História Além da Razão - Tristeza e alegria dormem no mesmo quarto!

Ainda bem que não existe um medidor de ser trouxa, pois eu iria estourar quaiquer recorde existente nesse quisito. Aquele maldito conseguiu me fazer ceder novamente e agiu como sempre: sendo um grande babaca.

Ele insistiu tanto em dizer que nunca tinha se envolvido com vadia, que era coisa da minha cabeça e depois faz aquilo. Eu acreditei nele e levei na cara, literalmente.

O pior ainda não foi saber que ele se envolvia com outras, o pior foi que eu deixei de lado um cara que me tratava bem, me escutava e se importava comigo por causa dele. Gajeel nunca pensou em mim.

Como ele tocou nela, como ela olhava para ele. Eram um casal praticamente perfeito, se você olhasse apenas por fora. Por dentro, os dois não valiam nada.

Eu não queria me vingar, nem provocar, nem responder. Queria apenas nunca mais ter que olhar para nenhum dos dois. Eu estava queimando em sentimentos ruins, só que a mágoa era o maior.

Estava indo direto para o dormitório, mas mudei de ideia. O legal de ser da equipe de natação era ter a credencial e poder usar a piscina.

Tudo vazio. Peguei um maiô no armário e vim para fora, uma leve chuva começou a cair. Dei os ombros e mergulhei, ficando submersa.

A chuva aumentou e continuei lá, perdendo a noção do tempo. Se isso era se sentir um lixo, eu já podia me considerar formada nessa área. Tudo por ter acreditado nele.

A água era a única coisa que me fazia relaxar. Nadei para lá e pra cá, procurando gastar energia. Como eu me sentia idiota, ele fez a mesma coisa naquele sábado, me deixou lá e foi correr atrás de quem tem coisas interessantes.

Vi alguém na borda da piscina e voltei, vendo ela de pé com um guarda chuva. Sorriu sínica, estendendo a mão para mim.

- Vai ficar gripada.

- Isso não é da sua conta. - Fiz menção de voltar, só que ela riu .

- Está brava?

- Não, nenhum pouco. Pode ir agora, obrigado pela preocupação.

- Você já devia saber que não tinha chances contra mim. - Pôs a mão na cintura. - É algo bem visível.

- Uau, estou me sentindo bem melhor agora. - Subi na borda da piscina, encarando ela de frente. - Obrigado por me livrar daquele tormento, faça um bom proveito.

- Eu já fiz. Ele é tão bom de cama quanto imaginei. Ou seria de sofá? - Não estava mais conseguindo ficar olhando para ela. - Posso te contar os detalhes, céus, aquele cara não existe!

Eu poderia ter jogado ela na água, dar um soco bem dado nela, mas eu estaria fazendo isso por ele e não por mim. E eu nunca mais faria nada por ele.

- Bem, não será necessário. Espero que vocês sejam muito felizes e que tenham ótimas noites de amor. - Sorri falsa. - Mas satisfaça ele muito bem, sabe como é, cachorro sempre largar a carniça para procurar carne de qualidade.

Dei uma piscada e saí andando, controlando tudo de ruim que eu gostaria de dizer para os dois. Não adiantava o quanto eu tentasse, nada diminuiria a raiva que queimava por dentro.

E depois as pessoas falam que vale a pena confiar em outras, tenho a plena certeza que não.

(...)

- Você está triste. - Lucy falou através do espelho. - Aconteceu alguma coisa?

- Aconteceu o esperado. - Dei os ombros. - Deixei a minha filosofia de vida de lado e deu errado, típico.

- Quer falar sobre isso?

- Não, quero esquecer.

- Foi o Gaj -

- Não fale o nome daquele idiota. - Interrompi, certa do que eu queria. - Por favor, não fale. Porquê eu ainda me importei?

- Porque você é uma boa pessoa.

- É exatamente isso que eu preciso mudar. Ser boa com as pessoas, tentar mudar o mundo com boas intenções e ver o lado bom em alguém que não merece, é muita idiotice.

- Não, não é. - Ficou séria. - É o seu jeito, Levy.

- Pior ainda.

(...)

Eu pedi para Juvia mudar o dia do meu castigo, o resultado seria melhor se nós não arrumassemos juntos, ela falou com Gray e ficou tudo certo. Me chamou para tomar um café.

