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História .ainda gosto dele; hunhan - .promessas


Escrita por: atzpoetc e eijisyj

Notas do Autor


chegamos mais cedo hoje uhu

Capítulo 10 - .promessas


Fanfic / Fanfiction .ainda gosto dele; hunhan - .promessas

» Sehun «

Imbecil. Sem noção. Traidor. Irresponsável. Insolente.

Esses, provavelmente, são alguns dos adjetivos que a boa parte das pessoas devem olhar para mim e dizer: ''Sim, este cara é isso". Não posso discordar que, em boa parte da minha vida, fiz muitas besteiras. De muitas eu me arrependo, de outras nem tanto, porque serviram para eu quebrar a cara e tirar alguma lição pra vida. Nós tomamos muitas decisões ao longo de nossa existência. Desde decisões bobas, como levantar da cama, à decisões extremamente importantes, que irão mudar completamente a nossa maneira de ver tudo ao nosso redor.

Minha vida está um caos, e não é de agora. Não sei o momento exato que tudo isso começou. Sabe quando você sente que não está no lugar certo e precisa achar um jeito para se encontrar, achar o seu eu, mas, não consegue? Desde que eu e LuHan nos divorciamos e passamos a viver em casas separadas, eu senti que uma parte de mim havia ido embora. Sim, mano, eu fui tão idiota com ele, eu sei. Na época da gravidez, todas as coisas que fiz, eu me odeio por cada uma. Ele precisou de mim, e onde eu estava? Num bar qualquer, bebendo igual um alcoólatra inconsequente.

Minha confusão mental estava tão intensa naquela época, que eu não tive a coragem de encarar a minha realidade. Eu não queria tomar a porra de uma decisão de ser um bom namorado compreensivo e presente nos meses de gravidez do LuHan. Se ele soubesse o quanto eu me arrependo disso. Se ele soubesse o quanto eu me julgo todos os malditos dias da minha vida. Eu era tão novo e imaturo. Eu queria sim ter um filho com ele, mas não naquele momento, não quando nossas vidas ainda estavam tão vulneráveis e sob o controle dos nossos pais. Puta que pariu, naquela época eu tinha tantos planos futuros para nós dois em minha mente. Casamento, uma casa, filhos. Mas, tudo veio com uma precocidade tão assustadora que a única coisa que eu soube fazer foi me encolher no meu mundinho de bosta e abandonar quem eu amo.

O que me fez mudar? Bom, isso é bem claro para mim. Quando vi Hunjin pela primeira vez, aquela coisinha tão pequena e parte de mim, eu só quis ser a pessoa com quem meu filho poderia contar. Um pai bom. Eu precisava me tornar alguém diferente, um ser humano focado capaz de dar do bom e do melhor para o filho. Mesmo depois de ter me separado do LuHan, nunca passou pela minha cabeça em deixar Hunjin, muito pelo contrário. Ele não poderia sofrer por conta de erros dos pais.

Irene. Ah, Irene... Você não merece passar por isso, eu sei. A culpa é toda minha por não ter me tocado antes, de não ter percebido o quanto eu ainda amo o LuHan. Droga, por que não conseguimos mandar nessa porra que se chama sentimento?!

Eu tentei. Depois que LuHan pediu o divórcio, eu realmente tentei seguir em frente. Eu saía com meus amigos para festas, fiquei com algumas pessoas. Porém, nenhuma dessas coisas me fez sentir como se estivesse sendo feliz. Então, Irene apareceu. Toda tímida, meiga, voz doce. Nos conhecemos no aniversário de um amigo em comum. No início eu pensei: ''Ela é bem bonita, nós vamos ficar e pronto''. Caralho, me enganei tanto. Ela me deu um fora naquele dia, e daqueles que o cara fica duvidando da própria razão de viver. Não sei, ela mexeu comigo depois daquilo. O restante já se deve imaginar. Só quero deixar claro que a Irene não foi uma qualquer que conheci e peguei facilmente. Eu tentei formar, de novo, uma vida ao lado dela.

Eu gosto muito dela, a considero bastante. O que pode ser bastante irônico já que a traí, eu sei.

