História After the dreams - Matando a saudade

Pov Karina

Por incrível que pareça, os dias passaram bem rápido! Pelo menos para mim. O Pedro voltava hoje! Estava radiante! Desde quando eu descobri que estava grávida, tudo passou tão depressa e era uma forma de eu me sentir perto dele, então a minha rotina era: ir para a faculdade, almoçar, me trancar no quarto e ficar falando coisas aleatórias com o meu serzinho. Isso quando a Bianca não vinha dormir aqui ou eu ir para lá. Ainda não tinha contado para ninguém, nem para ela, precisaria montar um plano e me preparar para contar a ela, pro meu pai, pro Pedro... Precisaria montar esse plano bem rápido! Porque a cada dia que passa a minha barriga crescia mais. Já estava caminhando para os quatro meses e já dava para ver o carocinho que se formava!

Bianca dormiu para no dia seguinte irmos para o aeroporto. Eles chegavam por volta das 10 horas, por aí, mas claro que a gente não ia chegar lá 10 horas, né!?

Acordei com toda a felicidade do mundo! Ia ver meu guitarrista depois de um mês! Estava com tanta saudade dele! Finalmente iria poder abraça-lo! Levantei e fui direto para o banheiro fazer as minhas higienes matinais, depois fui para o quarto acordar Bianca.

— BOM DIAAAAA! QUE DIA LINDO, MEU DEUS! — gritei abrindo as cortinas.

— Meu Deus, Karina, que fogo! — ela reclamou e cobriu o rosto com a coberta pela claridade.

— Fogo nada, querida! Esqueceu que seu marido e o meu namorado chegam hoje? E acho melhor você levantar logo, porque a gente vai se atrasar! Aliás, a gente já está atrasada! Já são sete e meia! — falei esticando o lençol da minha cama.

— Eles só vão chegar dez horas, Karina! DEZ! — Bianca resmungou novamente e levantou.

— Nossa, nem parece que está feliz! — a segui até a porta do banheiro.

— Nossa, nem parece a Karina falando! — ela me imitou e eu ri. 

Não tinha ninguém acordado ainda, era domingo, meu pai não abriria a acadêmia e nem Dandara precisava acordar cedo para levar Miguel a escola. Fiz café e fui à padaria comprar pão. Quando voltei, Bianca já estava pronta. Tomamos café, depois escovamos os dentes e fomos para o aeroporto. Cada uma em seu carro, porque ela tinha ido com ele para casa. Graças a Deus o trânsito estava tranquilo, saímos de casa eram oito horas e chegamos lá nove e meia. Muito cedo! Mas melhor cedo do que atrasada, né! Bianca estava sentada no banco esperando e eu estava em pé roendo as poucas unhas que ainda tinha. Tempo que não passava hein!

— Bi, ta demorando muito! — falei andando de um lado pro outro.

— Ainda tá cedo, não tem nada demorado! — ela falou calmamente — Para de ficar andando de um lado pro outro! Só de ver já fico tonta! Parece que faz anos que não vê Pedro! — Realmente estava impaciente.

— Faz 30 dias! — cruzei os braços. Ela não tinha noção do quanto esses 30 dias mudaram a nossa vida

— Então, só 30 dias! Estou morrendo de saudades do João também, mas paciência!

Pro tempo passar mais rápido, abri meu celular e fiquei vendo o Instagram da banda para saber as novidades e ver os últimos shows. Realmente o tempo passou rápido! Já eram 10:10 e nem sinal deles.

— Ai, meu Deus, será que aconteceu alguma coisa na viagem, Karina? — invertemos os papéis. Agora era Bi que andava de um lado para o outro. 

— Para com isso, Bianca, não aconteceu na... ALI ELES! — sorri involuntariamente quando vi Pedro. Bianca, na hora correu para abraçar João e eu fiz o mesmo!

— Que saudades minha esquentadinha! — ele me pega no colo me abraçando e beija a minha bochecha. Eu abracei ele forte, muito forte!

