com o ele, porque o Minseok é sociável demais e conquista todo mundo com o seu jeito carismático e compreensível. Tive que concordar, afinal.

Ficamos alguns minutos em silêncio, até que eu disse com a voz leve feito uma pena:

– Por que eu acreditaria em você? Eu... eu não tenho o porquê de acreditar em você depois de tudo o que você fez...

Ele levantou seus olhos do asfalto para me fitar mais uma vez, e fiquei com um pingo de medo.

– Eu não sei. – respondeu.

E o questionamento final veio na minha mente:

– Talvez se você me contar quem é o seu chefe.