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História Além da Esperança - XXV - Mancha Permanente


Escrita por: Vexus

Notas do Autor


Voltei trazendo capítulo novo... Apesar de estar um pouco na bad... ;-;
Mas nada que atrapalhe muito :3

Espero que gostem!
Boa Leitura!

P.S.: Caso haja algum erro, por favor, me avisem.

Capítulo 26 - XXV - Mancha Permanente


O espaço escolhido para o almoço ficava em uma espécie de praça, construída no centro do Shopping. Dali, Ryeowook teve noção do quão espaçoso a edificação devia ser em seus dias de glória. O prédio era circular, mas em seu centro ficava uma enorme praça de mesmo formato a céu aberto onde árvores dividiam espaço com bancos e fontes. Porém, após a destruição, o círculo que o edifício formava fora desfeito, abrindo um enorme espaço por onde as mesas estavam espalhadas, algumas delas ocupadas por famílias.

Ryeowook avançou calmamente enquanto olhava para o alto, encarando o topo das torres cinza-chumbo, se perguntando como aquela região deveria ficar nos dias festivos, quando a cidade inteira se enfeitava com luzes e fitas. Abaixou a cabeça, sentindo uma súbita tristeza dominar sua mente ao perceber que aqueles dias talvez nunca voltassem. Acordou dos devaneios quando sentiu uma mão tocar seu ombro, ao virar-se percebeu que se tratava de Lisa.

– Não se sinta mal. – ela murmurou. – Também fiquei assim quando vim aqui pela primeira vez.

– É difícil acreditar que toda essa região era habitada, quero dizer, com casas, bairros, essas coisas. – comentou, vendo a outra assentir. – E agora uma floresta reside do lugar, é de certa forma triste.

– Tente ver por outros olhos. – Minhyuk falou. – A natureza, antes reprimida, agora pode crescer em abundância e nenhuma lei de desmatamento pode mudar isso.

Ryeowook balançou a cabeça, concordando com o que o rapaz dissera. Minhyuk seguiu por entre as mesas até encontrar uma em especial, ela ficava sobre a grama – ao lado das ruinas de uma fonte – e era grande o suficiente para oito pessoas sentarem. Ela era semelhante às mesas de piquenique tradicionais, mas com uma única diferença: haviam dois bancos adicionais, um em cada extremo. Ryeowook o seguiu e percebeu que ela já estava ocupada por duas pessoas, uma delas era Sungmin, mas a segunda, o inumano não foi capaz de reconhecer.

A mulher, Ryeowook observou, era levemente mais baixa e de corpo esbelto, de olhos estreitos e rosto oval, a pele era clara e encaixava-se com o cabelo castanho-claro. Usava uma calça escura e uma camiseta verde, que deixava amostra seus braços finos.

– Vejo que já trouxe tudo. – Minhyuk falou após sentar-se. – Isso é bem sua cara.

– Acha que eu esperaria por você ou Moonbyul? – a mulher retrucou com uma sobrancelha erguida. – Não sou uma donzela em perigo que precisa de ajuda com tarefas banais.

– Ah... Então você se considera uma donzela em perigo? – Minhyuk retrucou, com um sorriso nos lábios.

– Não começa Minhyuk. – ela respondeu ligeiramente ruborizada. – Não vai me apresentar para seu novo amigo?

– Claro... Acabei me distraindo. – falou balançando a cabeça. – Ryeowook, essa Gyuri, a responsável por trazê-los aqui.

– Olá. – Daquela distância Ryeowook percebeu que a cor dos olhos da moça era avelã. – Parece melhor desde que te vi desmaiado na floresta.

– Obrigado por nos salvar. – Ryeowook disse. – Não sei o que seria da gente se não fosse por vocês.

– Provavelmente estariam mortos. – Lisa falou abruptamente.

– Um pouco menos direta, Lisa, por favor. – Minhyuk destacou.

– O quê? Apenas disse a verdade.

– Eu sei, mas muitas pessoas não gostam de ouvir. – ele continuou.

– Não tem problema. – Ryeowook falou. – Ela está certa.

