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História Além da Esperança - V - Reencontro.


Escrita por: Vexus

Notas do Autor


Voltei! E depois de muito tempo trago um capítulo novo!

Então, talvez as postagens ocorram de maneira mais lenta porque, infelizmente, entrei em período de prova. Espero que entendam.

Boa leitura!

Qualquer erro de português, por favor, me avisem!

Capítulo 6 - V - Reencontro.


A sala era escura, iluminada apenas por uma lâmpada pendurada no teto que piscava incessantemente – era como se a força oscilasse. Ficar esperando ali era constrangedor, não por ter o sentimento de estar sendo assistida, mas pelo tratamento ser daquela forma. Jessica esfregou as mãos na calça, tentando enxugar o suor que persistia em surgir. O policial trancara-os ali há mais de três horas e desde então ninguém viera falar com eles. Ninguém revelava nada do que havia acontecido e nem por quanto tempo eles seriam mantidos ali naquela sala.

Key abriu e fechou a mão enfaixada diversas vezes, aparentemente as queimaduras causadas pela descarga elétrica haviam melhorado, mas ainda era recomendado que as bandagens permanecessem. Minho e Taemin mexiam as pernas incansavelmente, estavam nervosos e ninguém era capaz de culpa-los por sentirem-se assim. Talvez nenhum deles tivesse presenciado situações como aquela.

Kangin estalou a língua em sinal de incômodo e então bufou.

– Eu juro que se vocês continuarem mexendo as pernas nos próximos minutos, eu vou me encarregar de arrancar os dedos do pé de cada um. – ele resmungou.

Houve um chiado que tomou conta da sala inteira e então uma voz masculina falou:

– Isso foi uma ameaça?

Kangin ergueu o olhar, procurando a origem da voz. Havia um autofalante grudado em um dos cantos da parede, era pequeno e seria impossível de percebê-lo se não prestasse bastante atenção.

– Que maravilha! – falou abrindo os braços. – Estamos sendo vigiados!

– Isso é uma idiotice. – Jessica murmurou. – Não fizemos nada de errado!

– São medidas preventivas. – o homem falou. – Por favor, entendam. Estamos em uma situação delicada e nada deverá passar despercebido.

O chiado cessou, deixando a sala mergulhada no silêncio.

––XX––

Meia hora se passou desde a última comunicação e nada fora resolvido. Irritada, Jessica levantou e caminhou em direção a porta sendo assistida por aqueles que lá permaneciam. Tentou girar a maçaneta e suspirou ao perceber que a porta estava trancada não importasse a força exercida. Não demorou muito para o chiado retornar e a voz ser ouvida novamente.

– O que está tentando fazer? – o homem falou.

– Posso, pelo menos, beber água? – perguntou sem se dar o trabalho de virar. – Ou nos impedirão disso também?

Houve um breve momento de silêncio até o homem responder.

– Tudo bem. No fim do corredor, virando à esquerda. – ele disse por fim. – Não faça nada de inesperado.

Um click seco foi ouvido e a porta se destrancou. Jessica respirou fundo a girou a maçaneta sentindo um alívio quando o vento morno do corredor atingiu sua pele. Ela caminhou lentamente estranhando o fato do prédio parecer vazio àquela hora do dia. Seus passos ecoavam pelas paredes deixando a travessia assustadora, ela virou à esquerda como fora instruída e lentamente foi diminuindo o passo até parar em frente a uma porta. O som de uma conversa era ouvido, mas o que realmente chamou-lhe a atenção foi o timbre de uma das vozes soar-lhe muito familiar.

Olhou ao redor para ter certeza de que não era seguida ou observada e então se aproximou. Quando colou seu ouvido à superfície de madeira, um grito ecoou pelo corredor fazendo-a recuar assustada. Havia um policial parado no começo do corredor.

– O que está fazendo? – pelo tom de voz, ele parecia furioso.

– Eu estava... estava... – ela gaguejou, sentindo o nervosismo dominar seu corpo.

– Estava espionando uma conversa?! – ele se aproximou, as solas de borracha da bota rangiam ao atritarem com o chão polido. – Responda!

Jessica franziu o cenho quando seus ombros foram agarrados pelo homem, sua força era muito grande e o aperto tornou-se extremamente doloroso.

– Por favor, me solte.

– Responda a minha pergunta!

