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História After all this time - Sem amparo, sem abrigo, perigo em qualquer lugar


Escrita por: voc1

Notas do Autor


Oooi gente, voltei õ/ Desculpe o sumiço, sabe como é... ENEM! Como agora não preciso estudar para esta porra, eu vou TENTAR atualizar toda semana, okay?!
340 favoritos ♥♥♥♥♥ CARA COMO EU FIQUEI FELIZZZZZZ
Bem vindas pessoas novas ♥
Bom capítulo procês

Capítulo 31 - Sem amparo, sem abrigo, perigo em qualquer lugar


A chuva castigava Clarke e Octavia. Os pingos grossos e gélidos eram uma forma do céu lavar as memórias do que ele tirou da Terra.

Octavia fazia seu cavalo cavalgar a esmo, elas não tinham para onde ir, à frente, ao lado, atrás... estavam cercadas por inimigos. Eram duas mulheres contra um exército inteiro, então cortavam entre um e outro, tentando achar uma parte da floresta em que pudessem se esconder, achar alguns de seu povo. E elas encontraram. Mortos. Corpos lívidos ao chão. Vísceras saindo dos rasgões abertos por espadas e facas. Flechas fincadas em peitos uma vez tão autoritários, tão cheios de vida. O pior eram os gemidos dos que ainda agonizavam, morrendo aos poucos, mas elas não podiam parar. Se parassem, morriam. Era simples. Se não continuassem cavalgando seriam uma adição aos corpos que enfeitavam o chão, que tinham o sangue vermelho espalhado pela chuva que percorria o solo como um rio com suas pequenas correntezas.

Clarke continuava sem dizer nada. Parecia ter sido sugada por um buraco negro onde de repente tudo o que amava, tudo o que conhecia, tudo o que era concreto em sua vida fora tirado de uma vez. Ela se sentia como uma observadora qualquer. As flechas que ricocheteavam nas árvores, os gritos, a correria, as palavras ácidas de Octavia: “CLARKE FAÇA A PORRA DE ALGUMA COISA”... Nada disso parecia ser dirigido a ela. Olhou para o chão e viu a lama se espalhando à medida que o cavalo dava fortes pisadas. Sem Lexa ali ela não sabia como prosseguir. O que fazer? Para onde ir? Em um instante sua vida parecia não ter mais propósito. Ela sempre estivera pronta para lutar pelo seu povo, não importa como, não importa o que lhe custasse... Ela sempre aceitara os termos. Mas eles deixaram de ser sua prioridade no instante em que aceitara as próprias palavras que um dia disse a comandante: a vida deve ser mais do que apenas sobreviver. Quando aceitou ficar com Lexa depois que todo aquele terror passasse Clarke passou a lutar pelo futuro que as duas compartilhariam juntas. Começara a lutar por uma vida, era sobreviver para poder finalmente viver. Agora tudo era... vazio. Sua vida não tinha mais um norte. Mesmo que conseguisse derrotar todos eles o que lhe sobraria no final?

- Clarke?! – Octavia continuava gritando. – Clarke faça alguma coisa! – A guerreira implorava para que a amiga traçasse algum plano. Ela não era boa nisso. Octavia sempre fora a que estava pronta para luta. A que estava preparada. Armada. Sempre seguira as ordens. “Vai lá e lute por mim, lute pelo nosso povo, lute por nós!”. Nunca fora a que bolava os planos, a que criava estratégias de batalha.

Os inimigos pareciam surgir de todas as direções, brotavam das árvores, do chão, da esquerda, da direita, de trás e à frente. As duas mulheres estavam no olho do tornado, no centro da confusão, na ponta da esfinge da morte. Octavia continuava gritando, tentando trazer Clarke de volta à realidade, mal ela sabia que a amiga já estava ciente do presente, e ele era tão fodidamente assustador que a deixava estática. Clarke pensava em como as coisas da vida são efêmeras, em como um segundo de felicidade transforma-se em dor em um átimo, um instante mais rápido que um piscar de olhos. Pensava em como há horas atrás estava na cama com Lexa, um momento tão perto, tão palpável, que ela podia jurar a si mesma que se voltasse o caminho todo até Arkadia ela podia vivê-lo novamente. E num segundo toda essa bolha, todos os sonhos transformaram-se em pó. Ela sentia tanto ódio de quem tirou Lexa dela que não conseguia ao menos chorar, nem uma maldita lágrima fora derramada, a ira lhe dominava de tal forma que seu corpo não conseguia se movimentar. A Chanceler estava banhada de tristeza, mágoa e fúria. O instinto de morte lhe martelava os ouvidos, uma voz na cabeça dizendo: mate-os, mate a todos. Mate-os por Lexa!

