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História Além das Quadras - Para o bem dele


Escrita por: MarcelineA

Notas do Autor


Olá amores e amoras! Como cês tão?
Então... Eu tenho que pedir imensas desculpas a vocês por conta desse atraso todo. Porém, ele não foi proposital. A faculdade me engoliu de um jeito que eu estava dormindo 4 horas por dia, se pá menos, e tinha mil coisas para fazer no final de semana. Então eu estava com o tempo 0 para poder escrever.
Peço mil perdões por isso, mas agora que vou entrar de férias (se eu não ficar de prova final, vamos orar) pretendo voltar a programação normal da fic.
Explicações dadas, quero agradecer imensamente a todos que mandaram reviews e favoritaram a fic! Responderei vocês assim que eu estiver definitivamente de férias (ainda tenho algumas provas e trabalhos para entregar), então espero que isso não impeça vocês de deixarem aquele reviewzinho fofíneo e lindo para a tia Marcy u.u
Enfim... Como vocês viram ou vão ver, entramos no segundo Arco da história! Tem até banner novo gente! Olha que emoção UHSUAHSUHAS
Bom, acho que é só isso!
Muito obrigada pela paciência e por lerem minha história ♥
Boa leitura, até as notas finais!
Ghost Kisses
~Marceline

Capítulo 14 - Para o bem dele


Fanfic / Fanfiction Além das Quadras - Para o bem dele

 

Henry estagnou onde estava quando ouviu aquela voz.

Ninguém precisou dizer que era Erick. Ninguém precisou avisá-lo. Afinal, sempre iria reconhecê-lo, independente das situações ou circunstâncias. Mesmo que aquela voz tivesse mudado um pouco e estivesse com o sotaque um pouco diferente, Henry a reconheceria.

Um calafrio correu pelo corpo dele com aquele simples “Oi, Henry”. O sangue congelou em suas veias e ele não soube o que dizer de imediato. E ele se culpou por demorar a responder, pois a única coisa que ouviu depois de alguns segundos foi o “tu tu tu” do celular, indicando que Erick tinha desligado sem falar mais nada.

– Tá tudo bem, Chibi? Quem era? – perguntou Chris aparecendo no campo de visão de Henry.

Ele não conseguia responder. A voz grave e um pouco animada do amigo ainda ecoava em sua mente, repetindo seu nome várias e várias vezes. As batidas de seu coração estavam aceleradas e ele não sabia ao certo o que pensar. Um bilhão de coisas se passaram pela sua mente. Questionamentos do motivo de Erick ter ligado.

Nunca pensou que aquilo pudesse acontecer. Ele tentou manter-se calmo, mas os pensamentos e aflições eram metralhados em sua cabeça. Chris lhe encarou, preocupado, acariciando sua bochecha com as mãos grandes e gélidas, perguntando o que estava acontecendo.

Não falaria. Claro que não. Falar sobre Erick para Chris era quase como assinar um pedido implorando pelo início de uma Terceira Guerra Mundial. Mas também não sabia o que falaria, qual desculpa daria.

Então simplesmente agarrou-se ao corpo do outro, que, em resposta, lhe envolveu com os longos braços, dizendo que tudo ia ficar bem e que ele não precisava se preocupar. Inspirou o cheiro familiar de Chris, acalmando-se aos poucos ao sentir sua pele sendo acariciada e ouvir a voz dele cantando.

Chris insistiu para que Henry falasse o que estava acontecendo, mas ele negou ferrenhamente, dizendo que não tinha sido nada demais. O ficante era a pessoa mais teimosa que já conhecera, mas, pela primeira vez, ele deu espaço para Henry, deixando um silêncio no cômodo escuro.

Estavam no quarto de Henry, deitados na cama com as cortinas fechadas. Cheshire estava entre os dois antes de Henry levantar para atender o celular. Agora ele tinha se enrolado ao lado do dono, ronronando como se desse forças para o garoto. Henry acariciou o pelo do gato quando se desvencilhou um pouco de Chris.

Os minutos foram se passando, o silêncio no quarto era extremamente incômodo, mas Henry não estava ligando para aquilo. Não naquele momento. Ele esperava que Chris não o questionasse sobre a ligação, mas infelizmente não foi o que aconteceu.

– Vai me dizer o que aconteceu?

– Não quero falar sobre isso.

– Tem alguma coisa que tá escondendo de mim?

