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História Além da Esperança - XIII - Calmaria.


Escrita por: Vexus

Notas do Autor


Voltei! (Talvez um pouco atrasada e.e )

O capítulo da vez é um pouco curto, mas espero que vocês gostem mesmo assim.

Boa Leitura!

P.S.: Se houver algum erro, por favor, me avisem.

Capítulo 14 - XIII - Calmaria.


– O quê? – Ryeowook indagou. – O que disse?

– Heechul e Yesung são irmãos. – ele repetiu, mantendo o tom firme.

Ryeowook o encarou. Kangin estava sério e austero, mantinha a respiração inalterada enquanto cruzava os braços.

– Como sabe disso?

– Minha mãe trabalhava no laboratório na época e ficou sabendo sobre o confinamento de uma criança nas imediações. – ele apoiou-se na parede e então continuou. – Sei pouca coisa sobre o passado dele, escutei as conversas dos meus pais e nunca entendia muito do que era dito.

– Mas como sua mãe descobriu isso?

– Ela sempre desconfiou o fato de Woonjun visitar semanalmente a criança, sendo que ele sempre alegara não ter parentesco com ela. A criança parecia feliz e não desconfiava de nada, até os primeiros testes serem feitos e um ano depois as informações irem a público.

– Mas se Yesung já nasceu inumano, então a bomba já havia estourado. – arriscou vendo o outro negar com um movimento de cabeça.

– Algo aconteceu antes, algo que envolve diretamente Yesung. – ele falou, encarando a parede oposta. – Já tentei confrontá-lo diretamente, pô-lo contra a parede, mas nunca obtive nada. – ajeitou a postura e olhou para Ryeowook. – Yesung se recusa a falar o que aconteceu enquanto esteve no laboratório, e se irrita quando pergunto algo sobre sua família.

– Sua mãe não descobriu nada, além disso?

– Não. – ele balançou a cabeça e respirou fundo. – O contato de outras pessoas era extremamente restrito, apenas Woonjun e outros três cientistas podiam chegar perto dele. Minha mãe não possuía um alto cargo na época, então cogita-la como sendo uma das “sortudas” era praticamente inviável.

– Algo não faz sentido, porque Yesung foi o único a ser mantido sob vigia?

– O que quer dizer?

– Após a notícia sobre testes feitos em humanos chegar a público e o laboratório ser fechado, os descendentes dessas vítimas nasceram livres. – argumentou cruzando os braços. – Em momento nenhum o governo as caçou pelas ruas para fazerem testes. Por que Yesung foi o único?

Kangin deu de ombros.

– Para ser sincero, eu não sei. – confessou. – Anos antes de meus pais morrerem, eu tentei questioná-los sobre as conversas e sobre a possibilidade de Yesung ser essa criança que era mantida no laboratório.

– E?

– Eles negavam e desviavam de assunto. – ele bufou irritado. – Pode parecer um pensamento precipitado, mas eu tenho certeza que o motivo de todo esse mistério é sem sentido. Esconder uma informação preciosa daqueles que ama é um ato egoísta.

– Ou não. – Ryeowook comentou e Kangin o encarou. – Talvez ele queira nos privar de uma emoção que, talvez, seja desnecessária.

Kangin meneou a cabeça – querendo aceitar a possibilidade de Ryeowook ter razão – e virou-se de volta para o corredor.

– Vamos voltar para o refeitório ou eles começarão a suspeitar de algo. – ele falou.

– É verdade, mas espere... – falou vendo o outro parar na metade do caminho. – Sunny, Hyoyeon, Donghae... Todos eles sabem sobre isso?

– Sobre o parentesco entre Yesung e Heechul? – Ryeowook assentiu e ele continuou. – Não, apenas eu sei sobre isso... E agora você.

Ryeowook franziu o cenho e permaneceu em silêncio enquanto seguia pelo corredor, acompanhado por Kangin. Estavam na metade do trajeto, há pouco mais de trinta metros da porta que dava acesso ao refeitório, quando uma voz forçou a parada da dupla. Eles viraram e assistiram enquanto Hyoyeon se aproximava correndo – ela respirava com dificuldades apesar de seu semblante ser de alívio.

– O que houve? Por que essa pressa? – Kangin perguntou de maneira calma.

– É... Sobre... Donghae... – ela respondeu arfando.

– Aconteceu algo? – Ryeowook falou impaciente. – Meu Deus, Hyoyeon, responde!

A inumana inspirou profundamente, procurando o fôlego que perdera ao atravessar metade do comprimento do abrigo, e ergueu o olhar – mantendo um sorriso no rosto.

