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História Além da Esperança - X - Desvanecido.


Escrita por: Vexus

Notas do Autor


Depois de dias que mais se assemelhavam a anos... Eu voltei... SIM, EU VOLTEI! \o/

Então, desculpa a demora, mas como alguns de vocês já sabia eu estava muito atarefada com a faculdade. Agora me desafoguei um pouco e isso me proporcionou esse breve momento para que eu pudesse postar.
Isso não significa, infelizmente, que a rotina voltará ao normal. Mas prometo fazer de tudo para trazer o próximo capítulo o mais rápido que eu puder.

Primeiro capítulo do ano, espero que gostem.
Boa leitura!

P.S.: Se houver algum erro, por favor, me ajudem.

Capítulo 11 - X - Desvanecido.


As luzes das celas foram diminuindo de intensidade para que os detentos pudessem dormir sem maiores incômodos. Aquilo não era considerado um luxo já que o sistema de iluminação da penitenciária era ligado à rede pública, sempre que os postes reduziam de intensidade, o mesmo acontecia no interior do complexo. Os guardas passavam a cada dez minutos pelos corredores, vigiando as celas uma a uma. Haviam câmeras nos cantos das paredes e sensores de movimentos a cada curva do corredor, mas por precaução o número de policiais de patrulha aumentou.

Yesung estava deitado na cama e encarava o teto na penumbra. Não conseguia dormir e o eco dos passos pelo corredor não ajudava em nada. Virou de lado e fechou os olhos, forçou sua mente a formular imagens diversas, mas de nada adiantou. Bufou irritado e sentou, levando uma das mãos a cabeça em seguida. Era estranho para ele ter insônia, nem quando seus pais adotivos morreram ele passou uma noite sem dormir. Levantou e caminhou em direção à mesa, a louça de metal continuava intocada e o seu conteúdo fora parcialmente ingerido. Sentou na cadeira e bebericou o copo d’água.

Quase no mesmo instante, a portinhola foi aberta, revelando parte do rosto de um guarda.

– Já deveria estar dormindo. – ele falou através da abertura.

– Não achei que minha rotina fosse motivo de importância para alguém. – respondeu sem virar o rosto. – Além do mais, não sinto sono.

– Pelo menos me poupa o trabalho de te acordar.

A portinhola foi fechada com um leve estrondo. Yesung foi capaz de ouvir um burburinho entre o guarda e uma mulher vindo do lado de fora. Ele virou o rosto e franziu o cenho, tentando captar parte do que era dito, mas as vozes soavam como sussurro aos seus ouvidos. Alguns segundos depois a porta foi aberta revelando Krystal, que entrou a passos tímidos.

– Não achei teria uma bateria de exames de madrugada. – Yesung comentou enquanto a porta era fechada atrás da mulher. – Heechul agora se importa com a saúde daqueles que ele mantém aqui?

– Algumas coisas estão bem longe de realmente ser o que parecem. – ela respondeu indiferente.

– O que quer dizer com isso?

Krystal olhou por onde tinha entrado, respirou fundo e então começou a falar:

– Já ouviu falar no soro derivado da L23? – ela sussurrou, depositando a prancheta na mesa.

– Não, nunca ouvi falar. – ele franziu o cenho e encarou a mulher. – O que é isso?

– Um composto sintético que altera suas conexões cerebrais, assumindo total controle de seu corpo. – respondeu ela. – Você permanece consciente, mas não pode falar ou mexer seu corpo por vontade própria.

Yesung ergueu-se de súbito e avançou na direção de Krystal. Era absurdo o fato de ela se manter neutra apesar das barbaridades que dizia.

– Isso só pode ser brincadeira. – ele murmurou e então aumentou o tom. – Diga que é!

A portinhola foi aberta e o rosto do guarda se projetou.

– Algum problema? – indagou olhando Yesung nos olhos.

– Não, nenhum. – Krystal respondeu. – Pode voltar para a sua ronda.

O guarda encarou a dupla por alguns segundos e então fechou a portinhola com um leve estrondo. Krystal respirou fundo e fechou os olhos, precisava escolher as palavras com cautela.

– Infelizmente não. – falou abrindo os olhos. – Com isso, ele pretende controlar todos aqueles que foram pegos na Zona Industrial e usá-los em seu exército.

– Por que está me dizendo isso?

