História After All This Time - (Harmione) - Mais uma dança

Os dias de agosto se passaram rapidamente sem nada de novo acontecer. Ninguém sofreu mais nenhum tipo de ataque, nem no Largo Grimmauld, nem em qualquer outro lugar. O rosto de Harry mais uma vez estampou a capa do Profeta Diário por dias quando a notícia do ataque que sofreu em sua casa se espalhou. A família Weasley passou a mandar cartas com mais frequência, e Rony não deixava passar um dia sem ter contato com os dois amigos.

Com os dias se passando sem novos ataques, Hermione continuava preocupada, mas muito mais calma. Depois de uma semana se abrigando no quarto de Harry à noite, ela voltou a dormir no seu quarto e as coisas voltaram a ser como era antes, embora Harry tenha passado mais uma semana inconscientemente tendo cuidado para não rolar na cama durante a noite e bater na amiga, que não estava mais ali, mas acabou se acostumando com sua presença.

Ele não podia sair de casa por proteção, o que lhe deixou aborrecido, mas concordou em obedecer a ordem de Kingsley. O tempo preso fez com que a casa estivesse praticamente pronta, a única coisa que faltava era um dos quartos, o do irmão de Sirius, Régulo Black.

Faltavam apenas quatro dias para o regresso à Hogwarts e era o dia em que Hermione faria uma viagem para ver seus pais. Com o recente ataque, ela decidiu que deixaria os pais sem as memórias por mais tempo, mas queria vê-los pessoalmente antes de voltar à Escola, mesmo que não pudesse falar com eles. Harry se ofereceu para ir junto, mas ela negou categoricamente, dizendo que seria perigoso para ele sair assim.

- Harry, já decidimos isso a dias. Você não pode ir comigo.

- Vai ser irritantemente monótono ficar aqui sozinho. - o garoto dizia enquanto os dois estavam na mesa da cozinha, e Hermione lia o Profeta daquele dia.

- Faltam poucos dias pra voltarmos à Escola e vamos nos ver no Expresso de Hogwarts.

Harry bufou se rendendo e pegou a coluna de Esportes do jornal que estava em cima da mesa, que Hermione colocara porque nunca lia essa coluna.

Ele começou a ler, sem dar muita atenção, uma matéria aleatória sobre o time Caerphilly Catapults que estava na frente no Campeonato de Quadribol e a foto do apanhador voando de um lado para o outro com o pomo de ouro na mão estampava a notícia.

- Harry, por favor, não fique assim. - Hermione voltou a falar colocando o jornal de lado e percebendo que o amigo não estava com uma cara boa.

- Tudo bem, Mione. São seus pais, você tem que ir vê-los. Só é insuportável ficar preso dentro da própria casa depois de tudo que eu passei pra me ver livre dessa proteção toda.

- Não vamos pensar nisso agora. Você quer terminar o último quarto?

- Sim, vamos. Pelo menos nos distraímos. - largando a outra parte do jornal na mesa, ele seguiu a amiga para o andar de cima e começaram o que realmente virou uma distração para os dois, porque quando estavam pintando as paredes, acabavam se divertindo com as conversas e risadas que davam.

Quando a última parede do quarto foi terminada já era fim de tarde e um sol já se pondo entrava pelas janelas. Harry olhava para o quarto com um olhar diferente, ele apontou a varinha mais uma vez para a parede, e um Pelúcio apareceu desenhado. O desenho andava rapidamente de uma parede para outra fazendo os dois o seguirem com os olhos.

- Acho que ele vai gostar.

- Ele quem? - Hermione perguntou ainda observando o desenho se movendo pra lá e pra cá de forma engraçada.

- Teddy. - Harry respondeu e a olhou – Quero que esse quarto seja dele. Você sabe… se ele quiser dormir aqui ou passar alguns dias.

- Tenho certeza que ele vai adorar. - ela falou sorrindo para o amigo e passou a mão nos cabelos bagunçados dele – Bom, eu tenho que ir arrumar minhas coisas para a viagem, quero sair depois do jantar.

- Eu posso cuidar do jantar, não se preocupe, vá arrumar suas coisas. - os dois sorriram e ela já ia saindo do quarto quando ele a chamou – Hermione. - a garota voltou a olhá-lo – Obrigado por me ajudar com a casa.

Ela sorriu em resposta e saiu. Então Harry teve uma ideia. Mas como conseguiria se não podia sair de casa? Logo a resposta veio em sua mente.

- Monstro?

E com um estalo, o velho Elfo Doméstico apareceu se curvando em uma exagerada reverência.

- Meu senhor Harry Potter chamou Monstro?

- Chamei sim. É bom vê-lo Monstro.