O casamento. Eu decidi pedir Irene em casamento porque, por um breve momento, tive certeza de que isso me traria a segurança de que eu conseguiria formar tudo aquilo que um dia sonhei em fazer com LuHan. Ter uma vida. Porém, como eu disse, essa certeza foi só por um momento. Depois daquela noite com LuHan, parece que tudo, tudo mesmo, passou a ter outro sentido. Eu percebi que os meus sentimentos por ele não tinham ido embora de nenhum jeito. A alegria intensa, a emoção, o amor. Na verdade, parecia que, naquela noite, todos esses sentimentos haviam sido duplicados, triplicados, quadriplicados, até chegarem num estágio de completo êxtase.

O que é isso? Essas sensações independentes e incontroláveis? Por que não conseguimos simplesmente colocá-las nos lugares certos e nas pessoas, que, teoricamente, são a quem deveriam pertencer? Contudo, parece que não tem algo de racional nessa porra, é basicamente tudo emocional. Quando eu vi LuHan fumando daquele jeito – triste e completamente abatido – eu só senti vontade de protegê-lo de tudo, cuidar dele. Coisas que eu não fiz no passado. Naquele momento eu não pensei direito (ou nem pensei), eu só o beijei, como se minha vida dependesse daquilo.

Tudo. Tudo voltou naquela noite. Foi como se um filme tivesse passado em minha mente. Quando nos conhecemos, nosso primeiro encontro, nossa primeira noite de amor. Toda a minha vida com LuHan passou em flashs na minha cabeça. E eu tive uma certeza tão grande assim que meu corpo caiu ao lado dele, imerso em prazer e calmaria. ''Eu estou no lugar certo''.

Então, eu já comecei a planejar tudo. Quando chegasse em Seul, conversaria com Irene, diria que a amo muito, mas, não do jeito que ela merece, não do jeito que ela me ama. Que ela merece alguém melhor que eu. Mas, LuHan chegou e me falou todas aquelas coisas. A confusão voltou novamente. Eu só faço pensar: ''De que vale tudo isso? Realmente é possível ser feliz ao lado de mais de uma pessoa?'' LuHan falou que não podemos ficar juntos, então com quem mais serei feliz? Irene? Esse casamento é coisa certa a se fazer?

» LuHan «

Casa. Certamente este é o melhor lugar do mundo.

Assim que cheguei na minha, as primeiras coisas que fiz foi tirar os sapatos, largar as malas na sala e me jogar no sofá. Segundos depois, senti um pesinho sobre o meu corpo. Felicidade de pobre dura pouco mesmo.

– Papai, quero ver o tio Xing. – Hunjin falou enquanto estava sentado sobre mim e "desenhava" corações com seus dedinhos em minha barriga.

Suspirei e o puxei para um abraço. Acho que ele não tem noção do quanto eu senti falta dele durante o tempo em que esteve perdido. Até das birras eu senti falta, mas, ele não precisa saber disso, né?

– Depois você vê ele, neném. – Falei e ele se afastou um pouco para me olhar com um biquinho de dar dó. Preciso ser forte. – Não, Hunjin, eu não vou sair de casa hoje, okay? Amanhã é sábado, e isso significa que vou poder dormir cedo hoje e acordar beeeem tarde amanhã. – Falei abrindo os braços dele e depois o puxei de novo para me abraçar.

– Poxa, papai... – Ele falou, e sua voz saiu abafada por sua cabeça estar pressionada contra meu peito.

– Que tal a gente assistir desenho mais tarde, hm? O papai promete não dormir na metade de algum episódio.

Imediatamente ele levantou a cabeça, me olhando com um sorriso que não tinha mais tamanho.

– Sério?! Nós podemos assistir Super Shock? Diz que simmmm, por favor, por favor! – Ele pediu com as mãozinhas juntas e eu assenti.

Ele saiu de cima de mim para correr até seu quarto. Provavelmente pra vestir sua fantasia do herói do desenho. Fantasia esta, que foi presenteada por Sehun no dia do aniversário de 4 anos do nosso filho. O tema foi do Homem Aranha, mas, Sehun fez o favor de comprar a fantasia errada, então ficou assim: tema do Homem Aranha, fantasia do Super Shock. Eu quase matei Sehun no dia.

Sehun...

Ele havia ido pra casa dele. Depois daquela nossa conversa, eu não quis mais falar com ele, somente o necessário. A viagem de volta foi um total silêncio, porque Hunjin dormiu no avião e eu não fiz nenhuma questão de puxar assunto. Foram as duas horas mais longas da minha vida. Quando chegamos em Seul, preferi pegar um táxi até em casa, não queria pegar carona com meu ex marido.

