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História Again and Again - Chuva


Escrita por: Laminis

Notas do Autor


Nada a comentar mesmo não. Só vou deixar esse capítulo gigante aqui e me vou.
Um agradecimento aqui a ~ÍcaroBP, que me ajudou a ler e finalizar o capítulo. Valeu hein ^-^ Tu tá sempre me ajudando aí, eu nem sei como agradecer. Realmente, orbigada!
...
Enfim, eu os verei depois!

Capítulo 3 - Chuva


Fanfic / Fanfiction Again and Again - Chuva

Capítulo III

C h u v a

{...}

Zelda encarou a parte superior da mão destra, atônica. O símbolo da Triforce brilhava, sua cor dourada fortemente cortando o tecido das faixas ao redor de seu pulso de Sheik. Iluminava a aura pesada daquela ruela fria e cinzenta com sua luz quente.

O que estava acontecendo?

Era o que passava em sua cabeça.

E então uma onda tomou conta de sua mente.

Dentro da onda, ela viu a si mesma, na forma de Zelda, dentro do Templo do Tempo em ruínas, suas portas escancaradamente abertas. Ela viu o local onde as jóias do Tempo deveriam ser postas. Viu o vão escuro que era a sala onde a Espada Mestra ficava, perto da abertura para o Reino Sagrado. Caminhou até lá, tateando as paredes com receio. Não sabia o que estaria prestes a presenciar. Ela então viu o pedestal onde a lâmina fora posta a repousar, esperando que fosse finalmente retirada. Mas ela não estava lá. Mesmo no escuro, ela podia notar: o pedestal estava vazio.

Arregalou os olhos, confusa. Olhou para os lados, procurando qualquer coisa que pudesse explicar o que estava acontecendo. Como se pudesse achar uma solução para a pergunta que martelava a sua cabeça.

Quem tirou a Espada Mestra dali?

E então cerrou os olhos no momento seguinte. Uma luz cortara as cortinas de escuridão do local. Ela agora podia ver o salão com mais clareza: as paredes altas de pedra clara, as janelas finas e compridas com vitrais transparentes, por onde a luz - que parecia ser a do Sol - entrava, iluminando o centro da câmara. E quando ela baixou o olhar, a respiração trancou em sua garganta.

Uma pessoa estava ali.

Era uma figura masculina, disso ela tinha certeza. Era bem mais alta que ela, notou mesmo de longe. Ela se aproximou, demorando para que pudesse notar qualquer outro detalhe, pois a luz parecia refletir naquela estrutura esguia - era como encarar o próprio Sol: não podia manter contato por mais que alguns segundos.

Quando a claridade baixou, a única coisa que ela viu foi a cor azul dos olhos do desconhecido. Era um azul intenso, misterioso, que ela lembrava ter visto uma vez antes. Franziu o cenho quando notou a cor verde cobrindo o corpo do homem que estava ali, à sua frente.

Espera...

Ela então o viu erguer a mão em direção às costas. Em direção à espada comprida que estava presa à bainha.  Zelda arregalou os olhos, pois aquela era a lâmina que deveria estar no pedestal.

A Espada Mestra estava ali, sob a posse da figura do homem. Seu olhar o inspecionou com lentidão, notando todos os movimentos que ele fazia. Quando ele tocou a espada presa às suas costas, ela percebeu.

A mão esquerda. Ele usava a mão esquerda.

E ela só lembrava de uma pessoa que usava a mão esquerda.

Link.

O azul dos olhos de Link, tão profundos sob a atmosfera do local antigo, a encararam.

Ao mesmo tempo em que o brilho dourado surgiu de sua mão canhota. Um brilho dourado que, assim como quando ela vira somente momentos atrás, a cegara.

Ela só pôde perceber mais uma coisa antes que o cenário ficasse branco: o símbolo. O símbolo da Triforce brilhava na mão de Link.

Zelda sobressaltou, voltando para a realidade. Ela estava novamente nas ruelas cinzentas do Mercado do Castelo de Hyrule, o brilho em sua mão destacando sua silhueta, formando sombras nas construções ao seu lado.

Subitamente, sentiu dificuldade em respirar. Ela levou a mão ao peito, apertando o tecido da roupa que envolvia sua forma de Sheik enquanto buscava o ar pela boca.

Aquela visão… Aquilo era um sinal. Um que significava que era finalmente o momento. Que, finalmente, a hora havia chegado.

Ela olhou para cima, para o prédio em ruínas de onde havia saltado. Um gancho de vinhas chegavam até dois metros acima de sua cabeça, entrelaçando-se por entre as rochas cheias de limo. Em sua forma de Sheik - forte - ela não precisou fazer muita força para pular e agarrá-las, passando a escalar com habilidade e rapidez, como aprendera em seu treinamento.

Quando alcançou o topo da construção - mais de duas dezenas de metros acima do chão - ela se pôs de pé, olhando para todos os lados. Observando.

Procurando.

A cidade se abria à sua frente amplamente como um dos muitos livros que ela já lera, com suas construções estendo-se em sessões de linhas retas e simétricas até onde os olhos podiam.

Ela começou a correr.

