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História Ain't my fault! - Please don't blame me for what ever happens next.


Escrita por: EchteLiebe

Notas do Autor


Oi gurias, bom domingo pra todo mundo!
Queria agradecer por vocês estarem todas de volta aqui! Minhas leitoras são muito fiéis <3
Vocês não sabem o quanto fico feliz de voltar aqui e sempre encontrar vocês comentando nas besteiras que escrevo.
Espero que gostem desse capítulo. O Mario pensa demais AHEUHEAUAEHUAEHUEA parece uma adolescente em crise. :D

Capítulo 2 - Please don't blame me for what ever happens next.


“Então, você tem sete dias!” – Andre sorriu pra mim com a boca cheia de batatas fritas. Nojento.

“Sete dias pra quê, Samara?” – Ergui uma das sobrancelhas e o encarei enquanto enfiava mais uma batata frita na boca. Ele revirou os olhos. – “Ué, o filme é um clássico, não pude evitar.”

“Você tem sete dias para conhecer melhor o Reus! Não é isso que você quer?” – Foi o Julian que respondeu, thank God!, porque o Andre acabou de enfiar uma quantidade absurda de hambúrguer na boca.

“Não!” – É óbvio que não! Eles entenderam tudo errado. Eu estou apenas comentando que o cara vai se mudar e eu mal o conheço, apesar de não suportá-lo.

“Então eu entendi mal.” – O Julian coçou a cabeça e me encarou. O lanche dele está intacto, já que ele é muito educado para conversar de boca cheia, e eu estou cogitando roubá-lo.

“Você vai comer esse?” – Apontei para o x-bacon e aguardei com expectativa. Ele é bem magrinho, então provavelmente não vai querer comer tudo.

“Sim, eu vou!” – Ele me lançou um olhar assassino e tratou de morder o lanche para provar o que disse.

“Ok!” – Ergui as duas mãos em um gesto defensivo e tornei a atacar o prato de batatas, no exato instante em que Andre resolveu voltar a falar.

“Eu estou dizendo, Mario... Talvez essa transferência não seja algo tão lucrativo pra você. Acredite em mim, já morei com um cara que deixava a louça na pia durante todo o mês, não colocava papel higiênico no banheiro e grudava meleca de nariz na cabeceira da cama.” – Ele cuspiu um pouquinho ao falar e eu quase desejei que se calasse, mas ele não deixa de ter razão. O Reus é um ser repugnante, mas é organizado e mantém tudo em ordem no espaço de uso comum. Ele até lava o banheiro quando chega bêbado e vomita. E bom, o incidente com a namorada dele foi a única vez em que ele levou algum hóspede indesejado para o apartamento sem me avisar.

“Talvez valesse a pena você conversar com ele, tentar conhece-lo nessa semana que resta.” – Andre me tirou do transe momentâneo.

“Na verdade, é menos do que uma semana. Talvez eu só tenha três dias para conhece-lo. Ele deu entrada no pedido na segunda-feira passada, hoje é sexta. E na verdade, nós não estamos conversando desde quarta-feira.” – Eu não consigo olhá-lo após ter visto a namorada do cara nua, não me leve a mal, mas é simplesmente muito estranho.

“Use os três dias então!” – Julian deu de ombros, como se isso fosse óbvio.

“Não...?” – Fiz minha melhor cara de desprezo e me concentrei novamente nas batatas. Eu não quero conhecer o Reus. Se ele quer sair do dormitório, não posso fazer nada para impedir, certo? Mesmo que isso signifique que posso arrumar um novo colega de quarto mil vezes pior do que ele. Sem contar que eu não me importo. Não me importo nem um pouco com ele. E, definitivamente, não estou pensando nisso o tempo todo desde terça-feira.

 

-

 

Estou caminhando de volta para casa, mas poderia muito bem voltar rolando. Acabei comendo um segundo lanche e mais um pouco de batatas, o que não ajudou nem um pouco a diminuir minha ansiedade. Eu provavelmente vou chegar e encontrar o dormitório vazio, já que o Reus obviamente vai ter ido para outra balada. Essa é uma das poucas vantagens de se morar em Berlim, uma das cidades mais agitadas e culturalmente ecléticas da Alemanha: Há baladas todos os dias, em todos os lugares e para todos os gostos. Para quem gosta é o paraíso, mas para quem não gosta... bom, para quem não gosta, é uma cidade normal. Eu prefiro gastar meu dinheiro com comida.