- Monstro também está feliz em ver o seu senhor. - o elfo falou voltando se curvar.

- Monstro, preciso de sua ajuda. Preciso que traga algumas coisas pra mim.

Quando anoiteceu, Hermione desceu as escadas em direção à cozinha carregando sua bolsinha, onde carregava tudo que precisaria para a viajem que faria em pouco tempo. Estava quase na cozinha quando começou a sentir o cheiro do jantar e ouviu um rádio tocando baixinho. Ao passar pela porta seu queixo caiu. Harry estava sentado à mesa forrada com uma toalha vermelha, um belíssimo jantar se encontrava ali e acima de sua cabeça, várias velinhas flutuavam no ar.

- O que...? Como...?

- Pensei em fazer esse jantar de agradecimento. - ele respondeu à pergunta incompleta

Hermione abriu um sorriso e se juntou a ele na mesa.

- Está tudo maravilhoso.

- Bem, tive ajuda do Monstro. - ele falou começando a servir a amiga.

- Monstro está aqui?

- Sim, eu o chamei. Mas o mandarei de volta a Hogwarts em breve. Sei que ele gosta de lá.

- Você ficará bem sozinho? Quero que me prometa que não vai sair e nem se arriscar enquanto eu estiver fora.

Harry riu.

- O tom autoritário de sempre. Não estou reclamando. - ele se apressou em acrescentar quando viu que Hermione começou a fazer uma expressão afetada - Gosto de você assim.

Os dois sorriram.

O jantar se passou com muitas conversas e risadas, e quando toda a comida terminou, os dois continuaram conversando. Harry estava zoando Hermione quando eles estavam conversando sobre as reuniões do clube do Slughorn, se perguntando se ainda teriam que ir esse ano, e Harry lembrou da amiga fugindo de Córmaco McLaggen e os dois acabaram rindo ainda mais dessa história. E nessa hora a música que estava tocando no rádio se sobressaiu das risadas, o volume ainda estava baixo, mas eles a reconheceram. Era a música que tinha tocado quando eles dançaram na barraca meses atrás, quando Hermione estava desanimada por Rony ter ido embora, e Harry, com um ato de verdadeira amizade, tentou animá-la.

Os dois olharam para o rádio e logo depois se encararam e sorriram. Ele se levantou e estendeu a mão, e quando a amiga a segurou, ele a rodou e começaram a dançar pela cozinha com os sorrisos estampados nos seus rostos. Harry sentiu a sensação de leveza que sentiu na primeira vez que dançou a mesma música com Hermione. Apesar de estarem correndo perigo da outra vez, ele se sentiu extremamente bem e, agora, em circunstâncias totalmente diferentes, a dança se repetia, trazendo a sensação de que tudo estava bem naquele momento que era só deles.

Quando a música acabou, os dois viraram de frente um para um outro. Hermione segurou a cabeça de Harry com as duas mãos e lhe deu um beijo na testa ficando na posta dos pés.

- Vou sentir sua falta.

Ele sorriu para ela, que apanhou sua bolsinha e os dois se dirigiram para a entrada da casa.

Hermione foi para o lado de fora para poder desaparatar, agora que o local estava cheio de proteção não se podia aparatar dentro da casa. Harry continuou dentro de casa, com o ombro encostado na porta aberta, olhando para a amiga.

- A gente se vê na Plataforma nove três quartos? - ele perguntou.

- Espero você lá.

E com um último sorriso de um para o outro, Hermione girou nos calcanhares e desapareceu. Harry voltou para a cozinha, apagou algumas velinhas ainda acesas e escutou quando Monstro se aproximou.

- Olá Monstro. Você pode voltar pra Hogwarts, mas será bem-vindo aqui sempre que quiser voltar.

- Como o meu senhor quiser. - o Elfo doméstico falou fazendo a sua extravagante reverência, mas antes que se levantasse, ele parou olhando para o Profeta Diário daquele dia, que agora se encontrava jogado no chão.

- Monstro? - Harry o chamou, percebendo o olhar do Elfo vidrado no jornal.

- Monstro já viu esse homem. - Harry percebeu que o olhar vidrado era de medo.

Harry se abaixou pegando o jornal e viu que o Elfo se referia ao jogador de quadribol da notícia que havia lido mais cedo.

- O apanhador do Caerphilly Catapults? - ele perguntou confuso.

- No dia em que o senhor Régulo levou monstro para o Lorde das Trevas, Monstro viu esse homem. Ele estava lá. Ao lado dele. Ao lado do Lorde das Trevas.

Harry arregalou os olhos e encarou mais uma vez a foto no jornal. Será que um Comensal da Morte estava a solta e ninguém teria a mínima suspeita?