Aquilo que aconteceu em Jeju, naquele quarto de hotel, aquilo foi um erro. Sim, foi um erro, LuHan, coloque isso na sua cabeça. Sehun vai se casar em breve e você precisa viver sua vida, dar mais amor e atenção ao seu filho, que é quem realmente te importa.

Esfreguei meus olhos e suspirei. Estou precisando de umas vinte horas seguidas de sono, ou vou acabar passando mal. Estava quase caindo no sono quando ouvi o interfone tocar. Puta que pariu, vai se foder quem quer se seja. Levantei com dificuldade e caminhei até o aparelho a passos lentos igual a um zumbi do The Walking Dead.

– Quem é? – Perguntei com irritação na voz e ouvi a voz do porteiro do outro lado da linha.

– Senhor LuHan, desculpe incomodar, mas tem uma moça aqui embaixo querendo entrar. Posso deixar ela subir? – Ele perguntou e eu só quis jogar aquele interfone no chão e pisar nele até o mesmo virar pó.

Mas preferi usar a educação que adquiri com o tempo,
até porque, mamãe não me deu isso.

– E qual o nome dessa moça? – Perguntei e escutei o porteiro fazer a pergunta pra tal moça.

– Hm... ela disse que se chama Irene. – Ele respondeu e eu revirei os olhos. Ela deve ter vindo ver Hunjin.

– Okay, pode deixar ela subir. – Falei e pus o interfone de volta no lugar dele.

Decidi ir pôr uma água para ferver, eu iria precisar de café para me manter acordado enquanto Irene estivesse aqui. Não demorou muito para a sineta tocar. Terminei de ajeitar a panela no fogão e fui abrir a porta. Assim que abri, fui recebido com um abraço apertado de Irene, ela só chorava. O que eu fiz? Pode parecer estranho, mas eu retribuí. Sei que Irene ama meu filho, e me arrependo de ter gritado tanto com ela naquele dia. Eu estava tão descontrolado que descontei em quem não devia. Pobre Yixing...

– Desculpe, LuHan, me perdoe, por favor! Eu devia ter olhado ele direito naquele dia, e-eu...

– Irene...

– ... vou entender se você não quiser que eu chegue perto do Hunjin, eu vou entender, sério. Ele é seu filho e...

– Irene! – Falei e cessei o abraço para olhar em seus olhos. Coloquei minhas mãos em seus ombros e sorri um pouco. – O que importa é que nós achamos ele, Hunjin está seguro agora, okay? E... a culpa não foi sua.

Assim que terminei de falar, ouvimos vários passinhos vindo correndo em direção à sala. Alguns segundos depois, Hunjin apareceu com sua fantasia de Super Shock, até a máscara ele colocou. Ele gritava e balançava a sua capa enquanto fazia movimentos com as mãos, como se estivesse lançando os raios. Quando viu Irene, meu filho correu imediatamente até nós.

– Ommaaaaaaaaaaaaaaa! – Gritou, e Irene se agachou para ficar da altura de Hunjin e abraçá-lo. 

Minha vontade de revirar os olhos foi tão grande.

– Hunjin! Meu Deus, eu estava com tantas saudades de você... – Ela falou enquanto acariciava os cabelos do meu filho. – Vim assim que soube que já haviam chegado em Seul. Queria tanto ver seu rostinho.

Hunjin se afastou dela, cessando o abraço, para depois olhar ao seu redor com uma carinha triste.

– Cadê o tio Xing? Ele não veio também? – Ele perguntou.

– Não, querido... – Irene respondeu. – Ele está na casa dos papais dele, e com uma vontade imensa de te ver. Só que eu não pude ir lá buscá-lo. Amanhã eu o trago aqui, okay? – Vi meu filho assentir com um biquinho choroso.

Ótimo, mais um dia que eu não vou poder dormir.

Só então lembrei da água que tinha colocado no fogo e corri pra cozinha para terminar de fazer o café. Assim que o fiz, coloquei o líquido quente numa xícara para começar a tomar. Realmente eu estava precisando de um café, senão iria desmaiar de sono. Quando me virei para retornar à sala, me deparei com Irene debruçada sobre o balcão da cozinha. Quase derrubei a xícara por conta do susto que tomei.

– Irene do céu... – Falei com uma mão no peito e ela riu. – Há quanto tempo está aí? – Perguntei e me sentei em um dos bancos de frente pra ela.

– Tem só uns minutos, não queria te atrapalhar enquanto fazia seu café.

– Você quer também? – Perguntei, me referindo ao café.