Amo comer e me dou bem com quase todos os tipos de culinária, o que não contribui muito com o meu porte físico. Sou pequeno, cheio de curvas, e tenho bochechas maiores do que o usual. Alguns homens gostam, outros não, e talvez seja por isso que não namoro há séculos. Meu último namorado foi no começo do ensino médio e nós não demos certo. Ele era loirinho, magrinho do tipo atlético e extremamente vaidoso.

Foi bom enquanto durou.

Talvez eu tenha um tipo específico de homem.

Acabo de me dar conta de que o Reus faz com que me lembre do meu ex.

OH MY GOD! O REUS SE PARECE COM MEU EX! É por isso que me incomoda tanto! Ele é o meu tipo! E é hétero! Como eu demorei tanto para perceber o problema? O Reus me traz más recordações porque sempre que olho para ele, lembro do idiota que me causou meses de sofrimento. Eu sou tão lerdo...

Sorri para ninguém em específico e senti um alívio invadir o meu peito. Eu finalmente descobri qual o problema e, definitivamente, o problema não sou eu! O problema é ele, com aquele sorrisinho torto, aquelas tatuagens ridículas no braço esquerdo, aquela barriga de tanquinho que termina em entradinhas perfeitas destacando os ossos do quadril, e o cabelo sempre arrumadinho. Ele é...

Me distraí e acabo de perceber que estou na rua de casa. A silhueta do prédio onde se localizam os dormitórios está destacada contra o céu noturno e eu parei para apreciar a vista por alguns segundos. É incrível como esse lugar me dá uma sensação de conforto no peito, algo que eu nunca havia encontrado antes. Acho que finalmente me sinto em casa, mesmo estando muito longe de Dortmund, onde eu cresci morando com meus pais e irmãos. Eu sou estranho e sempre me senti deslocado no meio de outras pessoas, mas esse lugar... esse lugar me traz bons sentimentos, como se as coisas finalmente tivessem se encaixado. Eu só tenho dois amigos com quem posso sair, mas é como se isso fosse o suficiente. E meu dormitório é meu safe place. Tudo naquele dormitório é familiar, até os roncos do Reus e os resmungos... Ok. STOP! Eu preciso parar de pensar nesse cidadão. Em breve eu ficarei livre dele e o tormento vai passar. E então... então um estranho vai estar no lugar dele, dividindo o dormitório comigo, dividindo o meu safe place! E o meu safe place não vai mais ser tão safe assim. OMG.

Passei a mão no rosto e suspirei, cansado do rumo que meus pensamentos estão tomando. Aqui, parado sozinho na noite, eu me permito ser sincero comigo mesmo por alguns minutos. Será que eu realmente odeio Marco Reus? Ou será que eu implico com ele de maneira inconsciente apenas para afastá-lo cada vez mais de mim? Eu implico para que ele não tenha lugar na minha vida, para que não consiga se aproximar o suficiente para ter o poder de me machucar. É isso. Eu minto para mim mesmo, o tempo todo, dizendo que não me importo. Mas a verdade é que me importo sim. Ele sempre foi legal comigo e no começo até tentava puxar assunto e se aproximar mais, mas eu sempre o afastei... eu apenas estava sendo justo comigo mesmo, me livrando de qualquer ameaça para a minha estabilidade emocional. Logo ele vai embora e eu não terei mais problemas.

Agora que terminei minha autoanálise, finalmente posso ir pra casa, tomar um banho, vestir algo confortável e cair na cama. Caminhei os últimos metros de distância que faltavam e finalmente adentrei o prédio escuro e silencioso. Ignorei o elevador e subi pelas escadas, ganhando mais um tempo para refletir sobre o quanto comi. Moro no quarto andar, estou na metade do primeiro lance de escadas e já estou arrependido do momento fitness que me fez ignorar o elevador. Minhas pernas estão pesadas e estou com um ligeiro desconforto na boca do estômago, como se a comida que ingeri estivesse lutando para sair. Provavelmente está.