— Que saudades! — afundei meu rosto no pescoço dele e me vem uma emoção não sei de onde. Estava chorando. Não de tristeza, mas sim de felicidade!

— Calma aí... — ele me rodopeia — PARABÉNS MINHA CAMPEÃ! É CAMPEÃ! É CAMPEÃ! — Pedro disse pulando

— Bobo! - falei rindo e o beijando — Me coloca no chão! 

— Não! Nunca mais vou te soltar meu amor! — Pedro sorriu e eu o abracei de novo — Tava com tanta saudade desse abraço, meu Deus! — ele me colocou no chão deixando uma série de beijos em minha boca — desse beijo... — meu cabelo estava todo bagunçado, e ele tentava arrumar, sem exito. — Desse cabelo loirinho cheiroso... Mesmo bagunçado, é lindo! — Eu não conseguia falar nada, só ficar olhando ele — E esse olho? Aaaah, que saudades do meu mar particular!

— Você não cansa de me elogiar não, é? — ri,

— Nunca! — ele me abraçou de novo e eu retribui o abraço.

— Vamos para casa? Você deve estar cansado! — disse saindo do abraço e indo falar com Bianca e João.

— Oi, nerd! Saudades de você! — abraço ele.

— Também estava com saudades de você, Ka! — ele falou me abraçando também.

— CUNHADINHOOO!! A Ka ficou insuportável sem você aqui! Não aguentava mais! — Ela falou abraçando o Pedro também e ele ri.

— Eu tô ouvindo tá, Bianca!? Vocês vão pro Catete ou pra casa de vocês? 

— Vamos para casa. Avisa o pessoal lá que amanhã a gente vai lá! — João respondeu.

— Ok. Vamos Pê?

— Vamos. Tchau casal!

— Cuidou bem do meu carrinho né? — Estávamos no estacionamento tentando localizar o carro dele

- Não! Bati com ele no poste e tá todo arranhado e amassado! — Pedro acreditou tanto que estava pálido — Claro que cuidei, né! — fui em direção a mala do carro e ajudei ele a colocar as bagagens dentro.

— Que susto, Karina! — ele colocou a mão no peito.

— Dirige aí para matar a saudade! — joguei a chave em sua direção, mas as tentativas de agarrá-la foi em vão - Lerdo! — comecei a rir.

- Sabe, esquentadinha, eu estava sentindo saudades até dos seus foras, mas vai devagar! — ele abaixou para pegar a chave e entramos no carro

— Foi mal!

— Alguma coisa de novo?

— Tanta coisa nova, pê... — penso alto.

— É? O quê? — Ele pergunta animado.

— O que; o quê?

— As coisas novas que você falou que tinha ué!

— Eu falei? Não tem nada de novo não! — falei nervosa acariciando a barriga. Meu Deus, o que eu estava fazendo!?

— Tá com dor de barriga? — Ele pergunta olhando em direção a minha barriga parando o carro.

— Não! Por quê!? — fiquei mais nervosa ainda!

— Tá passando a mão nela — ele parou de olhar pra mim e volta a dirigir.

O que eu iria inventar!? Eu não podia falar dentro do carro que ele ia ser pai né! Tinha que inventar uma coisa rápida. Eu congelei! Não sabia o que dizer! Por que fiz isso???? Estava em meus pensamentos até ele me chamar.

— Alô, alô! Terra chamando Karina! — ele fala passando a mão na frente do meu rosto — Tá tudo bem, esquentadinha? 

— T-tá, é só uma coceira na barriga mesmo! — cocei a barriga e dei um sorriso forçado.

— Então tá bom! - ele sorriu para mim — Que saudade desse lugar, meu Deus! — estávamos chegando na praça.

— Acho que o lugar também estava com saudades, aqui é tão morto sem você, Pedro, parece que tudo é preto e branco! — fiz bico lembrando de como os meus dias foram entediantes.

