História Aishiteru (Reescrevendo) - Cala a boca e me beija

Sakura

Subi as escadas o mais rápido que consegui, não queria que Sasuke me seguisse mas é claro que isso não aconteceria, não é? 

Estava tão nervosa que quase não percebi Ino acordada.

— Que cara é essa, viu um fantasma? — perguntou Ino, com a voz rouca e sonolenta.

É pode-se dizer que eu vi um fantasma, um fantasma que assombra minha vida há anos. 

— O que Sasuke Uchiha faz aqui? — indaguei.

— Ah, você esbarrou com o Sasuke. — ela disse como se isso acontecesse com frequência. — Isso acontece bastante comigo também, ele dorme aqui direto. Meu irmão idiota e ele ficam jogando a noite toda.

Assenti com a cabeça.

— Bem, vamos descer para tomar café. Meus pais já vão acordar.

Tentei protestar mas Ino não me deu chance para fazê-lo, quando me dei conta já estava sentando na mesa junto à todos.

[...]

Eu estava na situação mais desconfortável possível.  Sasuke estava sentado do meu lado, o que era horrível. 

 Ino, Naruto e seus pais eram uma família perfeita, os senhores Yamanaka eram um casal amoroso e ótimos pais, enquanto Ino e Naruto brigavam e brincavam como irmãos. Eu e Sasuke apenas comíamos quietos e as vezes nossos olhares se encontravam, o que era embaraçoso.

 — Naruto me disse que você vai morar aqui agora. — Sasuke falou perto do meu ouvido discretamente. — Por que?

— Não é problema seu, cuide da sua vida. — falei no mesmo tom que ele, também discretamente.

— Grossa. Você não era assim, o que aconteceu? — ele me encarou firmemente.

— Desde quando você é tão curioso? Pensei ter dito para você cuidar da sua vida. — cerrei os olhos. 

 — Que seja! Não sou um cara bisbilhoteiro. 

— Você é ridículo, não mudou nada. — o encarei também. — Mesquinho!

 — Você é irritante, sabia? — chegou mais perto de mim. — Aliás, será que continua caidinha por mim? — Sasuke sorria, debochado.

 — Para de ser idiota, Sasuke. Eu já superei isso há muito tempo! — rebati. 

— E você, para de agir feito uma irritante. — Sasuke aproximou mais ainda seu rosto do meu. Nossos narizes roçaram e nossas testas se encostaram.

 — O que estão fazendo? — Naruto perguntou, pasmo. — Teme…?

 — Não estamos fazendo nada! — dissemos juntos e separamos nossos rostos.— Eu não te suporto. – falamos juntos novamente.

— Meu Deus. — todos na mesa começaram a rir descontroladamente, menos Naruto. 

— Pelo visto vocês ainda se gostam! —Kushina falou. — Que nostálgico.

— Não mesmo! — acabamos falando em conjunto novamente, porém dessa vez nos encaramos. — Saco...eu tenho que ir. Licença. — levantei da cadeira e sai da cozinha.

[...]

Eu precisava de uma desculpa para sair de casa, não suportaria passar o dia na presença de Sasuke. 

Foi então que lembrei que precisava comprar o uniforme da minha nova escola, minhas aulas começariam na segunda-feira e eu ainda estava sem o uniforme, ou seja, eu precisava sair urgentemente para comprá-lo. 

Fui até o banheiro e tomei um banho rápido, depois peguei peças comuns na minha mala e as vesti. Escovei meu cabelo e calcei meu tênis. 

Desci as escadas com um pouco de pressa, queria sair daquele lugar logo. 

— A onde vai, Sakura? — todos (menos Sasuke) estavam na sala assistindo um filme qualquer. 

— Eu vou comprar o uniforme da escola hoje, antes que seja tarde. — coloquei minha mochila nas costas e andei em direção a porta. — Tchau, tchau.

 — Ei, espera! — Naruto pegou meu braço. — Sasuke tem um carro, ele pode te levar.

