História Incerto - Sonho ruim

"Ele estava lá, estava parado na minha frente com um sorriso malicioso. Desta vez eu não sou uma criança, e ele sabe disso e parece  gostar ainda mais. Estou presa em um quarto pútrido e nojento. Estou desesperada, não consigo respirar, não consigo parar de tremer.

Ele andava na minha direção, e eu corri até a janela mais próxima, gritava por ajuda mas sabia que ninguém viria me ajudar, socava as janelas protegidas por madeiras grossas para que ninguém escutasse, minhas mãos agora estavam sangrando e cheias de farpas.

Corri para a porta pulando a cama, mas tropecei e cai no chão, quando percebi ele já estava em cima de mim me prendendo no chão com suas pernas. Eu tentava lutar, tentava me soltar dele, mas ele era forte demais. Ele tocava todo o meu corpo e o que eu podia fazer era chorar, chorar até meus pulmões explodirem.

Não pensava mais em nada, já estava exausta de lutar, estava seminua no chão encolhida como um bebê naquele chão frio, ele não estava mais lá. Não sabia quanto tempo havia se passado quando a porta se abriu novamente fechando atrás de si mais dois homens..."

 Acordei gritando em plenos pulmões, estava completamente suada e tremendo tanto que fazia meus ossos doerem. 

- Calma calma, o que houve?! Eu to aqui, calma, já passou - disse Fox assustado já me abraçando tão forte que fazia com que meus tremores cessarem. Estava chorando tanto que provavelmente inundaria o quarto inteiro, ele ficava beijando o meu cabelo enquanto eu chorava.

- Esse foi pior, foi muito pior, eu não aguento mais isso. Não quero ter mais isso, não quero. - disse e meu nariz escorria tanto que com certeza contribuiria com a inundação.

- Eu sei eu sei, não perguntarei nada. Só se concentre em se acalmar, eu to aqui com você e não vou a lugar algum - disse afagando o meu cabelo.

Só percebi agora que ainda estava escuro, não tinha amanhecido ainda, parecia que não teria fim, mas no fundo eu não queria que acabasse. Estava pensando como eu passaria por esse terror sozinha sem ele, em como eu me acalmaria sem ele.

Ele ficava dizendo "shh shh" até eu me acalmar por completo e saber que eu estava segura aqui e que não passaria por isso de novo. O pesadelo foi muito pior do que era, eu estava mais velha e não criança, não sabia o que isso significava e não queria saber, não queria pensar mais nisso. Não sei como ninguém entrou no quarto, do jeito que eu gritei era para todos no Palácio terem acordado. Acho que tivemos sorte.

- Se acalmou? - perguntou ele com uma voz suave, ainda não conseguia falar então só  assenti com a cabeça. 

Ele ficou me abraçando por mais um tempo, esperando que eu tentasse me acalmar por completo. Fox afagava as minhas costas enquanto o último tremor cessava.

- Eu posso usar o seu banheiro, estou toda suada - disse ele assentiu rapidamente.

 - Claro claro, fica a vontade. Já levo uma toalha para você.

Fui em direção a seu banheiro, era maior que o meu, que ironia. Fechei a porta e tirei o meu roupão, só percebi agora que eu só estava de calcinha e sutiã, esqueci completamente de colocar uma roupa por baixo do roupão antes de vir para cá. Quase ri da minha cabeça de vento, mas não tinha humor, ainda estava muito assustada com tudo o que aconteceu.

Liguei a água e deixei que o frio me envolvesse e afastasse os meus pensamentos. Percebi também que Fox poderia achar que eu estaria muito invasiva, mas tirei essa ideia da cabeça, Fox me entendia e não pensaria assim.

Ele tinha deixado a toalha em cima da pia do banheiro, estava tão distraída que nem o vi entrando. Me sequei e quando fui vestir novamente o roupão percebi que ele estava encharcado de suor na parte de dentro, não poderia vesti-lo assim.

- Fox - chamei ele repondeu.

- Oi, que foi? Quer alguma coisa?- perguntou e eu estava morrendo de vergonha de pedir.

- Você tem alguma...hã uma...

- Pode falar Ally. - disse ele me incentivando.

- Tem alguma roupa para me emprestar, o meu roupão está todo encharcado de suor. - disse corando mesmo de trás da porta do banheiro.

- Só isso! - ele riu um pouco para me animar - Vou ver o que eu encontro, só um minuto.

Um minuto depois ele disse:

- Aqui Ally - disse me entregando por uma frecha na porta uma blusa e um short que pareciam grandes demais. - Me desculpe, foi o menor que eu encontrei.

- Não não está ótimo, obrigada - disse já vestindo a blusa.

A blusa ficou parecendo um vestido em mim, então não vi a necessidade do short. Saí do banheiro e ele olha pela sacada do quarto.

- Aqui o short, não precisou. Obrigada - disse lhe entregando a peça. Ele me olhou mais que o necessário e depois desviou os olhos corando um pouco.

- Ok. Você está bonita - disse ele me encarando ainda com o rosto um pouco corado.

- Estou bonita com uma blusa larga demais a ponto de parecer um vestido? - perguntei e ele assentiu achando realmente que eu estava bonita.

- Está melhor? - perguntou e eu não conseguia responder ainda, e meus olhos começaram a marejar de novo. Ele me abraçou novamente.

- Vem deitar, você precisa descançar. - disse me levando até a cama.

- Não! Não quero dormir, não posso sonhar com aquilo de novo! - disse e ele pegou meu rosto com as suas mãos.

- Estou aqui, não vou deixar você sonhar com aquilo de novo. - disse a milímetros do meu nariz.

- Como é que você vai fazer isso? Como vai controlar o que eu sonho? - perguntei e notei que eu parecia uma criança falando assim.

- Não sei, só sei que se por acaso você tiver um sonho ruim de novo vou te abraçar mais forte, vou te esprestar outra roupa e vou te falar isso novamente até você dormir e acordar no dia seguinte sem sonhos - disse e eu fiquei encarando os seus olhos.

Não acreditava no que estava acontecendo comigo, no que ele tinha acabado de falar e na maneira como ele estava cuidando de mim.

Ele encostou seus lábios bem de leve nos meus, me dando apenas um selinho, mas não reclamei, estava mesmo muito cansada, tanto fisicamente quanto mentalmente.

Ele deitou na cama e deitou em seguida ao meu lado. Ficou mexendo no meu cabelo até eu finalmente pegar no sono e ter um resto de noite sem sonhos.