— Se for então para perdemos tempo, que seja breve. — eu balbuciei e umedecendo os lábios puxei o papel que continha o seu currículo com desgosto para o topo da pilha de folhas. — Kwon Ji-Yong. — eu disse seu ânimo sem animo nenhum. — Levante-se e vai fechar a porta pelo qual passou.
— ...Tudo bem... — disse ele se levantando e assim que fechou a porta, voltou à sentar-se à mesa. — Só uma pergunta: você... Pretende ser ignorante comigo a entrevista toda...?
Eu bufei, me ajeitei na poltrona e cruzei as pernas.
— Você pretende me fazer perder tempo com essa entrevista? — questionei-o em baixo tom.
— Depende muito... Gentileza gera gentileza... Arrogância gera arrogância... — respondeu-me.
Eu passei a mão esquerda no olho esquerdo, minha visão estava embaçando por exaustão.
— Quais são os seus objetivos para a sua vida, Kwon?
— Bom... Eu, um dia quem sabe, pretendo ser cantor... Mas, por enquanto preciso trabalhar para me sustentar e... Você me parece cansado.... — disse ele enquanto eu sentia o seu olhar em mim, fazendo-me respirar fundo. Eu prossegui dizendo:
— Me fale sobre você.
— Kwon Ji-Yong, 22 anos... Eu sempre me esforcei no que eu faço.... Sempre mesmo... Fui "despedido" do meu último emprego por... Ter certos tipos de relações sexuais com meu chefe. — ele sussurrou a ultima parte. Eu esbocei um sorriso irônico no rosto questionando-me o por que eu estaria realmente entrevistando-o. — Mas, eu me esforço no que eu faço.
Eu não fazia questão de escuta-lo com clareza, mantive-me pensativo com a cabeça baixa.
— Como você lida com as pressões do trabalho? — disse instantes depois.
— ...Eu geralmente não me sinto pressionado... Faço tudo oque tenho que fazer e adianto oque preciso fazer no dia seguinte... — ele continuava com o tom de voz baixo, fazendo-me ter que concentrar-me para conseguir escuta-lo. Minha cabeça latejou novamente, fazendo-me começar a ficar inquieto e enfim levantei o olhar. Disse friamente:
— Por que eu devia contrata-lo?
— Essa é uma boa pergunta..... — Disse-o fitando-me. — Por que eu sou esforçado...? — falou normalmente e acabou rendendo-se e riu. — ... .Na verdade... Acho que não sou a pessoa qualificada para esse emprego... Mas, eu realmente estou precisando...
— Todos que passaram por aquelas portas também estão precisando. — eu disse começando a estalar os dedos.
— Justamente por isso não vou me impressionar caso não me contrate! — ele parecia natural ao falar aquilo, como se o que tivesse me dito sobre realmente precisar de um emprego fosse meras palavras da boca para fora. Suspirei profundamente, levantei-me da poltrona e começando a ajeitar os papéis que haviam sobre a mensa eu disse:
— Pode retirar-se.
Fui para casa, depois de receber o recado de Lucy que teria que passar por uma rotina de exames no dia seguinte e em três dias algum dos entrevistados teria de assumir o seu lugar por um certo tempo. Eu mal conseguia passar o cartão magnético pela porta do apartamento, para que ela abrisse, por conta da minha vista. Banhei-me em água quente, tomei um relaxante muscular e sentei-me no sofá, junto à uma taça de vinho e o notebook.
"Relações sexuais com meu ultimo chefe", pensei ironicamente. "É uma ótima desculpa para dar à Lucy logo depois de dizer que ela é péssima em indicações".
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