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História Além da Esperança - III - Vontade Inquestionável.


Escrita por: Vexus

Notas do Autor


Voltei depois de muito tempo. \o/

Demorei porque estava me preparando para uma certa prova... Enfim capítulo novo, espero que gostem.

Boa leitura!

Capítulo 4 - III - Vontade Inquestionável.


A verdadeira história do país ainda era fresca na mente de Shindong mesmo após anos. Encontra-la nos bancos de dados da Zona Industrial fora uma tarefa simples devido a sua alta patente como agente do governo. Ele ficara chocado, mas nada podia fazer para mudar o que já havia acontecido.

Há muito tempo, uma jovem, porém potente nação estava ascendendo. Os lucros eram exorbitantes e a qualidade de vida era extraordinária. Em uma época antes de Heechul assumir como presidente e comprometer toda a economia de Hetá – antes mesmo de seu pai forçar o país a ser dividido em quatro zonas distintas. Naqueles dias, diferenças étnicas ou culturais não eram motivos para conflitos ou discussões, pelo contrário, essas diferenças eram usadas como base para conhecer uns aos outros.

Certo dia, porém, uma notícia chocou a todos causando tristeza nacional. O presidente fora encontrado morto em um laboratório ao qual era associado; autópsias foram feitas, mas a causa da morte nunca fora revelada. Após o enterro, o clima de velório dominou o país inteiro e o luto se estendeu para mais de três dias.

Anos se passaram até o assunto de uma nova eleição começar a ser citado. Durante esse período, uma assembleia composta pelos maiores empresários da época fora feita, a economia manteve-se estável, mas a qualidade de vida decaía cada vez mais. Lojas pararam de lucrar, empresas entraram em bancarrota e os furtos e protestos aumentavam em níveis alarmantes.

Diante daquela situação, a assembleia decidiu anunciar uma nova eleição e assim conseguir patrocínios de empresas que ainda lucravam. Iniciaram-se então a disputa pelo poder, uma série de candidatos brigava em palestras e propagandas, alegando ser a salvação para a crise em que o país se encontrava. A disputa durou meses e nenhum candidato conseguiu o número de votos necessários para se consagrar como novo presidente. Porém um dos candidatos, reconhecido nacionalmente como um grande empresário, havia obtido o carinho da população. Nascido na classe média alta, mas criado em meio aos pobres, Kim Woonjun tornou-se o principal candidato a presidência e com isso as grandes empresas aceitaram patrociná-lo.

Em um segundo turno, ele acabou sendo eleito.

Nos primeiros anos, Woonjun conseguiu aumentar a qualidade de vida sem prejudicar a economia. Uma parte do lucro do Estado fora destinado a educação enquanto outra era destinada para medicina e ciência. Durante os cinco anos de mandato, ele conseguiu erguer Hetá, transformando-a em uma nova potência; sendo reconhecida no mundo todo.

Para a população, ele era considerado o herói do povo, mas para seus funcionários, Woonjun era o Diabo vestido em pele de cordeiro.

Ao fim dos cinco anos de mandato, à beira de uma nova eleição, Woonjun lançou uma proposta de lei. Essa proposta seria que o próximo presidente seria escolhido pelo empresário que controlasse boa parte do lucro do país. A assembleia concordou, iludidos com o sonho de um deles ser o próximo a ascender como presidente. Quando a lei entrou em vigor, Woonjun decidiu expor suas cartas escondidas na manga.

A empresa de maior lucro anual era responsável em pesquisas biológicas, uma utopia que o laboratório do presidente anterior desejava ser. O dono dessa empresa já estava na mídia há anos, todos o reconheciam, a população o aplaudia todas as vezes que um pronunciamento era feito. O próprio Woonjun.

Ao descobrirem, a assembleia recorreu com um processo, acusando-o de golpista. Se uma manchete dessas chegasse à imprensa, toda a imagem construída por ele iria por água abaixo. Desesperado, temendo que seus projetos fossem descobertos, Woonjun mandou eliminar cada um dos membros da assembleia. Encobrindo tudo, forjando um suicídio. Os empresários foram sepultados sem qualquer tipo de autópsia ter sido feita.