Ela abriu a boca para responder, mas o som da porta sendo aberta a interrompeu. De dentro da sala saiu um policial devidamente fardado, alto e um olhar intenso. Ele a encarou e então voltou seus olhos para o companheiro de trabalho com uma sobrancelha erguida.

– O que se passa aqui? – sua voz era suave e tranquila.

– Coronel, eu flagrei essa mulher tentando ouvir a sua conversa.

– Isso é verdade?

Jessica assentiu, sentindo-se envergonhada por está sendo tratada daquela forma. O policial que saíra de dentro da sala suspirou e passou uma das mãos pelo cabelo.

– Não precisa trata-la dessa forma. – uma terceira voz foi ouvida, parecia vir de dentro da sala. – Ela é curiosa, apenas isso.

– Como sabe disso? – o segundo policial perguntou. – A conhece por algum acaso?

– Melhor do que pensa.

O homem virou de lado, revelando a terceira pessoa. Jessica piscou algumas vezes tentando acreditar do que via.

– Impossível... – ela sussurrou.

 

Shindong estacionou despreocupadamente na frente do prédio policial, uma construção preta e pequena com um pátio à esquerda rodeado por uma grade. Ele desceu, sentindo o vento frio do início do fim da tarde atingir seu corpo. O ferimento no braço não o incomodava mais, bem diferente do ombro que cobrava seu preço a cada movimento brusco feito. Respirou fundo e adentrou no prédio.

A informação sobre as seis pessoas fora suspeita, principalmente após o ataque da noite anterior. Talvez fosse um simples caso de crianças andando onde não deviam, ou pessoas saindo de seus esconderijos. Ele balançou a cabeça e guardou as chaves no bolso, estava sendo paranoico demais nos últimos dias. Quando chegou à recepção, Shindong ouviu alguém chamar seu nome.

Ao virar, percebeu que se tratava de Kyuhyun.

– Achei que tinha mandado você ir descansar. – falou cruzando os braços. – Falta de sono causa instabilidade emocional.

– Eu sei, mas eu preciso falar. – Kyuhyun parecia desesperado. – É importante.

– Sinto muito, mas eu estou ocupado. – ele virou de costas e começou a andar. – Talvez outra hora.

– Não haverá outra hora. – respondeu enquanto o seguia. – É sobre Sungmin.

– Já conseguimos o queríamos, obrigado. – Ele não estava prestando atenção. – Falamos depois.

Kyuhyun deixou a raiva dominar seu corpo. Não soube como a força usada para empurrar um homem do tamanho de Shindong contra a parede surgira, mas o movimento assustou a ambos.

– Me escuta porra! – ele gritou. – Eu sei como arrancar mais informações sem precisar de outro interrogatório.

Shindong continuava inexpressivo, sua respiração era constante e calma. De repente algo tocou a barriga de Kyuhyun, era frio e pontudo – o contato causou pequenos arrepios. O cano de uma arma.

– Me solta. – Shindong sussurrou.

– Desculpa. – respondeu enquanto se distanciava. – Não foi essa a minha intenção.

O fardado guardou a arma de volta no coldre, mantendo o olhar fixo no homem parado a sua frente. A respiração de Kyuhyun estava acelerada e seu semblante era de súplica.

– Não aqui. – falou por fim. – Me segue.

––XX––

Kyuhyun fora levado até um corredor deserto dentro do centro policial. Shindong explicara que a maioria dos homens se encontrava nas ruas, fazendo de tudo para que o ataque daquela noite tivesse consequências menores. Eles entraram em uma sala de interrogatório vazia e aparentemente inutilizada há algum tempo.

– Me explica. – Shindong foi o primeiro a falar.

– Quando fiz o interrogatório, Sungmin deixou escapar uma informação pessoal que seria impossível dada as circunstâncias.

– Que circunstâncias? – indagou cruzando os braços.

– Eu fui preso na Zona Comercial e lá um dos guardas revelou que uma inteligência artificial seria colocada em Sungmin, impedindo qualquer chance de ele falar o que realmente pensa. – Kyuhyun disse da melhor forma que conseguiu. – A verdadeira consciência dele está presa enquanto o corpo é controlado por uma máquina.

– E como isso seria possível? – Shindong arqueou uma sobrancelha e sentou na cadeira de metal.

Kyuhyun respirou fundo e fechou os olhos, seria difícil explicar tudo, mas ele teria que correr o risco. Lentamente, e da melhor maneira que pôde, o cientista contou tudo o que sabia a respeito da L23 e como ela fora implantada em Sungmin. Disse tudo o que sabia a respeito dos membros mecânicos e como eles eram importantes para a inteligência artificial. Sem eles a L23 jamais teria assumido o controle da consciência do rapaz.