— Definitivamente não! — acabai aumentando um pouco o tom de voz sem querer. — Eu pego o metrô ou ônibus, sei lá...

 — Para, Sakura! Aposto que você nem sabe mais andar por Tóquio agora. Ele te leva, tudo bem.

— O que tá rolando? — Sasuke desceu as escadas e veio até nós.

 Ele usava uma blusa da Adidas preta, uma calça jeans azul escura e all star da cor preta também. 

 — Você leva a Sakura-chan até onde ela precisa. — Naruto sorriu para o amigo. — Anda logo e trás ela segura, não adianta nem questionar! Você vai e ponto. — o loiro voltou para o sofá.

— Francamente... — Sasuke suspirou e revirou os olhos. — Vamos logo.

O Uchiha pegou minha mão e saiu me puxando casa fora, rumo ao seu carro.

[…]

Não consigui superar o fato de que meu melhor amigo me colou em uma situação dessas, é tão vergonhoso e estranho depois do que rolou hoje mais cedo, a gente quase se beijou.

Bom, eu decide não pensar nisso, não faz bem.

Eu evitei qualquer contato com Sasuke durante o percurso, contato visual ou físico estava abolido entre nós, eu quero evitar qualquer coisa que me aproxime do Sasuke, tudo que eu não preciso agora é voltar a gostar desse idiota. 

Paramos no fárol e o silêncio no carro se fez mais presente e desconfortável, então eu tive a brilhante ideia de ligar o rádio para escutar música, só que infelizmente, Sasuke teve a mesma ideia.

 Nossas mãos se tocaram e ficaram assim por prolongados segundos e para completar, depois nossos olhares se encontraram (adeus plano de evitar contato físico e/ou visual). Sasuke não tirava os olhos dos meus e de certo modo eu me senti feliz com isso, nossas mãos continuaram encostadas até que ouvimos a buzina de um carro atrás de nós. O fárol abriu.

— Preste atenção no trânsito, porra! — sua mão se afastou da minha e voltou para o volante.

— Cala a boca, você que me distraiu! — disse entredentes.

Peguei meu cabo USB na minha bolsa, o conectei no rádio de Sasuke e coloquei uma música para ouvir, era uma música de algum disco dos Beatles. 

— Essa música... — ele olhou para mim.— Você gosta dos Beatles? 

— Gosto. — respondi, simplesmente. 

— Essa não é a música do baile de formatura? — ele disse, com a voz mais grave que o normal. — Você se lembra? 

Olhei confusa para ele esperando que nossos olhares se encontrassem, o que não  aconteceu. 

Não precisei fazer esforço algum para lembrar já que eu nunca havia esquecido.

FlashBack On:

A escola iria fazer um festival de despedida dos formandos, Sasuke havia me chamado para ir com ele e eu aceitei. 

Era o grande dia, eu estava usando um vestido roxo, meu cabelo estava preso em um coque arrumado e havia alguns brilhinhos nele, minha mãe tinha caprichado para me arrumar naquele dia.

Eu e Sasuke dançamos juntos no baile, conversamos bastante também, apesar dele ser arrogante e fechado, naquele dia ele estava diferente e nós rimos juntos e conversamos sobre muitas coisas. No final da noite, nós entramos escondidos no Salão Principal da escola depois que já haviam fechado e dançamos And I Love Her, dos Beatles, ele me beijou naquele dia.

 Foi meu primeiro beijo.

"— Eu sei que você vai embora semana que vem, vai para Nova York, então eu queria fazer você lembrar de mim." — não entendi muito bem o porquê dele ter me dito aquilo. 

Sasuke nunca tinha mostrado interesse em mim, mas naquela noite quando estávamos só nós dois eu vi algo nele que nunca tinha visto, talvez ninguém além de mim tenha visto. Naquele momento eu percebi que o amava e eu disse isso a ele.

 "— Eu te amo, Sasuke." — não obtive uma resposta, ele apenas me abraçou. Depois daquilo eu nunca mais o vi. 