Krystal assistiu em silêncio enquanto Yesung retornava para a cama e sentava. Algo em seu interior dizia que ele teria mais sucesso em impedir o que Heechul fazia do que ela, e por isso estava ali, falando aquilo.

– Por que... – sussurrou, puxando a gola do jaleco para baixo. A coleira permanecia lá, presa ao seu pescoço, piscando continuamente. – Não suporto mais aquele homem.

– Para que serve essa coleira?

– Ele a colocou para monitorar o que eu faço vinte e quatro horas por dias. Provavelmente fará isso com as vítimas do soro. – Krystal ajeitou a gola e sentou na cadeira.

– Mas porque não resistiu e tentou lutar contra ele?

– Tentei agir escondida, a mando da Dra. Jessica. Mas como era de se esperar, alguém me dedurou e eu fui pega. – ela contou. – Tive uma arma apontada para minha cabeça, fui mantida presa por alguns dias até a coleira ser colocada. Heechul disse que aquela era uma segunda chance, se eu voltasse a falhar, minha vida não seria poupada.

– E apesar de tudo está aqui. – Yesung comentou vendo-a encara-lo com o cenho franzido. – Indo contra as ordens dele, novamente.

– Minha mãe sempre disse que eu nunca aprendo o que me é ensinado. – Krystal sorriu de leve e levantou. – Heechul também mencionou que você seria o primeiro alvo do soro.

– Eu?

– Sim e com isso vai mostrar àqueles que duvidam de suas intenções para com os inumanos. – ela engoliu em seco e então continuou. – Para quem pesquisou os ocorridos e leu as notícias liberadas antes da censura de anos atrás, não é segredo o parentesco entre vocês. Vou trocar o conteúdo da seringa, injetando em seu organismo uma mistura inofensiva, aja como se estivesse sob o efeito do soro.

– Fará isso com os outros? – perguntou tendo como resposta um movimento negativo de cabeça. – Não posso ser o único a sofrer com isso.

– É um pensamento muito nobre, mas terei tempo de fazer a troca uma única vez. – Krystal pegou a prancheta e caminhou em direção à saída. – Tenho que agradecer de alguma forma o fato de você ter salvado Kyuhyun.

– Como... – Yesung foi interrompido pelo estrondo da porta sendo aberta.

Krystal assumiu uma expressão neutra e saiu do local a passos firmes. O guarda encarou o interior da cela por alguns segundos e depois desviou seu foco para Yesung, que se manteve sentado na cama.

– Estou de olho de você... Seu merdinha. – o fardado murmurou.

Yesung se limitou a deitar na cama e cruzar as pernas. Seria perda de tempo discutir com aquele homem, principalmente quando se estava em desvantagem. Ele fechou os olhos e respirou fundo antes de mergulhar em um breve cochilo.

 

– Conhecem ele? – Sungmin perguntou, olhando do clone para os visitantes.

– Ele é a inteligência artificial que foi colocada em você. – Ryeowook respondeu sem desviar o olhar.

O clone avançou dois passos e Bora recuou três. Não imaginava que o encontraria ali, principalmente quando tivera o cuidado triplo ao passar pela barreira que a IA deixara no cérebro do militar. Para Ryeowook a inserção levara apenas alguns segundos, mas para a telepata os segundos foram, na verdade, vinte minutos. Uma pontada de dor atingiu sua nuca, estava perdendo o contato, fechou os olhos e respirou fundo. Não podia deixar o medo ofuscar o seu pensamento.

– L23, para ser mais exato. – o clone falou. – O nome que ela me deu.

– Quem é ela? – o fardado indagou.

– Dra. Jessica, quem mais? – respondeu aproximando-se de uma das projeções. – A quem eu tenho o prazer de chamar de mãe.

Ryeowook franziu o cenho ao ver a projeção da cientista feita pelo subconsciente de Sungmin. Como não havia reparado nela? De súbito, um forte enjoo o atingiu, seu estomago parecia girar dentro de seu corpo. Era perturbador o fato da IA usar aquele termo tão comum aos seres humanos.

Mãe? – a voz de Sungmin soou distante. – Isso é medonho.

– Não, pelo contrário, foi ela que me criou e batizou. – ele se afastou da projeção e começou a caminhar em direção do trio. – Devo dizer que foi uma alegria quando foi injetado em seu corpo, mas fiquei triste quando percebi que era usado apenas para seguir ordens.

– Está dizendo que tem consciência própria? – Ryeowook murmurou.