Shindong permaneceu em silêncio, ouvindo tudo atentamente. Seu olhar era neutro, e a respiração, constante. Ao fim de tudo, ele debruçou-se para frente e falou:

– E qual informação pessoal ele revelou para que você chegasse a essa conclusão?

– Ele falou que as próteses mecânicas foram colocadas logo após um acidente. – ele pigarreou e continuou. – O que de fato é verdade. Então de alguma forma a IA está utilizando de memórias verdadeiras para se comunicar conosco.

– E como isso nos beneficiaria?

– Sungmin se recusa a falar por vontade própria, mas se conseguirmos entrar em sua mente, isso não será problema. Poderíamos pegar informações importantes.

Shindong teve que admitir que aquilo era uma possibilidade, mas acima de tudo parecia impossível entrar em uma mente humana.

– Sabe que isso é impossível, não é? – perguntou enquanto batia os polegares na superfície da mesa de metal.

– Teoricamente, mas existe um de nós que pode fazer isso sem problemas. – falou vendo o outro franzir o cenho. – Bora possui esse dom, ela é uma inumana.

Shindong abriu a boca para responder, mas logo a fechou. Uma gritaria vinda do corredor despertou a sua atenção. Parecia uma discussão em que um dos envolvidos estava completamente alterado. Ele levantou e se aproximou da porta.

– Vou ver o que se passa. – disse antes de abri-la. – Fique aqui.

Kyuhyun assentiu enquanto sentava na outra cadeira de metal. Quando a porta foi aberta, ele conseguiu ouvir cada palavra trocada entre os envolvidos. O policial estava furioso por que uma mulher foi pega ouvindo uma conversa particular dentro do centro policial. Shindong mantinha-se calmo perante aquilo, como se uma discussão como aquela acontecesse a todo instante.

Kyuhyun levantou e aproximou-se da porta, tentando ver a mulher acusada. Quando seus olhos encontraram os cabelos claros e o rosto que o instruíra durante anos como cientista, ele decidiu que era hora de intervir. Shindong virou de lado, permitindo que ele pudesse ser ouvido pelos outros dois.

– Nunca achei que a veria aqui. – Kyuhyun disse, vendo a mulher encará-lo de maneira assustada. – Como vai Dra. Jessica?

 

As horas pareciam estar sobre as costas de uma lesma. Heechul encarava a cidade pela janela de sua sala enquanto o sol manchava de laranja o céu vespertino. As coisas por ali estavam mudando rápido demais. Em questão de semanas, ou até mesmo dias, o medo de uma guerra se instaurara na população. A quantidade de pessoas caminhando pelas ruas à noite reduziu drasticamente e todo o centro da Zona Comercial se assemelhava com as ruas de uma cidade abandonada. O ataque a Zona Industrial fora acobertado com muito esforço, a população começava a desconfiar de algo de pior estava para acontecer. E com as celas das penitenciárias cada vez mais lotadas, estava ficando difícil esconder.

Enfrentar uma situação como aquela sem seu braço-direito era de certa forma preocupante. Mas ele encontrou falso conforto nos outros militares de alta patente, que não passavam de sombras do combatente, mas que de tudo fariam para assumir o seu lugar. Com isso, a Sede foi agitada por uma rede de traições e intrigas, que culminou com pequenos conflitos, mas que rapidamente eram contidos.

Heechul inspirou fundo, sentindo o cheiro de ervas que o aromatizador exalava por ali, e então soltou o ar lentamente. Estava cansado e precisava dormir, mas a vontade de continuar trabalhando era superior às necessidades básicas. Ele contornou a mesa e sentou em frente ao computador. Há dias que cogitara aquela ideia, mas nunca achou que fosse necessário utiliza-la. Teria que tomar um cuidado extra com aquela mensagem, se alguém a lesse significaria o fim de um dos movimentos estratégicos mais importantes até aquele presente momento.

Seus dedos moviam com extrema agilidade sobre o teclado negro. Lentamente a mensagem se desenvolvia na tela e sua mente abria-se com mais ideias de como torna-la convincente. Precisava que a resposta de seu destinatário fosse positiva para que enfim começasse a mover seus soldados. Apesar de ser o presidente e de que sua palavra era a lei, ainda seria esteticamente e eticamente bom ter aprovação de terceiros. Assim suas ações não seriam alvos de críticas absurdas ou desconfiança. Quando terminou de digitar, ele relou cada palavra minuciosamente para ter certeza de que nenhum erro fora cometido ou alguma informação deixada de lado.

