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História Além da Esperança - XXII - Presas e Predador.


Escrita por: Vexus

Notas do Autor


Voltei! E dentro do prazo! \o/

Esse capitulo tá... Bem... Eu não sei explicar, só vocês lendo para entender.

Espero que gostem.
Boa Leitura.

P.S.: Se houver algum erro, por favor, me avisem.

Capítulo 23 - XXII - Presas e Predador.


Na autoestrada, Kyuhyun franziu o cenho enquanto tentava entender o que havia acontecido. Tudo estava ocorrendo como o planejado quando, subitamente, a conexão com o veículo de número três fora cortada. Alterou códigos e tentou calibrar o sinal novamente, mas os resultados continuavam os mesmos. A falta de uma resposta o estava inquietando.

Olhou para o lado, para onde Jessica se encontrava, e suspirou, ganhando a atenção da mulher.

– Aconteceu algo? – ela perguntou em baixo tom.

Jessica o estava acompanhando naquele veículo por pedido do próprio Kyuhyun – já que seu irmão não poderia acompanha-lo, a cientista fora sua segunda opção.

– Não estou mais conectado ao veículo de Ryeowook. – informou, vendo a mulher assumir uma expressão séria.

– O que quer dizer?

– O sinal simplesmente desapareceu. – continuou, apontando para a tela do computador. – Seguiam como o planejado quando, sem explicação, o sinal sumiu.

– Já tentou calibrar?

– Já, mas os resultados continuam os mesmos. – mordeu o canto do lábio, apreensivo. – Temo que algo de ruim possa ter acontecido.

Jessica tocou-lhe levemente no ombro, em um gesto de reconforto, e sorriu de lado.

– Espere aqui enquanto eu vou avisar aos demais. – falou após levantar da cadeira. – Com certeza foi algum defeito da máquina.

Kyuhyun assentiu e assistiu em silêncio enquanto Jessica se dirigia para a parte posterior do ônibus. Por mais que as palavras da cientista tenham diminuído o seu nervosismo, no fundo de sua consciência, ele sabia que algo de ruim havia acontecido. E essa sensação o estava correndo por dentro. Não demorou muito e Jessica voltou, sua expressão continuava séria e austera.

– E então?

– Eles falaram que a comunicação com os outros veículos também foi perdida. – ela informou, para o desespero de Kyuhyun. – Não foi um defeito da máquina.

– O que aconteceu com o terceiro carro, também afetou os outros. – Kyuhyun concluiu enquanto passava as mãos pelos cabelos. – A missão falhou.

– Não necessariamente. – a voz de um dos militares que lá se encontravam foi ouvida. – Acabei de falar com Noah e contei-lhe sobre o ocorrido.

– E o que ele respondeu? – Jessica questionou.

– Um grupo de busca foi destacado para a região. – ele continuou enquanto apontava na direção de um dos computadores. – O primeiro carro a perder o contato foi o de número um, durante todo o trajeto ele manteve contato com os outros dois até que sua localização no GPS desapareceu.

– O que está querendo dizer?

– Obviamente eles foram atacados o que serviu para que os outros veículos saíssem da rota como procedimento de segurança.

Kyuhyun voltou-se para a tela do computador e analisou a rota dos outros veículos, realmente o militar tinha razão, o segundo blindado desviou-se da rota programada até sumir dos radares. Ele suspirou e fechou os olhos, agarrar-se àquele fio de esperança era a sua última chance, teria que convencer a si mesmo de que o carro em que seu irmão se encontrava também havia saído da rota e que Ryeowook ainda estava vivo.

 

O vento que soprava entre a copa das árvores e descia em direção ao solo era gélido e o cheiro de terra molhada era abundante. Ryeowook avançou alguns metros e então se deixou cair sentado, em cima de uma pedra que se encontrava parcialmente enterrada no chão, na beira de um córrego. Suas pernas doíam e seus pés pareciam não lhe pertencer. Abaixou-se e, com a mão em forma de concha, levou um pouco d’água em direção a boca, sua garganta agradeceu quando o líquido foi ingerido.

