Ainda pensei algumas vezes em cancelar com Rogue. Podem me chamar de bipolar, mas sair dessa faculdade na semana era extremamente burocrático, ir pra cima e para baixo atrás de uma autorização.
Por isso, convoquei meus aspirantes a Robin (não que eles fossem capacitados, mas iriam dar um jeito) para me tirarem dali com a autorização mais rápida da vida deles. E adivinhem? Ele conseguiram!
Assim que eu sai do campus vi um sorriso encantador encostado num carro preto, não me perguntem a marca. Estou acostumada com encontros tanto quando o Capitão América, o picolé que consegue ser mais virgem que eu.
- Iae, pronta? - Perguntou após beijar o canto da minha boca lentamente. Lembre-se do autocontrole, Levy.
- Prontíssima. - Dei a volta no carro e ele abriu a porta para mim, eu não posso deixar que cavalheirismo me compre. - Obrigado.
Entrou no carro, ligando o motor. Antes de dar a partida me encarou durante alguns segundos e é claro eu virei uma batata doce - dessa vez eu estava bem, por isso doce - pois esse negócio de olhar acabava com qualquer defesa que eu tinha e planos sobre manter o controle.
- Sabe, Levy... - Puxou meu rosto para ele. - Eu não imagino como os caras desse lugar deixam uma garota como você escapar.
Fazer o que, monamour? Eu sou maravilhosa, só que não. Mas senti que isso foi meio que uma indireta para o músculo abulante que ele chamava me irmão. E se foi, sinto muito te dizer meu jovem-delícia-que-merda-de-genética, mas ele não me deixou escapar. Eu não queria nem imaginar o que aquele maluco metido a rapunzel faria se me visse nesse lugar, ai minha morte.
- Você pretende me deixar mais sem graça que já estou? - Desviei do seu toque.
- Esse é o objetivo. - Piscou e deu a partida. - Mas então, o que está achando do livro?
- Eu não acredito que eles estão se apaixonando! - Falei ao lembrar onde eu tinha parado. - É desesperador ver isso e não poder alertar eles de alguma forma, nem sei se irei conseguir ler até o final!
- Você ficará surpresa com o final. - Deu um sorriso mínimo. - É bem inesperado..
- Todo o livro é incrível, obrigado pelo presente.
- Disponha dos meus humildes serviços. - Parou no sinal vermelho. - E como Juvia está? Faz tempo que não a vejo.
Encarei ele durante alguns segundos, ele também conhecia Juvia. Isso tudo não podia ser coincidência, essa história já tinha virado um mistério maior que eu mesma.
- Você conhece ela? - Perguntei, incrédula.
- Gajeel não te contou?
- Pode não parecer, mas não nos damos muito bem. - Preferi ocultar que me dou muito bem com o seu dedo em certos lugares.
- Foi ela que me ajudou a não me perder mais na minha casa. - Liguei os pontos. - Ela e Gajeel já foram inseparáveis.
- Entendo. - Agora eu já tinha concluído que algo muito ruim tinha acontecido, já que eles mal se falavam atualmente. Eu vou descobrir.
(...)
Nós ficamos rodando por Tóquio por três horas, praticamente. E devo dizer que ela foram muito bem aproveitadas. Nós comemos, conversamos, trocamos ideias. Quando ele me deixou na frente da universidade já eram quase oito da noite.
- Você não presta. - Brinquei quando ele me contou o que ele aprontava na faculdade.
- Ah, qual é, existem trotes piores, não acha?
"Com certeza existem, seu irmão que o diga." Foi o que eu quis dizer, mas evitei falar o nome daquela peste enquanto estava com Rogue, só seu nome me deixava de cabelo em pé.
- Sim, eu acho. - Ele deu a volta, abrindo a porta e pegando na minha mão. - Obrigado. Foi ótimo.
- Eu que agradeço. - Ficamos nos encarando durante alguns segundos.
Certo, estamos aqui há quanto tempo? São quase duas semanas e eu já quebrei vários recordes e fiz várias coisas que nunca pensei em fazer. Mas o maior de todos foi meu longo tempo sem beijar que, ironicamente, era o que eu mais fazia.
- Que se foda. - Falou antes de me colocar em cima do carro e me beijar. Certo, aquilo era algo que eu não cansaria de fazer.
Cruzei as pernas no seu corpo e isso me fez pensar na ironia da vida, já que essa foi a minha reação ao beijar Gajeel pela primeira vez. Suas mãos foram para baixo da minha blusa e eu arfei.
Ficamos naquilo durante algum tempo, ele deu um selinho demorado na minha boca e se afastou, sorrindo. Desci do carro, arrumando minha pobre roupa.