No sétimo ano de mandato o projeto mais absurdo de Woonjun foi tirado do papel.

A construção das quatro zonas assustou a todos; quatro Zonas representando as subdivisões da indústria. Zona Agricultora assumiria o papel de indústria de base; Zona Industrial assumiria a responsabilidade de indústria de bens intermediários; Zona Comercial associada à Zona Habitacional assumiriam a indústria de bens de consumo. E para delimitar seus domínios, uma muralha fora construída ao redor de cada uma. Cada entrada e saída seria registrada e informada ao presidente.

Para facilitar o ciclo de informações o método de quatro líderes foi utilizado, quatro pessoas de extrema confiança foram selecionadas para controlarem cada uma das Quatro Zonas. Lee Yejin assumiu a Zona Agricultora; Kim Jaejoong assumiu a Zona Industrial; Woonjun, a Zona Comercial; e Kwon Bo Ah se consagrou como líder da Zona Habitacional. Aquela atitude alegrou àqueles que temiam que uma anarquia se instaurasse.

Três anos se passaram até Hetá entrar lentamente em crise. Não uma crise econômica, mas uma crise social. Após uma investigação feita sobre a morte suspeita de uma mulher, os policiais chegaram a um laboratório que era financiado pelo governo. Lá, pesquisas biológicas eram feitas, manipulava-se DNA na esperança de conseguir a cura de doenças genéticas. Mas os resultados se resumiam a deformidades e mortes quase imediatas. A desconfiança foi aumentando e a visão de Woonjun como herói da população foi se dissipando.

Quando o laboratório foi fechado e as pesquisas chegaram a público, a imprensa questionou se o presidente era realmente quem aparentava ser. Financiar experimentos em humanos era um crime contra a vida. Protestos foram feitos e lentamente Woonjun ganhava a reprovação da população. Em uma tarde, outra notícia ganhou a mídia chocando toda a população. Kim Jung Ah, até então esposa do presidente, havia falecido após dar a luz ao seu segundo filho.

Desde esse dia, Woonjun sumiu da mídia. Seu rosto raramente era visto em revistas e jornais, ao paço que comícios deixaram de acontecer. Durante dois longos anos ele permaneceu nas sombras sem dar nenhum sinal de vida até que na madrugada do terceiro ano da morte de sua esposa, Woonjun tirou a própria vida atirando contra sua cabeça. A notícia do suicídio surpreendeu a todos, gerando grande comoção.

Após o período de luto, a assembleia se reuniu com os demais líderes a respeito da presidência. Pela lógica, o vice deveria assumir, mas Woonjun não possuía um. Com a lei aprovada, o líder da empresa com maior lucro anual deveria assumir o cargo de presidente. A empresa em questão pertencia a família Kim e seu líder, recém-assumido, era Kim Heechul.

Querendo ir contra aos paradigmas de seu pai, Heechul foi a público anunciar que uma nova eleição para os líderes das outras Zonas iria acontecer. Seu pretexto era que as lembranças do presidente anterior ainda persistiam naqueles governantes. Todos aceitaram e assim três novas pessoas chegaram ao cargo de líderes – Kim Taeyeon; Park Jungsu, apelidado de Leeteuk; e Choi Siwon.

Anos se passaram na mais perfeita calma até uma clinica de vacinação ser fechada por violar a segurança da saúde nacional. A história parecia estar se repetindo e novamente o assunto dos inumanos voltou a ser citado pela imprensa. Pessoas foram às ruas cobrar medidas do novo presidente, que parecia não ser o responsável pelo ocorrido de anos atrás. Em uma contramedida, Heechul ordenou que cada manifestação fosse combatida com poder de fogo. No mesmo ano a fabricação bélica na Zona Industrial se intensificou.

A Zona Comercial havia se tornado um palco de guerra, população contra governo.

