História Aleatória (Imagine Kim Taehyung) - Capítulo 16

CAPÍTULO 16 

S/N 

Todo meu medo de menininha por estar andando de moto foi pra bem longe de mim, batia nas costas de Jungkook para que o mesmo fosse mais rápido ainda, eu precisava chegar ao hospital logo. Parecia que o tempo estava em câmera lenta enquanto eu apenas estava com pressa. Yuna dependia de mim agora, mais que nunca. 

— S/N, não adianta ficar batendo em mim, a culpa não é minha se o semáforo está vermelho. - Escuto a voz abafada de Jeon por conta do capacete, porém eu não conseguia não parar de apertar sua camisa de nervosismo, só querendo ver o hospital logo. - Tente se acalmar, vai ficar tudo bem, ok? 

— E se não ficar? - Digo rapidamente, atropelando as palavras, escuto o moreno suspirando. Eu compreendo que ele apenas queria me acalmar, mas a real situação não tinha como opção ficar calma. 

Yuna agora era como parte da família pra mim... Eu estava morrendo de preocupação, ficava imaginando todos os dias como eu estaria se fosse minha irmã no lugar dela. Seria... Horrível. Eu vejo como Taehyung não dorme direito, já faz um bom tempo que não vejo mais aquele sorriso que tanto amo. Ele não está bem, portanto eu não estou bem. E, já que quero a felicidade dele e seu bem, eu precisava ajudar, me esforçar para trazer o alívio de que ele pode acordar e não ter de pensar que sua irmã pode ter ido embora, para sempre. 

E agora, era minha vez de fazer algo... Por Yuna e por ele. 

KIM TAEHYUNG 

Continuava alternando o olhar entre a tela do celular, a janela onde podia ver Yuna e a porta em que S/N passaria para que a transfusão teria início. Estava suando mais que o comum, a ansiedade estralava em minha mente sem parar, podia ouvir bem ao longe meus neurônios tentando trabalhar, falhando em seguida. Eu não sabia o que pensar, não conseguia encontrar uma linha de raciocínio própria para o que estava passando: S/N precisava chegar em dez minutos, e ela já estava demorando, o que me deixou mais preocupado ainda. 

— Vamos lá, só passa por essa porta logo... - Murmuro para mim mesmo e novamente vejo o horário, mais um minuto perdido. - Droga, S/N. 

Me encosto na porta e passo as mãos por meus cabelos. Era praticamente um morto vivo agora, pelo menos por aparência, estava mais magro que o comum, meus cabelos estavam oleosos por quase nunca os lavar mais, sentia dor no fundo dos olhos e um cansaço excessivo. 

Prontinho para a morte. Que ótimo... 

Pra quem pensava que estava mais vivo do que nunca por conhecer uma garota tão incrível, que finalmente havia encontrado alguém perfeito para ter uma vida dos sonhos e se sentir sortudo uma vez na vida... Simplesmente me enfiei num inferno caloroso e pior do que estava antes. É engraçado que nunca posso ter um pingo de felicidade, sempre acontece alguma coisa para trazer as sombras pavorosas de volta ao meu mundo. 

Se eu pudesse, não teria dado essa amostra do que passo para S/N... Teria a afastado quando podia, porque agora eu que não consigo me afastar dela. 

— Cinco minutos. - Escuto o doutor conversando com a enfermeira, fazendo umas últimas anotações em seu caderno, fazendo uma cara como se nada estava dando certo. - Se ela não chegar... Podemos ter problemas. - Ele ergue seu olhar até mim e desvio o meu antes que fosse obrigado a dar explicações. 

Minha mão já estava envolvendo a maçaneta da porta, iria esperar S/N lá embaixo e a trazer correndo pra cá, porém arregalo os olhos quando a porta vem de encontro com minha testa, caio no chão e várias sacolas batem contra minha barriga, dando uma leve dor. 

— Aish... - Acaricio a parte machucada e alguém me ergue, tentando me manter em pé. - Mas que por...? - Abro os olhos e franzo a testa. - Jungkook? 

— Trouxe sua donzela. - Ele sorri de leve e logo uma baixinha que eu tanto amava entra correndo na sala, toda estabanada. 

S/N 

— Ok, eu tô aqui! - Digo sem fôlego enquanto tentava me manter em pé e olho para o médico, estralando os dedos enquanto sorria de leve. - Podemos começar? 

Arrumo um pouco meus cabelos enquanto recebia os olhares um tanto estranhos de todos, já começava a imaginar que havia feito algo de errado, mas paro de pensar isso ao ouvir uma risadinha baixa de Jungkook, e o doutor abre a porta para que eu passasse. Respiro fundo e dou uma última olhada em Taehyung, sorrindo esperançosa para tentar o deixar para cima, era agora ou nunca. 

A porta é fechada atrás de mim e engulo em seco ao ver Yuna naquela maca, os bipes das máquinas ecoavam pelo quarto e a tensão caiu por todo meu corpo, só agora notando realmente que todo o procedimento teria início. 

— Sente-se, querida. - O médico me diz calmo ao apontar para a cadeira ao lado da maca que continha tudo o que fosse necessário. 

Me sento deixando as mãos em cima das coxas, prensando os lábios enquanto apenas observava as enfermeiras arrumando os aparelhos, ao ver as agulhas já senti um arrepio de leve em minha espinha. Subo um pouco o olhar e vejo Taehyung no grande vidro, apenas observando o que acontecia com Jungkook ao seu encalço, acariciando seus ombros. Ele estava tenso e preocupado, não apenas com Yuna, como comigo também. 