O clone desviou sua atenção e encarou o rapaz por alguns segundos, enojado.

– Não se meta. – falou irritado. – Baratas não falam, apenas voam e transmitem doenças.

– Está mesmo em minha mente? – havia medo na voz de Sungmin.

– Claro. – o clone desviou a atenção para o militar. – Não consegue se lembrar do dia glorioso em que minha mãe o colocou na sua cabeça?

O ambiente mudou e o espaço de treinamento sumiu, dando lugar a uma sala que mais parecia o cenário de um filme de ficção científica. Haviam computadores, frascos, mesas e aparatos eletrônicos espalhados por todo lado. Um forte cheiro de álcool permeava no ar, fixando-se em questão de segundos na memória olfativa de quem entrava ali.

Heechul estava parado em frente a uma bancada enquanto analisava o ambiente a sua volta, parada ao seu lado estava Jessica. Em posição de guarda, nos dois lados da porta, estavam dois guardas que mais se assemelhavam a armários.

– O que é isso? – Sungmin indagou confuso.

– O dia do meu nascimento. – o clone respondeu em deleite.

O som da porta sendo aberta interrompeu a resposta do militar. Uma versão de Sungmin entrou, semelhante a projeção do subconsciente que Bora evocara. Assim que seu corpo atravessou o portal, os guardas avançaram e um deles atingiu o militar na nuca. A versão na memória de Sungmin foi ao chão, caído de joelhos, enquanto Heechul se aproximava.

O militar foi erguido pelos guardas para que Jessica fizesse o mesmo, trazendo em mãos uma seringa. Segundos depois o conteúdo fui injetado no pescoço de Sungmin, que caiu no chão enquanto gritava.

– Minha... Cabeça... – Bora sussurrou enquanto caía sentada no chão.

Imersos nos acontecimentos, os presentes ignoraram o fato de a telepata estar agachada enquanto agarrava a cabeça. A testa brilhava com o suor e as veias pareciam saltar sob a pele.

– Bora? – Ryeowook se aproximou da telepata e a amparou.

– O que ela tem? – Sungmin perguntou.

– Eu não sei, isso não aconteceu com as outras imagens. – ele respondeu.

– Essa memória... Não é de Sungmin... – a telepata sussurrou e então apontou na direção do clone. – É dele... Ai!

– Entenderam? – o clone falou enquanto avançava. – Eu estou no comando desse corpo e vocês o invadiram por tempo demais.

O movimento seguinte foi rápido. Em um piscar de olhos, Ryeowook viu o clone parado na sua frente a alguns centímetros de distância. Ele o pegou pelo pescoço e empurrou até a parede mais próxima, o impacto arrancou um grito do rapaz.

– Deveria ter te matado no corredor daquele hospital. – sibilou aumentando o aperto. – Quebrar o seu pescoço, mesmo que não seja o real, será um divertimento para mim.

Ryeowook levou suas mãos para cima e tentou diminuir o aperto, mas o membro mecânico não se movia. Seus pulmões ardiam e sua visão começava a ficar turva – a sensação era de ter uma corda amarrada na garganta.

– Alguém... me... ajuda... – sussurrou, ouvindo a voz falhar aos próprios ouvidos.

De súbito, o aperto diminuiu e o clone se afastou enquanto tentava alcançar algo em suas costas. Ryeowook caiu sentado no chão enquanto tossia, olhou para onde Sungmin estava e o flagrou encarando estático a cena que ainda era projetada pela IA.

– Barata imunda! – o clone gritou.

Ryeowook desviou sua atenção ao ouvir o grito. O clone virou de costas, revelando Bora agarrada em suas costas. Ela mantinha sua mandíbula presa ao ombro da IA enquanto finos filetes de sangue escorriam.

O clone agarrou a cabeça da telepata e se deixou cair de costas no chão, todo o seu peso caiu em cima de Bora, que se viu forçada a soltar a mordida. Em um simples rolamento o inimigo se pôs de pé e retirou do cinto uma faca – ele realmente estava disposto a mata-la. Ryeowook tentou levantar e correr em direção da dupla, mas a falta do fôlego o fez cambalear de volta ao chão.

– Solte-a! – o grito ecoou como um trovão no espaço confinado.

Sungmin correu e saltou sobre o clone, envolvendo-o com os braços, fazendo assim uma chave de pescoço. A IA foi puxada para cima, permitindo que Bora se arrastasse para fora dali.

