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História Akabe - A primeira perda


Escrita por: Kobaya

Capítulo 3 - A primeira perda


       Ao abrir os olhos, em uma escuridão confortável, Tami encontra-se deitada, cuidadosamente posta. Ela olha para o lado onde está Raga, sentado em uma banqueta próximo da cama. Ao vê-lo Tami levanta-se subitamente, encarando-lhe com olhos largos e espantados.

       Raga não mantem contato visual, parece constrangido, seu remorso é visível. Ele discretamente engole a seco e procura palavras.

       — Me perdoe. — ele mantém os olhos no chão. Tami por outro lado continua a encará-lo pasma, assistindo-o com cautela.

       — E... Obrigado. — ele agora volta os olhos para Tami e a encara nos olhos. Ela sente sua presença poderosa, o que a faz desarmar a guarda. Tami lhe retribui com um sorriso radiante, daqueles puros, que só ela sabia dar.

       — Não foi nada. — logo o sorriso desaparece, ela parece se recordar de algo. Tami salta da cama agarra a mão de Raga e sai correndo porta a fora.

       — Vamos!

       Os dois entram no salão principal, Tami de mãos dadas com Raga, quase que o arrastando, com passos longos e rápidos. Enquanto que do outro lado está Kaityro rodeada por um pequeno grupo de vampiros. Ela nota-os imediatamente, a medida que se aproximam algo chama sua atenção, Kaityro ergue a cabeça e inspira o ar profundamente. Ela sente qualquer coisa que engatilha sua fúria. Com passos abruptos que faziam a batida do solado de suas botas no chão ecoar pelo salão, Kaityro aproxima-se dos dois em poucos segundos e sem avisos desfere uma estalada no rosto de Raga, cujo som é repercutido por todo o salão, causando o silencio de todos.

       — O que fizeste a ela?! — a ira de Kaityro causa o aumento se suas presas e o desequilibrar de sua voz que se mistura com um som parecido a um rugido grave de uma fera. Imediatamente Tami se põe ao meio dos dois.

       — Nada! Kaityro, ele não me fez nada!

       — Nada?! Sinto o cheiro do seu sangue dentre as presas deste fedelho! — Kaityro agora aponta o dedo bem próximo a face de Raga que vira o rosto ao desviar, evitando que ela o toque. Kaityro agora rosna ao mostrar as presas.

       — Eu estou bem, pare, por favor. — Tami aproxima-se de Kaityro, segurando-a carinhosamente pelo braço e puxando-a para trás, para longe de Raga, que continua a fitar o chão, passivo. Logo a tensão é quebrada com um telefonema, Kaityro tira o telefone do bolso da jaqueta longa, de couro bem preto e atende...

       — Certo, já estamos a caminho. — ela desliga.

       — Preparem-se! — Kaityro encara Raga uma ultima vez com um olhar azedo, se vira e prossegue. Quando ela finalmente deixa o salão Tami vira-se para Raga com um agradabilíssimo sorriso.

       — Acho que seria bom se viesse conosco.

       — Claro. — responde Raga ao assentir com a cabeça.

       Eles então deixam a mansão, Kaityro à frente seguida de mais cinco Derikas, enquanto logo atrás vem Tami e Raga. Vindo pela floresta, correndo em velocidade fenomenal, pulando entre e por cima de arvores, eles então chegam a uma estrada de terra. Um caminho aberto entre as arvores onde esta estacionada uma van preta.

       — Onde vamos? — pergunta Tami sentada na primeira fileira de bancos, com Raga ao seu lado. Kaityro que vem dirigindo a julga com o olhar, encarando-a pelo espelho retrovisor.

       — Para o banco. Era o diretor ao telefone, o banco esta a ser assaltado e novamente, assaltantes com “habilidades sobre-humanas”.

       O sol já começa a sair por detrás das nuvens e dentro da van todos já começam a equipar-se com seus pares de óculos solares. Raga observa intrigado, enquanto Tami prende também os cabelos e coloca por baixo de um boné. Ela então entrega a ele um par.