– Deveria ter cuidado. – ele o ouviu dizer. – Essa água pode estar contaminada.

– Por que eu deveria lhe dar ouvidos? – respondeu irritado.

– Só estou tentando ajudar.

– Ajudar? Ajudar?! – Ryeowook se pôs de pé e abriu os braços. – Achei que iria morrer antes de ouvir Lee Sungmin dizer que quer ajudar alguém!

– Já falei que não foi minha culpa, não tive nada a ver com o que aconteceu. – Sungmin falou impaciente. – Sei que você não acredita em mim, mas estou falando a verdade!

– É, tem razão. Eu não acredito em você. Nosso carro ser atacado, sendo que o caminho era desconhecido por todos, é um pouco suspeito. – murmurou olhando o céu. – Vamos, temos que encontrar uma forma de sair dessa floresta.

Ryeowook puxou a manga do casaco e começou a caminhar. Após avançar alguns metros, uma fina garoa começou a cair, deixando o terreno ainda mais instável. Eles passaram por cima de troncos caídos, lamaçais e pedras escorregadias, quanto mais avançavam, mais o céu ficava encoberto pelas copas das árvores e a visibilidade caía. Os minutos se passavam e o horizonte não parecia mudar, ele olhou no relógio mais uma vez e bufou irritado.

– Por que não aceita que estamos perdidos? – Sungmin falou novamente. – Faz quarenta minutos que estamos andando e nenhum sinal de nada. E pela queda de visibilidade, me atrevo a dizer que está escurecendo. Teremos que acampar.

– Acampar? – repetiu incrédulo. – Não estamos em uma trilha. Além disso, tenho uma lanterna.

– Mas é o melhor que podemos fazer agora. – Sungmin murmurou. – Sei que está com frio e cansado, suas mãos não param de mexer.

Ryeowook cruzou os braços, censurando-se por se deixar ser lido tão facilmente.

– Tudo bem, mas temos que encontrar uma clareira pelo menos. – falou e então respirou fundo, prevendo a caminhada. – Teremos um espaço maior.

Sungmin assentiu e eles recomeçaram a andar. Seguiram floresta adentro por mais vinte minutos até algo despertar a atenção da dupla. Algo semelhante a uma colina subia alguns metros e então descia de maneira brusca – como se um pedaço tivesse sido cortado ou até mesmo arrancado. Encontrava-se coberto de musgo verde e alguns cipós despencavam como uma cascata marrom, cobrindo quase toda a extensão.

– O que é isso? – Ryeowook indagou enquanto ligava a lanterna, um facho de luz rapidamente iluminou o local.

– Não sei, talvez a entrada de alguma caverna?

– Não... cavernas não possuem entradas retangulares. – ele disse, aproximando-se da vegetação.

Erguendo o braço livre, Ryeowook puxou um dos cipós que caiu no chão com um impacto abafado. Repetiu a ação mais algumas vezes até que um espaço suficiente para uma pessoa atravessar fosse revelado. Sungmin se aproximou e analisou o interior, era escuro e abafado, haviam rachaduras onde as raízes das árvores vizinhas entravam.

– Eu disse que era uma caverna. – ele falou, indiferente. – Podemos ficar aqui.

Ryeowook revirou os olhos e adentrou. O clima lá dentro era quente comparado ao ar que soprava na floresta e ele se sentiu grato por pelo menos ter onde passar a noite.

––XX––

Demorou um pouco para Sungmin trazer a madeira necessária para a confecção da fogueira e, enquanto isso, Ryeowook arrancou os cipós que bloqueavam a entrada, para facilitar o transporte da lenha. Quando as chamas queimaram, iluminando o ambiente do interior da caverna, a dupla teve uma surpresa ao flagrar uma porta jogada no canto. Ela era de metal e o modo como a ferrugem a deixava retorcida, eles conseguiram interpretar que sua estada ali era antiga.