As lembranças trabalhavam incessantemente em não deixar que uma imagem lhe fugisse da mente:

- Clarke?!... Continue lutando. – E repete.

- Clarke?!... Continue lutando. – E repete.

- Clarke?!... Continue lutando. – E repete... E repete e repete e repete.

O cavalo ia tão rápido que Clarke via borrões verdes em sua visão panorâmica. Sua mente reconhecendo aquela parte da floresta. Então como um raio que cai, rápido e fatal o entendimento lhe subiu a cabeça. Seus olhos foram velozes em procurar pelo chão. Então ela a viu. Clarke começou a se remexer em cima do cavalo, deixando tanto o animal quanto Octavia afoitos.

- Clarke? – Octavia começa e gira o pescoço para o lado, tentando ver o que a amiga queria fazer. – Clarke?! Que mer...? VOCÊ QUER SAIR?! Clarke você está louca?! Eles estão por todos os lados. CLAAAAARKE? – Octavia grita quando a amiga se joga ao chão e o cavalo continua cavalgando, afastando-as.

A guerreira puxa as rédeas para que o animal volte onde Clarke tinha caído, de longe pode ver a Chanceler se levantando, a lama cobrindo toda a lateral de seu corpo, o rosto branco estava metade negro pela terra molhada que lhe pintou. Octavia percorria seus olhos por toda a extensão da floresta, elas tinham sorte por Clarke não ter feito essa loucura em um local infestado de renegados. Mas ao longe ouve os gritos de guerra. As trombetas soavam anunciando o furor dos homens e mulheres sanguinários que vinham em seus encalços.

- Clarke! – Octavia, já em solo, puxa o braço da amiga, tentando leva-la de volta ao cavalo. – Clarke, vamos! Eles estão perto. – Clarke se livra do aperto dos dedos da guerreira e continua andando a esmo, procurando por algo, tinha perdido novamente. Os passos cada vez mais rápidos. Até que ela para. Octavia fica a observando e Clarke num instante começa a caminhar mais rápido em uma direção. – Clarke! Porra! Nós não temos tempo para isso. – Octavia mais uma vez puxa a Chanceler.  

Octavia começa a arrastar Clarke para trás enquanto esta parecia desesperada em ir em frente. Os pés escorregavam na lama e as duas faziam um cabo de guerra com o braço da loira. E em um instante um barulho de osso se quebrando se faz presente.

- PORRA CLARKE!.

- Fique longe de mim! – Clarke olha friamente para Octavia e seu nariz ensanguentado, onde ela acabara de lhe dar uma cotovelada.

- O que há de errado com você?! – Octavia grita colocando o dedo no nariz, joga a cabeça para trás, tentando parar o sangramento. – Lexa se foi! Aceite! Nós temos que continuar indo. Precisamos de você.

A outra mulher mantém o olhar frio sobre Octavia e como se estivesse entediada demais para ter aquela conversa lhe dá as costas e continua seguindo em direção para onde estava indo antes de ser puxada pela amiga.

A chuva ainda caía forte na floresta, raios enfeitavam o céu com seu show pirotécnico de luzes distorcidas. Os sons dos trovões rasgavam entre as árvores misturando-se com as trombetas e os gritos que estavam cada vez mais perto. E mesmo sendo dia, o céu estava negro pelas grossas nuvens carregadas, esperando o momento certo para desabarem litros de água sobre as cabeças que percorriam aqueles campos cheios de morte e agonia.

