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História Agressão - Capítulo Único


Escrita por: VoidWolfinGale

Notas do Autor


Uma coisa bem besta e bem simplezinha porque tive esses surtos de inspiração durante a madrugada rs.
Sério, foi bem do nada, então aí está.
É dark este tema, então não esperem por muita coisa. Os avisos existem para isso o/
Não é fluffy, não é shipp, não é romantizado.
Enjoy! \o/
Ps: eu me confundo muito com o significado de Drab, Drabble ou Droubble, então marquei tudo. Perdoem a ignorância, rs. <3

Capítulo 1 - Capítulo Único


A dor em meu baixo ventre insistia em me lembrar de nossa atividade recém praticada, de nossos atos impuros. De seus atos impuros. Bom, talvez não fosse certo jogar toda culpa sobre seus ombros –uma vez que eu também participei –ainda que tal ação tenha sido mais unilateral do que recíproca.

Tudo bem, não tinha problema. Eu estava acostumado. Uma hora o sangue escorrendo por entre minhas pernas e tingindo os lençóis secariam, assim como as lágrimas que no momento não cessavam de correr pela minha face.

Talvez eu não estivesse tão acostumado assim.

-Foi bom para você, Jooheon?

O veneno pingando do meu tom de voz era claro, não tinha como você não notar o rancor em minhas palavras.

Você congelou em meio aos movimentos. A calça que pretendia colocar por um momento foi esquecida no caminho de suas pernas.

Sua cabeça virou lentamente em minha direção e me encarou. Você percebeu que eu tremi visivelmente só pelo peso de seu olhar gatuno sobre meu corpo abatido. Você sempre percebia.

O sorriso que brotou em seus lábios logo após não fora irônico ou malicioso. Foi um sorriso doce, como se não tivesse notado o sarcasmo na minha voz, como se a minha pergunta fosse genuína curiosidade. Você sempre preferia acreditar na mentira.

-Sim, eu adorei. Você foi maravilhoso como sempre, meu amor. –Terminou de colocar a calça jeans e pegou sua camiseta jogada pelo chão.

-Você não vai me perguntar se foi bom para mim?

Novamente, eu te vi hesitar um pouco em seus movimentos, uma reação quase imperceptível que você mascarou com destreza. Mas eu sabia que minhas palavras tinham te atingido. Por mais que tentasse negar, você sabia a profundidade de minha repulsa. Eu nunca me importei em escondê-la mesmo.

Ainda com um sorriso sereno no rosto, como se estivéssemos vivendo um romance de novela, sua voz gentil não tardou a vir.

-Você gostou, meu amor?

O silêncio que nos engoliu era esperado, não era?

Por quê fazia perguntas para as quais já tinha a resposta? Por quê fingia que não estava me matando lentamente?

-Você acha mesmo que eu gostei? Pelo amor de Deus, coloca de uma vez na sua cabeça, Jooheon: VOCÊ ME ESTUPROU! Você é louco, doente, um criminoso! Eu nunca gostei e nunca vou gostar de deitar nesta cama com vo-

Minhas palavras foram cortadas pelo forte tapa que atingiu a lateral de minha face. Era uma reação esperada. Você sempre tendeu a resolver seus conflitos com agressão.

Minha bochecha queimava, pude ver que não poupou força ao me agredir. Minha mão foi de encontro a pele avermelhada que queimava do abuso recém sofrido e logo senti a umidade caindo sobre meus dedos. Eu continuava a chorar.

-CALA A BOCA! –Sua voz alta e intimidadora me fez encolher na cama, como o covarde que eu era. –Você é meu, Changkyun! E nós acabamos de fazer amor! PARA DE TENTAR DISTORCER OS NOSSOS SENTIMENTOS!

Suas palavras eram insanas, talvez até mais que você próprio. Como ousava falar de amor tão levianamente? Como ousava assumir que meu coração te pertencia, ainda que meu corpo já nem tivesse mais forças para lutar contra sua existência?

Você estava claramente exaltado. O medo me fez recuar. Meu corpo inteiro ainda estava dolorido devido a sua brutalidade. Eu não tinha nem me recuperado direito de meus recentes hematomas, não queria ganhar mais.

Eu me calei.

A última palavra sempre foi sua.

Pude ouvir seus soluços ressoando pelo quarto, você nunca chorou quieto como eu. Suas lágrimas eram exageradas e mostravam toda a dor que residia dentro de sua mente perturbada. Nessas horas, eu chegava a acreditar por um momento que você era humano.

Você sofria. Você me fazia sofrer. Por que não podia sofrer sozinho? Eu nunca concordei em compartilhar esta dor contigo.

Você sempre se exaltava, agredia-me e depois se arrependia. Começava a chorar, reconhecendo o monstro que era toda vez que eu lhe tirava de seus devaneios.

Seja homem pelo menos uma vez na vida, Jooheon. Encare a realidade. Eu não te amo.

Suas desculpas murmuradas e soluços sôfregos duraram por vários minutos, tanto que minhas próprias lágrimas até pararam de cair. Minha face já estava dormente e a umidade em minha pele, seca, tanto as lágrimas quanto o sangue.

Você se levantou e fez menção de sair do quarto, como se chorar e pedir perdão te absolvesse de seus pecados. Você iria voltar amanhã e faria a mesma coisa, seu hipócrita, então por que se arrepender?

-Jooheon... –Minha voz era fraca e sussurrada, mas eu tinha que tentar. –Você me ama?

A pergunta lhe pegou de surpresa, eu sei. Não tinha ódio, veneno ou mágoa em minha voz. Talvez uma pitada de tristeza, mas você já estava acostumado com isso.

Um enorme sorriso desabrochou em seus lábios, iluminando toda sua face. A extrema adoração em seus olhos era tão perceptível que as vezes eu me perguntava como eu não havia reparado nela antes.

-Claro que eu te amo, Changkyun. Eu te amo mais que tudo, mais do que qualquer um. Você é a única razão pela qual eu vivo, meu bebê.

Você falava com tanta certeza que as vezes eu me perguntava se sua obsessão doentia não seria talvez amor de verdade. Você sequer sabia amar?

A próxima pergunta que saltara dos meus lábios inchados era famosa nas nossas conversas, mas nunca fora realmente apreciada.

-Algum dia você vai me deixar ir embora...?

Eu só queria lembrar o cheiro do meu lar, beijar o rosto dos meus pais. Eu só queria contar piadas com meus amigos, brigar ocasionalmente. Eu só queria ser livre...

Mais uma vez, você não se dignou a responder.

Você apenas saiu do quarto e trancou a porta atrás de si, como sempre fazia. E eu fui deixado ali, mergulhando no silêncio da nossa pergunta nunca respondida.

Eu estava todo dolorido, fraco e já sentia que meu corpo não aguentaria muito. Ainda assim, não eram seus tapas, gritos ou estupros que me matavam.

Acho que, no final, eu só queria te dizer que teu silêncio sempre foi meu maior agressor.


Notas Finais


Cheque também minhas outras histórias se surgir o famigerado interesse o/ Acho que só tenho uma que não mexe com tema dark haha.
Beijos, obrigada por ler ^^
<3


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