— Sabe que meus dias na viagem também foram assim!? — ele falou sorrindo e estacionando o carro na porta do Perfeitão.

— Por que você tem que ser tão lindo, hein, garoto!? — falei e logo em seguida, beijei ele. Nosso beijo foi longo, ia ser mais, só que senti alguém no observando e resolvi parar. Era a Tomtom, com cara de Bianca quando assiste novelas. 

— Maninhaaaa, que saudades!!! — Pedro disse abraçando a nossa pequena muito forte.

— Que saudades, Pê! Oi, Ka! Entra gente, mamãe e eu preparamos uma surpresa para você, Pedro!

Quando chegamos lá dentro, tinha uma mini-festa, com "bem-vindo" escrito de balões, cartazes, docinhos, e o melhor... o bolo de cenoura com cobertura de chocolate preferido do Pedro! E ainda uma surpresa maior ainda! O Marcelo estava lá! Nós não víamos o Marcelo há uns três anos! Pedro estava bobo de felicidade que até se emocionou!

— Que lindo, mãe! Estava com saudades! — ele abraçou Delma e depois abraçou  o pai — Pai, cara, que saudades! Pensei que você tinha esquecido que tinha família! 

— Que isso, filho! Eu penso em você e na sua irmã todos os dias!

— Vocês prepararam tudo isso só pra mim? Vocês são demais! Sério, eu amo vocês! — Pedro roubou um docinho da mesa. 

— Claro que precisava, Pedro! Aqui sem você não tem graça nenhuma! — Tomtom falou.

— Falei a mesma coisa para ele! — Falei rindo. 

— Nossa, como a Karina está mudada! Tá muito linda! — Marcelo disse me observando com mais atenção.

— Obrigada — sorri sem graça. 

— Sempre foi, né! — Pedro me deu um beijo demorado na bochecha e eu fiquei com mais vergonha ainda. Não sei reagir a elogios.

— Ah, a Karina sempre foi linda, né, está mais linda ainda agora com esse cabelo! — Delma complementou os elogios de Pedro e Marcelo.

— Como eu falava quando era menor: ela é uma princesa esquentadinha! — rimos juntos. 

— Fico feliz em saber que vocês ainda estão juntos, o Pedro gosta muito de você! - Marcelo sorriu — Vocês formam um casal muito bonito!

— Eu também gosto muito dele! Obrigada.

— Gente, vem comer o bolo! — Delma disse enquanto distribuía os pedaços de bolo nos pratinhos decorados, que ela só usava em ocasiões muito especiais. 

— Estava morrendo de saudades desse bolo! — Pedro disse

— Eu também!.

Comemos e conversamos por muito tempo e depois fomos ajudar o Pedro com as malas. Pedro havia comprado vários presentinhos para Tomtom e para mim, era um mais lindo que o outro! Depois que arrumamos o quarto todo, ficamos conversando, Tomtom contou as novidades da escola dela, Pedro contou como foi a experiência em cada país que ele passou. Eu estava quieta, estava pensando num jeito de contar pro Pedro sobre o serzinho. E adivinha? Não achei! Contando com que Tomtom estava no quarto. Eles estavam lá tagarelando e eu quieta.

— Ka, fala alguma coisa, tá quieta aí! — Tomtom me cutucou.

— Hã, eu? Do que vocês estão falando? — Realmente estava viajando.

— Da nossa família completa, esquentadinha! — Pedro falou animado.

— Eu vou pegar água, já volto — Tomtom levantou e saiu do quarto. Agora seria a minha hora!

— Ah... Pê, olha, eu preciso te contar uma coisa muito importante! E por favor, não faz escândalo! — eu falo com a voz trêmula!

— Aconteceu alguma coisa? — o semblante de Pedro mudou.

— É que eu tô... — Eu não iria conseguir contar! Que agonia! Merda! Senti meus olhos marejando. - Eu tô...

— Você tá...? — ele me estimula a contar! — Fala logo, amor! Eu to ficando preocupado!