Seus pés eram rápidos, as solas dos sapatos mal encostando no telhado e logo estando em meio ao ar novamente. Era ágil naquela forma, e sentia como se pudesse praticamente voar pelo ar, se quisesse.

Saltou quando o telhado daquela construção terminou, momentaneamente fazendo com que seu corpo ficasse em pleno ar. Ela podia ver as ruas da cidade com mais clareza agora. A praça principal estava cada vez mais próxima, e ela conseguia ver as água da fonte, uma vez cristalinas, tremeluzindo sobre a luz que desaparecia dos céus. Mas agora eram sujas, parecendo espelhar como o reino estava agora.

Ela desviou o olhar de lá, com raiva, apertando o nó dos dedos. Eles ficaram levemente brancos quando ela o fez.

Tudo mudara por conta de Ganondorf, depois que ele tomou controle da Triforce, assim como de todo o reino de Hyrule.

Há sete anos, quando ainda era uma criança, tivera um sonho; uma profecia: nuvens negras que lentamente cobriam o reino com suas trevas, um perigo eminente que jazia escondido por dentro de órbitas demoníacas. Ela não havia entendido de início o significado de tal sonho, mas soube identificar exatamente o que era assim que as viu: as órbitas oculares de Ganondorf.

Eram amareladas, assim como as de seu sonho. Eram demoníacas, escondendo uma onda de perversidade em sua coloração brilhante. Ela sabia que não podia confiar nelas, mesmo que ele - o Rei dos Gerudos - jurasse completa lealdade a seu pai, na época Rei de Hyrule.

Ela sabia que deveria fazer alguma coisa, e fez. Mas claro que ninguém acreditava que a Princesa, tão jovem que era, poderia saber do perigo eminente que se encontrava na debaixo do teto deles.

Seu próprio pai a ignorou, prestando suporte ao Gerudo.

Ela teve de,  então, socorrer a ajuda de outra pessoa: o garoto Kokiri.

Zelda suspirou. Lembrava-se claramente que, no final do sonho, em meio a toda a escuridão que se alastrava por aquelas terras, vira um ponto de luz. Uma luz que, mesmo aparentemente fraca, cortava as nuvens negras com a velocidade de um trovão, iluminando o solo de Hyrule. A luminosidade, então, aumentou, tomando forma: a de um garoto. Um garoto vestido de verde, que estendia em suas mãos uma jóia brilhante da mesma cor para ela, enquanto seus olhos - azuis - brilhavam tanto quanto a pedra preciosa e mágica.

Link.

Sua atenção se voltou para a própria sombra, que desaparecia, e ela olhou para o céu.

Era quase noite, o sol desaparecendo no horizonte e as pequenas estrelas pontuais no céu mostravam isso. Ela comprimiu os lábios, pondo-se a correr, apressando ainda mais o passo.

A Triforce entalhada na palma de sua mão momentaneamente lhe surgiu em mente. Na superfície cheia de finas cicatrizes da pele bronzeada de Sheik, o símbolo da Triforce brilhava, os três triângulos empilhados tatuando sua pele.

Ela já os havia visto antes: no dia em que Ganondorf tomara posse de todo o reino, ela recebeu o símbolo na palma da mão direita. Lembrava que o triângulo na base esquerda, que representava a Triforce da Sabedoria, brilhava mais que os outros dois: de Poder e Coragem.

Não só isso, mas o brilho viera junto com uma sensação. Uma sensação pesada, que fez com que sua cabeça girasse no momento. Trazia tantas náuseas, a sensação era tão ruim que ela pensava que iria desmaiar. Ela não soube dizer o que era na hora, e a sensação não ia embora.

Mas agora ela sabia..

Quando Ganondorf entrou no Reino Sagrado através da Porta do Tempo, aberta por Link ao final de sua jornada, ele tentou tomar posse do poder da Triforce.

Tentou.

E depois de pesquisar muito por muito tempo, Zelda soube dizer porque: a Triforce não discernia o bem do mal. É um objeto que garantia todos os desejos daquele que a possuía. Mas se esta pessoa não tiver um equilíbrio entre as três virtudes das Deusas Douradas Farore, Nayru e Din que as forma - Poder, Sabedoria e Coragem - a Triforce já não cumpriria sua função.

Foi por isso que Ganondorf não pôde obtê-la: ele não tinha o equilíbrio em si. Ele possuía muito poder, isso era fato, mas faltava em Sabedoria e Coragem.

E então a Sagrada Triforce se dividiria em três partes: a Triforce da Sabedoria, a Triforce da Coragem e a Triforce do Poder, que então seriam distribuídas para aqueles que representam cada parte neles próprios.

Zelda recebeu a Triforce da Sabedoria. Ela sentiu uma onda fluir por seu corpo quando o símbolo dos três triângulos empilhados surgiu na palma da mão direita, se cravando ali e causando uma imensa dor a ela. Enquanto olhava, o brilho dourado sugira por entre sua pele, que sangrava, cegando-lhe.