Suado, corado e bufando enquanto tento normalizar a respiração, finalmente chego em meu andar. O corredor é comprido, já que abriga 10 dormitórios, e está pouco iluminado, apesar das luzes que escapam por baixo das portas fechadas. A do meu dormitório, o último do corredor, também está acesa. Provavelmente o babaca saiu e esqueceu de desligar, o que é bem comum.

Girei a chave na fechadura e abri a porta, pronto para deixar a solidão assumir o controle, mas o que encontrei na sala/cozinha do dormitório foi algo chocante. O Reus está em pé, atrás do balcão, muito concentrado em algumas panelas que ele mantém no fogão. Sentado no sofá, com uma garrafa de cerveja na mão, está meu melhor amigo de infância...

“NURI?” – Ok, minha voz saiu cheia de pânico/surpresa/descrença.

“Hey, Mars!” – O garoto se levantou do sofá com um pulo, sorridente como sempre, e veio em minha direção com os braços abertos. Retribui o cumprimento, ainda atônito, e me desvencilhei dele apenas para encará-lo com o olhar repleto de perguntas.

“Passei para fazer uma visita.” – O sorriso dele é contagiante e eu não consegui evitar sorrir de volta. O Nuri é uma das minhas cinco pessoas preferidas no mundo, e essa lista inclui apenas meus pais e meus dois irmãos, além dele. – “Quando é que você ia me contar que mora com o Marco?”

Eu tenho certeza de que meu queixo caiu. Virei o rosto rapidamente em direção ao fogão e dei de cara com Marco Reus me encarando de um jeito estranho, parecendo embasbacado demais para dizer qualquer palavra coerente.

“Vocês se conhecem?” – Eu perguntei, apenas para ter certeza de que estou certo sobre meu palpite. Nuri e eu não nos vemos desde o começo do ano, mas nós nos falamos todos os dias. Ele mora em Berlim, mas estuda e trabalha, vive sempre ocupado e a rotina levou a melhor sobre nós no que diz respeito à encontros. Um pouco foi displicência minha, mas um pouco foi a rotina. A questão é, ele sempre me falou sobre um garoto com quem costumava ficar, alguém que ele conheceu em uma balada, um menino chamado Marco. Arregalei os olhos e percebi que, enquanto eu me perdia em pensamentos, o Nuri tinha voltado a falar.

“Você não ouviu nada do que eu disse, né?” – Ele me conhece bem demais e vai repetir tudo o que falou enquanto eu estava longe. – “Resolvi fazer uma visita surpresa, já que você sumiu da minha vida, e imagine meu espanto quando toquei a campainha e dei de cara com o Marco aqui.” – Ele abriu um sorriso enorme e olhou para o loiro, que já estava com o sorrisinho torto convencido no rosto.

Oh God! Minha vida é uma piada. Uma piada horrível.

“Ele tem namorada!” – Foi tudo o que conseguir dizer. Meu cérebro parece uma grande bola de algodão e só agora eu percebi que estou apontando um dedo acusatório em direção ao meu roommie.

“Na verdade, nós não somos exclusivos.” – Ele colocou uma mão no pescoço e esfregou os dedos contra a pele da nuca, o tempo todo olhando para o chão, como se estivesse constrangido demais para nos olhar. Era a primeira vez que nos falávamos desde que o encontrei com o rosto enterrado nas partes íntimas da Scarlett. – “Nós só gostamos de sair juntos, as vezes apenas como amigos e às vezes...”

“Às vezes como dois tarados no cio.” – Completei, antes que ele terminasse. Nuri soltou uma gargalhada alta e se afastou de nós dois para se sentar no sofá. Ele não parece nem um pouco incomodado com o que eu acabei de dizer. Se fosse eu, estaria no mínimo ultrajado e pronto pra matar alguém.

 “Er, hum...” – O Reus está corado, da cor de um pimentão, e parece que não consegue formular frases. – “Você quer um filé? Eu estou fazendo massa e filé para o Nuri e eu.”