— Eu tô com saudades de você! — invento qualquer coisa. Eu não sei o que me deu! Estava nervosa! Eu estava com medo, não do Pedro, mas sim de finalmente aceitar essa criança. De assumi-la e externalizar que ela existe dentro de mim. Apesar de estar me acostumando aos poucos com tudo isso e, hoje em dia reagir bem melhor, tudo ainda parece uma realidade bem distante na minha mente. Tudo ainda parece parte de um pesadelo. Tanto que tentei contar várias vezes para Bianca e sempre travava!

— Eu também estava morrendo de saudades da minha esquentadinha! — ele me puxou para mais perto com um beijo — Era só isso mesmo, Karina? 

— Era Pê, era só isso! — sorri engolindo o choro. Quando ele ia perguntar outra coisa, Tomtom chegou.

— Karina, você vai dormir aqui hoje? — ela perguntou — É que já ta ficando tarde, né!

- Ela vai dormir, sim — Pedro pergunta me abraçou.

- Até queria, mas amanhã tenho aula! 

— E daí? Eu te levo, é a mesma distância! — Pedro falou e fez carinha de cachorro sem dono —  Por favor, namorada!

- Tá, eu fico! — os dois comemoram — Mas é para dormir, ouviu Pedro!? Amanhã eu acordo cedo! — Falei séria.

— Então promete que amanhã  sai comigo? — Ele falou fazendo carinha de cachorro de novo! Vontade de matar!;

— Prometo, guitarrista! — sorri. 

O plano de dormir cedo foi por água abaixo e acabamos dormindo às 2:00! Aliás, eles dormiram, porque eu fiquei acordada por um bom tempo só fazendo cafuné no Pedro e pensando como iria contar!

— Eu vou te contar, só espera um pouco! — cochichei.

Pedro.

Saímos de Bolívia eram oito horas, e chegamos no Brasil às 10. Minha esquentadinha estava lá no aeroporto. Ela estava tão linda! Estava mais linda do que há um mês atrás! A abracei e matei praticamente toda a saudade! Ela chorou, acho que de felicidade. E quando nós nos beijando? QUE SAUDADE DAQUELE BEIJO! QUE SAUDADE DELA! Depois fui falar com Bi, Bianca me abraçou e falou que Karina estava insuportável sem mim aqui! Nós quatro ficamos conversando e um pouco depois ela e eu fomos para casa. Quando cheguei em casa, a minha mãe e minha irmã tinham feito uma festa para mim! E adivinha quem estava lá? Meu pai! Ele mesmo! Não tive como conter a emoção! Eu não via meu pai fazia 3 anos! Fiquei muito feliz em ver a minha família toda reunida! Não tinha coisa melhor! Minha mãe tinha feito bolo de cenoura. O meu bolo favorito. E brigadeiros! Comi tudo, claro. Depois, eu, minha irmã e minha esquentadinha fomos para o quarto desfazer as malas e claro, conversar. Eu pensava que a Karina estava estranha pela viagem, mas não! Era outra coisa e ela não queria me contar! Eu percebi que ela estava bem estranha desde hoje cedo no carro! Só não deixei ela perceber que eu percebi! Ela queria me contar algo, mas estava com medo, com vergonha, sei lá! Não sei para quê isso! Se ela sabe que tudo que ela fizer eu vou apoiar ela! Esquecemos isso, porque a última coisa que eu queria era brigar com ela, então fingir não perceber que ela estava estranha. Já era tarde, então fiz ela ficar para dormir comigo, isso foi mesmo uma desculpa, porque ela mora do outro lado da rua mesmo! Ela cedeu aos meus pedidos! Pena que hoje a gente só ia dormir mesmo né! Amanhã ela teria que acordar cedo devido à Faculdade, então teríamos que dormir cedo! Mas isso foi impossível, porque Tomtom e ela falavam muito e eu entrei na onda. Ficamos conversando até duas horas da manhã!