– Como uma caverna possui porta? – Ryeowook perguntou enquanto se acomodava perto da fogueira.

Sungmin levantou e a tocou levemente, a superfície fria causou arrepios que percorreram seu braço. Era estranho o fato de uma caverna possuir uma porta, principalmente uma que aparentava ser blindada.

– Não sei, talvez tenha sido trazida para cá de alguma forma. – ele respondeu enquanto se distanciava do objeto.

– Eu acho que isso não é uma caverna. – Ryeowook murmurou enquanto erguia a lanterna em direção ao teto. Havia o que um dia fora um suporte de lâmpada, pendurado de maneira precária, sobre sua cabeça. – É um prédio.

Ryeowook levantou de súbito e girou o braço, lançando o brilho da lanterna pelas paredes. Como não notara aqueles detalhes? Caminhou para o fundo e começou a arrancar os restos dos cipós que cobriam o interior da construção. Quando terminou, seus dedos doíam e o suor brilhava na testa, porém algo mais fora encontrado. Mais uma porta, dessa vez de madeira, encontrava-se trancada no lado esquerdo do cômodo.

Ao vê-la, Sungmin arqueou uma sobrancelha.

– Isso ‘tá ficando cada vez mais estranho. – disse aproximando-se. – Deixe-me tentar abri-la.

Ryeowook caminhou para o lado, permitindo que o combatente ficasse de frente para a porta. Ele pegou na maçaneta e a girou, o som que se seguiu confirmou o óbvio. Sungmin então colou seu ombro na superfície e empurrou, as dobradiças velhas cederam e a porta caiu ruidosamente no chão. O interior do cômodo se resumia a prateleiras onde caixas e mais caixas se encontravam, elas eram pequenas, possuíam uma área de no máximo vinte centímetros quadrados. Ryeowook pegou uma delas e a trouxe para perto do fogo.

– O que acha que tem dentro? – Sungmin perguntou enquanto se aproximava.

– Não sei, mas vou descobrir. – murmurou enquanto retirava a tampa, revelando pastas de arquivos. – O que é isso?

– Acho que são documentos. – falou pegando um dos arquivos.

– De qualquer forma, é melhor guardar. – Ryeowook respondeu, colocando a caixa de lado. – Pode servir como alimento para o fogo.

Sentado em frente à fogueira, Ryeowook encarou as chamas crepitarem sobre a lenha enquanto o cansaço cobrava o seu preço. Seus olhos começaram a pesar e ele deitou-se no chão, ignorando o musgo que crescia através das rachaduras no piso. Antes de cair no sono, o inumano foi capaz de flagrar Sungmin sentar ao seu lado.

––XX––

O som de pegadas chegou calmamente aos seus ouvidos. Ryeowook abriu os olhos, sentindo as costas doerem enquanto sentava, encarou os restos da fogueira e suspirou. Empilhado em uma coluna no canto, haviam caixas e mais caixas. As prateleiras foram esvaziadas e alguns arquivos estavam abertos. Ele olhou ao redor, procurando por Sungmin, e franziu o cenho ao vê-lo entrar carregando alguns galhos de árvore.

– Dormiu bem? – ele perguntou, colocando a lenha no chão.

– Mais ou menos, minhas costas doem. – respondeu massageando a nuca. – Por que essas caixas estão aqui?

– Não senti sono, então decidi ler o conteúdo desses documentos. Talvez eu descobrisse algo.

– E descobriu? – ergueu o olhar, vendo o outro assentir. – O quê?

– São recortes de jornais que contém informações de anos atrás. – Sungmin atravessou o espaço e se aproximou das caixas. – Alguns deles datam de anos antes de qualquer um de nós ter nascido.

– Como isso é possível?

– Eu não sei. – ele pegou uma pasta e a abriu, retirando um documento em específico. – Leia.