“Não, obrigado. Acabei de comer dois hambúrgueres e uma tonelada de batatas.” – Respondi, meio automaticamente. O Reus abriu um sorriso gigante, que enrugou o cantinho dos olhos dele e fez com que aparecessem covinhas em suas bochechas. – “Que foi?”

“Nada, é só que... hoje você falou mais do que falou comigo nos últimos 3 meses.” – Ele riu de novo e se virou de costas para mim, tornando a prestar atenção no fogão.

Nuri balançou a cabeça de maneira negativa, sorrindo divertido, e deu um último gole na cerveja antes de se levantar e caminhar até o balcão para deixar a garrafa vazia.

“Então, Sr. Mario Götze, fiquei sabendo que você anda tendo problemas com o seu colega de quarto.” – O Reus se virou tão rápido para encará-lo, que não sei como não teve uma tontura. Ele estava com os olhos arregalados e mordia o lábio inferior, parecendo querer enviar uma mensagem do tipo ‘cale a boca, otário’, para o Nuri. Eu quase ri. Quase. – “Eu já falei pra ele que você é do tipo introspectivo e que tem que ter muita paciência para conseguir quebrar suas defesas.” – Minha vez de fazer a cara de ‘cala a boca, otário’.

O silêncio reinou no aposento, e o Nuri percebeu que teria que se esforçar um pouquinho mais para conseguir algum progresso.

“Então, eu pensei em fazermos um jogo.” – Ele sorriu e caminhou até o frigobar, onde pegou outras duas garrafas de cerveja. – “Topam?”

Nuri abriu as garrafas e me entregou uma delas, alternando o olhar entre Marco e eu.

“Jogo?” – Eu nem gosto de cerveja, e ele sabe, mas mesmo assim colocou uma em minha frente. Provavelmente fez isso para que eu faça uso da tal coragem líquida.

“Que tipo de jogo?” – Foi a vez do Reus perguntar, cheio de desconfiança e dúvida na voz.

“Um jogo de perguntas, para podermos nos conhecer melhor!” – Nuri alargou ainda mais o sorriso, me lembrando momentaneamente do gato de Alice no país das maravilhas.

“E como isso vai funcionar?” – Dei um gole na garrafa de cerveja e lutei contra a careta que ameaçou surgir em meu rosto. Sinto que o álcool será necessário para me ajudar a passar por essa noite.

“Cada um de nós tem direito a escrever 6 perguntas em um papel. Qualquer coisa.” – Ele começou e eu torci os lábios. Isso pode dar errado de tantas maneiras... – “As perguntas vão ser empilhadas e embaralhadas e nós vamos sorteando uma a uma. Nesse jogo nós não podemos mentir e uma pergunta pode desencadear muitas outras para que nós possamos manter o assunto em pé. Temos 10 minutos para cada debate.”

“Nuri...” – Comecei, pronto para dizer um alto e sonoro não. – “Eu já te conheço bem demais, e você me conhece bem demais.”

“Mas o Marco não te conhece bem demais, nem me conhece bem demais. E você não conhece o Marco bem demais e nem eu conheço...” – Ele deu uma piscadinha para o loiro e mordeu o lábio inferior, o que me causou uma náusea repentina. Eles estão flertando bem na minha frente? Eca!

“Eu topo.” – Marco disse, ao mesmo tempo em que lambia um dos dedos que tinha usado para experimentar o molho de tomate. Acompanhei o movimento com olhos atentos e só quando percebi que os dois estavam me encarando em busca de uma resposta, foi que me recompus e aceitei com um dar de ombros.

“Tudo bem.” – Me agarrei à garrafa de cerveja feito um náufrago se agarra em uma boia. – “Mas vou precisar de mais dessas.”