– Ele acordou.

 

Kibum não dormiu. Se o sono se fora quando escutara os barulhos no andar de cima, agora que sabia sobre Jessica era que ele não chegaria. Rolou de um lado para o outro na cama, tendo cuidado em não atingir o braço ferido, e sentou, encarando a bolsa onde a coleira descansava. Tivera sorte em não ser rastreado e mais sorte ainda por não ser morto por Andrew.

Levantou bufando e caminhou em direção da janela, o horizonte começava a ganhar tons de rosa enquanto a cidade começava a ganhar vida. Lá embaixo ele conseguiu flagrar algumas lojas abrindo suas portas enquanto pessoas caminhavam com animais ou faziam exercícios. Fechou as persianas, deixando o quarto mergulhado na semiescuridão, e encarou o braço ferido.

Como faria para explicar, a quem perguntasse, o que havia acontecido?

Mordiscou o lábio e foi em direção da cozinha. Retirou da geladeira uma jarra de suco e a bebeu direto do objeto, sem se preocupar em pegar um copo. Horas se passaram e ele não conseguiu resolver nada a respeito do aparato eletrônico – sentia-se um inútil por causa disso. Se pelo menos tivesse os dados do laboratório, talvez conseguisse alterar algo no interior que inutilizasse o dispositivo sem que alguém percebesse. Mas esses documentos estavam muito bem guardados no interior da Sede.

Foi em direção ao banheiro e tomou um rápido banho. Dali a três horas teria que trabalhar então fazer sua rotina matinal de maneira calma era sua melhor opção. Saiu enrolado na toalha e vestiu uma roupa limpa – optando por uma blusa com mangas compridas para esconder o curativo. Após se alimentar, pegou sua bolsa e caminhou para a rua. O trajeto era curto e o fazia de maneira automática, até algo chamar sua atenção.

Após parar em frente a uma banca de jornal e ler as principais notícias, Kibum teve a impressão de estar sendo seguido por alguém. Era um homem, percebeu pelo porte físico, e usava um casaco cinza que cobria parte de sua face. Kibum respirou fundo – podia ser tudo coisa de sua mente – e virou à esquerda, pegando um caminho maior em direção a Sede. Seu sangue gelou nas veias ao perceber que o homem fazia o mesmo.

Procurou se acalmar, o desespero provocava o pior dos seres humanos – e aquela situação não era diferente. Apressou o passo e desceu as escadas que levavam a uma das estações do metrô que circulava dentro da Zona Comercial, seguiu no meio da multidão e subiu as escadas da outra entrada. A respiração estava acelerada, mas seu cérebro permanecia focado em encontrar uma saída para aquela situação. Ao atravessar a entrada de um beco, ele mergulhou em seu interior e colou suas costas a parede – escondendo-se na fraca sombra que se formava.

Assistiu em silêncio, controlando a respiração acelerada, enquanto o homem passava em frente a entrada do beco e sumia ao virar na esquina. Seu maior temor estava se concretizando, alguém estava vigiando seus passos. Respirou fundo e saiu da viela, tomando o caminho contrário, refazendo o trajeto até a Sede. Deveria tomar cuidado extra a partir dali, com toda a certeza não havia apenas um homem o vigiando, mas o fato de tê-lo visto serviu para alertar sua consciência.

Agiria normalmente durante o dia, evitando ao máximo gerar desconfiança daqueles ao redor, e então pensaria no que fazer depois. Caminhou pela calçada e atravessou a rua, a entrada da Sede estava a pouco mais de cem metros de distância. Enquanto apertava a alça da bolsa, Kibum só conseguia pensar em uma única solução – que para ele era a mais lógica. Seu tempo naquela casa havia se esgotado, naquela noite ele deixaria tudo para trás.

––XX––

Ele atravessou as portas envidraçadas e seguiu pela recepção, mas logo foi impedido pela mulher que sentava atrás da bancada. Ela o chamou enquanto estendia um punhado de envelopes brancos.

– Chegou cedo. – a recepcionista comentou enquanto ajeitava a farda azul escura. – Está sentindo frio? Nunca o vi usando essa blusa.

– Sério? Não percebi. – Kibum respondeu, tentando parecer casual. Analisando os envelopes com cautela, ele percebeu que a maioria eram declarações sobre assuntos há tempos esquecidos. – Resolvi retirar esse casaco do fundo do guarda-roupa, senti vontade de usá-lo.

– São seis e meia. – e mulher falou encarando o relógio de pulso. – Você sempre chega às oito. Aconteceu algo?