Horrorizada com as mortes sem necessidade, Taeyeon propôs uma reunião com os quatro líderes. Nessa reunião ela ofereceu a Zona Industrial como novo lar para as vítimas do ocorrido com o presidente anterior e pagaria uma indenização para cada um. Porém, Heechul teria que assinar seu nome nas transações bancárias ao invés dela.

No dia seguinte a imprensa exibiu o acordo que Heechul havia feito com os protestantes; a Zona Industrial ganhava novos habitantes e novos trabalhadores. Taeyeon sentia sua consciência pesar com a atitude antiética, mas o alívio com o fim das mortes era maior.

Durante dez anos a paz reinou em Hetá até os descentes das vítimas aparecerem na sociedade.

––XX––

O dia estava calmo, lentamente as ruas começavam a ficar limpas e a Zona Industrial ganhava outros ares. Pelo menos até aquela noite. O sol brilhava, destacando a curvatura da cúpula que protegia a cidade e trazendo a sensação de tranquilidade. Shindong desceu do carro e adentrou no prédio, se preocupando antes de travar o veículo. Havia tomado um banho para lavar aquele sangue e trocara de roupa. Só então decidira entrar no complexo que a sede temporária do governo havia se tornado. Os ferimentos ainda o incomodavam por debaixo da roupa, mas ele sempre optara em manter a expressão neutra, pois de fato não estava totalmente curado.

Para Shindong uma carnificina sem motivo não fazia sentido e era isso que o motivava a não aceitar as decisões tomadas por Heechul. Certo dia, quando as Quatro Zonas eram aliadas, Heechul ordenou que o exército da Zona Industrial removesse as pessoas que ainda residiam fora da muralha. Na época Shindong era apenas um estudante do ensino médio, mas a sensação de indignação em ver aquelas famílias serem retiradas a força de seus lares o marcou profundamente. No dia seguinte ele decidiu que mudaria o mundo a seu jeito.

Após concluir o ensino médio, ele começou a sair às ruas causando algazarra. Acompanhado de um pequeno grupo de amigos, Shindong roubou lojas, grandes mansões e até mesmo bancos. Todo o dinheiro era doado para dormitórios comunitários e orfanatos. Ao melhor estilo Robin Hood, Shindong começou a ganhar fama e com isso a polícia aumentou o poder de procura – em todas as tentativas de emboscada ele escapava graças a sua habilidade. Ser um inumano lhe causava vergonha e ninguém, além de seus pais, sabia desse fato.

Após mudar-se para a Zona Industrial, ele decidira vagar pelas ruas pensando em quais locais deveria invadir. As casas daquela região eram diferentes, sem luxo ou ostentação com projetos arquitetônicos. Bem diferente da Zona Comercial. Em uma das primeiras tentativas de invasão a uma casa da área rica, um cerco policial fora montado para prendê-lo. Ele conseguira fugir, mas fora preso horas depois.

Na cadeia, Shindong teve a oportunidade de receber a visita de Taeyeon, que era até então líder da Zona. Ela oferecera duas propostas: pagar os prejuízos pelos delitos, ou servir como agente do governo. Na época ele não trabalhava e seus pais se recusavam a ceder qualquer ajuda financeira; não havia como pensar a respeito, não havia o que decidir. Ele aceitara servir ao governo.

Isso foi há sete anos e desde então ele não se arrependera da escolha. Conseguiria ajudar ainda mais a população sendo um agente do governo do que um simples meliante.

Na sala de controle do esconderijo, um pequeno grupo de militares de alta patente discutiu a decisão da líder de mover os habitantes para a Zona Agricultora. Um dos homens se mostrou contrário à decisão durante a reunião. O impasse foi resolvido, então, com uma pequena quantidade de habitantes na primeira viagem, para comprovar que o caminho não possuía qualquer tipo de vigilância de alguma outra Zona, já que a transferência não poderia ser detectada por nenhuma outra além daquelas envolvidas no acordo.