-

 

Muitas garrafas de cerveja e alguns cartões de pergunta depois, estou aqui, sentado no chão da minha sala/cozinha, com as pernas cruzadas e uma sensação de leveza inexplicável nos braços e nos joelhos. É como se todo o meu corpo estivesse relaxado, assim como a minha mente, que anda divagando para reparar nos menores detalhes possíveis, como as sardas minúsculas que ficam abaixo dos olhos castanho-esverdeados mais sinceros que já vi. E esses dois itens se localizam no rosto de Marco Reus. Em pouco tempo descobri que ele também é de Dortmund, mas não estudamos nos mesmos colégios, nem frequentamos os mesmos lugares. Ele gosta de cozinhar, gosta de rock, hip hop, rap e um pouco de indie, mas de vez em quando ouve Justin Bieber também. Ele já teve dois namorados e uma namorada, mas ultimamente prefere ficar e sair com várias pessoas, já que não encontrou o “certo” da vez. Nós assistimos às mesmas séries, inclusive nossas preferidas são as mesmas: Suits e Game of thrones. Ele também prefere filmes de terror, suspense ou ficção científica e... prefere ficar por cima no sexo. Que bom, eu prefiro ficar por baixo, seria perfeito! Epa. What?

Comecei a rir sozinho do meu pensamento ridículo e quando dei por mim, Reus estava me observando de um jeito engraçado, com um meio sorriso no rosto e os olhos brilhando. Parei de rir, mas mantive o sorriso, meio sem jeito pelo que tinha acabado de acontecer. O encarei de volta e ele não desviou o olhar.

“O que?” – As palavras saíram em um sussurro e eu percebi que minha voz está rouca.

“Nas poucas vezes em que te vi rindo, e devo frisar que todas elas foram na noite de hoje, o apelido Sunny não me parece mais tão irônico assim.” – Ele mordeu o lábio inferior quando terminou de falar e eu engoli em seco, sentindo um turbilhão de emoções de uma vez. Meu estômago pareceu dar uma cambalhota e eu senti o tão famoso friozinho na barriga, enquanto sustentava o olhar do loiro. Eu não sei o que dizer. Não tenho nenhum comentário ácido para fazer, e eu creio que a cerveja me deixou corajoso, pois eu não consigo mentir e nem esconder que estou ligeiramente atraído por ele nesse momento. Quem diria. Ele é detestável, não é?

“Você é bem...” – Nuri pigarreou para nos lembrar de que ele está aqui, e eu me dei conta de que por pouco não disse para o Marco que ele é bem atraente. Mordi a minha língua e desviei o olhar, torcendo para que ele não percebesse o que estava acontecendo ali.

“Eu vou ao banheiro!” – Reus se levantou rapidamente, um movimento bem ágil para alguém que está na 16ª garrafa de cerveja ou algo do tipo. Eu não contei, mesmo porque, acho que não conseguiria. Não acho que um ser humano seja capaz de beber 16 cervejas. Será que alguém realmente é capaz de beber...

“Está se divertindo?” – Nuri interrompeu meus pensamentos e eu o olhei a tempo de ver o sorrisinho travesso que brincava em seus lábios.

“Hum?” – Me fiz de desentendido, tentando me recordar o que estava pensando antes de ser interrompido. Era algo sobre as 27 cervejas que vi o Reus tomar.

“Eu acho que você tem uma chance.” – Ele piscou pra mim e riu baixinho, e eu chacoalhei a cabeça para tentar entender. Decisão errada, tudo começou a balançar e eu ri, de repente enxergando dois Nuris.

“Chance?” – A palavra não fazia o mínimo sentido pra mim.

“Uhum. Com o Marco. Se você quiser... Eu não me importo! Nosso lance nunca passou de brincadeira.” – Nuri deitou um pouco o corpo para olhar em direção ao banheiro, como se estivesse verificando antes de continuar. – “Ele te olha de um jeito engraçado. Como se você fosse a coisa mais interessante do mundo. Acho que por você ter ficado tanto tempo sem falar nada pra ele, despertou uma curiosidade que está sendo saciada aos poucos hoje.”

“Nuri...” – Arrotei baixinho e ri de novo. – “O que você tá falando?”

“Acho que o Marco te comeria se você desse moral.” – Ele resumiu, sendo o mais vulgar possível.

“What?” – Arregalei os olhos e coloquei uma mão no peito, fazendo teatro para enfatizar meu ultraje. – “Quem disse que eu sou passivo?”