Clarke finalmente chega a o que seus olhos captaram segundos atrás: a mochila que deixara cair mais cedo quando a correria começou. Abaixa-se chegando até ela e abre o zíper para vasculhá-la. Lá dentro ela remexe em algumas granadas, uma arma extra e caixinhas contendo cartuchos da sua Taurus, pega uma delas e recarrega a arma. A Taurus faz um clique característico de seu destrave quando Clarke puxa a trava para trás e a solta fazendo-a ir para frente. E quando se preparava para levantar e finalmente poder seguir viagem com Octavia uma mão vai à sua boca e um braço a põe no chão novamente no mesmo instante que o cavalo relincha e sai correndo. Clarke tira a mão que lhe tapava a boca e olha o cavalo cavalgando para longe, sozinho, uma flecha fincada em sua coxa esquerda. Olha para o lado e vê Octavia fazendo um “shh” mudo, levando o dedo indicador aos lábios e apontando com a cabeça para os inimigos que caminhavam por ali.

- O cavalo estava aqui. Elas não devem estar longe. – Disse um dos homens. – Se espalhem e procurem por toda a floresta. Vocês já sabem as ordens: ninguém sai vivo! – As duas mulheres se olham com a sentença e engolem em seco. Se arrastam mais um pouco para se embrenhar em um arbusto grande encostado em uma árvore grossa.

A mulher loira se permite vascular rapidamente o local, eram apenas cinco homens. Seria fácil demais os abater ali mesmo. Cinco tiros e eles nem saberiam o que os atingiu, estariam mortos antes de descobrirem a fonte, mas ela sabia que atirar ali chamaria a atenção do exército que marchava não tão longe dali, as trombetas ficavam cada vez mais perto, era arriscado demais. Olhou para o lado e viu Octavia tirar uma faca de seu cinturão e ela fez o mesmo com a sua.

Clarke foi a primeira a sair do esconderijo, viu um desgarrado mais a frente e foi fatal em seu golpe. Tapou lhe a boca e enfiou a ponta da faca na nuca sem pelos do homem. Em um segundo o corpo fez-se mole em seus braços e o sangue escorreu do local, sujando-a. Olhou para os lados certificando-se de não ter sido notada e o arrastou até onde ela e Octavia se escondiam.

- Nós não podemos estar aqui quando aquele exército chegar! – Octavia cochichou com a voz meio anasalada pelo nariz quebrado. Clarke se limitou a apenas acenar.

- Temos que aproveitar que eles estão separados e os pegar um a um. – Disse Clarke finalmente falando algo considerável desde o que aconteceu na campina.

Octavia vê um renegado mais a esquerda, na mão o homem carregava uma adaga com uma ponta bem afiada, as vestes negras cobriam até o seu pescoço, o rosto – diferente da maioria do seu povo – estava livre de máscaras. E como um felino, cheio de astúcia e silencioso ela chega até ele. E rápido e friamente ela rompe o tecido das vestes num corte seco atingido o pescoço do homem que começa a agonizar em desespero ao ver sua vida se esvaindo à medida que o líquido vermelho saía de si. Octavia põe a mão na boca do inimigo para que o barulho de sua morte não atraia seus comparsas. O que ela não previu foi que em um último ato de coragem o inimigo enfia sua adaga na carne de quem quer que estivesse atrás de si.

- AAAAAAAAAAH! – Octavia grita de surpresa e dor. As mãos agora estavam em si mesma, rodeando aquele objeto afiado que estava enfincado pouco abaixo das suas costelas. O pensamento de pânico lhe sugeria tirar a adaga dali agora, mas sabia que dependendo do que ela atingiu tirá-la poderia custar sua vida. Ouviu os outros três homens gritando e correndo em sua direção. Ela fora descoberta. Olhou para o arbusto e não viu Clarke.

E rápido demais os homens que corriam para dar a Octavia um fim doloroso caíram ao chão. O que estava no meio fora atingido em cheio no peito por uma faca. O da direita – que empunhava um arco e flecha – foi o segundo a cair. Um tiro ecoou entre as árvores derrubando-o. A bala entrara bem no meio de sua testa, um furinho sutil na entrada e um buraco enorme de saída. E o homem mais a esquerda não tivera nem tempo de pensar em fugir. Outro tiro ecoou e pronto, mais um homem ao chão.