Os homens escolhidos para protegerem os cidadãos durante o trajeto – como já era de se esperar – foram os de Shindong. Ele sugerira utilizar os aviões para o trajeto da população, já que a segurança de homens comuns deveria ser maior do que a de um condenado. Novamente sua opinião fora questionada e todos os participantes chegaram a conclusão de que a rota tomada pelo comboio policial que levava Sungmin deveria ser diferente dos ônibus que possuíam os cidadãos. Por ora todos estavam em consenso.

A sede temporária do governo era uma edificação mediana, construída em concreto e com algumas janelas blindadas. Destruí-la em um bombardeio seria uma tarefa difícil. Além de o prédio principal estar camuflado, vários soldados o rodeavam dia e noite em uma patrulha incansável e constante.

No pátio menor, uma área circular com cem metros de raio, alguns soldados praticavam luta corpo a corpo, treinando chutes, socos e golpes uns com os outros. Isolado mais ao canto, um grupo de mulheres treinavam as técnicas de disparo rápido com arma de fogo. Shindong ajeitou o cós da calça e continuou andando. Nas alturas do prédio, a brisa morna trouxe o aroma de terra molhada. Com os sentidos aguçados, ele percebeu que a temperatura havia diminuído e que mais cedo ou mais tarde a chuva cairia.

De repente, um movimento chamou sua atenção. Na extrema esquerda, avistou dois soldados em uma disputa feroz. Sem qualquer tipo de armas, apenas socos e chutes, disparando para frente e em seguida recuando. Disputas naquele estilo eram comuns e incentivados como parte do treinamento do exército amarelo. De acordo com o código, qualquer militar podia desfiar outro de mesma patente em um combate particular. No confronto, porém, as armas eram vetadas, e o uso de braçadeiras e caneleiras, obrigatório. Assim, a peleja nunca era letal. O duelo virava treinamento diário, motivando os adversários a aprimorar suas habilidades. Muitos desafios eram aceitos na hora, e frequentemente as quadras militares se convertiam em arenas abertas. Soldados em serviço não podiam lutar, apenas aqueles que se encontravam em descanso.

O costume de convocar alguém ao duelo consistia em desatar a fivela do cinto, deixando cair o coldre de sua arma. Era o sinal que indicava que o rival estava desarmado e pronto para a disputa. Os militares que portavam armas distintas – como facas e rifles – simplesmente largavam o objeto no chão e aguardavam a resposta do oponente.

Esquecendo a briga, Shindong escutou um andar regular, acompanhado do tilintar de metal. O responsável pela segurança do complexo, reconhecido pela rapidez e percepção, parou diante do superior.

– Coronel, a tenente Emma solicita a presença de todos os representantes no pátio central. – falou aprumando melhor a postura em sinal de respeito.

– Ela adiantou alguma coisa?

– Houve um pronunciamento para a população. Alguns se recusaram em deixar a Zona Industrial.

 

Jessica estava sentada no chão da locomotiva, ela encarava enquanto Minho fazia os curativos necessários na mão de Key em silêncio. A descarga elétrica de alta voltagem acabara causando leves queimaduras. O vagão seguia em alta velocidade, atravessando a paisagem sem ser notado pela natureza ao redor. As folhas das árvores farfalhavam com a súbita rajada de vento, tirando isso, toda a viagem era feita no mais completo silêncio.

A diferença de ecossistema mudava de súbito entre uma zona e outra. Antigamente o espaço vazio era ocupado por casas, mas agora, tudo se resumia a planícies com alguns escombros. A rota que eles estavam seguindo era diferente, o trem nunca passaria por ali já que a paisagem era grosseira demais para que seus passageiros a vissem.

Horas se passaram; e quando o sol já brilhava forte no céu, o primeiro sinal de construção foi visto. O topo de um prédio há quilômetros de distância.

– Terra a vista. – Taemin falou.

– Nós estamos em terra, caso não saiba. – Sunny respondeu.

– Nossa, que humor! – ele respondeu franzindo a testa. – Não reconhece mais uma brincadeira?