Kibum desviou a atenção e encarou a mulher. Ela mantinha uma sobrancelha erguida, analisando-o com um ar de superioridade.

– Caí da cama. – falou e pelo tom tentou deixar claro que aquele era o fim do assunto. – Apenas isso.

A porta dupla no fim do salão foi aberta com um leve rangido. Segundos depois, duas pessoas vestidas com macacões protetores surgiram, elas empurravam dois carrinhos que exalavam uma fraca fumaça gélida – o conteúdo deveria ser mantido a baixas temperaturas. Kibum assistiu em silêncio enquanto a dupla sumia por um dos extensos corredores do prédio, com a testa franzida, voltou a olhar para a recepcionista.

– Sabe o que era isso? – perguntou, rompendo o breve momento de silêncio.

– Não. – ela respondeu voltando a sentar na cadeira acolchoada. – Não tenho ideia do que é feito nesse prédio, fico apenas nessa bancada e meu trabalho se limita apenas a essa recepção.

– Tudo bem, imaginei que essa seria sua resposta. – falou virando-se em direção do elevador. – Obrigado por guardar os envelopes.

A recepcionista respondeu com um movimento de mãos, enquanto voltava sua atenção para a tela do computador. Ao atravessar as portas do cubículo de metal, Kibum sentiu uma pontada repentina de inquietação. A sensação de nervosismo o fez parar para pensar, mas só por um instante. Era exatamente a mesma ansiedade que ele sentira mais cedo, quando fora seguido por aquele homem.

– Calma, aquilo não foi nada. – disse a si mesmo, enquanto apertava o andar para o qual desejava ir.

 

Noah caiu de joelhos no meio da lama cinzenta. As exaustões mentais e corporais o atingiram com tudo e ele se deixou respirar aliviado, pelo menos um dos problemas fora resolvido. A chuva lavava seu corpo imundo enquanto a neblina tóxica era lentamente dissipada pelo vento. Com parte do horizonte livre, ele conseguiu ter dimensão da destruição que a queda do prédio causou.

A avenida estava totalmente bloqueada por toneladas de entulho. Os quarteirões ao redor do que um dia fora um edifício residencial, agora se assemelhavam a um extenso lixão – onde a maior parte de seu conteúdo era ferro retorcido e blocos de concreto semidestruídos. Havia cacos de vidro que reluziam na baixa luz, deixando todo o asfalto e as calçadas brilhantes apesar da baixa visibilidade.

O som de passos lentamente chegou aos seus ouvidos e logo em seguida um homem lhe falou. A voz era rouca e parecia sofrer com o ar poluído, era um dos soldados que o acompanhara no carro.

– Capitão Noah... – ele se abaixou e pôs a mão nas costas de seu superior. – Está tudo bem?

– Sim... – confiou deixando um leve sorriso surgir em seus lábios. – Isso é apenas alívio.

O militar assentiu e então levantou. O telefone via satélite emitiu um chiado e então Noah caiu em si, corria o risco de ainda haver forças do inimigo em seu terreno. Engoliu em seco e apertou o botão na lateral, liberando o sinal para que pudesse falar.

– Alguém na escuta?

– Sim, senhor. – Noah franziu o cenho ao ouvir a voz feminina, sempre esquecia que havia mulheres no exército amarelo. – O Sargento está contabilizando os mortos e ajudando com os feridos. Há algo que eu possa fazer?

– Sim, você pode. – respondeu enquanto levantava, os músculos das pernas e dos braços já sofriam leves espasmos com o frio. – Tem algum sinal do inimigo em nosso terreno?

– Infelizmente não saberei responder, senhor. – ela falou de maneira firme. – Estamos com baixa visão por causa da queda do prédio, mas até o momento nenhum sinal deles.

– Os atiradores de elite foram retirados das imediações?

– Sim, mas muitos deles não conseguiram. – a última informação foi dita com pesar. – Tivemos muitas baixas, senhor.

– Estou a caminho. – falou e então encerrou a transmissão. Voltando para onde o carro estava, Noah analisou os estragos que batida causara, e chegou a conclusão que havia uma possibilidade de ele poder se mover. – Pode dirigir até onde nossas tropas estão?

O soldado limpou a lama do rosto, revelando feições finas e anguladas, e assentiu de maneira respeitosa.

– Sim, senhor.

O veículo demorou a pegar e o motor reclamou devido às peças amassadas. O soldado deu ré e lentamente começou seu trajeto por um caminho mais longo, porém menos destruído. O outro militar estava deitado no banco traseiro, uma das pernas da calça exibia uma grande mancha de sangue denunciando um possível ferimento grave. Ele respirava de maneira acelerada apesar de tentar esconder que sentia dor.