— Vamos começar, ok? - Afirmo com a cabeça e as enfermeiras fecham as cortinas, fazendo Tae suspirar frustrado por não poder saber o que estava acontecendo. 

Quando sinto as mãos de uma das enfermeiras estendendo meu braço para que transfusão se iniciasse, apenas fecho meus olhos e cruzo os dedos, pedindo a Deus que tudo desse certo. Sentia o sangue aos poucos saindo de minhas veias, seguindo um caminho longo e demorado até o corpo de Yuna. 

Estava a salvando. Salvando Taehyung. Salvando a mim mesma. 

*          *          * 

Um mês depois... 

— Ah, você está linda! - Digo sorridente enquanto dava alguns pulinhos, havia comprado um vestido para Yuna, a mesma estava encantada enquanto girava de forma lenta à frente do espelho. - Aposto que seu irmão vai ter uma surpresa e tanto. 

— Tae oppa ainda não sabe? - Ela pergunta tombando a cabeça e nego com a cabeça, fazendo uma carinha travessa, como se fosse uma criança. 

A cirurgia de Yuna foi um completo sucesso, e nos surpreendeu ainda mais os resultados rápidos que a pequena obteve. Porém, como os médicos ainda tinham medo de que o câncer voltasse novamente, acharam melhor que a mesma ficasse por mais um mês no hospital, mas acabamos não nos abalando. Apenas o fato de que ela estava bem novamente nos fez finalmente nos sentirmos esperança. 

E bem, Yuna seria liberada hoje... Mas Taehyung não sabia disso. Ele havia voltado ao trabalho, mesmo que ainda queria ficar 24 horas ao lado da irmã, e eu acabei tendo a responsabilidade de passar no hospital depois da escola. Trazia alguns brinquedos, umas roupinhas novas e comia chocolates com Yuna. E, desde então, combinamos uma surpresinha para Tae... 

— Unnie, ficou bonito? - Ela ergue o desenho junto da cartinha que havia escrito, confirmo sorridente começando a arrumar seu cabelo.  

— Ah, ele vai ficar tão feliz! - Digo risonha e pego minha bolsa, segurando sua mão. - Vamos? - Ela afirma com a cabeça e se despede das enfermeiras, saímos de lá enquanto balançávamos nossas mãos juntas no ar. 

Yuna estava melhor do que nunca. Seu cabelo agora estava batendo nos ombros e eu havia feito uma única trancinha fina na lateral para dar um charme, fiz suas unhas num cor de rosa fofo e cobri suas olheiras já fracas com um pó básico. Estava muito linda, seu sorriso apenas melhorava tudo! 

Mal esperava para ver o sorriso de outra pessoa também... 

*          *          * 

Chegamos a frente do apartamento, o carro de Tae ainda não estava na vaga, o que significava que o mesmo não havia chego do serviço. Abro a porta, entramos e já deixamos as sacolas com comida em cima da mesa, Yuna começou a encher as bexigas e as espalhar pelo apartamento todo. 

— Ele vai chegar daq... - Mal termino a frase e escuto a porta sendo aberta por ele, seu queixo praticamente cai no chão ao ver Yuna. 

— V-Vocês... Estão... - Sorrio de lado e coloco Yuna a sua frente, a mesma entrega a cartinha e o desenho tímida.  

— Oppa... Senti sua falta. - Ela abaixa a cabeça, completamente vermelha, e logo é girada no ar quando Tae a pega em seus braços e a abraça forte, enchendo seu rosto de beijos. 

— Também senti sua falta, meu anjo! - Ele a aperta mais e os pais dos dois entram no apartamento também, abraçando seus filhos enquanto eu observava sorridente, tombando a cabeça de leve. 

— É tão bom ter vocês dois aqui de novo... - A senhora Kim já diz em meio às lágrimas e abre seus olhos, erguendo uma mão em minha direção e me puxa com força para aquele abraço, um abraço em que eu podia sentir aquele amor entre família... Era meio estranho pra mim. 

— Está tudo muito bom... - Senhor Kim diz antes de acabar com o abraço e pegar Yuna no colo. - Mas precisamos ir pra casa, não é, mocinha? - Ele aperta o narizinho dela e encara Taehyung. - Estou muito orgulhoso de você, meu filho... Obrigado por ter cuidado de sua irmã por todo esse tempo, estou muito feliz que tenha encontrado alguém que merece. - Abaixo um rosto um pouco envergonhada, escondendo um sorriso. 

Eu e Taehyung nos despedimos deles, os vendo ir até o elevador. Tae me abraça de lado, pela cintura e fecha a porta, me olhando profundamente. Suspiro sorridente, pela primeira vez estávamos sozinhos, nós dois, sem qualquer outra preocupação à nossa volta. 

— Você é a melhor namorada que eu poderia ter... - Ele sussurra, logo segurando meu rosto com uma das mãos.  

— Eu te amo. - Sussurro sorridente e já sinto seus lábios contra os meus, num beijo apaixonante, me puxa com força pela cintura e já me pega no colo ao rir. 

— Minha vez de matar a saudade de você. - Ele diz risonho, voltando a me beijar de forma louca enquanto nos encaminhava ao quarto. 

Minha felicidade... Agora sim, eu sei o que é isso, ter a própria felicidade. É aquele frio na barriga que você sente ao trocar palavras com alguém que você realmente ama, é esperar segundos, minutos, horas, dias para ter a pessoa amada com você. Sempre existem os baixos, mas os altos são aqueles que prevalecem. 

E posso ter a real certeza de que, dentre esses altos, ser a aleatória de Kim Taehyung foi a melhor coisa que possa ter acontecido em minha vida.