Nuri riu tão alto que eu tenho certeza de que todos os vizinhos em um raio de 50 km acordaram. Marco saiu do banheiro nesse exato minuto e começou a rir também, mesmo sem saber o motivo. Ele se sentou ao meu lado e nós voltamos ao jogo, ainda faltam 5 ou 6 cartões de pergunta.

Espera, eu o chamei de Marco?

-

São 4 da manhã. O Nuri acabou de desmaiar no sofá e eu estou indo para o quarto após tomar um banho gelado. Minhas pernas estão um pouco trêmulas e eu mal consigo me equilibrar, então coloquei só uma cueca e vou dormir assim. Mas primeiro preciso encontrar minha cama. Esse quarto sempre foi grande assim? Onde fica minha cama, senhor?

 

-

Estou recobrando a consciência aos poucos, mas já percebi que as coisas não estão boas pra mim. Minha boca está seca e com um gosto horrível de encanamento velho. Nunca lambi um encanamento velho, mas o gosto deve ser esse. Minha cabeça dói como o inferno, como se tivesse tomado uma pancada muito forte. As coisas ainda estão um pouco fora dos eixos e o quarto rodou um pouquinho quando abri os olhos.

Essa definitivamente não é a vista que tenho quando acordo na minha cama todos os dias. Parece que eu estou do outro lado do cômodo.

Tem um braço envolvendo a minha cintura e duas pernas enfiadas entre as minhas.

OH MY GOD!

WHAT IS THIS?

A respiração de alguém está grudada em meu pescoço, me causando uma sensação estranha, entre cócegas e arrepios. Marco. O aperto do braço branquelo e cheio de tatuagens é bem forte e o meu corpo todo está firmemente colado ao dele, desde os pés até os ombros. Eu sinto Marco Reus em cada centímetro do meu ser, e a sensação é quente e relaxante.

Me sentei tão rápido na cama, que acabei despertando o menino ao meu lado. Ele se espreguiçou e me olhou com o rosto confuso, o olhar perdido e ainda sonolento demais para registrar que dividimos a cama, e sabe Deus mais o que.

“Mario?” – A voz dele saiu embolada, creio que ele está em um estado semelhante ao meu. – “O que você está fazendo em minha cama?”

“Me diz você, babaca!” – Eu me levantei com raiva e percebi que estava vestindo apenas uma boxer preta. Meu primeiro instinto foi trazer os braços para a frente do corpo e cobrir ao menos minha barriga.

Marco desceu o olhar pelo meu corpo, sem pudor algum. Ele também estava vestido apenas com uma cueca azul escura e, pelo volume na frente, algo naquele corpo tinha acordado primeiro que o cérebro.

“E por que você acha que a culpa é minha?” – Ele arregalou os olhos e se sentou no colchão, parecendo atordoado e exausto.

“Porque você estava parecendo um polvo, usando seus 8 tentáculos para me envolver.” – Apontei um dedo acusador e ele ergueu uma das sobrancelhas, fazendo esforço para se lembrar do que tinha acontecido na noite anterior.

“Eu me deitei sozinho!” – Ele se levantou da cama, ergueu os dois braços e se espreguiçou, fazendo com que meu olhar fosse automaticamente atraído para seu abdômen definido.

“E como fui parar na sua cama?” – Tentei manter o tom acusatório, mas agora estou mais curioso do que bravo.

“Boa pergunta!” – Ele deu de ombros e saiu do quarto em direção ao banheiro.

Ele tem um jeito de andar, meio felino, não sei dizer. É elegante e tão natural. E eu não consigo parar de olhar para a bunda durinha e bem definida que a cueca está ocultando.

Ótimo. Bastaram algumas cervejas, umas perguntas ridículas e um pouco de “conhecimento”, para que eu me tornasse um adolescente tarado. Mas eu ainda odeio o Marco. O Reus. Eu ainda odeio o Reus. E não quero continuar a conhecê-lo.

Pelo menos é nisso que tenho que acreditar para sobreviver aos próximos dois dias em que ele continua sendo meu roommie.


Notas Finais


Até o próximo! <3


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