FlaschBack Off.

 — Lembro. — mudei a música. — Mas é irrelevante. Já passou.

— É, né. — concordou. — Chegamos. 

Sasuke parou em frente a loja de uniformes.

— Certo. Obrigada, Sasuke.

Desci do carro e entrei na loja.

 Eu havia me esquecido de como os uniformes do Japão são diferentes dos Estados Unidos. Vou ter que usar uma saia quadriculada um pouco acima do joelho, uma blusa de manga branca, uma jaqueta preta por cima e uma gravata preta e vermelha. Peguei uma peça e fui ao provador antes de comprar.

— Vou levar três dessas. — disse a dona da loja. — E esses sapatos também. — é claro que a escola tinha que exigir que eu use esses sapatos ridículos da pior cor: marrom. Saco.

— Obrigada por comprar aqui. — a vendedora sorriu para mim. 

— Por nada. 

Sai da loja e apertei a sacola onde estavam os uniformes ao ver Sasuke de braços cruzados encostado no seu carro.

 — Finalmente! Eu te esperei por eras! — ele sorriu de canto. 

— Por que? Por que? – alterei meu tom de voz, com raiva. — Não fique bancando o gentil comigo, você acha que vou acreditar nesse seu teatrinho idiota?  Eu sei quem você realmente é, Sasuke!

— Sakura? — se aproximou de mim. — Eu não entendo. Por que você está brava? Eu só te esperei! Naruto pediu para eu te levar de volta! — Sasuke parecia preocupado. — Não é como se eu fosse legal com você, é só que eu aposto que você nem sabe onde pegar um metrô até a casa de Naruto, então você quer parar de fazer birra feito uma criança e entrar logo no carro? — afastou-se de mim.

— E-eu... — as palavras não saíam. — Você é um idiota! — algumas pessoas que passavam olhavam e comentavam sem parar.

— Sakura, estão todos olhando. Para de gritar e entra no carro.

— Quero que se foda, não me importo com os outros! — eu estava agindo feito louca sem um motivo plausível, sabia disso, mas estava brava demais para me importar. — Eu te odeio, Sasuke Uchiha! — Sasuke colocou a mão sobre minha boca. — Sai, Sasuke!  

— Cala a boca logo. 

 Antes que eu pudesse raciocinar ou agir em protesto, eu já estava perigosamente perto dele novamente, sua mão não estava mais na minha boca, ela descia pelo meu pescoço enquanto a outra segurava minha cintura com firmeza. Eu queria me afastar, mas não tinha forças, os ônix de Sasuke me hipnotizavam. 

 — Eu vou gritar! — estava pegando fôlego para gritar um sonoro "AH" mas fui interrompida, porém desta vez pelos lábios daquele idiota.

Sasuke pediu passagem para língua e eu cedi, não resisti. Nós nos beijamos pacificamente, explorando cada canto da boca um do outro. Minhas mãos subiram para seus cabelos, eu brincava com cada fio daquela cabeleira preta e macia, foi bem melhor que da última vez que nos beijamos. Eu não sei explicar direito já que nunca fui boa com palavras, mas era como se naquele momento nada mais importasse, como se eu não tivesse passado por tanto sofrimento, parecia que eu não havia ficado um dia sem o ver, ele estava me enchendo de sentimentos estranhos, sentimentos bons. Separamos o beijo por falta de fôlego algum tempo depois.

— Sakura. — estou com vergonha, estou confusa e até com medo, entretanto não consigo me afastar dele. — Olha só o que tive que fazer para você calar a boca. — disse, se afastando de mim. 

Eu me senti humilhada, suja e usada por ele. Não consegui conter as lágrimas frias. 

— Você é um cretino! — empurrei ele e sai correndo. 

Como eu pude ser tão patética á esse ponto?

Eu tenho medo do que sinto pelo Sasuke pois é algo muito forte, esse sentimento que tenho por ele pode ser a minha ruína, pode me destruir. 

Por isso não posso permitir que ele se aproxime de mim.