- Aaaar... aaah. Aaah. – Gemidos se misturavam com o barulho de um corpo se arrastando entre a lama. Clarke foi até o inimigo que fora atingido pela adaga. Ele agonizava, tentando sair dali. O homem fizera as mesmas escolhas que Octavia, preferiu deixar a arma lá, talvez aquilo lhe poupasse a vida. Mas Clarke foi afoita em tirar de lá e no mesmo instante apontar a arma para o rosto mascarado no chão. – Voc... Voc... Vocês todoooos... vah... vah... vaaaão morrer.

- Cala a boca! – Disse a Chanceler e então apertou o gatilho. O tiro foi tão forte que destruiu não só a máscara do renegado, como todo o seu rosto. Clarke olhou para os pedaços de matéria encefálica e rolou os olhos, parecia entediada com a cena. O ódio lhe consumia ao ponto de não sentir um pingo de remorso por matar alguém desarmado sem misericórdia alguma.

- Droga. Droga. Nós temos que sair daqui – disse Octavia. – Eles devem ter escutado os tiros. – Falava entre um suspiro e outro, a dor do seu ferimento queimava a pele e enviava pontadas em todo o seu corpo. – Clarke? – Chama quando vê que a amiga continua olhando para o homem que acabara de matar.

- Eu ouvi. – Clarke diz fria. – Você consegue andar? Correr? – Pergunta se virando para Octavia e já recolhendo sua mochila do chão.

- Acho que sim.

Clarke se aproxima da amiga, passa os olhos rapidamente pelo ferimento abaixo das costelas e então volta a observar o rosto dela. Clarke põe a mochila no chão novamente e põe os dois dedos indicadores e do meio nos dois lados do nariz – já roxo – da amiga, um som estalado se faz presente quando a loira faz uma pressão para cima, ajeitando o osso torto.

- Pronto. Isso vai impedir que ele volte a sangrar. – Clarke fala observando o sangue seco que se espalhou por toda a região abaixo do nariz de Octavia. Passa as mãos no ferimento das costelas e continua: - Não tire a adaga daqui e tenha cuidado para que ela não entre mais. Se doer enquanto você estiver andando pare e verifique se está sangrando muito ou se ela entrou mais, okay?

- Por que você está falando como se não fosse me acompanhar? – Octavia pergunta.

- Eu tenho que fazer uma coisa antes. – Clarke se limita a responder. – Vai na frente e eu já te alcanço, não pare! Vá em direção a Polis. Eu te acho.

- Clarke...

- Octavia eu te acho! – Clarke diz interrompendo a amiga. – Nós não temos nenhuma chance se eles nos encontrarem. Tenho que os despistar e levar você junto só vai nos atrapalhar. – Ela pega a faca de Octavia que estava caída no chão e fecha as mãos da amiga no cabo do objeto. – Aqui. Marque as árvores pelo caminho, desse jeito eu não perco você. Fique com minha arma. – Fala enquanto põe sua Taurus na cintura da amiga. – Ela está carregada, se você for descoberta atire! Não tente lutar! Só atire e eu volto correndo.

- Você não vai prec...

- Eu me viro. – Clarke mais uma vez interrompe Octavia. – Agora vá.

- Que nos encontremos novamente. – Diz Octavia antes de partir. Uma mão na cintura, rodeando a adaga fincada em seu corpo e a outra segurando sua faca.

Clarke corria entre as árvores e os arbustos. Os pés batiam forte no solo fazendo a lama se espalhar, a chuva insistindo em ser uma participante presente daquela jornada. A mulher corria como se estivesse fugindo de algo, ou alguém. Talvez fugisse das memórias. O arco e flecha em uma das mãos e a mochila nas costas. Os inimigos estavam tão perto que nem mesmo o som da chuva e dos trovões conseguia disfarçar o barulho ensurdecedor de trombetas soando e gritos dados ao relento. Clarke olhava para o céu e via criaturas monstruosas voando sobre si. “Tudo bem, enquanto eles não estiverem em terra está tudo bem” repetia para si mesma. Os olhos eram afoitos em procurar por lobos ou qualquer besta que se movimentasse em solo. Nada. Então ela continuava correndo.

