A reunião finalizou-se como o esperado, - em ambas as situações.
Consegui com sucesso renovar o tão esperado contrato com a minha filial, - o que visaria-me muitos lucros para o próximo semestre e quem sabe trimestre, - e depois que Kwon retornou do banheiro e voltou a sentar-se ao lado de Hong-gun, não trocamos um olhar sequer. - Todavia, admito que hora ou outra olhávamos um para o outro, mas nunca nossos olhos se encontravam. Eu via em sua face frustração e nervosismo estampados e, embora soubesse o motivo pelo qual eles estavam tão claros em suas linhas de expressão, estava mais claro ainda que eu não queria admitir coisa alguma por estar bravo e também incrédulo por ele estar praticamente jogando para o time oposto.
Eu apertei a mão de Hong depois de reverenciarmos-nos um para o outro. Assinei em caneta tinteiro de cor preta o papel que selaria nosso contrato e guardei-o comigo, junto com a cópia e dados importantes à respeito. Não pude conter-me em querer falar com Kwon, mas aquele talvez não fosse o local e nem a hora certa. Passei minhas mãos discretamente na calça, perto de minhas coxas contendo o nervosismo por mal conter-me e dei um pequeno sorriso de despedida aos demais que saiam da sala.
— Kwon...? — eu o puxei discretamente pela manga do terno claro e mal-passado que ele usava antes que pudesse deixar a sala. — Tem um minuto? — não sabia se estava sendo cara-de-pau demais de pedir para falar com o mesmo depois do duplo sentido que deixei-lhe, mas não custava tentar.
Ele demorou para responder-me, finalmente olhando-me por alguns segundos e afirmou com a cabeça antes de responder-me em baixo tom:
— Claro...
Eu pigarreei.
— Está bravo comigo por...? Bom, você sabe.
— Por ter me demitido...? Não, não estou... Hong é legal. — disse abaixando o olhar e sorriu para mim sem mostrar os dentes. Um sorriso sem graça e, pelo o seu tom de voz, não me parecia legal.
— Não... Eu digo pelo ocorrido...
Voltou seu olhar para mim e sorriu.
— Não tenho motivos para estar bravo com você por isso! — eu sabia que ele mentia.
— Kwon... Eu vou para o bar com alguns amigos, quer ir? — falou Hong voltando para dentro da sala devagar e Kwon negou com a cabeça.
— Não obrigado. — disse o mais jovem.
— Quer que eu... Te leve para casa...?
— Não, eu vou com Daesung... Ele vai me levar e... Enfim. — eu franzi o cenho. Que intimidade era aquela?
— Tudo bem então, se precisar, ligue-me, pequeno! — Hong passou a mão no cabelo de Kwon. — Até amanhã... — disse para o seu novo empregado. — E, até Seung. — ele sorriu para mim e se finalmente se afastou, onde eu fiz questão de olha-lo entrar no elevador para certificar-me que agora havia realmente ido embora.
— Que intimida é... — eu dei uma pausa coçando a ponta do nariz. — ...essa de vocês dois...?
— Não temos intimidade nenhuma... Ele é só gentil! — ele riu. — Isso é ciúmes, Seung...? — provocou-me.
— Eu nunca te levei para casa. — disparei cruzando os braços.
— Talvez seja por... Nunca ter tido a boa vontade de pedir para me levar...? — acabou rindo novamente e virou-se para trás, olhando para Daesung e depois para mim novamente. — Bom... Eu tenho que ir...
Eu respirei fundo bem discretamente e por mais que quisesse falar-lhe algo que tinha na garganta, somente sussurrei:
— As portas da MK sempre estarão abertas para você. — talvez eu tenha dito aquilo tão baixo que nem o mesmo tenha escutado, mas mesmo assim não me atrevi em repetir. Olhei-o se afastar e logo meu novo assistente mala-sem-alça veio parabenizar-me pela reunião, mas não dei-lhe assunto. Voltei ao meu escritório, disse-lhe para não incomodar-me.
Sentei-me em minha poltrona, vendo as gotinhas de chuvas tomarem conta da parede de vidro. Acendi um cigarro, coloquei-o na piteira e traguei. Senti-me bem com aquilo.
Fumei dois cigarros lentamente, tentando aproveitar até mesmo a bituca. Ah, como Kwon podia dizer-me que estava sendo legal trabalhar com Hong? O que ele tinha que eu não tinha? Vontade de leva-lo para casa, talvez. Eu coloquei a piteira sobre o cinceiro, peguei meu celular e depois de colocar minha digital para reconhecer-me. Coloquei meus dedos para trabalhar, mandando então uma mensagem de texto para Kwon, mas logo depois de escrever: "Se eu te pedisse para voltar, voltava a trabalhar aqui?", apaguei-a e não enviei-a.
Liguei meu notebook, abri meu e-mail referente à empresa, digitei o endereço de e-mail de Hong.
Caro Hong.
Escrevo-lhe esse e-mail nada formal para perguntar-lhe quanto quer para disponibilizar-me Kwon novamente. Lembre-se que dinheiro não é problema.
Atenciosamente;
CSH.
Enviei-lhe, logo voltei a fumar, tendo quase certeza de que em menos de dois dias tudo estaria voltado ao normal.
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