- Te mando mensagem. Se cuida, Levy. - Entrou, deu a partida e saiu. Suspirei pesadamente, sentindo que aquilo iria dar merda.
Já andando dentro do campus eu estava distraída, ainda incerta sobre aquela situação. Vi a assistente/transa do retardado se aproximar, sorridente.
- Levy McGarden, certo? - Falou e estendeu a mão. - Laki Olietta.
- Pode me chamar de Levy. - Quando fui cumprimentá-la desviou.
- Certo, McGarden. - Disse com desdém. - Preciso que entregue os documentos preenchidos o mais rápido possível. Traga amanhã e deixe comigo, certo?
- Entregarei para o Redfox, já que temos uma casti -
- Não. - Me interrompeu. - Entregue para mim.
- Por quê?
- Porque quero você bem longe do meu Gajeel. - Deu dois passos em minha direção. - Vou aproveitar a oportunidade e deixar algumas coisas bem claras. Fique longe dele, não fale com ele, não pense nele. É o melhor para você, baixinha.
Não me chama de baixinha, você não pode usar essa merda de apelido para se referir a mim. Já não basta aquele inútil repetindo isso milhares de vezes.
- Senão... - Instiguei.
- Eu vou acabar com você e todos que você tem algum tipo de afeto, faço parte do comitê estudantil também. - Aproximou a mão do meu rosto. - Vou destrui -
- Ouça bem, sua teta murcha ambulante. - Segurei seu pulso, colocando o dedo entre a veia e o osso, causando dor nela. - Eu não dou a mínima para aquele idiota, mas ouse fazer algum mal a alguém importante para mim que eu não serei nenhum compreensiva. Eu sou contra lutas que venham causar a morte de alguém, porém não tenho medo de causar muita, muita, muita dor.
- Está me ameaçando?
- Não, apenas alertando. - Soltei seu braço. - Alguns acidentes podem acontecer, certo?
Sorri falsamente e continuei andando. Odeio essa vaca, odeio Gajeel, odeio a ideia dessa vaca perto daquele retardado, odeio esse lugar. Eu estava certa sobre esse ser que fez questão de mostrar que tinha um grande interesse no jumento.
Fui atrás de Juvia, eu precisava de informações antes de afundar a cara daquelazinha no asfalto até chegar ao centro da terra, tsc.
[…]
Eu não fazia ideia no que eu deveria acreditar, apenas queria ter certeza de que a minha escolha foi certa. Eu não vi nada que indicasse uma brincadeira de Laxus e Lisanna entregou os pontos tão facilmente... Eu não estava com um bom pressentimento.
Eu quis muito acreditar que eles estavam errados, mas eu sabia que havia motivoas de sobra para eles pensarem coisas assim sobre Natsu. O modo que nos conhecemos provava aquilo.
Escrevi o maldito texto, aprovando o resultado. Eu esperei Le durante muito tempo, precisando que ela ouvisse o que eu tinha escrito. Mas quem disse que aquele filhote de cruz credo chegou? Quenga azul velha vaca atolada na lama.
Peguei o texto, minha bolsa e saí daquele maldito quarto, que estava me sufocando. Eu me sentia muito sozinha quando precisava conversar e não achava ninguém.
Falar com Laxus estava fora de cogitação, Levy escafedeu-se, não encontrei nenhuma das meninas. Continuei caminhando, sem ter para onde ir.
- Você, por favor, pode falar para aquela anã me entregar os documentos? - Olhei para frente e vi o louco de pedra, segundo a dona McGarden. - Estou vendo a hora de esganar a sua amiga.
- Minha irmã. - Corrigi e ele me olhou confuso. - Minha irmã adotiva.
- Oh, eu não sabia. - Ele sentou no banco e eu sentei ao seu lado. - Não ia para algum lugar?
- Eu estava procurando Levy, mas ela disse que tinha um encontro. - Ele deu um pulo que nem com uma mola na alma eu daria. - Tudo bem?
Ah, talvez essa reação foi por ele ter beijado ela. Talvez. Me segurou como se estivesse fundindo meu corpo a uma salsicha, que que deu nesse homem gente? Socorro, meu pai.
- Um encontro?! Aquela baixinha não tem amor a vida. - Alguém avise para ele que não sou ela. - Você sabe com quem foi?
- Hum... - Não lembrei do nome, apenas do que ela mais falava. - Talvez algum amante de livros?
- É o filho da puta do meu irmão. - Uau, que inteligente. - Vou fatiar os dois.
Levy era assustadora e ela encontrou um 'boy' que dividisse esse dom, conseguia imaginar os dois juntos pegando fogo, de mãos dadas e tridente em mãos. Armaria.
- Pode fazer isso depois que ela ler meu texto? Preciso de uma opinião externa. - Puxei a folha da bolsa, tentando ver algo que poderia estar faltando.
