História Akumanomachi - Capítulo um: o restaurante

— Então nós vamos mesmo ter que parar? Tudo bem, provavelmente não teremos outra parada em quilômetros, e não parece um lugar ruim. — Hinata disse, desligando o telefone, e então voltando-se para o motorista, Pain — Nós vamos ter que parar aqui. O Hidan disse que não está aguentando mais de vontade de ir no banheiro.

— Tudo bem, tudo bem. — ele respondeu, desacelerando o carro. Poucos metros a frente, podiam ver já um pequeno restaurante, isolado naquele mar de árvores, espremido entre a estrada e a densa floresta temperada. As altíssimas árvores praticamente o encobriam, mas parecia um lugar relativamente decente e conservado por sua localização. O pequeno estabelecimento havia sido construído nos moldes de um diner americano dos anos 1950, e tinha lá seu charme com o ar retrô das luzes de neon e da paleta de cores azuladas.

— Esse lugar está no mapa? — Itachi indagou.

Konan analisou o mapa por alguns segundos, procurando como ponto de referência o último lugar em que haviam marcado no mapa: naquela região de Hokkaido, a cobertura de celular era particularmente ruim, por ser pouco povoada e muito montanhosa, então o jeito era usar mapas impressos. — Não. Mas considerando que essa estrada deve ter um fluxo de três pessoas por ano na melhor das hipóteses, não me surpreende. Pelo jeito, o lugar é antigo, provavelmente ainda é coisa da ocupação americana, mas estranho é que esteja aberto mesmo depois de todos esses anos, e com tão pouca clientela.

— Deve ter valor emocional, ou sei lá. — o ruivo disse, terminando de estacionar o carro. O outro carro, dirigido por Hidan, já estava estacionado, e ele havia descido correndo para ir ao banheiro. Os demais não estavam com tanta pressa assim, e desceram com mais calma.

Pain, Konan, Hinata, Itachi, Sasuke, Naruto e Hidan estavam indo para uma cidade abandonada, chamada Akumanomachi. Há algum tempo, lendas urbanas sobre aquele local circulavam pela internet, especialmente depois de um caso, ocorrido há um ano e meio. O desaparecimento de um garoto de sete anos, que morava numa outra cidade há quase cem quilômetros de Akumanomachi, causou estranhamento em toda a população de Hokkaido: filho de pais separados, ele morava com o pai, e num momento de distração ao ficar por algumas horas sozinho em casa, ele desapareceu, sem deixar rastros. Foi visto pela última vez entrando em um Prius oliva, da Toyota, indo em direção à misteriosa cidade abandonada. Nem ele nem o carro jamais foram encontrados, e a mãe do menino desapareceu poucos dias depois também, sem deixar rastros. A polícia chegou a entrar na cidade e revirá-la de ponta cabeça, emitindo um alerta em toda a província sobre o modelo e a placa do carro, mas não houve resultado. Não era o primeiro caso de pessoas que desapareciam naquela misteriosa cidade, mas nunca encontraram uma causa para isso, sequer uma explicação sequer.

Enquanto esperavam por Hidan, sentaram-se em uma mesa larga, ao lado de uma jukebox que tocava Elvis Presley. Todo aquele lugar parecia ter congelado no tempo, como se jamais tivesse deixado de ser 1950, como se o Japão jamais tivesse tornado-se independente do controle estadunidense em 1952. A luz incandescente dava ao lugar um ar de nostálgica melancolia, como um farol de antiguidades no meio do oceano de modernidade em que o Japão estava imerso.

De repente, uma senhora idosa saudou-os. — Bom dia, crianças, em que posso ajudar?

— B-bem, eu quero um milkshake de morango, p-por favor! — Hinata disse, com um sorriso meio tímido.

— E nós... Café para todo mundo? — Pain perguntou, e os demais concordaram.

— Sim, e para mim um hambúrguer também, dattebayo! — Naruto falou. A senhora assentiu, afastando-se da mesa. Pouco depois, Hidan voltou, sentando-se no único espaço disponível, uma das extremidades. Ele parecia aliviado, em sentido literal, e todos acharam melhor não perguntar o que havia acontecido com o intestino dele para uma parada tão súbita.

— Quase que não deu para segurar, acho que aquela pizza de hoje de manhã deve ter feito mal. — o albino deu de ombros.

— Pizza? Que pizza? — o Uchiha mais novo indagou.

— Sei lá, encontrei lá em casa, atrás do sofá. O cheiro estava meio estranho, mas eu taquei o foda-se e comi mesmo assim. O que não mata engorda, fuinha júnior... Enfim, falta muito para chegar nessa desgraça de cidade?

— Não muito, já estamos a três horas de Sapporo, significa que devemos estar perto de lá. Talvez uma meia hora, quarenta minutos ainda. — Konan explicou — Mas antes de entrarmos lá, eu tenho algumas recomendações. A primeira é que a cidade deve estar deserta, ninguém mora lá há muitos anos, então desconfie de qualquer pessoa que parecer estar rondando. Pode ser só um sem teto procurando abrigo, mas pode ser alguém perigoso, muita gente já desapareceu por lá. O próprio passado desse lugar é meio obscuro, então não confiem tanto assim, não vamos nos afastar muito uns dos outros.

Sasuke inclinou-se sobre a mesa. — Falando nisso, por que a cidade foi abandonada, como isso tudo aconteceu?

— Tudo o que se sabe é que a população de mil habitantes entrou em declínio lá para 1907, e em 1910, já não havia mais ninguém morando lá. Akumanomachi costumava ser uma cidade turística da região por causa das fontes termais, que diziam ser curativas, mas entre sua fundação em 1880 e seu fim oficial em 1910, alguma coisa bizarra aconteceu para que toda a população minguasse até ser extinta. — Itachi respondeu.