Ganondorf recebeu a Triforce do Poder. Ela sabia, pois sentira - a Triforce sentira. Ela o viu em um dos sonhos proféticos que tinha: o homem Gerudo erguendo-se aos céus, sua capa negra fluindo por detrás dele. Suas órbitas douradas brilhavam como se pudessem queimar tudo que olhassem, vitoriosas, enquanto o mundo atrás dele enterrava-se em ruínas.

Na palma de sua mão direita, Zelda notara, o símbolo brilhava, o triângulo superior destacando-se mais que os outros.

Ela suspirou. Aquilo deixava somente uma peça restando: a Triforce da Coragem.

Na época, ela esperou. Esperou, pacientemente, que a marca em sua mão brilhasse mais uma vez, mostrando o último possessor da terceira parte do objeto sagrado. Esperou que todas as peças tivessem sob a posse daqueles que a representavam para que pudesse agir.

Mas nunca mais havia brilhado.

A marca em sua mão, antes colorida com o tom de ouro, se tornou negra logo após. Parecia somente uma pintura dentro de um quadro.

Até aquele momento. O brilho da Triforce da Sabedoria em sua mão, assim como a visão breve de Link no Templo lhe indicaram que o momento finalmente chegara.

A Triforce da Coragem despertou, depois de sete anos estando adormecida.

E ela tinha que achá-la. Tinha que achar Link. Porque da mesma forma que ela sentia a presença dele, o despertar dele, sabia que Ganondorf também sentia. As peças da Triforce sentiam umas às outras. E aquilo era perigoso: Link poderia ser capturado.

Ela não podia deixar que aquilo acontecesse.

Conseguiu discernir os contornos do Templo do Tempo ao longe. A construção sagrada erguia-se, fraca, com suas paredes próximas de ruínas, as torres altas de seus polos esticando-se aos céus como se tentassem tocá-los. Zelda saltou por cima de mais um telhado, deslizando no ar com rapidez. Se olhasse para baixo, veria a praça da cidade, com sua fonte reluzindo o reflexo do corpo e os olhos vermelhos de Sheik nas águas imundas e paradas. O ar deslizou por entre suas vestes quando ela entrou em estado de queda, fazendo seus cabelos fluírem ao redor de si. Pousou sobre uma construção praticamente destruída, os joelhos flexionados para não fazer barulho.

O teto do estabelecimento estava praticamente destruído, e ela conseguiu enxergar a parte de dentro, onde um balcão se enchia de poeira, enquanto prateleiras nas paredes continham fragmentos quebrados de objetos que anteriormente eram vendidos ali. Ela viu uma placa branca caída no chão, em meio a toda bagunça, e de onde estava, conseguiu ler as letras escritas na língua Hylian.

Aquela era a loja de potes do Mercado, de quando seu pai ainda era o Rei de Hyrule. Agora, entretanto, somente tinham leves resquícios de sua original forma. Ela ainda se lembrava de que, sete anos atrás, ouvia relatos do dono para com o Rei. Era um compromisso que seu pai tinha toda semana - o de sentar-se na sala do trono para escutar os pedidos dos cidadãos - e ela pôde se juntar a ele algumas poucas vezes. O dono da loja alegava que um garoto vinha em seu estabelecimento de tempos em tempos para quebrar suas tapeçarias bem trabalhadas, escapando sempre antes que pudesse ser pego. Ela suspirou. O homem provavelmente nunca o achou.

Seus olhos desviaram do local, se voltando para a lateral esquerda.

O Templo estava ali. Somente a algumas dezenas de metros de si, a aura negra cobrindo o local Sagrado como uma nuvem cobrindo o Sol.

Zelda soltou-se do telhado da loja, descendo ao chão com suavidade. Passou a correr, atravessando a rua estreita ao lado do estabelecimento que uma vez vendera potes, subindo os degraus para o local que lhe lembrava uma Igreja, com suas torres esguias e pontiagudas que se erguiam acima das paredes, parecendo cortarem o céu cinza.

Estava tudo deserto. Olhando para os lados, não via sequer uma pessoa rondando aquele lugar. Nem os Redeads estavam ali, o que era estranho pois eles sempre vagavam por locais em ruínas - que era o estado daquela cidade do jeito que estava. Zelda franziu o cenho.

Teria alguém se livrado deles?

Não, aquilo não seria possível. Ninguém conseguiria derrotar tantos Redeads assim. Ela só conseguia quando estava em sua forma de Sheik e, mesmo assim, fazê-lo era perigoso. Alguém poderia vê-la.

E por mais que sua forma de Sheik fosse bem diferente da sua de Zelda, ela não queria dar o mínimo de suspeita à qualquer um. Se Ganondorf soubesse que alguém estava derrotando os Redeads assim, em massa, com certeza alguém viria atrás dela. O que levava a questão em sua cabeça:

O que aconteceu ali?

— Ah...

Murmurou, surpresa, quando algo gelado tocou-lhe a testa. Ela parou, sentindo um líquido escorrer pela região da maçã do rosto. Quase como uma lágrima.

Olhou para cima, cerrando os olhos quando mais uma vez algo gelado caiu em seu rosto, bem perto dos olhos vermelhos.

— Chuva?