– Não, não, obrigada. E o Sehun? Sabe onde ele está? – Ela perguntou e eu fiz uma cara confusa.

– Hm? Como assim? Achei que ele tinha ido para casa...

– Não, ele não foi. Só fiquei sabendo que vocês tinham chegado porque Jongin me falou. – Ela disse enquanto olhava pra baixo e tinha uma expressão cansada no rosto. Não ter notícias do namorado é muito péssimo mesmo, sei como é isso.

– Não se preocupe, ele deve estar na casa de algum amigo, ou na casa dos pais. Sehun já é bem grandinho e sabe se cuidar. Na certa ele deve estar com vergonha de mostrar o rosto cansado pra você. – Falei rindo. – Aquele ali é muito vaidoso. Não vai aparecer enquanto as olheiras não tiverem sumido.

Ela olhou para mim e riu também. Não queria vê-la preocupada e quase arrancando os cabelos como eu ficava quando estava grávido e Sehun não chegava em casa.

– Verdade. Teve uma vez, que uma espinha enorme nasceu no nariz dele. – Ela contava com entusiasmo enquanto sorria. – Sabe aquelas bem grandes e nojentas? – Ela perguntou e eu assenti rindo também. – Então, ele não queria sair do banheiro enquanto a espinha não tivesse sumido, eu tive que prometer pra ele que não ia rir e nem fazer careta de nojo. Céus...

Eu realmente gosto da Irene. Ela é uma boa mulher, está sempre sendo uma pessoa muito meiga e tentando fazer as pessoas sorrirem. Tenho certeza que se Sehun casar com ela, será muito feliz.

– Sabe, Irene, eu quero te pedir perdão pelas coisas que falei lá em Jeju... – Comecei a falar assim que consegui parar de rir. – Não deve ter sido legal para você ouvir aquelas coisas.

– Não precisa pedir perdão, LuHan, seu filho tinha desaparecido. Foi mais que aceitável você ter ficado daquele jeito. – Ela falou e segurou a minha mão que estava sobre a mesa. Hm.

– Mas eu não deveria ter descontado em vocês, eu fiquei transtornado.

– Tudo bem, eu te perdôo. – Ela falou e de repente sorriu, como se tivesse acabado de ter uma ideia. – Mas com uma condição.

Porra, antes nem precisava pedir perdão, e agora até condição tem?

– E que condição seria essa? – Perguntei e dei mais gole do meu café.

– Você vai me ajudar a organizar meu casamento.

Cuspi foi tudo.

» Sehun «

Quando chegamos em Seul, LuHan disse que iria para casa dele de táxi, e eu resolvi não insistir. Dei um abraço bem apertado em Hunjin e me despedi deles. Senti uma vontade imensa de ver meus pais, não sei porquê. Então, peguei um táxi e fui para casa deles.

Toquei a sineta e depois de alguns segundos a porta se abriu, relevando um Yixing de moletom e com uma cara bem amassada devido ao sono.

– Ótima cena neste belo dia de sol. – Falei e dei risada. Meu irmão também deu risada e deu espaço para eu entrar.

– Nossos pais não estão, eles foram no mercado. – Yixing falou após fechar a porta e voltou a se deitar no sofá da sala. – Por que não trouxe Hunjin? Queria vê-lo.

– Ele foi pra casa com LuHan. – Respondi e sentei no outro sofá da sala. – Achei melhor, já que a viagem foi bem cansativa e ele brincou bastante lá.

– E você? Não está cansado também?

– Sim, estou, mas... não sei, sabe? – Suspirei e recostei minha cabeça no sofá.

Yixing levantou e veio até o sofá que eu estava, sentando do meu lado em seguida.

– Você parece incomodado com alguma coisa... Eu sei que sou meio novo, mas você pode me contar o que está acontecendo, irmão, se quiser, é claro. – Ele falou e sorriu, mostrando as covinhas.

Esses dias estou tentando me aproximar do meu irmão, e acho que ele também está fazendo isso. Sei que ele é uma ótima pessoa, sempre atencioso, querendo o bem de todos. Meus pais o criaram tão bem.

– São tantas coisas, Xing. – Deitei minha cabeça no colo dele, e vi que o mesmo ficou meio sem saber o que fazer. Resolvi continuar falando. – Na verdade eu não sei direito o que está acontecendo. Se eu soubesse, certamente te contaria. Sei que faz sucesso na escola, deve saber alguma coisa sobre amor, certo? – Falei sorrindo e o vi ficar com as bochechas vermelhas. – Olha só quem ficou com vergonha!