– Saiam daqui! – Sungmin ordenou enquanto mantinha o aperto. – Agora!

Ryeowook assentiu e engatinhou na direção de Bora, que o ajudou a ficar de pé. Houve um estardalhaço quando os dois caíram sobre uma mesa repleta de potes de vidro, que estilhaçaram-se, derramando cacos pelo chão. Por algum motivo, as projeções humanas haviam sumido, deixando o local completamente vazio. Ryeowook não esperaria para ver aquela luta acabar, quando um dos envolvidos na luta levantou, ele pegou o braço da telepata e a puxou pelos corredores.

 

Hyoyeon estava sentada em uma cadeira acolchoada enquanto fazia o assento girar em seu próprio eixo, estavam a mais de uma hora ali e nada acontecera. Os guardas que ali se encontravam foram removidos sob ordem de Shindong para que eles ajudassem na proteção da cidade. Nenhum sinal do ataque fora ouvido, mas era melhor prevenir do que remediar.

Ela preparava-se para dizer algo quando um grito rompeu pelo salão.

– Jessica, vem aqui! – Kyuhyun falou enquanto mantinha o olhar fixo no monitor. – Houve uma mudança nos batimentos cardíacos.

– O que? De quem? – ela indagou enquanto analisava os números que eram exibidos.

– Bora. – Kyuhyun digitou e os dados aumentaram em precisão. – Estão vinte e cinco batimentos acima do normal.

Jessica franziu o cenho e caminhou em direção a outro computador, ela digitou e uma imagem surgiu. Era uma projeção computadorizada dos três indivíduos que se encontravam dentro da cela.

– Não foi só isso. – ela completou. – A circulação sanguínea na região do tórax também aumentou.

– O quê? – Hyoyeon perguntou enquanto se aproximava da janela. – O que está acontecendo?

– Ela está com medo? – Shindong perguntou enquanto se aproximava do monitor de Kyuhyun. – Alguma mudança com Ryeowook e Sungmin?

– Os batimentos de Ryeowook aumentaram um pouco, não tanto quanto Bora. Sungmin se mantém estável. – Kyuhyun informou.

– A circulação sanguínea deles também é estável. – Jessica completou. – Seja o que for, está afetando apenas Bora.

Um som surgiu vindo de cima, primeiro baixo até subir gradativamente – era agudo e parecia ecoar pela cidade inteira. Shindong ergueu a cabeça, alerta; era o alarme do ataque. Ele se virou e começou a caminhar em direção a saída, mas algo segurou seu braço. Ao virar-se, percebeu que se tratava de Kyuhyun.

– Aonde vai?

– Tenho que ajudar na proteção da cidade. – respondeu respirando de maneira acelerada.

– Nós também precisamos de proteção, se não percebeu, só tem você de guarda aqui. – o cientista respondeu. –Se Sungmin acordar e tentar nos atacar, nós não seremos capaz de impedi-lo.

Shindong olhou para os ocupantes da sala e depois encarou a mão que segurava seu braço. Kyuhyun tinha razão e lentamente sua respiração voltou ao normal.

– Tudo bem. – respondeu.

– Devo interromper o procedimento? – Jessica indagou.

– Não, vamos esperar mais alguns minutos. Se a alteração continuar, então nós interrompemos. – Kyuhyun falou enquanto voltava para o computador.

 

Ryeowook correu pelos corredores desertos e empurrou a porta da saída de incêndio. Suas pernas falharam e ele caiu rolando alguns degraus até ser barrado pela parede de concreto, quase que instantaneamente, Bora veio ao seu encontro. Suas mãos tremiam enquanto a palma suava e as pontas dos dedos ficavam geladas.

– Deixa eu te ajudar... – ela murmurou enquanto se agachava.

– Não, eu posso levantar sozinho. – respondeu usando a parede como apoio. – Além disso, você ‘tá abalada.

– Não estou...

– É visível Bora. – Ryeowook a interrompeu. – O que aconteceu lá em cima?

– Eu me desesperei, fiquei com medo e ele se aproveitou. – a telepata justificou enquanto sentava no chão. – Houve uma colisão de consciências.

Ryeowook percebeu que a garota franzia o cenho, ela ainda sentia dor.

– Como vamos sair daqui?

– Sungmin tem que permitir a nossa saída ou...

– Ou o quê?