Lisa sorriu de canto e então pegou um prato. Não demorou muito e quatro pessoas se aproximaram, trazendo vasilhas de barro e cerâmica abarrotadas de comida. Ryeowook se serviu de uma porção de arroz, salada de folhas e um pouco de purê de batata – não queria exagerar já que estava em recuperação – segundos depois uma menina, de aproximadamente doze anos, chegou com uma bandeja onde alguns pedaços de carne descansavam. O inumano franziu o cenho, se perguntando onde os animais eram criados, já que durante toda a sua caminhada não vira nada além do pássaro e árvores.

– Quer ajuda Sungmin? – Gyuri indagou.

– Não, tudo bem, eu consigo me virar.

Ryeowook o encarou e só então percebeu que o rapaz usava uma tipoia enquanto seu braço estava completamente enfaixado. Engoliu em seco, sentindo-se mal por não dar importância para seu bem-estar, já que o combatente – direta ou indiretamente – estava sob seus cuidados.

– Claro que não consegue, seu braço está imobilizado. – ela retrucou, enquanto enchia um prato. – Não discuta, estou apenas lhe fazendo um favor.

O combatente sorriu minimamente e abaixou a cabeça, parecia constrangido por estar recebendo ajuda. A refeição ocorria de maneira silenciosa, porém harmoniosa, com Lisa fazendo comentários aleatórios e Gyuri a censurando. Estavam na metade do café-da-manhã, quando Eric se aproximou – ele segurava um bastão de madeira com qual se guiava entre as mesas. Sentou-se silenciosamente na ponta e, subitamente, Lisa se prontificou a servi-lo.

– Como foi sua visita à biblioteca? – ele indagou, sem desviar a atenção da mesa.

– Interessante. – Ryeowook respondeu. – Descobri mais coisas do que esperava.

– Fala da quimera? – Sungmin indagou e o inumano assentiu. – Gyuri me contou a respeito e, sinceramente, não sabia que as pessoas seriam capaz de fazer isso.

– A humanidade é o maior mistério da natureza. – Eric divagou. – Ela é capaz de coisas absurdas apenas por beneficio próprio.

– Mesmo assim, não discordo do que ele disse. – Gyuri comentou. – Até para mim, que soube dessa história muito antes, esse fato soa absurdo.

– Vocês ainda têm muito a aprender. – ele sorriu e então inclinou a cabeça de lado. – Falta alguém. Onde está Moonbyul?

Lisa bebeu um gole de água enquanto Minhyuk abaixava a cabeça, pareciam receosos em falar onde a garota estava.

– Então? Ninguém vai me responder?

– Ela... Ela saiu para caçar. – Gyuri informou em baixo tom. – Precisávamos de recursos então ela se ofereceu para pegá-los.

– Ah... Gyuri... Você é uma excelente pessoa e uma ótima amiga, mas, por favor, não minta para mim. – Eric não soou zangado ou até mesmo decepcionado, seu semblante era de pura calma. – Eu sei muito bem o que ela foi fazer... Acho melhor ela própria me contar.

Todos franziram o cenho, perguntando-se o que Eric queria dizer com aquilo – a resposta veio em forma de uma mulher. Ryeowook não conseguiu esconder a surpresa ao ver como Moonbyul era extremamente idêntica à Minhyuk. Eram gêmeos, mas com um único fato curioso: Moonbyul tinha um dos olhos cor de âmbar.

Moonbyul usava uma camiseta branca e um casaco marrom sem mangas, as calças eram jeans, e as botas, pretas – típicas de quem caminha na floresta ou em terrenos molhados. Ela encarou todos da mesa, seus olhos mais pareciam com os de um felino prestes a atacar, e então sentou ao lado de Gyuri. O clima subitamente mudou, assumindo um ar de tensão.

– A última finalmente chega. – Eric falou, rompendo o momento de silêncio. – Poderia me informar por onde esteve?

– Fui atrás de recursos. – Moonbyul respondeu, seu tom era sério, curto e áspero. – Achei que Gyuri havia avisado.

– Sim, ela avisou. E sinceramente... – Eric ficou sério pela primeira vez. – Você acha que eu acreditei?

Moonbyul suspirou enquanto cerrava os punhos, porém permaneceu em silêncio.