Ao tom de sua voz, as nuvens negras no céu pareceram se agitar mais, e gotas de água caíram, molhando suas vestes. Zelda olhou ao redor de si, para o cenário que escurecia mais a cada minuto.

Estava chovendo.

Chovendo. Chuva. Chuvisco. Seus olhos se arregalaram.

Há quanto tempo não chovia ali?

Ela ergueu o braço para cima, como que para ter certeza de que o que via era real. E quando sentiu os pingos de orvalho colidirem contra a palma de sua mão, ela teve certeza: era chuva.

Desde o dia em que Ganondorf tomara controle do Reino, foram muito poucas as vezes em que choveu - ela podia contá-las nos dedos.  Demorava tanto para chover que a terra ficava seca - as plantações não cresciam mais, e muitos dos rios secaram - e quando chovia, era como se um dilúvio tomasse conta de todo o Reino, pois chovia por dias inteiros sem parar.

Mas aquela chuva não era assim, como um dilúvio. Era fina, fraca, como chuva de primavera. Chuva que sempre trazia a sensação de leveza e prosperidade. Que trazia luz que iluminava o Reino.

Como Link.

Sua voz se prendeu na garganta. Link. Se esquecera dele. Ela voltou a atenção para a entrada do Templo.

Seu coração deu um pulo.

As portas estavam abertas. Não só abertas, mas escancaradas.

— Não.

Ela correu. Correu o mais rápido que podia. Passou pelo aro da entrada, fazendo seu caminho pelo local conhecido.

As paredes eram de pedra branca, se erguendo até o teto e formando arcos longos no final. Pilares octagonais eram posicionados longo do saguão, com uma tocha jazendo apagada em cada um, fazendo com que todo o local ficasse parcialmente escuro. A pouca luz que entrava vinha das janelas esguias de vitrais transparentes. Zelda não conhecia os padrões circulares que estavam neles. Um tapete vermelho se estendia da entrada, passando pelos degraus e o corredor comprido até o canto oposto. Seu foco estava ali, enquanto corria através do tecido imundo, que liberava nuvens de poeira vez ou outra que seus pés passassem correndo por cima dele. Seu foco era na entrada.

Por detrás da estrutura onde as Pedras Espirituais deveriam ser postas - um grande bloco de mármore claro que tinha metade de sua altura - havia a parede onde havia a abertura para a sala onde estava a Espada Mestra e a passagem para o Reino Sagrado. A muralha, do mesmo material do Templo em si, possuía um grande símbolo da Triforce dourada em sua parede. Detalhes nela faziam parecer que raios saíam da pintura do objeto sagrado, como feixes de luz que atravessavam os vidros de uma janela.

E abaixo dela estava o que procurava: a Porta do Tempo.

Aberta.

E quando Zelda entrou dentro da câmara onde a havia a entrada para o Reino Sagrado, era como se a visão que tivera há pouco tempo se tornasse realidade: o local era escuro; a Espada Mestra não estava ali.

Mas diferentemente da visão, Link também não estava ali. Não havia qualquer sinal do Kokiri; nenhum sinal de seus olhos azuis; nenhum sinal da Triforce em sua mão esquerda.

Tudo que havia ali era a escuridão da noite que se formou, assim como o barulho da chuva batendo contra os vitrais.

Zelda exasperou.

— Não… — ela murmurou — Não, isso não pode estar…

Ela estendeu as mãos para cima com pressa, murmurando o encantamento para que pudesse enxergar com mais claridade.

Lumus.

Mas quando o local se iluminou sob o brilho branco que vinha de suas mãos, ela confirmou o que temia: não havia nada ali. Nem Link, nem a Espada Mestra. Nada.

Zelda deu um passo brusco para trás. Seu coração martelava dentro de sua caixa toráxica, aflito. Ela não poderia ter demorado tanto, podia? Ela não poderia ter chegado tarde, podia? Não podia ter perdido Link, podia?

Zelda voltou-se para os lados, examinando. Sua cabeça trabalhava a toda velocidade, milhões de pensamentos e possibilidades tomando conta, e ela se esforçou para acalmá-los. Analisou o local com calma, sua visão se acostumando com a falta de luz rapidamente por conta da sua forma de Sheik.

Não parecia que houvera qualquer tipo de batalha ali: as paredes eram velhas e com manchas de limo, mas sem marcas de armas ou de gotas de sangue. Seu nariz fungou, tentando achar qualquer tipo de odor diferente no ar. Os sentidos dos Sheikah eram bem mais apurados que os seus de Hylian, e por conta disso conseguia perceber certas coisas como mínimos movimentos, aromas e sons com mais facilidade. Ela fechou os olhos, se concentrando ao local em sua volta, procurando.

Mas tudo o que conseguiu discernir foi o cheiro de terra e chuva.

Ainda era fresco.

Suas órbitas então se voltaram para a entrada do Templo, com ansiedade.

Aquilo significava que Link não tinha sido atacado, mas que tinha saído por conta própria. E não só isso, mas como também o fato de que ele tinha saído somente minutos antes que ela chegasse ali.

Ele deveria estar próximo.