- Qual o problema? - Perguntou pela vigésima vez. - Vocês brigaram?

- Não fale como se existisse algum tipo de relação. - Tomei um gole de café. - Ele não merece isso.

- Vocês brigaram. Não pode ser, Gajeel não consegue manter ninguém por perto. - Sorriu doce. - Não tem problema se não quiser falar.

- O que mais me revolta é... - Respirei fundo, sorrindo amarelo. - Ele podia muito bem ter me deixado em paz e seguir a vida dele, mas fez questão de me envolver nisso. Pra quê? Para eu ver ele quase transando com uma vaca que me ameaçou.

- Ele não fez isso... - Disse incrédula.

- Ele fez. - Balancei a cabeça negativamente. - Mas foi pela última vez.

(...)

Foi até tranquilo ficar pagando o castigo quarta e sexta, enquanto ele pagava segunda e terça. Eu não precisava olhar para ele e no treino sua presença não era tão significante, nadar era mais importante.

- Porquê fez isso? - Desviei o olhar da pilha de livro e vi ele com uma mochila nas costas.

- Vou deixar bem claro: fique bem longe de mim.

- Estou te fazendo uma pergunta.

- Você não tem direito de saber nada! - Apontei o dedo para ele, revoltada com sua calma. - Você faz questão de destruir tudo de bom que as pessoas constroem de você! Você não pensa em ninguém além de si mesmo!

- Eu pos -

- Não, não pode! Fique longe de mim! - Respirei fundo. - Não importa o quanto você acha que pode controlar as pessoas, seu irmão continua sendo melhor que você, em todos os sentidos.

- Isso é uma provocação?

- Não, é a verdade.

[…]

Sabe aquele momento que você sente sua vida sair do seu corpo, daí seu corpo fica mole e você pensa "é o fim"? Foi exatamente assim que me senti com aquela pergunta.

Não que eu nunca tivesse ouvido isso, pelo contrário, ouvi muitas vezes. Só que, bem, não era de alguém como ele. Ah, qual é! Quando você acha que vai acordar para viver um novo dia e, repente, um ser como Natsu brota do chão para te pedir em namoro? What the fuck?!

- Namoro? - Assentiu. - Eu e você?

- Você e eu.

- Do tipo: "Natsu e Lucy estão namorando".

- Exatamente.

- Porquê isso agora?

- Porquê não?

- Posso pensar?

- Pela leis da boa educação, devo dizer que sim. Mas, se possível, gostaria que respondesse agora.

- Para quê a pressa?

- Responde, mulher! - Eu até quis rir da sua cara de apavorado, só que tenho certeza que a minha estava pior. O sujo falando do mal lavado, ótima aplicação numa situação.

- Certo. - Falei incerta.

- Como?

- Ok.

- Ok?

- Não seja idiota. - Minha paciência com esse ser humano já não era das maiores, nem quero imaginar como será daqui para frente. - Estou aceitando, burro.

- Entendo. - Saiu andando, como se tivesse feito um ótimo negócio. Parou, olhando para mim com uma cara de cu. - Espera, você aceitou?

- Você é mais burro do que eu imaginei. - Andei até ele, sorrindo falsa. - Vou falar devagar, seu jumento, para ver se você entende. Sim, eu aceito o seu pedido de -

O que custa deixar eu terminar o meu momento superior e depois me beijar? Aquilo era uma coisa que eu não poderia mudar nele, tenho certeza. Me afastou, sorrindo com satisfação.

- Gostei. - Me deu um selinho e saiu andando. - Passo no seu quarto depois.

- Você não é bem-vindo lá!

- Agora, você querendo ou não, eu sou!

Fiquei parada e percebi que algumas pessoaa me encaravam, era até cômico ver as caras de taxos. Sorri e sai andando, o primeiro ponto a ser trabalhado nessa loucura seria sua mania de me deixar falando sozinha.

(...)

Levy reagiu bem, fez uma cara de surpresa duvidosa espantada feliz retraída. Uma ótima descrição, não? Ela quis aparentar estar bem e isso tinha um dedo de Gajeel no meio, sem sombra de dúvidas.

Sei que prometi não tomar mais decisões por ela, mas aquilo era para eu não tirar conclusões precipitadas sobre o cabeludo e fazer ele afundar a sete palmos di chão.