– Desculpa, é que toda aquela situação me estressou.

– Tudo bem.

Jessica levantou e caminhou até a janela mais próxima. Ao longe ela foi capaz de ver as enormes torres da Zona Industrial cobertas pela cúpula semitransparente. A locomotiva foi se aproximando em alta velocidade e gradativamente o tamanho da cidade ia aumentando.

– Não sabia que a Zona Industrial era tão grande. – Kangin comentou.

– É necessário, já que a quantidade de indústrias que existem é absurda. – Jessica respondeu.

O trajeto até os portões da ferrovia foi feito em pouco mais de quarenta minutos. A locomotiva atravessou o portal de ferro sem levantar alardes, a construção parecia abandonada, ou talvez fora apenas esquecida. O vagão enfim parou e todos desceram, o som dos passos ecoava por todos os lados deixando o local com o ar fantasmagórico. Eles seguiram pelo interior da construção, deixando para trás a locomotiva roubada, passando pela área de embarque e pelos enormes corredores de acesso. Avançaram pelo hall de entrada, onde os guichês de compra de passagem eram evidentes, e saíram para as ruas.

A luz forte do sol banhou a todos e imediatamente a temperatura interna subiu. Jessica respirou fundo, agradecendo mentalmente por enfim terem saído da Zona Comercial. Porém, apesar da sensação de paz, ela notou algo de estranho na região. A Zona Industrial era conhecida por sempre estar movimentada e a confusão nas ruas era constante.

Mas ali, ao vivo, as coisas eram diferentes.

Não havia barulho ou confusão.

A Zona Industrial estava mergulhada em completo silêncio.

– Há algo de errado. – ela comentou. – Está quieto demais.

Eles seguiram pelas ruas desertas e, a cada metro avançado, o grupo percebia que as construções exibiam algo de estranho. Algumas portas estavam arrancadas, janelas estavam quebradas e cacos de vidros espalhavam-se pelo chão. Certas casas possuíam buracos nas paredes enquanto as calçadas exibiam buracos incomuns para uma cidade conhecida pela infraestrutura.

– Parece um palco de guerra. – Minho falou. – Não sabia que a Zona Industrial estava assim.

– Algo deve ter acontecido. – Taemin comentou. – Isso não é comum.

Continuaram seguindo até chegarem à avenida principal – o ambiente não mudara. Jessica se aproximou de um carro parado no meio da rua e o analisou – o para-brisa estava rachado e o interior remexido. O banco do motorista exibia uma mancha vermelha anormal. Alguém foi alvejado.

– Isso é assustador. – ela sussurrou.

Era como se tudo tivesse sido abandonado às pressas enquanto algo atacava, ou melhor, alguém. Ela retomou a caminhada até o grupo parar em um grande cruzamento. Kangin olhou o relógio, já passava do meio dia.

– Para onde vamos? – ele indagou. – Não podemos ficar andando por aí sem rumo.

– Devo admitir que nunca andei pela Zona Industrial. – Key respondeu. – Temos que encontrar alguém.

Um ruído de motor foi ouvido; primeiro baixo, quase inaudível, até ficar alto e constante. Kangin olhou ao redor, procurando a origem do som – as ruas desertas confundiam ainda mais os sentidos. Alguns segundos depois um carro surgiu vindo da direção oposta, ele parou poucos metros mais a frente e três homens, vestidos com trajes que eram a mistura de amarelo e preto, saltaram. Key assistiu a aproximação das figuras, em silêncio.

– O que estão fazendo aqui? – um dos homens falou. – Essa área foi isolada.

– Acabamos de chegar, não sabemos o que aconteceu. – Kangin falou.

– A Zona Industrial sofreu ataques aéreos e terrestres na última noite, toda a região próxima à muralha foi isolada. – ele respondeu enquanto analisava cada um. – De onde vocês vieram?

– Da Zona Comercial, estamos procurando abrigo. – Jessica informou, sentindo-se nervosa.

– Poderiam nos acompanhar? – o homem falou. – Levaremos vocês para o complexo policial temporário.