– Um deles tem que “morrer”. – Bora pronunciou a última palavra com pesar. – Assim seríamos expulsas automaticamente, já que não existiria consciência para ficar ligada. Mas estamos falando de uma probabilidade.

Ryeowook engoliu em seco, sentindo a garganta arder, e respirou fundo. Tudo dependia da disputa no andar de cima.

––XX––

 Sungmin foi empurrado sobre a mesa, derrubando mais potes de vidro, até o outro lado – onde em um rolamento ele conseguiu cair agachado no chão. Fora socado diversas vezes no rosto e na sua boca predominava o gosto de sangue, seu supercílio fora cortado e um rastro escarlate marcava o lado direito do rosto. Suas roupas mais pareciam trapos, o sobretudo fora rasgado em diversas partes e, em um ímpeto de fúria, ele o tirou. Estava de camiseta branca e a calça era a de seu típico fardamento, assim como suas botas. Inspirava e expirava com dificuldade, estava cansado e não havia como negar.

Uma coisa era lutar contra um inimigo, outra era lutar consigo mesmo. Apesar de ter em mente que aquilo na sua frente era uma máquina que copiara a sua fisionomia.

Tinha causado dano no inimigo. O clone estava com o braço direito perfurado por cacos de vidro, enquanto grossas gotas escorriam até o chão. Fora perfurado na altura das costelas, mas de nada alterara em seu fôlego ou desempenho. Ele avançava, determinado em matar aquele o desafiava.

– Já cansou? Não achei que o treinamento da Zona Comercial era tão ruim assim. – o clone debochou.

– Diga-me você, já que usou meu corpo.

Sungmin partiu em direção a IA e iniciou uma sequência de socos, se aproveitando da potência do membro mecânico para aumentar o dano. Sua visão estava enevoada pelo sangue e tudo o que ele conseguia enxergar eram os borrões que seus braços faziam. Em um ato de sorte, seu braço esquerdo completou um gancho, acertando o queixo do clone, que cambaleou para trás.

A IA virou o rosto de lado e cuspiu sangue no chão branco.

– Parece que é você que está cansado. – Sungmin falou respirando fundo.

– Eu apenas comecei. – o outro falou sorrindo.

Apesar de o rosto ensanguentado dificultar a mirada, o militar conseguiu distinguir o aumento de uma mancha vermelha. O clone vinha em carga, e o combatente decidiu que seu próximo movimento seria um contra-ataque. Tolice bater de frente com ele, alguém que era sua cópia fiel.

Cópia.

No instante em que os lutadores estavam para se chocar, Sungmin se desviou. E em vez de deixar que o inimigo enfrentasse a mesa semidestruída, simplesmente o agarrou pela gola da camiseta e o puxou para baixo. Surpreso, o inimigo não reagiu, à medida que era arrastado. Se aquilo que Sungmin enfrentava era uma cópia sua, então, pela lógica, ele sofreria dos mesmos males. Seu maior desafio no momento era ganhar tempo.

O militar jogou o inimigo contra a parede e iniciou uma nova barragem de golpes. Após decorar o padrão, o clone desviou de um dos socos e aproveitou a guarda baixa para golpeá-lo no estômago. Sungmin cambaleou para trás, enquanto a dor cobrava seu preço e ele caía de joelhos no chão. Em um ato desesperado, o fardado puxou a faca do cinto e tentou um último golpe. O clone simplesmente levantou o braço mecânico, bloqueando o ataque – a lâmina deslizou pela superfície metálica e parou ao enganchar em uma pequena fissura pouco acima do cotovelo.

– Não consegue perceber? – a IA falou. – Somos idênticos, nossa composição física é a mesma.

– Exato... – Sungmin murmurou enquanto um fino rastro de sangue escorria de seus lábios feridos. – Você tem o mesmo corpo que o meu.

Sungmin levantou e ergueu levemente a lâmina da faca, trazendo uma dupla de finos cabos. Ao vê-los, o militar sorriu de leve.

– Sorrindo para a morte? – o clone indagou.

– Não, estou sorrindo para a vitória.

O militar puxou a faca, cortando os cabos como consequência – instantaneamente um líquido preto e viscoso começou a jorrar. O clone recuou assustado, enquanto lentamente o membro mecânico ficava imóvel.

– Que porra você fez?!