Ela pensou em Lexa mais uma vez e da mesma forma sentiu raiva. Então era isso? Acabou ali? Sua história se resumia a ter achado o amor da sua vida e não ter sido forte o bastante para protegê-lo? Clarke não cansava de se culpar. Sabia que Lexa hesitara em matar aquelas crianças somente porque no passado aquilo gerou atrito entre as duas. Se ela nunca houvesse falado nada, se tivesse escutado o que Lexa sempre lhe disse: na guerra não existem mulheres, crianças ou inocentes Clarke, só existem aqueles que querem nos matar e os que não querem. Se ela tivesse lhe dado ouvidos talvez nada daquilo houvesse acontecido. Talvez Lexa estivesse bem. Talvez... Talvez... Clarke grunhiu sozinha para as árvores, para os raios e trovões, se tinha uma coisa que odiava era as aleatoriedades da vida. Queria poder saber controlar tudo.  

- Merda. Merda. – Praguejou e brecou no mesmo instante que viu inimigos à sua frente. Fora longe demais. Olhou para os lados tentando ver se não fora vista. Como não houve nenhuma movimentação suspeita ela se escondeu atrás de uma grossa árvore, atrás de si podia ver o número de inimigos duplicando a cada segundo que se passava. Rasgou a barra de sua blusa e tirou de dentro da bolsa barbante e duas granadas. Cortou dois pedaços de barbante. Um passou nas extremidades dos pinos das granadas e amarrou no arco. O outro usou junto com o pedaço de sua blusa para amarrar as granadas à flecha. Assim quando a lançasse, as granadas explodiriam longe, chamando atenção do exército para o local. Não era a melhor estratégia, mas era o único plano que tinha.

Clarke foi o mais rápido que pôde. Quando estava pronta olhou em todas as direções para que não fosse descoberta. Saiu de trás da árvore. Ficou em pé. Uma das mãos segurava o arco, a outra tinha a flecha entre os dedos. Ela nunca tinha atirado com um daqueles, mas sabia que exigiria força e coordenação. E quando seu braço estava completamente para trás ela abriu os dois dedos. Viu a flecha subir e sumir entre as árvores. Catou a mochila, jogou o arco em um arbusto qualquer e correu dali. Ouviu gritos de soldados que a viram, mas não olhou para trás, só correu e correu, só ouviu o barulho da explosão quando já estava consideravelmente longe. Olhava para frente com medo demais de dar de cara com alguns inimigos, pediu a alguma força para que eles não houvessem chegado até onde ela se despediu de Octavia.

O sol já estava caindo e Clarke sabia que tinha que chegar a Octavia antes, ou as duas passariam a noite separadas e isso era arriscado demais, ainda mais por a amiga estar ferida. Chegou ao local onde haviam se despedido e começou a andar e vascular alguma marca nas árvores. Viu a primeira. Um ponto. Simples e discreto. Continuou caminhando e olhando atentamente, cada ponto que achava fazia seu coração bater mais leve, se livrar do aperto que insistia em lhe preencher. Ela não corria, sabia que se o fizesse talvez perdesse o caminho de Octavia e o mais importante, não precisava de pressa, a amiga não teria ido muito longe machucada do jeito que estava. A mente objetiva de Clarke a aliviava até seus olhos captarem uma silhueta ao longe. E não era a de Octavia.

Clarke se escondeu rapidamente e sorrateiramente se aproximou do inimigo à frente. Em uma das mãos dele uma espada afiadíssima pronta para o combate. Era uma mulher, da sua estatura, mas diferente dos outros renegados ela não estava usando mantos negros e a Chanceler não pôde ver se usava máscara já que ela estava de costas. Quando achou o momento oportuno Clarke a atacou, pôs a faca em seu pescoço e antes que pudesse rasgar de ponta a ponta o pescoço fino a mulher se defendeu, jogando a loira no chão. Clarke fechou os olhos com o impacto da queda e no instante que os abriu viu a espada voando até seu corpo, imediatamente rolou para o lado e se apressou em manter-se em pé. Quando já estava em posição de ataque foi que ela viu o rosto da sua agressora.