Ele colocou as mãos nas bochechas, para tentar escondê-las, e isso me fez dar mais risada ainda.

– Não é verdade! Eu só...

– Eu estava brincando, seu bobinho. – Passei a fechar os olhos enquanto ainda sorria. Alguns segundos depois, senti suas mãos acariciarem meus cabelos com certa cautela, como se estivesse com receio de eu me afastar.

Eu não faria isso. Como disse, quero me tornar mais próximo dele.

– Sehunnie? – Yixing me chamou baixinho.

– Hm... – Falei ainda de olhos fechados.

– Obrigado por me defender do LuHan naquele dia...

Abri meus olhos para encará-lo.

– Você é meu irmão, é meu dever te proteger. Até mesmo do meu ex-marido super impulsivo. – Falei e ele riu. Fiquei olhando as suas covinhas marcarem seu rosto branquinho mais uma vez. – Ah sim, amanhã eu te levo para ver o Hunjin, o que acha? A gente aproveita e sai pra comer alguma coisa legal.

– Você combinou com a tia Irene?

– Como assim?

– Ela me disse que amanhã viria me buscar para ver o Hunjin, e que só não buscou hoje para ir com ela porque não teve como. – Ele respondeu e eu franzi as sobrancelhas.

– Ela foi na casa do LuHan hoje? Mas... como ela sabe que a gente já chegou?

– Você não falou com ela ainda? Ué.

– Não... mancada, né?

– Muita.

– Prometo que vou ligar daqui a pouco. – Levantei meu dedo mindinho e ele juntou o dele ao meu. Acabamos dando risada, aquilo era tão coisa de garotos de ensino fundamental. Percebi que o sorriso dele foi sumindo as poucos, mas, seu dedo não se separou do meu. – O que houve? Está triste?

– Sehunnie, me promete mais uma coisa? – Estranhei o tom da voz dele, estava meio séria, porém, assenti com a cabeça. – Promete que não vai embora das nossas vidas de novo?

Ouvir aquilo foi como se tivessem enfiado dez mil facas em meu peito. A voz de Yixing saiu triste, e eu lembrei o quanto o desprezei assim que meus pais apareceram com ele pela primeira vez aqui em casa. Céus, com certeza meu irmão sentiu muito tudo aquilo, mesmo sendo uma criança na época.

Apertei mais um pouco o dedo dele contra o meu e sorri.

– Sim, eu prometo.

•••

Nossos pais chegaram alguns minutos depois com as compras. Quando me viram, vieram correndo até mim, perguntando sobre Hunjin, como ele estava, e falando o quanto ficaram preocupados quando souberam da notícia.

– Eu já estava a ponto de ter um ataque cardíaco! Seu pai precisou me dar água com açúcar, sabia? – Minha mãe falou enquanto tomávamos um café na cozinha.

– Mãe! A senhora não pode mais ficar passando por essas coisas. Precisa tomar cuidado. – Falei.

– Como a gente ia ficar tranquilo, filho? – Meu pai perguntou. – Ficamos com o coração apertado só de imaginar nosso neto perdido.

– Okay, okay. Mas o importante é que ele está bem agora, em casa, e seguro. – Falei, dando um gole no meu café logo depois.

– E o LuHan? Ele deve ter ficado louco quando soube... eu ficaria, com certeza, se algum dos meus filhos tivesse sumido. – Minha mãe falou e eu dei risada.

– Disso eu não duvido. Naquela vez que eu "me perdi" no shopping, a senhora só faltou anunciar num megafone. – Yixing disse e todos riram, exceto nossa mãe, que tinha feito uma cara emburrada ao ouvir aquilo.

– Não foi pra menos, né? Você desapareceu do nada, Zhang Yixing, eu achei que alguém tinha te raptado! – Ela tentou se defender.

– Omma, eu só parei numa loja pra olhar uns bonés e acabei me separando de você, e eu tinha 13 anos, quem ia sequestrar um menino com essa idade? – Meu irmão falou, ainda rindo, e nossa mãe lhe deu um tapinha no braço.

– Eles poderiam querer te pegar pra vender teus órgãos, nunca se sabe!

– Okay, okay, já chega... – Meu pai os interrompeu. – Não acredito que estão discutindo sobre isso, céus... quando terei paz?