Ryeowook franziu o cenho e pegou o papel. Estava amarelado e parecia frágil, ele teve que tomar cuidado extra para não rasga-lo e perder o que estava escrito. Sungmin estava certo, a data impressa era de muitos anos atrás, antes mesmo das barreiras serem construídas. Analisando tudo minuciosamente, Ryeowook encontrou informações que eram até então estranhas.

Haviam detalhes de construções, planejamento militares e mapeamento de cidades que Ryeowook nunca ouviu falar.

– O que é isso? – murmurou encarando o combatente.

– Não faço ideia. – ele pegou outro documento e o entregou para Ryeowook. – Se parecem com arquivos militares confidenciais, mas nunca vi algo do tipo. Nem na Zona Comercial.

Conforme lia, Ryeowook sentia sua curiosidade crescer ainda mais. Os documentos falavam sobre uma realidade completamente diferente da que eles viviam, uma realidade onde o mundo era comandado por uma única superpotência. Pelo que ele pôde compreender – parte do estava escrito fora apagado com o tempo – houve uma guerra e todos os países se envolveram, deixando grande parte do mundo completamente destruído.

– Meu Deus...

– Em um dos documentos é dito que um país continuou financeiramente estável após a guerra e foi ele que se tornou a nova potência. – Sungmin comentou. – Não sei o nome, mas ficava na Ásia Oriental.

Ryeowook correu os olhos pelos papeis, lendo com cautela o que estava escrito. De fato Sungmin tinha razão, a informação dita constava ali, mas havia algo mais. O país em questão se viu forçado a ser divido em três Estados menores e um deles recebeu o nome de Hetá. No canto superior esquerdo, Ryeowook foi capaz de vez três palavras escritas a mão, a caligrafia era delicada e aparentava pertencer a uma mulher.

– “Guerra dos Cogumelos”. – leu ele. – Já ouviu falar de algo do tipo?

– Não.

– Quem escreveu isso?

– Os documentos não dizem. – Sungmin sentou e pegou o isqueiro para acender a fogueira.

– Acha que isso tem ligação com os inumanos?

– Não sei. – ele confessou. – Em todos os meus anos no exército, eu nunca ouvi falar de um evento como esse.

Ryeowook franziu o cenho e assistiu em silêncio enquanto o fogo ganhava vida. Já era manhã, mas o frio persistia, deixando gélido o vento que soprava para o interior da construção.

––XX––

– O que acha que esse prédio era? – Ryeowook perguntou enquanto encarava o lado de fora. Decidiram voltar a caminhar após alguns minutos em frente a fogueira.

– Talvez um depósito ou o escritório de alguém. – ele falou enquanto passava por cima de um tronco caído. – Nunca saberemos.

Ryeowook deu de ombros e o seguiu. Seu estômago roncava, mas de nada podia fazer para matar a fome, estavam sem alimento e sem previsão de chegarem à estrada. Com toda a certeza o comboio já estava fora de alcance e eles permaneciam presos na floresta, sem qualquer noção de localização. Seguiram por uma trilha sinuosa, caminhando por cima de folhas secas e galhos retorcidos. Em determinado momento o terreno ficou mais rígido e as árvores pareciam menos densas. O tronco era longo e fino, a copa tinha folhas pequenas, mas os galhos eram compridos.

A floresta, Ryeowook notara, era homogênea em relação às espécies de vegetação. As árvores pareciam obedecer a um padrão de localização e o espaço existente entre as raízes era preenchido por arbustos ou gramíneas. Uma vez ou outra uma planta de pequeno porte era vista.

– Essa floresta não é natural. – ele comentou, olhando para o alto. – É como se essas árvores tivessem sido plantadas dessa maneira propositalmente.

– Com que propósito isso seria feito?

– Não sei, para esconder algo talvez? – arriscou enquanto seguia pelo caminho coberto de folhas.