– Pare de bancar o cabeça-dura. – Eric continuou, sem mudar sua expressão. – Só porque você é dotada de uma habilidade, não significa que tenha que colocar sua vida em risco. Seja mais prudente e deixe de fazer idiotices.

Ryeowook engoliu em seco, achando toda a situação extremamente delicada e tensa. Moonbyul soltou o ar que prendia nos pulmões e encarou os visitantes.

– Não encare nossos visitantes, é falta de educação. – Eric censurou e a moça abaixou a cabeça.

Todo o café da manhã correu em silêncio. Ninguém queria falar, temendo que algo pior se desenrolasse se um simples comentário fosse dito. Quando enfim terminaram, três pessoas se aproximaram e começaram a retirar as louças e os talheres sujos. Ryeowook levantou e pegou a muleta para se apoiar, precisava se acostumar com ideia do objeto estar presente em suas caminhadas pelo acampamento.

– E então? O que vocês vão fazer hoje? – Lisa indagou sorrindo.

– Fala de mim e Sungmin? – retrucou vendo a garota assentir. – Não sei, precisamos voltar para a estrada, temos uma longa viajem pela frente.

– Desculpe, mas não pude deixar de ouvir sua conversa. – Eric se aproximou cautelosamente. – Sei que está apressado, mas nas condições em que vocês se encontram, viajar está fora de cogitação.

– O que quer dizer? – Ryeowook franziu o cenho.

– O veneno da quimera não foi totalmente removido. – ele anunciou. – Se você for embora agora, há altas chances dele se misturar à corrente sanguínea novamente. E isso significa morte.

– Então o que devemos fazer? – Sungmin havia se aproximado para escutar a conversa.

– Fiquem aqui por alguns dias, até que o veneno seja removido do organismo. – ele pediu. – Eu sei do que esse veneno é capaz e, acreditem, eu faria outra coisa se fosse possível.

Sungmin olhou para Ryeowook, que mantinha a expressão de dúvida no rosto, e ponderou. O pedido de Eric era arriscado e surpreendente. Se fosse em outra época, ele recusaria sem sombra de duvidas, mas ali – na situação em que se encontravam – não havia outra resposta. Os dois ainda estavam feridos e o risco de o veneno voltar à corrente sanguínea era real, sem o equipamento médico certo, a única saída era permanecer ali.

– Tudo bem, nós aceitamos. – o combatente anunciou para a surpresa de Ryeowook. – Não temos outra saída.

– Sábia escolha, meu jovem. – Eric sorriu e então começou a caminhar. – Vejo vocês mais tarde.

– Aonde vai? – Lisa indagou.

– Preciso buscar mais ervas para o tratamento. Quero ver os dois na minha casa ao anoitecer. – anunciou sem se virar. – Até lá, podem andar pelo acampamento.

– Posso mostra-los nosso treinamento?

– Claro Lisa. – Eric precisou gritar para cobrir a distância. – Mas não exagere, lembre-se que eles estão feridos.

Lisa bateu palmas enquanto dava leves pulinhos, sua euforia era evidente e ela não se preocupava em exibi-la. Ela voltou a encarar a dupla e então abaixou os braços.

– Podemos ir? Temos um longo dia pela frente.

Ryeowook olhou para Sungmin que sorriu de canto perante a atitude da garota. Lisa parecia ficar feliz com as coisas mais banais e a chance de conhecer duas pessoas novas era o que alimentava toda a sua euforia.

– Mostre-nos o caminho. – Ryeowook falou vendo a garota começar a andar.

 

Em algum lugar, atravessando as rodovias nos domínios da Zona Habitacional, Bora encarava o mundo fora daquele ônibus. Todos os assentos estavam ocupados, havia dois soldados vigiando, um em cada extremo do veículo. A garota encarou a dupla e ergueu uma sobrancelha, um deles usava uma farda diferente – havia tons e detalhes em verde – o que lhe causou certo interesse.

– Por que ele se veste diferente? – Bora indagou.

Soon-ok virou a cabeça e encarou o soldado em pé no fundo do ônibus.