– Complexo policial? Mas nós não fizemos nada. – Sunny protestou.

– Não se preocupe, isso é apenas uma medida de segurança.

Grupo foi guiado até o furgão; Jessica sentou em um dos cantos enquanto os outros ocupavam o resto dos bancos disponíveis. Houve um chacoalhar quando a partida foi dada e o veículo iniciava seu trajeto pelas ruas.

 

O pátio principal do complexo era enorme. Vista de cima, toda a construção desenhava um grande círculo central, orlado por quatro pátios menores. Entre ele, altas torres de guarda faziam a segurança, com os olhos voltados aos pontos mais distantes do horizonte.

A área do pátio somava trezentos metros de diâmetro. Ao leste, na direção do sol nascente, uma escadaria em meia lua levava à sala de guerra, uma construção semelhante ao prédio principal, porém menor. Acima da porta central três brasões representavam as três potências militares da região.

Emma, a tenente-coronel da aeronáutica, se aproximou e encarou os homens parados a sua frente. Ela era a mais baixa dentre os três e a mais magra. Incrivelmente ágil; fria e audaz. Com o uniforme completo, Emma transformava-se em uma mulher de autoridade e suas decisões nunca eram questionadas. Os cabelos eram vermelhos, compridos e lisos, e, naquela ocasião, desciam soltos pelas costas como uma cachoeira de fogo.

– Eu assisti o pronunciamento feito por Taeyeon logo após o fim da reunião.

Sua voz estava neutra apesar de tudo. Um dos pontos positivos de Emma era o seu autocontrole perfeito, suas emoções eram um verdadeiro mistério para quem convivia ao seu redor.

– Ela não mediu palavras para explicar para a população a situação em que nos encontramos.

– Isso já era esperado. – Noah murmurou. – Taeyeon sempre é sincera em situações delicadas.

– Então quer dizer que ainda há pessoas que querem arriscar a continuar vivendo aqui? – Shindong indagou, indo direto ao ponto.

– É o que foi constatado.

– E o que faremos a respeito disso? – Noah questionou.

– Nada. – ela respondeu indiferente. – Ela concluiu que nada se pode fazer a respeito da decisão alheia.

– Ficaremos de braços cruzados vendo essas pessoas morrerem bombardeadas?

– Taeyeon aceitou a decisão sob a condição de que aqueles que ficarem nunca deverão sair do esconderijo enquanto o conflito com a Zona Comercial não for resolvido. – ela continuou. – Um grupo de militares permanecerá aqui e eles serão responsáveis em protegê-los.

– E qual grupo de soldados foi escolhido? – Shindong perguntou, cruzando os braços.

– Nenhum. Eu mesma ofereci meus homens e a mim para cumprir esse papel.

– Você? – ele não conseguiu conter a incredulidade. – Emma isso é suicídio.

– Shindong, sei que somos amigos e nos conhecemos há muito tempo; você deveria esperar que eu tomaria uma decisão dessas. – falou calma. – Apesar de tudo, eu sou uma combatente e farei de tudo para cumprir uma ordem dada.

– Emma, você é um ser humano. Quer colocar sua vida a perder?

– Se eu morrer em um desses ataques, mas essas pessoas continuarem vivas, fique sabendo que minha morte não foi em vão.

– Emma...

– Shindong, por favor, seu dever para com o governo não é questionar outras pessoas. – ela o interrompeu. – Faremos como nos foi ordenado.

Quando a conversa terminou, os três comandantes se dispersaram. Imediatamente, Shindong pensou no que poderia ter motivado Emma a fazer aquilo. A Zona Industrial estava parcialmente destruída, e após o ataque naquela noite as coisas piorariam. Nunca fora bom quando o assunto era a cabeça das mulheres, principalmente a muralha de gelo que Emma havia se tornado.

Balançando a cabeça, para afastar tais pensamentos, ele decidiu conversar com Taeyeon.


Notas Finais


E ai? O que acharam?

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