Por mais que eu quisesse esquecer, nunca conseguiria. Tive que passsar por diversos especialistas para que aquela cena se tornasse o mais invísivel possível. Ela nunca desapareceria.
Continuei levando a vida normalmente, focando totalmente nos estudos. Esse é o bom de cursar História: sempre há coisas para aprender. E hoje era o bendito dia do teste para a equipe de natação.
Cheguei no centro aquático acompanhada por minha torcida organizada, não ia arriscar sofrer mais uma das piadinhas do Gajeel. E falando no coisa ruim, ele brotou do chão com aquele sorriso no rosto.
Olhar para ele, depois do incidente do dia anterior, foi algo bem esquisito. Aquele olhar, que descobria até onde comprei minhas calcinhas, me deixou extremamente desconfortável. Eu esperava nunca mais vê-lo.
- Tem problemas em cumprir horários, baixinha? - Perguntou. Qual a merda do motivo para ele estar de sunga? Ele quer ser uma menininha? - Não sei se está capacitada.
- Juro que não vou mais responder suas provocações. - Dei os ombros. - Você não merece toda essa atenção.
- Veremos. - Ele deu passagem.
Eu fiquei meio incerta de passar ao seu lado perto de uma piscina. Sabe como é, né? Ele meio que me jogou numa quando nos conhecemos. Optei por ir ao vestiário por trás, porém.
- Mas é claro que você pode se trocar aqui, creio que ninguém se importará. - Olhei para ele. - Eu já te falei, não é?
Respire fundo, Levy. Ele quer te provocar, quer que você se sinta irritada e pague um mico. Sorri em resposta, ele fez cara de desentendido.
- Diferente de você, não preciso mostrar meu corpo para chamar a atenção de alguém. Tenho conteúdo, não sou um saco de músculos ambulante.
Andei para o vestiário. Na verdade, corri para longe antes que ele me afogasse. Já podia imaginar a cara dele, enquanto eu me debatia em baixo d'água.
Assim que saí de lá, várias meninas já esperavam nas suas rais. Olhei para a arquibanca e Lucy gritava. Calma, minha jovem. E adivinhem? Lá estava o senhor gostoso na beira da piscina.
- Primeiro teste para a formação do Time Sub-21 de Natação da UFM. - A dona da voz era aquele ser de cabelo roxo que estava com ele aquele dia. - 100 metrôs rasos, nado peito.
Gajeel deu o primeiro sinal e entramos em posição de largada. Fechei os olhos para me concentrar melhor. Eu faria ele engolir cada palavra sua. O outro sinal veio.
Pulei na água, economizando força. Toda vez que levantava a cabeça para respirar eu via alguém na minha frente. A piscina era de 50 metros, era uma ida e uma volta.
Fiz a virada olímpica, resolvi não olhar mais para o lado. Juntei todas as foeças que tinha, eu não ficaria para trás. Toquei na parede, voltando pra superfície. Olhei no telão e vi meu lindo nome em primeiro lugar.
- ESSA É A MINHA IRMÃ! - Olhei na arquibancada e lá estava minha irmã, botando um ovo de tanta felicidade.
Olhei para Gajeel e o deaafiei com o olhar. Ele assentiu, em sinal de rendição. Esse era apenas o começo.
(...)
Dos cincos tipos de nado eu fiquei em primeiro lugar em todos. Assim que saí da piscina, várias meninas me cencaram, perguntando a quanto tempo eu nadava. Nunca treinei profissionalmente, apenas gosto.
- Olha, eu vou admitir. - Ouvi sua voz atrás de mim. - Nunca vi alguém tão nova nadar dessa forma.
- É claro que não. - Sorri convencida. - Você nunca conheceu uma Levy McGarden antes.
- Dá onde vem tanto ego desse tamanho? - Abaixou um pouco o rosto, fingindo dificuldade para falar comigo. - Tem um corpo reserva?
- Idiota. - Falei, ele tinha que voltar a ser ele, não é? - Estou indo.
- Eu me rendo. - Estendeu a mão para mim, sorrindo minimamente. - Você é boa, McGanden.
Eu poderia simplesmente estender a mão e acabar com essa implicância de uma única vez, mas lembrei de tudo. Da piscina, do refrigerante, da biblioteca. Juntei todas as forças restantes do meu corpo e o empurrei dentro da água. Quando voltou, seu olhar era de puro ódio.