– Ele não é da Zona Industrial. – a mulher respondeu. – Veio junto com o comboio que Leeteuk enviou.

– Não é um pouco arriscado o que Taeyeon está fazendo? – ela continuou. – Confiar nossas vidas a um exército desconhecido?

– Para ela, não são desconhecidos. – Soon-ok suspirou. – Por que está suspeitando?

– Não sei, não me sinto bem perto deles.

Bora cruzou os braços e encostou a cabeça no vidro, seus olhos se fecharam lentamente fazendo-a mergulhar em um profundo sono. Não tinha o costume de sonhar, já que devido sua habilidade, parte dos sonhos terminava em pesadelos, mas naquele instante tudo foi diferente. Ela não soube diferenciar se o que vira fora um sonho ou um pesadelo. As imagens eram borradas, via rostos e locais nos quais nunca havia estado antes. Acordou com a garganta seca e com a nuca suada, retirou uma garrafa da bolsa e bebeu seu conteúdo.

– Onde estamos? – indagou fechando a garrafa.

– Não sei exatamente, eles nunca nos dizem. – Soon-ok anunciou enquanto olhava as horas. – Além do mais, você cochilou por uma hora, apenas.

– Pode parecer loucura. – Bora disse enquanto colocava uma mecha atrás da orelha. – Mas tenho um mal pressentimento, sinto que algo vai acontecer.

Soon-ok engoliu em seco e mordiscou um dos cantos dos lábios.

– Sei o que quer dizer. – A frase ganhou atenção da jovem. – Sinto o mesmo.

Bora esfregou as mãos, sentindo as palmas suarem. Já havia ficado nervosa antes, mas naquele instante a emoção mais se assemelhava ao medo, o mesmo medo que sentira quando Sungmin a atacara no beco. A viagem seguia tranquila, o sol brilhava apesar das nuvens carregadas deixarem tudo com uma tonalidade de cinza. Um chiado, mesmo fraco e longínquo, foi ouvido, assemelhando-se a um rádio fora de sintonia. Era o comunicador de um dos soldados.

Ele atravessou toda a extensão do interior do veículo e se aproximou do segundo que montava guarda. Após uma conversa em baixa voz, o primeiro soldado – vestido com a farda da Zona Industrial – se afastou, retornando a parte posterior do ônibus. Aquela atitude apenas fez com que o nervosismo de Bora aumentasse. De súbito, o silêncio da manhã foi cortado por uma série de baques quase inaudíveis, eram constantes e pareciam aumentar de tom. Antes que qualquer um perguntasse algo, o ônibus sofreu um forte solavanco fazendo com que todos, sem exceções, perdessem o equilíbrio. Bora foi jogada para frente e bateu a cabeça no banco seguinte, sua visão ficou enevoada pela dor e as imagens formuladas eram completamente desfocadas. Sentiu seu corpo ser jogado para todos os lados até enfim a confusão cessar e ela mergulhar na escuridão.

Acordou momentos depois com alguém chamando por seu nome, a voz apesar de fraca era extremamente familiar. Bora abriu os olhos e encarou o ambiente ao seu redor, o ônibus estava completamente destruído e ela se encontrava caída no chão. As janelas explodiram em milhares de cacos de vidros, que se espalhavam pelo assoalho do veículo, muitos bancos estavam manchados de sangue enquanto outros estavam vazios. Bora tossiu, cuspindo uma pequena quantidade de plasma rubro em seguida – estava ferida e sem saber o que havia acontecido. Engoliu em seco, procurando quem fora a pessoa que chamou seu nome.

– Bora!

Ela virou a cabeça subitamente para encontrar sua mãe, presa no meio das ferragens. A garota arrastou-se ao seu encontro e removeu grande parte dos artefatos, mas parou subitamente ao ver uma barra manchada de sangue. A mesma barra estava atravessando a região estomacal de Soon-ok.

Ao ver que Bora não reagia, a mulher decidiu intervir.

– Bora... Olha pra mim. – falou entre engasgos. – Você precisa sair daqui... agora.

– Não... – falou sentindo um bolo se formar na garganta. – Não vou deixar você aqui... Não dessa forma.

