Jooheon não se considerava alguém bom com palavras, tampouco com gestos. Ele se atrapalhava todo quando se tratava de demonstrar sentimentos e a situação piorava por conta de um certo alguém em especial. Não foram poucas as vezes em que tentou se confessar e acabava voltando atrás minutos antes de se aproximar de Minhyuk. Da última vez ele marcou de encontrar com o mesmo em uma livraria e logo depois foram tomar café e, quando finalmente tomou coragem para se confessar, desistiu.
Lee Minhyuk sempre estava de bom humor e lançava sorrisos gentis a todos que encontrava pelos corredores da faculdade, mas naquele dia, diferentemente dos outros, estava com uma expressão triste estampada em seu rosto e seus olhos, turvos. Até chegou a cumprimentar os amigos rapidamente antes de seguir seu caminho; eles estranharam a tristeza de Minhyuk.
— Ei, o que houve? — Jooheon perguntou, observando o amigo abrir um livro em edição de bolso e folhear as páginas calmamente.
— Só estou tendo um dia ruim, não se preocupe, ok?
Após o fim das aulas, Jooheon perdeu Minhyuk de vista no meio de tantas pessoas que iam e vinham pelos corredores, até tentou ligar e enviar mensagens mas o mesmo ignorava todas suas tentativas. No caminho para seu apartamento, Jooheon passou em frente a uma confeitaria e acabou avistando pela vitrine um bolo pequeno e decorado com raspas de chocolate e com calda de morango, havia algumas trufas no centro decoradas com flores pequenas e comestíveis. Jooheon verificou a hora e entrou na confeitaria; talvez aquele pequeno bolo animasse Minhyuk.
As ruas de Seul estavam cheias de pessoas apressadas, como de costume e como se não bastasse um homem alto, vestindo roupas esportivas, quase derrubou Jooheon ao esbarrar no mesmo próximo da entrada da estação de metrô. Já dentro do vagão metálico, Jooheon sentou-se num canto e verificou as mensagens antigas trocadas com Minhyuk, Lee acabou abrindo um sorriso bobo. Em seus dias ruins, era sempre o amigo quem lhe enviava fotos de gatinhos e enormes mensagens tentando fazer com que se sentisse melhor. Quando desceu na plataforma da estação, Jooheon avistou alguém familiar sentado em um dos bancos. Lá estava Minhyuk com o olhar distante, alheio ao mundo ao seu redor.
— Min, o que você tá’ fazendo aqui?
Ele fitou o rosto de Jooheon e abriu um sorriso melancólico, e disse:
— Só estou tendo um dia ruim, nada demais.
— Você pode desabafar comigo, Min, eu não quero te ver assim…
Minhyuk encarou a sacola que o amigo carregava, era de uma de suas confeitarias preferidas. Perguntou ao amigo se ele estava indo comemorar o aniversário de alguém, logo pensou que fosse de Changkyun mas havia se enganado com a data. Jooheon deu de ombros e sentou-se ao lado de Minhyuk, abrindo a caixa do bolo com calma.
— Eu comprei pra’ você, seu bobo, porque você tava’ tão triste hoje cedo e isso partiu meu coração em dois. — Disse Jooheon, evitando manter contato visual. Suas bochechas deveriam estar tão vermelhas quanto o casaco que vestia.
Ambos os dois comeram usando colheres que acompanhavam na embalagem, e não trocaram muitas palavras. Jooheon deu o último pedaço para o amigo e insistiu até que Minhyuk decidisse que cada um comeria uma colher até que o pedaço terminasse. O último pedaço era de Minhyuk mas ele surpreendeu Jooheon ao pegar a colher e levar até a boca do amigo, pedindo para que o mesmo abrisse.
— Obrigado por isso, Joo, comer bolo sempre me deixa alegre e… — Minhyuk fez um pausa e levou seu polegar em direção ao canto da boca de Jooheon, limpando um pequeno resquício de glacê. — Você sempre cuida tão bem de mim, e eu sinto que deveria te retribuir de alguma forma, mas não sei bem como.
— Você já retribuí isso da sua forma, Min.
— Eu sinto vontade de cuidar de você e te proteger de tudo e todos mas acaba sendo o contrário. Sabe, Joo, eu… Bem, não sei como começar a dizer isso, não é algo fácil.
Minhyuk apertou a manga de seu moletom azul e mordeu o lábio inferior, num ato ansioso começou a bater os pés sobre o chão de concreto. Jooheon notou que o garoto ao lado estava ansioso, conhecia bem Minhyuk fazia anos, desde que estavam no quinto ano. Ainda se lembrava de como ele chegava todo animado nas aulas carregando sua mochila do Batman.
— Sinto que te amo muito, Jooheon. — Minhyuk virou o rosto para encará-lo. — E tento te dizer isso faz tantos messes, só que eu me sentia inseguro, entende?
— Entendo sim e cara, eu tentava também me confessar mas sempre desistia e pelo mesmo motivo. Mas, Minhyuk… eu também sinto o mesmo, eu te amo demais, seu bobão.
Jooheon sorriu fitando os olhos de Minhyuk que, diferente de hoje cedo, agora estavam radiantes novamente. Eles deram um beijo tímido e olharam em volta ao se separarem, deram uma risada fraca e entrelaçaram as mãos, dando mais um beijinho. Minhyuk acariciou de leve a bochecha de Jooheon antes de se afastar para poder observar a expressão de Lee; os olhos se transformaram em dois risquinhos e as covinhas de Jooheon a monstra fizeram Minhyuk sorrir ainda mais e se lembrar de todas as pequenas coisas que tanto amava em Jooheon.
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