Suas pernas se moveram, dando passadas rápidas sobre o piso de pedra, e logo ela estava correndo. Com os braços estendidos para trás de si, próximos ao corpo, ela avançou através da passagem que era a Porta do Tempo, saltando sobre o pedestal que continha as Pedras Espirituais e correndo pelo longo corredor. O tapete escorregou um pouco sobre seus pés, mas isso não a parou em nenhum momento.

E logo estava do lado de fora novamente. Sob a chuva.

Olhou para todos os lados, procurando qualquer sinal de movimento com seus olhos vermelhos. Sob a pouca iluminação do local, entretanto, era difícil. Ela teve de cerrar as órbitas para que pudesse enxergar melhor. Rondou o lugar uma, duas, três vezes, mas não achou nada. Ele já estava mais longe.

Seu peito apertou ao pensar em Link: ela deveria ter estado lá no momento em que ele despertara. Para explicar a ele o que acontecia, sobre os perigos que haviam ali fora agora. Praguejou por sua falta de atenção, por ter demorado a chegar ali. E se Link estivesse em perigo agora? Ele não sabia sobre as criaturas que agora habitavam a cidade… E se corresse de encontro a um Redead?

Um som a distraiu dos pensamentos, e ela se virou para olhar de onde ele vinha: a esquina de onde ela viera, onde ficava a fonte de água e a praça principal da cidade. Ela se pôs a ir na direção do local, prestando atenção no som que ouvia. À medida que se aproximava, passando pelos degraus e as construções em ruínas com a velocidade e taciturnidade de um gato, ela pôde identificar que antes soava desconhecido ao seus ouvidos: o som de lâmina cortando o tecido do corpo de um inimigo.

E quando chegou ao mesmo local que esteve somente a minutos atrás, na base da loja de potes que ficava de frente à praça principal, ela olhou para a cena com espanto. Não tinha visto nenhum dos Redeads no local anteriormente, e agora sabia o porquê: alguém estava dando um fim a todos eles.

Zelda assistiu um grupo de oito Redeads rodear uma figura desconhecida, os lamentos que saiam de suas bocas putrefatas ficando cada vez mais altos enquanto eles esticavam-se para atacá-lo. Eles estavam tão próximos… Usariam o grito paralisante a qualquer momento, para depois rodeá-lo com suas mãos esqueléticas, quebrando-lhe os ossos e tirando-lhe a vida.

Zelda comprimiu os lábios — Não acredito que estou fazendo isso — murmurou, levando as mãos às adagas que estavam presas na cintura.

Ela tomou uma em cada mão, correndo em direção à criatura mais próxima de si. E em sua forma de Sheik, saltou no ar, pousando nos ombros do Redead e perfurando-lhe a cabeça com as lâminas. Ele estremeçeu abaixo de si, sucumindo ao chão com ela nos ombros.

Um outro, notando a súbita movimentação ao lado e a notando ali, direcionou suas mãos à ela, sua estatura bem mais alta se abaixando para que pudesse alcançar o corpo de Sheik. Mas ela desviou, rolando pelo vão por entre as pernas compridas do ser e usando as adagas para cortá-las ao mesmo tempo. O Redead caiu de joelhos, seus lamentos ficando mais altos por conta do ataque, como se pedisse ajuda. E ela os calou quando, com movimento giratório giratório de seu corpo, trancou as lâminas na posição horizontal sobre os dedos e as rodou, cortando a pele da parte de trás do pescoço do ser. A cabeça do Redead caiu no chão com um baque, com o mesmo som de quando se acerta um objeto oco.

Ela virou-se, pronta para atacar o próximo com todas as forças que tinha. E tudo o que fez foi arregalar os olhos.

Não havia mais nenhum Redead ali. Ao menos, nenhum de pé: todos eles estavam estirados no chão, sem se mover. Todos os seis deles, derrotados, com a parte superior e frontal do torço destroçada, com se alguém tivesse rasgado a pele dali com força bruta.

Ela olhou para cima, perguntando-se como alguém poderia ter tanta força para fazer algo daquele jeito. E quando encarou a figura, que encaixava a espada longa e fina na bainha de suas costas com a mão esquerda, ela prendeu a respiração. Quando encarou o par de olhos azuis e profundos, que quando criança acreditava poderem ver o mais profundo de si, ela segurou o exaspero surpreso.

Pois era Link que estava ali. Link, aquele que ela procurava. Link, aquele que passou sete anos preso no Reino Sagrado.

Link, aquele que agora lhe dava as costas, saindo andando.

O movimento a despertou do transe.

— Ei — ela chamou, enquanto o outro se afastava — Link.

Chovia na última vez que ela vira Link. Os céus naquele dia estavam escuros e sombrios, na mesma situação dos de hoje. Foi no mesmo dia em que Ganondorf tomou posse de seu reino, quando ele deu o golpe que tirou não só o trono, mas como também a vida de seu pai. Ela se lembrava do castelo, antes sempre tão belo e imponente, ardendo em chamas.

Ganondorf queimou não só sua casa. Ele queimou sua infância, sua inocência. Queimou tudo em que ela acreditava.