Sungmin franziu o cenho enquanto ponderava sobre o assunto. A sugestão de Ryeowook fazia sentido, principalmente quando se tinha em mente que aquela floresta crescera rápido demais. Enquanto atravessavam uma clareira, o combatente parou de súbito e deixou sua audição captar os sons da vegetação. Tivera a impressão de ouvir algo – um estalo de madeira quebrando – mas tudo ao seu redor estava no mais completo silêncio, até mesmo os pássaros pareciam calados.

De súbito, algo fez os arbustos mexerem, causando uma revoada de aves. Sungmin ficou alerta e entrou em posição de defesa.

– Calma, foram apenas pássaros. – Ryeowook falou virando-se.

Sungmin franziu o cenho, não costumava se assustar por motivos banais – e uma revoada de pássaros se encaixava nisso. Balançou a cabeça e voltou sua atenção para Ryeowook, seus olhos capturaram algo e ele sentiu o sangue congelar nas veias. Escondido, em meio a vegetação baixa, havia um par de olhos encarando-os.

– Não... Se... Mexa... – ele falou, sem desviar o foco de atenção.

Ryeowook engoliu e seco, duvidando da palavra do rapaz. Virou lentamente e estancou ao ouvir o estalar de um galho sendo quebrado.

– Não. Se. Mexa. – ele ouviu a fala contida de Sungmin.

O animal grunhiu, ou pareceu grunhir, mas o som ouvido foi o chacoalhar da calda de uma cascavel.

– É uma cobra? – Ryeowook indagou em um sussurro.

– Não... – Sungmin respondeu sentindo, pela primeira vez em anos, o medo dominar seu raciocínio. – É uma pantera.

A criatura rugiu e saltou de dentro do mato, correndo em direção da dupla. Ryeowook gritou e procurou fugir, mas o felino era rápido demais e em questão de segundos ele saltara sobre o inumano, derrubando-o com todo o seu peso. O rapaz arfou enquanto sentia a respiração da besta atingir seu rosto, os olhos da pantera se focaram nos seus. Eram amarelos, mas as pupilas eram verticais e extremamente estreitas.

O felino abriu a boca e deixou à saliva esverdeada pingar na bochecha de Ryeowook, o fétido hálito causava enjoo enquanto as presas eram finas e pontiagudas. O inumano gemeu, sentindo o peso das patas da besta sobre seus ombros, enquanto o animal se aproximava de sua cabeça. De súbito um borrão surgiu no campo de visão, forçando o predador largar sua presa.

Sungmin atacara a pantera com uma pedra.

– Corre! – ele gritou.

Ryeowook assentiu a avançou em direção a floresta, sem olhar para trás. Correu o mais rápido que pôde, ignorando pedras escorregadias e buracos no chão. Sentia seus pulmões arderem e seus pés reclamarem com os movimentos rápidos e imprecisos. Quando tentou saltar sobre uma vala, o terreno falhou, e ele foi de encontro ao chão, sentindo o tornozelo latejar.

– Anda, levanta. – Sungmin falou enquanto o ajudava a levantar.

O combatente colocou o braço esquerdo de Ryeowook sobre seu ombro enquanto o agarrava pela cintura. Eles seguiram pelas folhas caídas e galhos torcidos, sentindo a garoa cair pelas copas das árvores.

– Para onde vamos? – Ryeowook perguntou arfando.

– Para qualquer lugar longe daquela criatura. – respondeu olhando ao redor. – Merda!

Um impacto abafado denunciou a aproximação da fera, que correra entre as árvores com extrema habilidade. Ela saltou, bloqueando o caminho da dupla, e rugiu – expondo as presas afiadas. Estava decidida em transformar aquelas pessoas em seu alimento já que qualquer outro tipo de animal naquela região da floresta era extremamente raro. Sungmin virou para a direita e tentou correr, mas a pantera saltou entre as árvores e usou a potência das patas traseiras para golpear o combatente no peito.