       — Vais querer um desses. A intensidade dos raios solares não é a mesma de 900 anos atrás. Eles podem ser prejudiciais para seus olhos.

É a primeira vez que Raga ouve o tempo em que passou preso, ele fica abismado, e permanece silente e pensativo por um tempo, 900 anos são bem mais que a idade que tinha quando foi aprisionado. Coloca ele então os óculos, um bocado encabulado, o que arranca um riso abafado de Tami.

       — Eles ficam-lhe bem. — ela ajeita o boné.

       — Os meus são mais para disfarce, os humanos não lidam bem com a cor dos meus olhos, nem dos cabelos.  — Raga então observa-os cuidadosamente, são eles de um branco puríssimo, longos, que ultrapassavam a altura dos quadris, eram fartos e o peso os deixavam lisos. Os olhos eram claros na mesma, eram do azul mais claro e cristalino já visto quase igualável ao branco. Suas características facilmente se passavam como as de um albino.

       O carro então para, não há viaturas da policia por perto, o diretor havia chamado especialmente eles, essa já não era a primeira vez.

Do lado de fora Tami levanta a cabeça e inspira o ar profundamente. Os assaltantes ainda estavam lá dentro, a porta estava em estilhaços, era vidro grosso e temperado. Ao entrarem notava-se sangue pelo chão e alguns moveis partidos.

— Eles estão com um refém. Estão na sala do cofre. — diz Tami, séria. Logo então eles seguem para o próximo cômodo, a sala do cofre, antes de entrarem são detectados pelos vampiros que estavam no interior.

O grupo de assaltantes arma-se em ataque, colocam para fora suas garras e as presas. Os olhos agora brilham com um azul claro respectivo aos vampiros em sua forma mais selvagem, já começam a rosnar e rugir, sua aparência já agora, está menos humana, exibindo assim as feras sanguinárias que são verdadeiramente.

Quando os Derikas então aparecem, há uma pausa, eles então encaram uns aos outros, não dura muito tempo, o poderoso rugido de Kaityro inicia o confronto. Tami está por trás e em meio ao caos, ela só vê uma coisa, o refém. Um humano, ele está jogado no chão e ainda a ser sugado por um dos vampiros hostis.

Tami é breve ao se aproximar, ela acotovela o vampiro para longe e checa se o homem ainda vive... Tarde demais... A cena é perturbante para Tami, ela agora só consegue pensar que aquele homem tinha família, e que se não tivesse filhos e uma esposa a esperar por ele em casa ao menos teria um pai e uma mãe que o amasse incondicionalmente, zelando por sua vida e bem estar, diariamente.

E assim são as vidas humanas, breves, frágeis e facilmente interrompíveis. As lagrimas não são evitadas, mas o luto desvia a atenção da batalha que tem continuidade a sua volta. Segurando-o nos braços, Tami negligencia sua própria segurança. Ela não nota, mas por trás, velozmente aproxima-se o assassino do homem, agora armado com uma espada em punho.

Como se o mundo andasse em câmera lenta, Raga ultrapassa a alta velocidade do vampiro, agarra Tami pela cintura e simplesmente corre para longe do local.

Ainda com a garota nos braços ele diminui a velocidade para ser discreto em meio aos civis e a põe sentada a borda de uma fonte em uma praça movimentada. Tami com os olhos arregalados, cheios de lagrimas escondidos pelas lentes escuras dos óculos, assombrada, permanece quieta em estado catatônico. Raga não se da ao luxo de pronunciar uma palavra sequer, ele apenas senta-se ao lado dela na tentativa de confortá-la com apenas sua presença.

E assim eles permanecem, passam-se 30 minutos, passa-se uma hora. Parece que é o suficiente, Tami então ergue a cabeça, passa os dedos por detrás das lentes e enxuga as lagrimas. Com os olhos fechados ela respira fundo, como se quisesse sentir todos os cheiros diferentes que a cidade propunha. Tami agora se vira para Raga, e com todas as suas forças apresenta-lhe seu melhor sorriso.

— Vamos.


Notas Finais


Comentem se gostarem ou se tiverem alguma critica, me deixariam muito feliz >-<


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