História Além da Razão - Junto com os nomes, problemas vem de brinde...

Os problemas começam quando você se vê acordando garantindo que a porta está fechada. Era segunda, primeiro dia de aula. Eu nem tinha tido a primeira aula e já me imaginava escrevendo artigos pro New York Times. Sim, eu iria fazer Jornalismo, Letras eu faria depois que pudesse ter alguma estabilidade (ou tivesse pique de ficar mais quatro anos fazendo um segundo curso).

Ah, o final de semana passou rápido. Levy se recusou a sair do quarto, disse que só sairia quando tivesse certeza que os trotes haviam acabado. Confesso que ri quando ela resolveu contar a história. Não pude evitar de comentar que ela chegou parecendo um ratinho. Isso me rendeu um livro na cara. É a vida.

- Porque preciso te esperar? O meu prédio é o A e o seu é o C. - Reclamou ela, enquanto eu terminava de me maquiar. - Tem certeza que não posso ir?

- Você vai fazer sua primeira refeição sozinha? Vai lá, são apenas mais 1498 alunos e um ser humano de 1,45. - Zombei.

- Odeio você! 

Ri internamente. Eu amava minha irmã, nem precisava do mesmo sangue correndo nas veias para sermos tão unidas. Mas, essa é uma história para outra hora. O café da manhã era servido ás sete e meia.

Me olhei no espelho. É, estava bom. Calça jeans, blusa branca caída no ombro e meu lindo all-star. Quem não tem um all-star com sujeira mais velha do que a própria vida que atire a primeira pedra. Se vier, vou tacar de volta. Sem falsidade meu povo!

- Toda essa produção para atravessar o campus? 

- Desde quando você ficou tão chata?

- Desde quando você me faz esperar! - Pegou sua bolsa e jogou no ombro. - Eu estou com fome.

(...)

Aquilo não era um refeitório, era um templo. Qual o tamanho dessa merda? Enquanto comíamos, Le olhava para tudo em sua volta. Oh coisinha para se distrair fácil.

- Le, podemos ir? - Tentei chamar a atenção dela.

- Claro...

- Então levanta. - Ela não se mexeu, revirei os olhos. - Levy...

- Entendi. - Ela analisava o teto. O Chris Evans estava lá em cima? O que tinha de tão interessante?

- Você é uma vaca.

- Aham. - Talvez o Sebastian?

- Você parece um smurf incompleto.

- Ok. - Brad Pitt! Na mosca, certo?

- Queria que o Redfox fizesse algo muito pior com você! - Dessa vez gritei.

Algumas pessoas pararam de conversar para nos olhar. Os olhos delas queimaram sobre mim. Fazer o quê, baby? Eu odeio ser ignorada. E minha irmã tinha doutorado nessa arte.

- Era mais fácil ter me chamado, loira burra. - Disse e levantou. Vocês acham que têm problemas?

(...)

Era a primeira vez na minha vida que eu entrava numa sala de aula sem a minha anã do lado. As pessoas me olhavam como se eu vinhesse de outro planeta.

"Oh, um estranho! De outro planeta!" Entenderam a referência?

Sentei na cadeira próxima a janela e procurei algo interessante do lado ds fora. Pela primeira vez, eu queria fazer amigos. Levy sempre foi diferente de mim nessa questão. Ela tinha muitos amigos, eu tinha muito rolos. Eu tinha poucos amigos e ela nenhum rolo ou paixonite. Nada.

- Nossa, aquela árvore parece muito bonita mesmo. É mais árvore que as outras.

Olhei para trás, tentando não rir. O loiro sorria de canto, me analisando. Gente, esse povo não sabe o que é ser feio? Nem bonitinho? Tinha que ser lindo e gostoso? Tsc...

- Alguém que escolheu Jornalismo e não usa óculos fundo de garrafa? - Puxou a cadeira, sentando do meu lado. - Alguém me beslique.

- Posso fazer isso. - Provoquei. Ele levantou as mãos em forma de rendição. - Cadê o seu fundo de garrafa?

- Resolvi deixar no quarto. Meu nome é Laxus, mas pode me chamar de gato, homem dos seus sonhos e derivados. - Brincou.

- Certo, senhor derivados, sou Lucy. - Rimos. É, talvez a aula sem a Le não fosse ruim assim.

(..)

Eu me diverti muito com Laxus. Ele também era novo aqui, mas fizemos amizade com Cana que, particularmente, era uma figura a parte. Marcamos de nos encontrar a noite para conversar melhor. Os três.