Sungmin foi jogado para trás, caindo com violência no chão, suas costas rasparam nas rochas, rasgando o tecido da roupa e arranhando a pele. Ryeowook cambaleou para o lado e apoiou-se na árvore mais próxima, seu tornozelo estava dolorido demais para mantê-lo em pé. A criatura girou e encarou o inumano, a saliva pingava nos musgos e o chacoalhar de cascavel foi ouvido. No momento em que a pantera saltou, Ryeowook se jogou para o lado. Porém o animal fora mais rápido e seus dentes se cravaram na perna do inumano, perfurando profundamente a carne. Ryeowook gritou enquanto sentia os músculos paralisarem e o membro enrijecer como pedra em uma posição semidobrada, esticando os braços, ele arrastou-se para longe do felino.

O som de galho se partindo denunciou que Sungmin levantara e agora partia em direção ao predador. Tentou golpeá-lo com socos e chutes – e obtivera sucesso – mas o animal era esperto, e ao perceber uma brecha, saltou em direção a uma rocha e depois sobre o combatente. Sungmin gritou, sentindo o animal cravar fundo os dentes em seu ombro direito, e girou seu corpo para o lado. Derrubando a pantera.

A criatura cambaleava e respirava de maneira ruidosa, estava cansada, mas não desistira tão fácil do alimento. Tentou uma investida com a pata esquerda, mas o militar desviou e emendou com um chute na mandíbula. A pantera sibilou e recuou alguns passos, precisava analisar o movimento do inimigo com cautela antes de atacar novamente.

– Como... Como ele nos encontrou? – Ryeowook murmurou sentindo o fôlego diminuir rapidamente.

– Eu não sei... – Sungmin respondeu, sentindo os músculos de seu braço paralisar. – Mas precisamos fugir de alguma forma...

O felino começou a andar de um lado para o outro enquanto farejava o ar. Então, de súbito, saltou para o lado e sumiu floresta adentro – correndo rapidamente entre as árvores. Sungmin relaxou um pouco, sentindo-se aliviado por aquele movimento surpresa.

– O que... houve? – Ryeowook indagou.

– Ela fugiu, simplesmente. – o combatente virou em direção ao inumano e o ajudou a ficar de pé. – Temos que sair daqui.

– Não consigo mexer minha perna... – comentou, reparando que o membro escurecia a partir do furo da mordida. Os nervos não pareciam responder, como se o ataque do animal tivesse interferido em sua funcionalidade. – O que... está acontecendo?

– Ela está necrosando. – Sungmin respondeu, percebendo que o mesmo acontecia com seu braço direito. – Precisamos ser rápido.

Que destino mais tenebroso. Um militar e um inumano morrerem envenenados por um animal desconhecido, dentro de uma floresta e tratados como presas assustadas. Morreriam da pior forma possível.

Não. Não deveria ser assim – não poderia ser assim. Eles resistiriam, precisavam resistir. Não deixariam aqueles que amavam sozinhos no momento em que mais precisavam.

A dupla cambaleou por mais alguns metros – Ryeowook apoiado em Sungmin – até encontrarem um riacho onde o cansaço venceu e eles foram de encontro ao chão. Sungmin arrastou-se até a margem do ribeiro e bebeu um pouco da água. O combatente limpou a garganta e cuspiu um pouco de veneno, uma gosma verde que se prendia à goela. Ele então percebeu que de nada adiantaria, a toxina já se diluíra inteiramente na corrente sanguínea. Ao olhar para Ryeowook, Sungmin percebeu que ele respirava com dificuldade e o suor molhava seus cabelos. Uma pontada de dor atingiu seu corpo e ele trincou os dentes, relutante.

As contrações paralisaram os músculos, e o último deles era o coração.

Lentamente a visão periférica foi diminuindo, fazendo com que ambos mergulhassem na escuridão.


Notas Finais


E ai? O que acharam?
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