Eu só sabia rir daquela cena. Minha família é realmente única, e a amo tanto por isso. Amo tanto, que vou cumprir a todo custo a promessa que fiz a Yixing. Não posso, e não vou, me separar de novo da minha família.

Resolvi mandar uma mensagem para Irene para dizer a ela aonde estou, e que possivelmente iria dormir aqui. Quero um tempo para pensar na minha vida, colocar as ideias no lugar.

Se eu conseguir, é claro.

» LuHan «

– Hein?! – Perguntei após colocar minha xícara sobre o balcão.

– Oh... você não sabia do casamento? – Irene perguntou.

– Não... quer dizer, sim, eu já sabia. Só não esperava você pedir minha ajuda pra isso.

– É que eu nem sei por onde começar, e o casamento já é mês que vem, então... como você já casou, eu pensei em pedir sua ajuda, por favorzinho. – Ela pediu com uma voz super doce.

Okay. Ela quer que eu, LuHan, a ajude com o casamento do meu ex-marido, pessoa esta que a traiu comigo. Certo, como eu posso negar sem parecer ignorante?

"Olha, Irene, eu sinto muito, entendeu? Mas eu não posso te ajudar porque anteontem eu dei para o seu futuro esposo. E eu quero que saiba que eu sinto muito por isso."

Acho que não, né?

– Irene, eu não posso fazer isso, eu...

– Por favor, LuHan, eu não tenho mais ninguém para pedir isso. Eu prometo que não serei uma noiva chata que fica reclamando de todas as decorações e vestidos.

Suspirei bem fundo antes de responder.

– Tá bem...

Não acredito que respondi isso. Não acredito, não acredito, não acredito.

Pois bem, amigos, no vídeo de hoje vamos aprender a como tentar se afastar do cara que você ama. 1º passo: ajude a atual dele a organizar o casamento dos dois.

Acho que eu sou o cara mais azarado desse mundo quando se trata de relacionamentos. Porque, olha, não é possível.

Irene começou a dar pulinhos e bater palmas depois da minha resposta. Depois veio correndo me abraçar e me agradecer umas 456 vezes. Acho que ela já está abusando da minha boa vontade.

– Okay, por onde a gente começa? – Ela perguntou toda animada após parar de me abraçar. – Eu tava pensando num lugar super legal que fica num sítio fora da cidade.

– Lugar? Calma, antes de tudo você precisa ter uma noção de quantas pessoas vão pro casamento, certo? Aí sim, que você pode ver o espaço.

– Entendi, entendi. – Ela pegou o celular e começou a digitar algumas coisas. Deve estar fazendo lembretes, sei lá. – Quando você vai estar livre?

– Que?

– Pra gente se encontrar e resolver as coisas.

– Ah sim, acho que segunda de tarde eu estarei livre, vou sair mais cedo do trabalho.

– Okay, segunda de tarde eu venho aqui e já trago a lista de convidados, certo?

– Certo...

– Obrigada, Luhannie, eu não sei o que seria de mim se você não tivesse aceitado me ajudar.

Eu juro que se ela me agradecer mais uma vez, eu volto atrás com minha decisão.

Depois disso, Irene falou que precisava ir embora por conta do trabalho. Foi se despedir de Hunjin, que estava assistindo desenho sentado no chão da sala, e depois eu a levei até a porta. Assim que ela se foi, me joguei no sofá e nem percebi direito quando peguei no sono.

•••

Fui acordado com vários beijinhos pelo rosto. Assim que abri os olhos, vi meu filho me encarando com aqueles olhinhos curiosos dele. Olhei a janela, e vi que o céu já estava bem escuro. Cristo, por quanto tempo eu dormi?

– Papai, tô com fome. – Ele falou com uma voz manhosa. – Eu tentei comer sozinho, porque você tava dormindo e eu não queria te acordar... mas, mas, mas... – Ele começou a gaguejar e chorar. Fiquei preocupado e sentei no sofá, o puxando para sentar no meu colo em seguida.

– O que houve? Você não tentou ligar o fogo né, Hunjin?!

– Não... eu só tentei pegar o potinho de biscoito que fica em cima da pecinha alta, aquele que você disse que eu não posso pegar, então...

– Então?

– Eu subi num banquinho, aí na hora que eu ia pegar, o potinho escorregou, e... e os... – Ele já começava a chorar baixinho de novo. – ... e-ele quebrou e os biscoitinhos caíram no chão, os biscoitinhos, papai...