– Esses cabos são responsáveis em manter a pressão interna do braço, sem eles a prótese é um simples peso morto. – Sungmin se aproximou, sentindo as pernas fraquejarem. – Apesar de possuirmos o mesmo corpo, eu tenho o conhecimento da arma que está presa a ele.

Usando a força de sua prótese, Sungmin desferiu um soco poderoso no nariz de seu inimigo. Ele recuou e bateu de costas na parede, tentou acertar o militar uma última vez, mas como fora dito, o braço mecânico tonara-se um peso morto.

O combatente segurou o braço humano do inimigo e, com a faca, o prendeu na parede. Cravando a lâmina o mais fundo que conseguira. Logo em seguida a IA gritou enquanto a parede era preenchida com grossos rastros de sangue.

– Por que não me mata de uma vez?!

– Nunca levantaria minhas mãos a favor da morte de alguém, não mais. – falou desferindo um golpe preciso na garganta do outro, um leve estalo anunciando que algum osso fora quebrado. – Sua traqueia foi perfurada assim como dois vasos sanguíneos, você será vítima de seu próprio organismo. Se afogará no próprio sangue.

O militar virou de costas e se retirou do laboratório, não assistiria enquanto alguém morria diante de seus olhos. Estava exausto, ferido e sangrando em níveis alarmantes. Enquanto caminhava pelo corredor, um tremor reverberou, chacoalhando o prédio inteiro. O som de passos o forçou a olhar para trás.

– Ele ‘tá ali. – Ryeowook murmurou avançando pelo corredor.

– Espera! – Bora o interrompeu. – Será que é ele mesmo?

Os dois permaneceram estáticos por alguns segundos. Sungmin trincou os dentes e debruçou-se em direção a parede, usando-a como apoio.

– Você... – falou apontando na direção de Ryeowook. – Me falou sobre seu irmão e Jessica.

Era a prova que eles queriam. A dupla se aproximou e o ajudou a descer pelas escadas até o andar inferior, no trajeto o prédio voltou a tremer, forçando o trio a ir de encontro ao chão.

– Merda... – Bora sussurrou.

Ela levantou e fechou os olhos, lentamente o a escadaria foi sumindo dando lugar a um beco atrás de um restaurante. O cheiro de lixo e comida estragada era predominante, fazendo o estômago de qualquer um revirar instantaneamente. Ryeowook levantou e encarou o ambiente a sua volta, encarar um cenário calmo era deveras gratificante.

– Para onde nos trouxe, Sungmin? – ele perguntou enquanto ajudava o militar a sentar.

– Para canto nenhum... – respondeu após respirar fundo. – Eu não fiz nada...

– Fui eu. – Bora respondeu enquanto apoiava-se na parede. – Usei uma memória pessoal minha para criar o cenário.

– Isso é possível?

– Sim, mas como consequência eu terei uma enxaqueca. – Bora caiu sentada, deixando seus braços penderem ao lado do corpo. – O que houve com o clone?

– Deixei-o a mercê da própria sorte. Não quero mais sangue derramado em minhas mãos. – Sungmin respondeu. – Conseguiram as informações?

– Sim. – a telepata explicou. – Além disso, passamos tempo demais aqui. Precisamos nos desconectar e você é quem deve fazer isso.

– Como?

– Basta fechar os olhos e relembrar o sentimento que teve quando aceitou minha inserção. – continuou. – Ryeowook, temos que fazer o mesmo.

– Tudo bem, mas... Vamos deixa-lo aqui? Dessa forma?

– Não podemos fazer nada. Estamos na cabeça de alguém e o que acabamos de passar foi algo extremamente perigoso para a saúde mental. – ela respondeu. – Infelizmente temos que deixa-lo.

– Certo, eu consigo me virar sozinho. – Sungmin respondeu.

– Tem certeza? – Ryeowook indagou, sentindo o peso da culpa.

O militar assentiu e fechou os olhos. Era difícil relembrar o que sentira naquele momento, mas ele se concentrou e tentou forçar sua mente para encontrar as sensações.

Ryeowook fez o mesmo e apoiou sua cabeça na parede. Sentia-se bem, foi como se toda a tensão e o medo que sentira quando o clone o atacou tivesse sido drenada em questão de segundos. Naquele momento o que ele mais desejava era reencontrar seu irmão no mundo real, fora da cabeça de alguém.

Foi como cair no sono e lentamente sua consciência mergulhou na escuridão.


Notas Finais


E ai? O que acharam?
Comentem!


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