- Eu faço isso. - Puxou a folha da minha mão e começou a ler. Realmente, ele conseguia ser irritante.
- E você entende de Jornalismo?
- Entendo de música. - Deu os ombros. - Você é realmente muito boa.
Ele não parecia tão ruim, vendo desse modo. Começamos a conversar, sem notar que o tempo passava mais rápido do que o esperado.
(...)
- Eu assisti esse episódio milhares de vezes! - Falei com Gajeel, ele era tão fã de animações quanto eu.
- A melhor parte é - Um vulto passou por nós, um vulto com cabelo rosa e uma pinta azul na costas dele. Os dois rolaram no chão e ela conseguiu ficar sentada.
- Repete! - Ela falou dando uma mata leão no jovem Natsu que eu não queria encontrar, precisava de um tempo para por os pensamentos no lugar.
- Sinto muito, mas eles estavam buscando a paz. Se o Capitão tivesse assinado eles estariam juntos e muitas coisas seriam evitadas. - Falou ficando da cor do próprio cabelo. - Stark estava certo.
- Nem pensar. Stark pode ter achado um fim para o ataque de Loki no primeiro, mas ele não teria nem chegado perto sem eles. No segundo? Ultron foi uma consequência do seu erro. Aquele acordo era um absurso, se o Capitão tivesse assinado teria passado por cima dos seus princípios, dos da Peggy e da sua fidelidade com o Bucky.
- Você está quase me matando! - Falou sem ar.
- Não fale merda do Team Cap, ele estava certo.
- Bucky matou os pais do Tony!
- Steve deixou a porcaria do escudo pro Tony Esterco. - Ela soltou ele. - Você não pensa com o cérebro, duvido que tenha um.
Foi aí que Natsu me olhou e depois encarou Gajeel. Os dois ficaram sérios na hora, levantaram e aproximaram-se um do outro. Era só isso que nos faltava.
- Lu. - Le correu até mim, agarrando meu braço. - Não me diga que eles vão sair no braço, não vou suportar outro castigo.
- Era só o que me faltava. - Apertei ela. - Onde você se meteu?
- Longa história. - Ela falou e continuamos olhando eles.
- Você é um arrombado mesmo. - Natsu falou.
- Filho de uma puta fodida, onde você se meteu?! - Então os dois se cumprimentaram, sorrindo, só na brotheragem.
- Eles são amigos? - Le sussorou para mim e eles nos olharam. - Está brincando, não é?
- Parece que sim.
- Vamos sair de fininho?
- Vamos.
- Vocês sabem que podemos ouvir, certo? - Natsu perguntou.
- Cala a boca. - Respondemos em unissono.
- Em falar em calar a boca, McGarden, preciso da sua ajuda. - Gajeel falou de um modo estranho e Levy recuou.
- Nem vem! - Soltou meu braço e foi se afastando.
- Certo, posso chamar Lucy para me ajudar a organizar a piscina, quem sabe nós não fazemos amizade contando o que já fizemos em lugares... Inesperados...
Ela gagejou algumas coisas e saiu andando, ele a seguiu com um sorriso de orelha a orelha. Ai tem e como tem... Natsu me olhou e eu comecei a andar, sendo seguida por ele.
- Lucy! - Segurou meu pulso, eu estava muito incerta. - O que foi?
- Você confiaria em você mesmo? - Perguntei de uma única vez. Ele arqueou a sobrancelha, parecendo estar confuso.
- O que?
- Se você tivesse que confiar em você mesmo, você confiaria?
- Acho que sim.
- E se uma pessoa muito importante para você falasse para não confiar em outra, você confiaria?
- Está duvidando de mim e não dessa "pessoa"? - Ele perguntou descrente. Eu me senti mal. - Faça o que você quiser, Lucy. Menos uma para me preocupar.
- Espera! Não é isso!
E realmente não era. Eu estava me esforçando ao máximo para confiar nele, mas fica difícil quando uma pessoa em que eu confio e uma pessoa que ele confia falam para eu não confiar. Sei que parece confuso, mas eu estava tentando me encontrar na situação.
- O que é?
- Não sei se consigo... Não com você.
- Faz assim. - Apontou para o lado esquerdo. - Você vai para lá. - Apontou para o direito. - E eu vou pra lá.
- Essa não é a solução, Natsu.
- Olha, Lucy, eu não nasci para fingir que me importo, para ficar com uma única pessoa, entende? A gente teve uma química legal, mas não vamos dar certo. Encerramos por aqui.
Falou isso com naturalidade e saiu andando. Eu iria procurar por Erza, ela parecia a pessoa mais sensata e apta para me explicar essa situação. Eu odeio esse cara e me odeio por não conseguir querer me afastar dele.
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