- Nunca mais, Redfox. - Apontei o dedo para ele. - Nunca mais duvide do que eu sou capaz. Não sei com o que você está acustumado, mas eu sou totalmente diferente das menininhas que você leva para a cama. Não duvide disso.
Corri para dentro do vestiário, trancando por dentro. Suspirei pesadamente, tentando digerir o que eu tinha feito. Uma pontada de arrependimento surgiu, mas eu descartei.
- Não! Ele mereceu. - Falei convicta.
Fiquei perdendo tanto tempo do lado de fora que agora não tinha ninguém ali. Cogitei chamar Lucy, mas ele estaria me esperando com um facão lá fora. "Hoje vamos fazer uma receita de cordeiro assado, traga a McGarden". Quase surtei com o pensamento.
Os chuveiros tinham divisórias, porém eu me sentia melhor tomando banho com um bíquini. Deixei a água no quente, para tentar aliviar minha mente e fazer ela parar de criar situações que eu acabaria morta. Como eu saíria daquele lugar?
A porta foi chutada com tanta força que o trinco foi aremessado longe. Olhei para ele com tanto medo, que quase caí para trás. O olhar furioso caiu sobre mim.
- Achou que uma porta me pararia? - Mostrou o molho de chave. - Seria uma pena se eu fosse o presidente do comitê de esportes, não é mesmo?
- O que -
- Cale a boca, certo? - Me interrompeu, aproximando-se.
- Nem vem! - Avisei. - Alguém vai entrar e-
- Eu esvaziei todo o centro. Não tem ninguém para você gritar, chamar ou pedir ajuda. Apenas você e eu, baixinha.
Encostei as costas na parede e ele entro em baixo da água. Seus braços me cercaram, me deixando completamente perdida.
A água escorria no seu corpo, enquanto ele abaixava o rosto para me olhar de frente. As suas mãos foram para a minha bunda, me tirando do chão.
Com o resto de coragem que eu tinha tentava afastar seu corpo, me sacudindo o quanto consegui. Era tão frustrante a minha força comparada a dele. Mas então, eu parei.
Mordeu meu pescoço com certa força, dando um chupão demorado ali. Joguei a cabeça para trás, tentando entender as coisas ao meu redor.
Assim que se afastou, olhei para ele. Apertou minha coxa e eu arfei, sem esperar sua língua invadiu minha boca. Não consegui me afastar, não conseguir fazer nada.
Lentamente, eu entrei no ritmo que ele tinha, tentando corresponder seu gesto com a mesma intensidade. Segurei seus ombros, tentando ter algum controle sobre essa situação.
Sua boca se afastou lentamente da minha, me olhando com um olhar satisfeito. Me apertou ainda mais entre a parede e seu corpo, fazendo que eu sentisse cada parte do meu corpo extasiada por ele.
- Realmente, você é diferente de todas as menininhas que já levei para a cama. - Encostou a boca no meu ouvido. - É melhor.
Cada um tem o prêmio que merece, eu nunca que pensei que o meu seria acabar excitada nos braços do que meu pior inimigo, debaixo de um chuveiro.
[…]
Não planejamos muitas coisas. Não planejamos nos apaixonar, não planejamos conhecer pessoas, não planejamos o que vai acontecer.
Eu nunca planejei ter uma irmã ou irmão, já que durante meu parto houve complicações e minha mãe descobriu que não poderia ter filhoss. Só que o destino iria mudar isso.
Meus pais e os pais da Le eram muito amigos e quando eu completei um ano, ela nasceu. Uma bolinha minúscula com cabelo azul. Não lembro dessa época, mas minha mãe custumava dizer que eu falava que iria a proteger sempre. E assim aconteceu.
Crescemos juntas, como carne e unha. O ano de diferença que havia entre nós não foi problema, já que ele estudou apenas um ano no jardim de infância.
Com algumas dificuldades, nossos pais nos criaram. O irmão mais velho da Le, Luke, cuidava de nós enquanto eles saiam para trabalhar no restaurante que eles abriram em parceria.
Quando ela fez seis anos, ela pegou meningite. Ficou na UTI durante vinte dias. Ninguém acreditou que ela sobreviveria. Mas, surpreendendo até os médicos, ela reagiu ao tratamento e saiu de lá mais forte do que nunca. Nem eu imaginava, ela precisaria de força para o que viria pela frente.
Alguns anos depois a crise atingiu o negócio da nossa família, fazendo nossos pais venderem o restaurante e arrumarem outra fonte de renda. Meus pais começaram uma pequena loja de peças de motos e os pais dela começaram a fazer marmitas e vender em praias, garantindo ganha pão.