Sabe quando você tem que achar um cabelo azul de menos de um metro e meio no meio da multidão? Acho que uma tiara pisca-pisca resolveria meu problema e combinaria com ela. Ou não.

Senti um braço sobre meu ombro e olhei para cima.  Tentava se esconder atrás do meu cabelo e eu nem abria a boca para responder. Save aquele tal de carma, meu amigo próximo.

- Mas que merda... - Falei e ele se aproximou ainda mais. Perto demais... 

- Por favor, me livra dessa... - Encontou ainda mais no meu pescoço, me guiando pelo caminho que lhe convinha. 

- O. QUE. VOCÊ. FEZ? - Perguntei tentando manter a calma.

- Talvez, hipoteticamente, eu tenha pegado algumas garotas que tinham namorado. - Tentou sorrir. - Talvez...

Parei de andar. Peguei a gola da sua camisa e puxei com força. Os olhos dele estavam arregalados e os meus queimavam de raiva. Eu, com certeza, estava sendo castigado por Zeus, haveria outro motivo?

- COMO É QUE É?! - Gritei. As pessos que passavam no corredor pararam para olhar a cena.

- Calma Lua - Olhou para cima. - Lucy.

- Você é um imbecil. Você é desprezível! Mulheres não são objetos. Essa sua brincadeira idiota pode ter acabado com um relacionamento! - Matar ainda é crime?

- Eu posso... - Apertei ainda mais as golas.

- Calado! Qual é o seu nome?

- Mas por - Puxei mais ainda a gola da sua camisa. - Natsu.

- Certo. - Soltei a roupa e comecei a andar. As pessoas me olhavam como se fosse louca. Esse cara me deixaria louca.

- Só isso? - Perguntou confuso. Olhei para ele e pisquei.

- Natsu está de calça jeans, camisa preta e jaqueta de couro. Ah, e tem o cabelo rosa! - Gritei para quem quisesse ouvi e saí pisando firme.

Uma pessoa entrou na minha frente, estendendo um papel. Observei a figura, que parecia estar totalmente desisteressado. O cabelo azulado caía sobre os olhos.

- É proibido gritar no corredor. Primeiro dia de aula, primeiro castigo.

- Mas foi arte daquele idi- Talvez fosse melhor não gritar com um inspetor. - Ele provocou, ninguém vê o que ele faz?

- Não se preocupe. Você acerta as coisas com ele, vou mandar os dois para o mesmo trabalho. Existe algo melhor do que passar um tempo a mais com os amigos?

[…]

Eu estava me sentindo uma batata. Sim, uma batata. Meus professores eram loucos. Imagina só ter professor de humanas e você ser de humanas? Não me resta nada além de admirar o sol.

Como sempre, eu conheci várias pessoas. E ganhei um apelido - escolhido por dois loucos sem minha permissão - que a sala toda aderiu: chaveirinho. É, não é o pior que já recebi. 

Eu estava fazendo um trabalho em trio com Jet e Droy, meus mais novos amigos miçangueiros. Eu ria muito ao lado deles, o professor Macao não se importava.

Alguém bateu na porta e o professor permitiu que entrasse. Sabe aquelas cenas de cinema que o cara passa em câmera lenta e a mina suspira, então, não foi assim.

Meu sorriso sumiu. Eu reconheceria aquele ser a qualquer distância. Mas que diabos tinha nesse cara? Como ele poderia ficar mais bonito e mais insuportável ao mesmo tempo? Eu não precisava trocar uma palavra para o meu sangue esquentar. Ele conversava tranquilamente com o professor, como se fossem próximo. Quando olhou para a sala, deitei na mesa.

- Chaveirinho, o que foi? - Jet perguntou.

- Ele não pode me ver aqui. - Sussurei.

- Pessoal, o senhor Redfox precisa dar um recado.

Levantei os olhos para tentar ver um pouco. Como estava em um ponto mais alto da sala, eu conseguia vê-lo e usava os braços dos dois ao meu lado, que não entendiam que era um disfarce. Eles nunca me ajudariam se um dia eu virasse o Batman.

- Meu nome é Gajeel Redfox e eu sou Presidente do Comitê de Esporte da UFM. Estamos fazendo testes para os times dos seguintes esportes: basquete, vôlei, handeball, futebol, tênis, ping-pong, nata-

- EU! - Levantei num pulo, chamando a atenção de todos para mim. 

Os olhos dele subiram até mim e um sorriso debochado surgiu em seus lados. Olhei para todos e notei que era a piada da vez. Dei os ombros e me sentei novamente.