E então lá estava Link: logo ao portão do Castelo. Ela se lembrava dos olhos dele, enquanto ela era segurada por Impa no cavalo no qual escapavam do Gerudo: eles estavam agitados, contrastando com a expressão de seu corpo, calmo. Ele não fez nada enquanto a via se afastar. Só ficou parado, encarando-a, como se ela fosse o foco de toda a situação, e não o castelo em chamas ou o Rei Gerudo que a perseguia, montando em seu corcel negro. E quando ela atirou a Ocarina do Tempo em direção às águas que rodeavam o castelo para que Link a pegasse, ele ainda continuou a encará-la.

E Zelda não sabia porquê, mas sentia que era como se ele estivesse lhe dizendo não um “Adeus”, mas um “Até logo”.

E realmente, depois de sete anos, eles se reencontraram. Sete anos que mais passaram como sete segundos para o garoto, por conta de ter retirado a Espada Mestra do pedestal e abrindo as portas do Reino Sagrado e ficando preso por ser tão jovem, ao mesmo tempo que retirou todo e qualquer obstáculo do caminho de Ganondorf, que entrou no Reino Sagrado também numa tentativa de obter a Triforce, o que resultou no objeto sagrado sendo divido em três partes e se colocando sob a posse de seus representantes.

Ela encarou o, anteriormente, garoto Kokiri, que agora era um rapaz.

Link crescera, ela notou: ele era pelo menos meia cabeça mais alto que ela - o que a fazia ter que olhar para cima, mesmo estando em sua forma de Sheik. O rapaz, sem músculos quando criança, agora tinha braços fortes, enfatizados por suas vestes molhadas e que parcialmente cobriam toda a pele de seu corpo. O rosto, antes infantil e suave, agora possuía uma linha mais definida no maxilar e pescoço, mostrando o manifesto de seus traços masculinos na adolescência. Os cabelos, loiros e sujos - que uma vez ela comparou com as areias dos Vales dos Gerudos - cresceram também, e agora se enrolavam atrás das orelhas pontiagudas e por suas têmporas, caindo levemente por seu rosto, grudando-se contra ele por conta do orvalho que caía sobre a cidade.

E os olhos… Aqueles olhos foram a única coisa que não mudou. Eles ainda eram do mesmo jeito que antes: azuis; profundos; misteriosos. Ainda pareciam poder ver através de si. Ainda traziam aquela sensação de inquietação sobre ela, o que a fez desviar o foco dali momentaneamente.

O jeito como ele a encarava era ainda mais intenso que antes. E ela demorou para perceber que também o encarava, sem dizer nada. Só percebeu quando Link voltou a andar, saindo de seu campo de visão.

— Link! — falou, suspirando, e se pôs a seguí-lo —  Link! Eu estive esperando por você!

Link não respondeu. Ele continuou andando entre passadas largas e apressadas — O mal reina sobre Hyrule agora — ela continuou. Ele não se virou para encará-la, mas Zelda notou suas orelhas pontiagudas se agitarem ao som de sua voz, como se estivesse escutando-a — E uma voz que vem do Reino Sagrado chama por aqueles que são destinados a serem os próximos...

Sábios.

Zelda parou, olhando para ele com uma expressão confusa - que depois lutou para esconder.

— Perdão?

Link, enfim, parou. Seus ombros subiram e desceram quando ele soltou um suspiro. E quando se virou para olhá-la, seus olhos pareciam agitados.

— A voz do Reino Sagrado chama aqueles que estão destinados a serem os próximos Sábios. — a voz de Link era muito mais diferente da de antigamente. Era mais matura, com um timbre grave que soava de maneira um tanto agradável aos seus ouvidos. Ela quase esqueceu que ele a havia interrompido. Quase — Cada um deles habita um dos Cinco Templos. — ele continuou — E é para lá que vou agora.

Zelda observou, pasma, o rapaz virar-lhe as costas pela terceira vez, preparando-se para sair. A surpresa, entretanto, não a impediu de ficar parada.

— Ei! — ela correu na direção dele, que se virou para encará-la, com irritação estampando seu olhar — Como sabe disso?!

Link ergueu uma das sobrancelhas, olhando em volta — O Sábio Rauru me disse.

A imagem de Rauru lhe veio na mente: o homem já de idade que vestia um robe amarelado. Ele tinha um corpo oval, assim como o rosto, coberto por uma barba longa e branca, enquanto os cabelos que deveriam mesmo estar em sua cabeça eram escassos, o que lhe dava uma calvidade na região.

Ela piscou — Ele lhe disse tudo? — perguntou, vendo Link direcionar a atenção para todo e qualquer lugar, menos para ela.

— Sim. Ele me disse. — respondeu, dando de ombros — E é tudo que preciso saber.

Zelda franziu o cenho.

— Então você sabe que seu próximo destino é o…

Templo da Floresta — Link parecia impaciente, olhando para os lados, como se quisesse sair logo dali. Zelda tinha a impressão de que ele fazia aquilo de propósito, como se quisesse deixar claro que ele queria que ela o deixasse ir.

— Eu preciso ir.

Ela viu Link lhe dar as costas mias vez, andando para longe dali. Aquilo a fez ranger os dentes, enquanto apertava o nó dos dedos.