- Lucy? - Falou assim que entrei na sala do cômité de esportes. - Olha, sua irmã já falou o que queria, não posso faz -

- Quero saber o que aconteceu. - Me olhou confuso. - Quero que vocês fiquem bem.

- Quer?

- Eu já te falei, não foi? Levy têm uma visão muito diferente de tudo. Se ela bate o olho numa pessoa e não a aprova, nem o Batman muda essa opinião. - Pendurei minha bolsa na cadeira e sentei de frente para ele. - Mas por que foi diferente com você?

- Não faço a mínima ideia. - Deu os ombros. - Mas ela não quer nem saber de mim e, sinceramente, estou pouco me fodendo.

- Está? - Assentiu. - Então, se ela aparecesse de mãos dadas com seu irmão na sua frente, estaria tudo bem?

Foi uma situação constrangedora para ele, já que ele fez uma cara parecendo ter chupado dez limões azedos seguidos. Negou, desviando o olhar.

- Certo, não vai querer saber nada sobre os dois, não é? - Me olhou furioso. - Nem vai querer minha ajuda. - Negou. - Então, acho que você está pronto para ver um dos mais novos casais.

Levantei, me sentindo a verdadeira dona da porra toda. Quase fiz a dancinha do "sou foda", mas concluí não ser o melhor momento. Só preciaava de um toque final.

- Estou duplamente melhor que você. Tenho bom gosto para animação e um namorado.

- Você tem um namorado? - Concordei. - Há quanto tempo?

- Dois dias.

- Seria uma pena se eu não quisesse uma namorada, quanto mais um namorado.

- Seria uma pena se Levy quisesse ser o Batman. - Me fuzilou com o olhar. - Certo, você não liga.

(...)

Como é a rotina com um namorado da espécie Natsu? Bem, nada demais. É só você pular o fato de não termos nenhuma experiência de uma "vida a dois".

Estava no apartamento dele, decidindo o que escrever para um novo trabalho. Ele cochilava no meu colo, com a respiração pesada. Usei a cabeça dele para grifar os temas em potencial.

- Não sou mesa. - Rabugento até quando acorda.

- Nem o Norman Reedus e eu não estou reclamando. - Coloquei o caderno pro lado, vendo ele se arrumar.

- Quem?

- O coroa mais delícia do mundo. - Franziu o cenho. - Jogaria você debaixo de um caminhão por ele.

- Posso falar da Megan Fox?

- Claro, só se quiser ser capado. - Dei um beijo nele.

- Não. - Levantou, se afastando de mim. - Eu conheço esse beijo.

Eu quis rir, só que ele estava falando sério. Subi no seu colo, o encarando com uma vontade imensa de nunca mais parar de beijá-lo.

- É de quê?

- "Na, faz comida para mim." - A imitação foi péssima.

- E esse? - Beijei ele novamente e pareceu pensar.

- "Estou com fome."

- E esse último? - Puxei seu rosto de encontro ao meu.

Tudo que passei até agora valeu a pena. Valeu a pena o estresse, as confusões, os castigos, pois eu tirei algo bom disso. Natsu Dragneel.

Suas mãos me apertaram e ele sorriu entre nossas línguas, me afastando devagar. Arqueei a sobrancelha, esperando uma boa resposta.

- Esse é de "quero transar".

- Acho que você que está pensando nisso. Eu não estava nem perto disso.

- Ah, é? No que a jovem Heartfilia esta -

A campanhia tocou e nos afastamos. Sem falar nada, dei um pulo do sofá e corri até lá, me sentindo a dona da casa.

- O que você está fazendo aqui? - Gajeel perguntou.

- Ué, você deveria responder isso. - Senti Natsu nas minhas costas.

- Você é um filho da puta que mora dois andares acima e nunca vem aqui. - Eu não entendo o amor masculino. - Você quer alguma coisa.

- Cala a boca, seu fodido. - Assim que ele entrou, eu saí.

- Bom, rapazes, estou indo. A testosterona está forte aqui. - O moreno fechou a cara. - Não vai voltar atrás, não é?

- Nem fodendo. - Chamei o elevador e entrei, acenando para os dois. Eu não sabia o próximo passo a ser dado, mas eu teria que fazer algo para fazer esse imbecil conseguir o perdão da minha irmã.