A garota então começou a puxar as ferragens ao redor, na esperança de algo acontecer, mas seus dedos escorregavam devido o sangue. Sua visão ficava cada vez mais borrada, conforme as lágrimas escorriam. Parou o que estava fazendo quando seus braços reclamaram com a dor. Bora então caiu ajoelhada, enquanto tinha um ataque de soluços.

– Me... desculpe... – sussurrou enquanto enxugava o rosto.

– Minha linda... do que está se desculpando? – Soon-ok tocou o queixo da jovem e o ergueu, permitindo assim que ambas se encarassem. – Vai ficar tudo bem.

– Não... Não vai... – ela gemeu enquanto se entregava as lágrimas. – Não posso deixa-la, não posso!

– Mas você precisa... – Soon-ok tossiu e um pequeno filete de sangue começou a escorrer por seu queixo. – Você ainda tem muito o que ver...

– Sem você? – Bora respirou fundo. – Não vou conseguir seguir em frente.

– Olhe para mim. – disse e então passou o polegar pela bochecha da jovem. – Você vai seguir em frente, e sabe por quê? Por que você é forte e sabe se virar sozinha.

– Não diga isso...

– Você é uma das pessoas mais bondosas que existe. – A voz de Soon-ok falhou por alguns instantes. – Só precisa acreditar em si mesma.

– Pare...

– Bora... Você é a filha perfeita e eu sempre vou me lembrar disso. – falou, deixando as lágrimas escorrerem. – Agora vá!

– Me desculpe...

Soon-ok a empurrou. Bora caiu sentada, mas logo se levantou. Deixar sua mãe para trás, para a morte, era algo extremamente desumano e insensível. Mas o cheiro de gasolina aumentava gradativamente, assim como a fumaça.

– Bora...

A garota parou, se perguntando se deveria virar as costas, se deveria encarar sua mãe uma ultima vez naquele estado lastimável. A inumana reuniu coragem, virou-se, e o que viu acabou destruindo seu coração por completo. Soon-ok exibia o mais belo e harmonioso, apesar de trêmulo, sorriso. Aqueles vistos em uma criança enquanto dorme.

– Você vai se lembrar de mim?

Bora assentiu, sentindo novas lágrimas brotarem.

– É claro que sim. – soluçou antes de continuar. – Que tipo de pergunta é essa?

Soon-ok deu um leve gemido.

– Prometa-me uma coisa.

– Qualquer coisa. – Bora retrucou.

– Prometa que vai ser feliz.

A garota assentiu com a cabeça enquanto enxugava, com os polegares, mais lágrimas no rosto. Soon-ok sorriu uma última vez antes de seu corpo tombar no assoalho do ônibus, completamente imóvel. Por mais doloroso que fosse, Bora deu as costas e saiu caminhando, afastando-se ainda mais do veículo. Andou por centímetros, metros ou até mesmo quilômetros, mas sem olhar para trás. Não queria encarar aquilo que seria o túmulo de sua mãe. Cambaleando pelo acostamento, a jovem percebeu que os outros veículos do comboio haviam desaparecido, restando apenas o ônibus destruído. Não tinha ninguém que pudesse ajuda-la, estava sozinha e perdida. Subitamente sentiu suas pernas fraquejarem e os joelhos colidirem com asfalto umedecido. Caída daquela forma, no meio do nada, Bora se entregou as lágrimas e a dor de ter perdido sua única família.

Uma fraca garoa começou a cair, lavando todo o sangue de seu corpo. Não sabia a quanto tempo estava ali, mas ela foi arrancada de seu torpor emocional quando duas mãos tocaram seus ombros. Ela ergueu o olhar e encarou o rosto da pessoa a sua frente. Apesar de a visão estar borrada, Bora conseguiu distinguir os olhos escuros e o rosto marcante daquele homem. Seu braço exibia um curativo e sua bochecha encontrava-se arranhada, certamente entrara em combate no trajeto até ali. O semblante era o misto de preocupação e pesar.

Era Shindong.

– O que houve? – perguntou, recebendo um soluço engasgado como resposta. – Venha conosco, estará segura.


Notas Finais


E ai? O que acharam?
Comentem!


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