Zelda, sempre calma e concentrada, estava com as emoções correndo livres por ela. O sangue parecia ferver em suas veias, e ela tentava se segurar para não avançar sobre Link e lhe socar o rosto. Ela poderia não ter mais o título de Princesa de Hyrule, mas ainda considerava respeito uma boa qualidade - que era algo que Link, no momento, não tinha. Ela se perguntou o que teria acontecido com o garoto das mãos frias e dos olhos profundos que viu pela primeira vez nos jardins do Castelo.

— Ei! — ela gritou quando quase o viu desaparecer na esquina.

Andou na direção dele, vendo que Link havia parado abruptamente, os ombros se erguendo para cima, tensionados. Ele se virou para encará-la, que avançava para perto dele em forma de Sheik.

Enquanto as passadas rápidas a faziam me mover para mais perto do rapaz, Zelda pensou no lugar onde atualmente habitava: a pensão velha parecia estar prestes a despencar, mas era o local mais limpo que podia alugar por um preço consideravelmente baixo naquela área. Ela pensou no quarto, com as paredes de madeira escura e velha, onde uma grande mancha esverdeada se alastrava na área central da que era oposta à janela; no chão de pedra, sempre frio sob seus pés, e nos poucos móveis no cômodo: a cama de palha onde dormia, com um baixo criado mudo ao lado onde uma vela solitária jazia apagada, e uma mesa de madeira com uma única cadeira junto a ela.

Se ela voltasse para lá, seria igual a antes. Ela simplesmente ficaria dentro do quarto, no escuro. Simplesmente esperaria lá, sem fazer nada. No local que nem sua casa era. No local que fora obrigada a viver por conta dos acontecimentos que levaram Ganondorf ao poder.

Zelda deixaria toda a responsabilidade para Link, enquanto ela mesma simplesmente se esconderia no breu de seus sonhos e suas profecias.

Aquilo era algo que ela não faria. Pela honra da memória de sua mãe; pela honra da vida de seu pai; pela honra de todos os anos que passou treinando até chegar naquele momento, ela estava decidida a agir.

E quando parou de frente para Link, olhando para cima para poder lhe encarar o rosto brevemente, ela não precisou dizer nada para que ele pudesse entender. Seus olhos vermelhos de Sheik passavam todas as palavras que queria dizer.

Eu vou com você.

Ela baixou o olhar, então se voltando para a direção que ele seguia. Mas quando deu o primeiro passo ouviu, novamente, a voz grave de Link.

— O que você está fazendo?

Ela parou, olhando por cima do ombro para que pudesse vê-lo. A expressão no rosto de Link era branca, como papiro sem escrita. Mas nos olhos - no fundo deles - ela notou uma certa agitação. Era como o mar antes da tempestade. Pareceu, por um momento, ser uma mistura entre fúria e medo.

— Eu estou indo com você.

Link riu entre dentes, irônico.

— Isso eu pude perceber — ele respondeu, então dando um passo para que estivesse bem de frente para ela. Se Zelda se aproximasse mais, poderia ver com mais detalhes as veias sanguíneas do pescoço de Link pulsarem com rapidez. Ela despertou quando ele cruzou os braços fortes em frente ao tronco largo, encarando-a olho no olho — Mas quem disse que eu preciso de sua ajuda?

Se Zelda não estivesse com o pano cobrindo-lhe a parte inferior do rosto, Link a teria visto escancarar a boca, incrédula. Entretanto, o que ele provavelmente viu foi o arregalar de olhos que Sheik fez.

— Perdão?

Link suspirou, repetindo — Quem disse que eu preciso de sua ajuda?

Zelda rangeu os dentes, apertando as mãos uma contra a outra.

— Como assim você não “precisa” de minha ajuda? — ela quase sussurrou, encarando-o com o queixo erguido — Você não sabe como o reino está agora! Passou sete anos preso no selo no Reino Sagrado!

Ela viu os olhos de Link lampejarem rapidamente, quase como o raio que cortou os céus no meio de toda aquela chuva, e se calou. Ela lembrou que, por mais que ele parecesse mais velho, o processo para que o fizesse deveria ter passado como questão de um segundo, ao invés de anos.

— O Sábio me disse o que eu precisava saber. E eu sei me virar.

Mas então porque ele não aceitava sua ajuda?

— Mas é perigoso! — ela contestou quando o viu dar um passo para longe, se recusando a deixar que ele saísse de seu campo de visão. Não sabia porquê, mas tinha a sensação de iria perdê-lo se deixasse — E armado do jeito que está, nem conseguirá entrar no Templo da Floresta!

Link ergueu uma sobrancelha com o comentário.

— Sei onde arrumar novas armas.

— Você não tem um meio de transporte — Zelda apontou.

— Sei onde arrumar um cavalo.

— Você está sozinho. É um risco a se tomar.

— Eu trabalho sozinho! — ele ergueu os braços para o alto. E Zelda notou que, quando ele o fez, ela conseguiu vez os músculos se contraírem por dentro do tecido que os cobria.

Zelda estava prestes a responder, mas uma voz cortou a dela - uma aguda e alta, que a fez parar na hora.