Eu não consegui ficar bravo com aquilo. Meu filho chorava de um jeito tão desesperado. Ele realmente gosta daqueles biscoitos. Eu o proibi de comer toda hora, porque tem muito açúcar e pode fazer mal a ele.

– E você se cortou? – Perguntei, enquanto olhava as mãozinhas dele. – Se machucou em algum lugar? Estava calçado na hora?

– O senhor n-não vai brigar comigo? – Ele perguntou em meio ao choro. Limpei as lágrimas dele que insistiam em escorrer por suas bochechas.

– Não, acho que só o susto que você tomou já foi suficiente. Espero que aprenda que não pode fazer as coisas sem um adulto por perto, okay? – Eu falei e ele assentiu. – Pronto, não precisa chorar, o papai vai comprar mais biscoitos pra você depois, tá bem?

Me levantei com ele ainda em meu colo e caminhei até a cozinha. O coloquei sentado num dos bancos, e comecei a limpar a bagunça. Graças a Deus meu filho não se machucou feio. O pote havia se quebrado em pedacinhos, e eu catei um por um com cuidado, porém, acabei me cortando umas três vezes, nada de mais.

Depois que terminei de limpar tudo, Hunjin veio até mim com a caixinha de primeiros socorros e a abriu, retirando band-aid's de dentro, e me puxou para sentar no chão. Foi retirando os adesivos do curativo um a um e colocando nos locais que eu havia me cortado. Fez tudo com muito cuidado e concentração. Fiquei sorrindo que nem um bobo enquanto olhava aquela cena do meu filho cuidando de mim.

– Prontinho, só toma cuidado na hora de tomar banho, okay? Pra não arder. – Ele falou com o tom mandão dele e com o dedinho indicador apontando pra mim. Nem sei de quem ele puxou isso...

– Okay, Doutor Hunjin. – Falei sorrindo e ele deu risada. – Vem, vamos comer alguma coisa. – Me levantei e caminhei em direção à geladeira.

– Papai, e se eu te falar que fui fazer xixi e acabei melando o banheiro todo?

» Sehun «

– Vai dormir aqui, filho? – Minha mãe perguntou após terminarmos de jantar.

– Acho que sim. Não vai incomodar, né? – Perguntei.

– Não vou nem te dar uma resposta. – Ela falou com a mão na cintura e depois saiu com alguns pratos na mão para entregar ao meu pai, que estava os lavando na pia.

Fui em direção ao quarto de Yixing e abri a porta aos poucos. O encontrei deitado na cama lendo alguma coisa.

– Estudar depois de comer faz mal. – Falei e me sentei na cadeira da escrivaninha.

– Nossa mãe sempre fala isso... – Ele disse sem tirar os olhos do livro e riu.

– Mas é verdade. Uma vez eu estudei muito depois de comer e fui parar no hospital.

– Pff... – Depois de alguns segundos ele fechou o livro e me olhou. – Isso é mentira, né?

– Claro que não! – Não me aguentei e comecei a rir da cara de medo dele.

– Seu mentiroso! – Yixing reclamou e depois jogou um lápis em minha direção. Acabamos rindo logo em seguida.

A porta se abriu e nossa mãe colocou só a cabeça pra dentro.

– Rapazinhos, amanhã quero que os dois vão na feirinha comprar algumas coisas para a mamãe querida de vocês colocar no almoço, okay?

– Ah, mãe! – Eu e meu irmão reclamamos em uníssono.

– Nada de "Ah, mãe", você vão e pronto. – Terminou de falar e fechou a porta.

– Ai, não acredito que vou ter que acordar cedo em pleno sábado. – Yixing falou e se esparramou na cama.

– Nem eu. – Fui até a cama e o empurrei um pouco pro lado, para dar espaço, e eu deitar também. – Xing, o que você faria se estivesse prestes a tomar uma decisão que vai mudar sua vida, mas, não tem certeza se quer tomar essa decisão?

– Olha, eu não entendi porra alguma do que você falou agora. – Ele falou e eu ri.

– Nem eu entendi direito também... tá tudo tão confuso na minha cabeça.

– É sobre o casamento?

– Como sabe do casamento?

– Eu vi as alianças, né?

– Verdade. – Suspirei e fechei os olhos. – Sim, é sobre o casamento.

– Sabe, eu nunca casei, nem nada, mas, sei que só devemos fazer isso com alguém que realmente amamos. Você ama a Irene?

Abri os olhos e o encarei. Realmente não esperava que ele me perguntasse aquilo.