- Nu.nca me viram? - As risadas foram altas e senti que estava vermelha.

- Gente, por favor. - O professor brisado falou.

- É, pessoal... - Ele falou para sala. - Qual o problema do girino querer nadar?

As risadas foram longas. Ah, é assim né "amiguinhos"? Vocês vão precisar de mim, traíras. Fuzilei os dois que estavam ao meu lado, não ousem rir. Observei aquele maldito a minha frente. Que tal se eu fosse o Thor agora? Amassaria a cara dele com uma martelada.

- Olha aqui seu -

- Srta. McGarden, vamos manter a paz na nossa sala. Ele é um dos presidentes de comitê, se contenha. - Respirei fundo. - Pode continuar Sr. Redfox.

- Vou passar a lista. Assinem se tiverem interesse em participar de algum time. - Olhou para mim novamente. - E lembrem-se, só maiores de dezoito, para certas grandes pessoas.

Levantei, batendo a mão sobre a mesa. Ah, esses amigos da onça iriam me pagar por rirem de mim, malditos. Me aguardem na hora da prova...

- Lembrem-se, só pessoas que possuem neorônios podem fazer faculdade, para certos grandes músculos. - Revidei, sem me importar. O sorrisinho dele sumiu. Levantei a sombrancelha, desafiando-o.

O sorriso voltou para seus lábios depois de pegar a lista. Saiu da sala com um olhar diferente. Respirei fundo, jogando o cabelo para trás. Alguém ainda tinha dúvida do meu talento para atrair problemas? E, algo dentro de mim avisava, aquilo teria volta.

(...)

Meu almoço estava intacto. Lucy estava demorando. Vi aquele casal de inspetores aproximar-se da minha mesa. Finalmente pessoas normais. Um vulto correu e me abraçou. Eu não lembrava dela ser assim.

- Você é a versão perfeita. - Apertou minha bochecha. - Nossa filha vai ser assim.

- Filha? - Perguntei confusa.

- Minha filha e do Gray, vai ser assim. - Me abraçou.

- Juvia, menos. - Sentou ao lado dela, comendo desisteressado.

- Olá pessoas. - Olhei para o lado e a ruiva namorava um pedaço de bolo. - Lembro de você. - Encheu a boca de bolo. - Ersha Iscalato.

- Erza Scarlet. - Jet e Droy sentaram e eu ainda estava com a cabeça na história de filha. - Essa é a Levy.

Abri a boca para falar algo, mas um furacão vinha em alta velocidade. O furacão chamado Lucy Heartfilia. Se jogou na lugar e alguém sentou o lado dela. Ah, esse era o "pevertido-gostoso-invasor-tarado-rosa". Eles discutiam entre si. 

Mais duas pessoas sentaram ao nosso lado, Lucy parecia conhecê-los. Apresentaram-se como colegas da minha irmã que enforcava um certo ser. O loiro observava Lucy. "Aí tem...".

Olhei para a comida. Ela não parecia apetitosa. Em volta, pareciam que todos já conheciam-se há anos, mesmo que alguns realmente conhececem-se a muito tempo. Fiquei feliz. Talvez poderia se adaptar aquelas pessoas.

Alguma coisa escorreu na minha cabeça. Olhei para minha blusa que exalava o cheiro coca-cola. Olhei para trás e encontrei aquele maldito.

- Ops, caiu. - Passou a mão pelo meu cabelo. - Olha, uma poça. Pode nadar aí.

Peguei o prato de comida e não pensei duas vezes. O molho escorreu pela camisa branca e o maccarão caiu no sapato. Vi uma fruta voar, seguido de um copo de suco. De repente, tínhamos começado uma guerra de comida.

(...)

- Isso é inaceitável. - Gray gritou para mim e para Gajeel. - Essa atitude é inaceitável. Você é uma bolsista e você um presidente.

- Nós livramos a cara de vocês para o diretor, falamos que não vimos quem deu início aquela confusão. Mas vocês irão receber castigos. Os piores dos piores. - Juvia disse, depois olhou para mim. - Filha, estou decepicionada.

Estavámos nós quatro no refeitório, que já estava limpo. Mas eu continuava grudenta e ele fedia a macarrão. É claro, nada disso importava agora.

- Vão e limpem-se. O trabalho de vocês começa amanhã. Tsc, idiotas...

Saímos juntos, precisavámos nos comportar. Eu queria destruir aquele idiota. Assim que sumimos da visão dos dois, acertei uma cotovelada no saco dele, que gemeu de dor.

- Babaca.

As coisas eram melhores quando não tínhamos nomes.