Quando Levy tinha oito anos os pais dela receberam uma proposta de emprego numa grande fábrica de alimentos. O salário era três vezes maior do que eles tiravam por mês e o Luke, já com dezoito anos, também conseguiria uma vaga. O único porém era que todos teriam que mudar de cidade.
Na manhã do dia 12 de março daquele ano, eles pediram que meus pais ficassem tomando conta da Levy por alguns dias, para que eles pudessem esclarecer tudo antes de fazer uma mudança radial.
Assim que o carro saiu da frente da minha casa, ela ficou sentada na grama durante algum tempo, olhando para a rua. Sentei ao seu lado.
- Daqui há alguns dias eles voltam. - Falei. Ela não levantou o olhar.
- Não gosto de ficar longe.
- Meninas! - Minha mãe saiu de dentro de casa com o celular na mão. - Jude está voltando! Que tal irmos para a rodoviária e fazermos uma surpresa para eles?
- Sim! - Levy pulou, demostrando toda a alegria que ela sentia. - Vamos tia Layla, vamos Lucy!
(...)
Papai pegou um corta caminho para alcançarmos eles. Depois de alguns minutos avistamos o carro a frente. Levy segurava firmemente os bancos da frente, quase saindo do lugar depois de tanta felicidade.
Um som muito alto surgiu, o carro da família dela tentou diminuir a velocidade. Um carro na contra mão bateu na lateral do carro a frente, fazendo ele capotar para a direita. O mesmo carro veio em nossa direção e bateu de frente conosco.
Abri os olhos, tentando entender a situação. Meu braço se contraia um pouco de dor. Mamãe e papai ainda estavam meus zonzos.
- Lucy, você está bem? - Minha mãe perguntou, tocando meu rosto com certa dificuldade.
- Sim. - Respondi. Olhei pro lado e Levy tinha acabado de sair do carro.
Meu pai correu atrás dela, tentando impedir ela de ver a cena. Eu não lembro de muita coisa a partir disso, apenas lembro dos gritos incessantes dela. Eu apaguei.
Lembrar de todo aquele sofrimento doía mais do que qualquer coisa. Eu nunca vi Levy chorar por outra coisa além da morte da sua famîlia, uma grande parte dela morreu naquele dia.
A morte da minha mãe a fez acreditar menos ainda em coisas felizes. Ela nunca acreditou ou se permitiu amar outras pessoas, além da minha família. No final, ela acredita que vai acontecer alguma coisa e ela vai se ver sozinha no mundo.
Mas Levy continua firme e forte, fazendo amizades e ajudando as pessoas. Colocando-se de lado para ajudar qualquer um e esquecendo a pessoa linda que ela é. Acreditando que ninguém a amaria.
Tudo isso me fazia querer ser como ela, ter autocrontole e esconder tudo que sente. Mas a morte da minha mãe me fez querer preencher a sua presença com aventuras amorosas e loucuras. Então, novamente, Levy se mostrou forte e cuidou de mim, o que eu jurei fazer por ela.
Chorei desesperadamente, por ser incapaz de diminuir um pouco do peso que ela carregava durante tanto tempo. Se eu pudesse evitar ao menos uma noite de sofrimento para ela, eu estaria em paz.
Quando ela nadava, esquecia de tudo. Ela se tornava tão livre e tão renovada. Eu sofreria por ela, para que ela fosse assim sempre.
Respirei fundo, tentando normalizar minha respiração. Ficar lamentando não irá mudar nada. Vou fazer como que essa data se torne inesquecível, de uma forma boa.
Peguei minha bolsa, me olhei no espelho. Iria assim mesmo. Corri tão rápido para o quarto assim que vi o sorriso satisfeito dela, eu estava parecendo um leão desidratado.
Assim que abri a porta encontrei Natsu, quase batendo na porta. Puxei ele pela camisa, o arrastando. Ele reclamava sem parar, eu nem me importava.
- Vamos, você vai me tirar daqui. - Ordenei.
- Ei, não é assim que as coisas são. Qual o problema?
- Olha. - Parei e o encarei de frente. - Desde que eu cheguei aqui você virou minha vida de cabeça para baixo. Agora é a sua chance de se redimir.
Voltei a puxar, ouvindo protestos atrás de mim. Sorri com a situação, algo muito bom iria acontecer. Cada um tem o prêmio que merece e o meu era me render e pedir ajuda ao inimigo, que me ajudaria, querendo ou não.
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