– C-claro, e-eu... eu pedi ela em casamento, certo?

– Pedir é uma coisa, assinar o papel e viver o resto de sua vida com ela já é outra bem diferente. – Ele respondeu.

– Vamos mudar de assunto, okay?

– Você que começou, uai.

– T-tá... como vai a escola?

– Ensino médio não é legal.

– Espera só entrar na faculdade.

– Não quero pensar nisso, okay? Tenho muito o que viver ainda.

– E namorar, né, danadinho? – Perguntei e comecei a fazer cócegas nele.

– Hyung! – Ele deu um pulo da cama e saiu do quarto enquanto eu ria.

Aí tem... aposto que esse menino passa o rodo na escola.

» LuHan «

– PAPAI, ACOOOOOOOOORDA!

No sábado, acordei assustado com os gritos de Hunjin, e já achando que a casa estava pegando fogo.

– Que foi?! O que houve?! Quem morreu?! – Eu olhei para os lados procurando o fogo, mas, só encontrei meu filho pulando na minha cama. – Céus...

– Papai, seu telefone tocou umas cinco vezes! Eu precisava te acordar porque você disse que eu não posso atender suas ligações pois pode ser cobrança.

Ainda bem que ele não falou isso em público.

Peguei meu telefone e vi que tinham umas ligações perdidas de Irene e uma mensagem dela também. Abri a mensagem e suspirei fundo para me preparar pro escândalo de Hunjin.

– Filho, a Irene falou que não pode ir buscar o tio Xing hoje porque o carro dela ainda não saiu da oficina.

Ele parou de pular assim que ouviu o que eu disse.

– Oi?

– Isso mesmo que você ouviu, agora me dá licença que eu vou voltar a dormir. Deus é mais, ainda são seis da manhã! Irene é o quê? Um galo? – Voltei a fechar os olhos, porém, logo escutei o choro baixo de Hunjin. Suspirei bem umas quatro vezes e abri os olhos. – Por que está chorando?

Ele me olhou com os olhinhos cheios d'água.

– Eu queria ver o tio Xing hoje, papai, busca ele, por favor...

Ai, não.

– Hunjin, eu não vou sair dessa cama agora de jeito nenhum! É ruim, hein?!

– Mas você prometeu!

– Nãnãninãnão! Não mesmo. Quem te prometeu foi a sua "omma". – Falei em tom de deboche.

– Então, tá! Eu vou lá sozinho buscar ele! – Saiu da cama e começou a caminhar com passos decididos em direção à porta do quarto.

– Epa! Hunjin, aonde o senhorito pensa que vai? – Perguntei indo atrás dele.

– Buscar o tio Xing, oras! Já que o senhor não quer buscar ele... – Ele falava calmamente. – Já que parece que só eu me importo com isso nessa casa.

– Eu hein, garoto! Tá aprendendo a ser chantagista assim com quem, hein?! – Perguntei e ele deu de ombros. – Quer saber? Acho que tá na hora de eu te mostrar uma coisa.

» Sehun «

– Trinta e seis batatas?! A nossa mãe vai fazer comida pra um exército? – Yixing perguntou após pegarmos vinte e cinco cenouras.

Estávamos os dois no mercado comprando as coisas que estavam na lista da Senhora Oh. Realmente, a quantidade de cada coisa era alarmante, ainda mais pra uma família de somente quatro pessoas.

– Parece que sim... – Falei enquanto conferia o restante da lista. – Okay, só precisamos pegar as batatas e 6 quilos de abóbora, vamos lá.

Terminamos de pegar e pagar tudo, e saímos com as sacolas super pesadas do mercado. Ainda bem que nosso pai emprestou o carro dele, porque senão, eu e Yixing teríamos que carregar tudo isso até em casa.

Assim que chegamos em casa, escutei vários sons de risada. Imaginei que meus pais estavam recebendo visitas. Quando passei pela sala, me deparei com meu pai sentado na poltrona enquanto brincava com Hunjin, que não parava de sorrir e bater palma, minha mãe toda feliz olhando a cena, e... LuHan, ele também estava sorrindo.

Acabei me desconcentrando e derrubei todas as sacolas no chão. A porra da sacola das batatas caiu justamente no meu pé. Todos que estavam na sala me olharam, e percebi que o sorriso de LuHan se desmanchou assim que ele me viu.

Continua...

 


Notas Finais


Então, amores, o que acharam do desabafo do Sehun?


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