– Tudo bem com você? – Noah perguntou, olhando por cima do ombro.

– Sim, senhor. – ele respondeu, mordendo o lábio.

– Não minta, sei que está sentindo dor. – o superior censurou, voltando sua atenção para a rua. – Qual o seu nome?

– Jun Hoseok, senhor. – o soldado falou suprimindo um gemido de dor.

– Muito bem, soldado Hoseok, o que aconteceu com sua perna?

– Ele foi atingido por estilhaços da explosão do tanque. – o militar que dirigia respondeu. – Tentei convencê-lo a ficar para trás, mas ele não me escuta.

– Meu dever é proteger, não importa se é um superior ou cidadão. – Hoseok comentou.

– Mas não precisava correr toda aquela distância com a perna ferida. Porra! – ele bateu no volante e perdeu levemente o controle do veículo. – Desculpe.

– Seu amigo tem razão. – Noah explicou, voltando seu olhar para a parte traseira do carro. – Se você está ferido, não terá condições de proteger alguém. Deveria ter procurado o pelotão médico.

Hoseok encarou a perna machucada e engoliu em seco.

– Tem razão, desculpe.

Noah sorriu de canto e encarou a estrada a frente. Faltavam pouco mais de cem metros até o ponto demarcado como sendo o mais distante da entrada norte. Por ali o ar não possuía tanta poeira e a visão comum alcançava uma distancia de no máximo vinte metros, o soldado parou próximo a uma bifurcação que acessava o interior do galpão e desligou o motor.

O militar com patente superior desceu do carro e bateu a porta. A aproximação do veículo despertou a atenção do grupo que se encontrava mais a frente e segundos depois uma mulher vestida com trajes militares se aproximou. Ela parou em frente a Noah e bateu continência, em sinal de respeito.

– É bom vê-lo vivo, senhor. – ela falou.

– Digo o mesmo. – Noah respondeu. – Pode trazer um grupo de médicos? Tem um soldado ferido no banco de trás.

 A militar se aproximou da janela e encarou o interior do veículo, momentos depois retirou um apito do bolso e o assoprou. Dois voluntários surgiram do interior do galpão, carregando uma maca dobrável, e se prontificaram a levar o ferido.

– Capitão... – a voz do outro soldado que o acompanhava chegou aos seus ouvidos. – Para onde iremos?

– Eu vou contatar Emma a respeito de um sobrevoo, já você acompanhará seu amigo.

– Mas, senhor...

– A ajuda de vocês foi incalculável. – Noah confessou. – E pelo que pude ver você se preocupa muito com Hoseok, seria horrível de minha parte não permitir isso.

Noah pôs a mão no ombro do soldado e completou com um murmúrio:

– Vá ficar com ele. – cerrou os olhos, lendo o nome bordado na farda. – Soldado Yoongi.

O militar respirou fundo e aprumou a postura, logo em seguida bateu continência.

– Obrigado, senhor.

O capitão assistiu em silêncio o distanciamento do soldado e depois pegou o telefone via satélite. Estava impressionado com a rapidez que seus homens tiveram ao cuidar dos feridos, levaram pouco mais de vinte minutos. Suspirou, sentindo a chuva dar uma trégua, e digitou um número no aparelho. Demorou um pouco até a militar ser ouvida.

Noah, pelo amor de Deus, é você?

– Sim, sou eu. – apoiou-se na lateral do carro e então continuou. – Conseguimos bloquear a entrada norte.

Cheguei a essa conclusão depois de ver a coluna de fumaça. – Emma respondeu. – Quantos mortos e feridos?

– Ainda não contabilizamos. – informou coçando a nuca. – A visibilidade é baixa e os escombros apenas nos atrapalham.

Isso era esperado.

– Acha que pode sobrevoar o lado de fora da cidade?

Tentarei fazê-lo pelas entradas leste e oeste, mas não com aviões tripulados. – falou com firmeza. – Dois dos nossos jatos foram derrubados e não quero correr o risco de ter mais perdas.

– Certo, esperarei por notícias. – Um grupo de soldados surgiu vindo do beco no outro lado da rua, eles passaram pelo veículo e adentraram no galpão. – Se encontrar Shindong ou Taeyeon, informe que voltaremos para as imediações do abrigo o quanto antes.

Informarei.

Noah encerrou a ligação e guardou o telefone no bolso da farda. A claridade do sol era visível apesar do céu coberto por nuvens, anunciando o nascer de um novo dia.


Notas Finais


E ai? O que acharam?
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