- Clarke?! – Perguntou a mulher.

- Kara?! O que faz aqui?

- Clarke?! – Octavia grita se aproximando. – Eu ouvi um barulho, pensei ter sido você... Kara?! – Pergunta quando percebe a companhia da loira.

- Cadê a Lexa? – Kara pergunta olhando para Clarke que não responde nada. – Clarke onde está Lexa?

- Kara... – Octavia começa de forma branda. As duas outras mulheres se encaravam com olhares indecifráveis.

- Não... Não... Não... – Kara começa a chorar descontroladamente. – ISSO É CULPA SUA! TUDO ISSO É CULPA SUA...

- Cala a boca... – Clarke sussurrava enquanto Kara gritava para os quatro ventos.

- Kara não... – Octavia tentava acalmar a menina mais nova.

- VOCÊ DESTRUIU TUDO! TUDO! LEXA ESTÁ MORTA POR SUA CULPA. – Kara continuava gritando na mesma medida que Clarke sussurrava, mandando-a se calar. – VOCÊ É UMA PRAGA CLARKE. MATA TODO MUNDO QUE SE APROXIMA.

- CALA A BOCA! CALA A BOCA! – Clarke grita e então ataca Kara. Joga seu corpo contra a barriga da menina, derrubando-a. As duas entram num combate corpo a corpo. As armas estavam no chão. Tudo o que usavam eram socos e pontapés.

Em qualquer outro dia Clarke estaria em tremenda desvantagem por não ser do tipo de lutadora corporal, mas o ódio a consumia tão forte que ela feria Kara intensamente. Em um movimento rápido a loira põe-se em cima da menina e leva suas duas mãos ao pescoço fino dela. Clarke via os olhos castanhos suplicando por vida. Ouvia uma voz distante pedindo-a para parar, talvez a de Octavia, ela não sabia dizer, mas suas mãos simplesmente não se abriam. O ódio a cegando. Sua mente estava vazia. Só uma imagem rodava:

- Clarke?!... Continue lutando.

E então o eco de um tiro se fez presente. No mesmo instante Clarke afrouxa o aperto no pescoço de Kara e esta começa a tossir incessantemente. A loira olha para o lado e vê Octavia com a Taurus e o braço estendido para cima. Limpa o filete de sangue que saía de sua boca, e sem dizer nada – agindo como se a cena de poucos segundos não houvesse acontecido – ela se levanta e recolhe suas coisas, pega a arma da mão de Octavia e fala:

- Vamos! Temos que ir para Polis.

- Eles invadiram Polis. – Kara fala com a voz fraca e rouca. – Não há nada lá para nós.

As duas outras mulheres congelam. Clarke pensou que talvez fosse isso, uma vez que Lexa fosse embora não restaria mais Polis, talvez uma não sobrevivesse sem a outra.

- O que faremos agora? – Perguntou Octavia olhando para a amiga. – Arkadia já deve ter sido tomada a essa hora.

Clarke ficou em silêncio por alguns segundos e então declarou:

- Eu conheço um lugar.

 


Notas Finais


Okay, vamos a algumas coisas:
1. Eu falei procês terem paciência, então tenham paciência.
2. Desculpe não ter respondido os comentários do capítulo anterior, me enrolei toda, eu faria isso agora, mas tô bem cansada, então esse final de semana eu respondo, prometo.
3. Como eu disse lá em cima, eu vou TENTAR atualizar semanalmente.
4. Mais uma vez, gente paciência. Eu vou contar as coisas na hora certa, eu sei que é frustrante, muita gente deve ter vindo aqui querendo saber o que aconteceu com a Lexa, mas esse capítulo não era sobre ela, então...
5. Num tem motivo 5, mas eu gosto de terminar com múltiplos de 5.

Quem quiser participar do grupo da fic me manda mensagem aqui contendo "NOME, DDD E NÚMERO"

Me contem o que cês acharam, quero saber tudo. Saudades?
Enfim, beijos, may we meet again!


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