Após alguns segundos de análise, ele a enviou.

Se estivesse certo do prazo de entrega, em alguns minutos – ou talvez horas – já teria uma resposta. Heechul recostou-se na cadeira e respirou fundo, seu íntimo suplicava para que o apoio fosse concretizado.

Batidas na porta desviaram sua atenção. Heechul ajeitou-se melhor na cadeira e então autorizou a entrada de quem quer que fosse. Sua secretária surgiu trazendo consigo uma bandeja contendo uma refeição leve para aquele horário. Ele assistiu em silêncio enquanto a mulher depositava as peças de porcelana e prata com cautela sobre a mesa.

– O chefe de polícia trouxe um relatório do ocorrido no trem. – a mulher falou quando terminou de servir a refeição.

– Sabe me dizer o conteúdo? – ele perguntou vendo a outra negar com um movimento de cabeça. – Então o traga.

– Sim, senhor. – ela disse virando de costas.

– Espere, antes de ir, tenho um pedido a lhe fazer. – falou pegando os talheres de prata. – Mande que troquem esse aromatizador, não suporto mais o cheiro de ervas.

A secretária assentiu e se retirou da sala a passos rápidos. Sozinho, Heechul começou a se servir da refeição trazida. Não tinha do que reclamar, os cozinheiros da Sede eram os melhores que existiam. Cada pessoa que lá trabalhava era servida com as melhores comidas existentes no mundo, cada prato era feito por um chef diferente. Quando terminou de comer, ele apertou um pequeno botão em sua mesa e a secretária retornou. Ela colocou um envelope sobre a mesa e logo em seguida começou a retirar as peças de porcelana e prata com a mesma velocidade que trouxera.

Heechul pegou o envelope, rompeu o lacre e retirou os papéis de seu interior. Lendo cada palavra que lá continha, ele lentamente começou a se controlar para não explodir em raiva. Jessica conseguira escapar do esquadrão enviado usando a locomotiva, além disso, teve ajuda de um soldado exonerado de seu exército e de mais quatro pessoas.

Aquilo era inadmissível. Como uma simples mulher conseguiu fugir de um exército treinado para confrontar situações nunca antes vista na história da humanidade? Para aumentar ainda mais a sua ira, os registros emitidos pelo computador da locomotiva registraram que a parada final fora a Estação da Zona Industrial. Era absurdamente irritante como qualquer informação envolvesse diretamente Taeyeon ou os residentes de sua Zona.

Heechul respirou fundo e guardou os papéis de volta no envelope. Erguendo o olhar, ele assistiu em silêncio enquanto sua secretária se retirava a passos rápidos da sala. Sozinho novamente, ele concentrou o máximo de força em seu braço direito e desferiu um soco sobre a superfície maciça de sua mesa. A dor reverberou por sua mão e estendeu-se até a altura do cotovelo, mas ele fez de tudo para manter a expressão neutra. Com toda a certeza quebrara algum dedo, mas de alguma forma aquilo serviu para acalentar a ira em sua mente.

Um bipe baixo foi ouvido e logo em seguida o monitor de seu computador se acendeu. Era uma mensagem. Mais precisamente a resposta que ele tanto aguardava. Usando a mão esquerda, Heechul deslizou o mouse até o ícone e então clicou – quase que instantaneamente um texto surgiu. A cada palavra lida, um leve sorriso surgia em seus lábios. Seu destinatário entendera suas condições e aceitara ajuda-lo com que fosse possível. Quando terminou de ler, ele suspirou sentindo o deleite que aquela mensagem lhe causou, quase apagara a dor que persistia em seu braço direito.

Heechul então fechou a mensagem e apertou o mesmo botão na superfície da mesa. Após alguns segundos em silêncio, ele decidiu falar.

– Mande um enfermeiro até minha sala. – falou de maneira séria.

– Aconteceu algo presidente? – a secretária falou, tentando demonstrar preocupação.

– Apenas obedeça.

– Sim, senhor.

Houve um chiado e a conexão foi interrompida.


Notas Finais


E ai? O que acharam?

Comentem!

P.S.: Estou pensando em publicar as historias no Wattpad, será que vale a pena?


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