— Ei!

Ela olhou para cima, onde viu um ponto brilhante iluminar o cenário, agora escuro. E focando sua atenção ali, Zelda notou um par de asas longas e transparentes, com padrões circulares desenhados por elas.

Ela quase não prestou a atenção quando o “ponto” voltou a falar — Ele não está sozinho!

Ela franziu o cenho — E você seria...?

O ponto tremeluziu no ar, e a voz - feminina, notou - soou como se estivesse ofendida — Escute aqui…

— Não agora, Navi, por favor — Link grunhiu, pedindo logo após. Navi - o ponto brilhante - se virou para ele abruptamente, parecendo incrédula.

— Mas Link! — ela se aproximou, do rapaz alto, um tanto revoltada — Você vai deixar que…

Zelda acabou por não ouvir o resto. Memórias passaram por sua cabeça: memórias de sete anos atrás, de quando ela vira Link; memórias do ponto luminoso que o acompanhava.

Navi?

Ela lembrou da primeira vez que vira Link, nos jardins do Castelo, enquanto espiava Ganondorf na sala do trono durante uma reunião que ele tinha com seu pai, o Rei.

Seu olhar passou pela túnica Kokori em seu corpo de menino; pela espada e escudos de madeira presas em suas costas finas; pela fada que voava, estranhamente quieta, ao seu lado.

A fada. Navi era a fada.

Zelda a encarou. A luz flutuante rodeava Link, enquanto eles pareciam ter uma discussão calorosa - Link parecia nervoso ao ponto de esmagar a fada, enquanto Navi mesmo se agitava de um lado para o outro enquanto sua voz fina quase gritava.

Mas ela estava diferente: quando a viu pela primeira vez, Navi sequer dissera uma palavra. Agora, ela não parava de falar.

Zelda tossiu levemente, o que atraiu a atenção de ambos Link e Navi, que se viraram para olhá-la. Link então mordeu o lábio levemente, fazendo um pequeno “Tch”. Era como se houvesse sido pego fazendo algo de errado. E de certa forma, era realmente. Aquilo era uma contradição do que ele dissera no momento anterior - sobre trabalhar sozinho.

— Enfim — se pronunciou, remexendo o corpo de maneira desconfortável — Eu não preciso que venha. Qualquer coisa a Navi me ajuda.

Zelda ergueu uma das sobrancelhas — Claro, claro. Eu imagino — ela olhou do garoto de verde para a fada, e de volta para ele novamente — Quando vocês pararem de discutir, talvez ela o ajude.

— Ei! — Navi reclamou, voltando-se na sua direção — Isso é desrespeitoso!

— Perdão — Zelda falou, olhando para ela com rapidez — Eu não pretendi trazer tal tratamento — levou a mão ao peito, dizendo com o gesto que realmente pensava de tal modo — Mas eu vou com vocês: isso é um fato.

Link estava prestes a responder, mas ela ergueu a mão para calá-lo — Não importa o que você disser, fizer — ela frisou a última palavra, atenta à reação dos dois — Eu estarei indo. Essa é uma missão importante não só para você, mas para mim também. — sua mão contra o peito se apertou — E você não pode e não vai me parar.

Com tais palavras, ela esperou. Esperou por uma rápida resposta de Link. Esperou por um comentário de Navi. Esperou por qualquer coisa.

Mas o que recebeu foi o silêncio. Ambos estavam completamente calados. Nenhum deles se movia; nenhum deles fazia sequer um mínimo barulho, e tudo que ela conseguia ouvir era o barulho da chuva, que ficava cada vez mais fraco. Sentia as gotas, anteriormente mais fortes, desaparecendo.

Os olhos de Link pareceram escurecer. Era como se o mar aberto se fechasse. Como um baú que era trancado à chave, para não ser mais aberto.

Zelda se perguntou o que ele poderia estar pensando. A expressão em seu rosto era dura.

Até que o ouviu suspirar. Os ombros do rapaz baixaram, e o olhar que ele mandou para Navi descrevia tudo que ele queria dizer.

— Está bem — ele deu de ombros — Faça o que quiser.

Ao som disso, Zelda quase riu.

— Ótimo. — murmurou, se juntando ao outro, que andava para o final da avenida que cortava a cidade.

— Não pense assim por muito tempo — ela o ouviu resmungar. Mas prestando atenção nos olhos de Link ela que veria que, no fundo - bem no fundo - havia um certo brilho ali.

Zelda encarou o céu, agora sem chuva. As nuvens negras haviam sumido, dando espaço ao azul escuro da noite. Ela notou as estrelas, sempre escondidas pelo tempo obscuro, espalhando-se pontualmente pelo cenário escuro. Como milhões de vagalumes preenchendo o céu.

Ela olhou de volta para Link. Os cabelos loiros exibiam certo brilho mesmo sob o escuro. A Espada Mestra em suas costas estava firme contra a bainha, como uma lembrança para ela.

Uma lembrança do que passou. Uma lembrança do que estaria por vir. Uma lembrança de esperança, como aquela trazida pela chuva.


Notas Finais


Então, o que acharam?
Me digam aí ^-^


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