Henry virou-se, olhando para Chris. Por mais que estivesse escuro, ele conseguiu enxergar a desconfiança no olhar do outro. De qualquer forma, ele não poderia falar. Além do mais, tinham ficado sem se falar por meses por causa de Erick, não queria que aquilo se repetisse.

– Não tem nada, Chris. – ele disse, com convicção.

– Mas você quase teve uma crise. Se não fosse por mim, você teria surtado.

Henry suspirou, contendo a vontade de revirar os olhos. Levantou-se da cama, a fim de ligar o videogame. Se fosse necessário, iria ignorar Chris. Ligou o aparelho e a TV, pegando dois controles para que o outro pudesse jogar também. Sentou-se novamente, entregando a manete.

– Você vai me ignorar mesmo? – perguntou Chris um pouco ofendido.

– Vai continuar com sua teimosia mesmo? – rebateu Henry, sem olhar para o amante.

A verdade era que Henry estava tão encabulado com a ligação de Erick que não estava com um pingo de paciência para discutir ou aturar a teimosia de Chris.

– Eu só estou preocupado com você, Chibi.

– Se estivesse mesmo, não estaria me forçando a falar.

– Você não liga pro fato de eu estar preocupado com você? É isso?

– Uai, Chris! Eu não quero falar, me da um pouco de espaço, po – retrucou Henry, a raiva começando a ficar palpável em sua voz.

Talvez estivesse sendo meio idiota e injusto com o amante, mas estava sem nenhuma paciência para aquilo diante daquela situação. A única coisa que passava pela sua cabeça naquele momento era se deveria ou não ligar para Erick de volta.

– Tá – respondeu Chris depois de um tempo, sentando-se na cama e calçando seu tênis.

– Aonde você vai? – perguntou Henry, olhando para Chris depois de um tempo.

– Te dar um espaço – respondeu seco, pegando suas coisas na mesa de cabeceira e indo em direção à porta.

– Eu não disse para você ir embora – Henry revirou os olhos, deixou a manete de lado e se levantou.

– Relaxa, prefiro assim. – devolveu Chris, tentando manter-se calmo, mas Henry conseguia identificar bem quando ele não estava bem.

– Vai fazer show mesmo? – perguntou Henry, cruzando os braços.

Ele viu a pitada de raiva nos olhos de Chris. Por um segundo, um arrepio percorreu a coluna de Henry, mas ele permaneceu em sua postura firme. Ficaram se olhando por alguns segundos antes de Chris finalmente se dirigir a porta e abri-la.

– Tchau, Henry – disse ele e saiu, deixando Henry sozinho no quarto semiescuro.

Henry bufou e jogou-se na cama, espantando Cheshire, que saiu correndo do quarto do dono. Não se importou muito, ficou apenas deitado, olhando para o teto por alguns segundos, os pensamentos a mil em sua mente. Tateou a cama rapidamente, a procura de seu celular e destravou o aparelho, vendo a foto dele e de Marge na tela de fundo saídos de um treino. Chris sempre brigava com ele por causa daquele foto, mas Henry batia o pé dizendo que não iria tirá-la.

Seus dedos correram no touchscreen, clicando no registro de chamadas e vendo o número de Erick no topo da lista. Deslizou o dedo para a direita, iniciando a chamada, o coração martelando em seu peito. O que iria dizer caso o outro atendesse? Definitivamente não sabia, mas pensaria naquilo quando acontecesse.

Porém, para o azar de Henry, Erick desligou o celular no segundo toque e quando tentou ligar novamente, caiu na caixa postal dizendo que o número estava desligado ou fora da área. Bufou mais uma vez, deixando a mão cair sobre a cama. Após mais alguns segundos, voltou a reerguê-la com o celular na mão, repetindo o processo anterior, mas sem ligar. Ao invés disso, Henry adicionou o número de Erick e foi rapidamente até o WhatsApp, atualizando seus contatos e clicando no de Erick.

Nenhuma foto. Nem ao menos a hora da última visualização.

Então, mesmo sabendo o que encontraria, entrou no Facebook, caçando o perfil de Erick rapidamente. Não eram mais amigos na rede social, Henry foi descobrir aquilo muito depois, e nunca teve coragem de adicioná-lo depois daquilo tudo. Como nas outras vezes, o perfil estava trancado, dando apenas para ver uma foto do amigo de costas na praia, uma foto bem antiga.

Suspirou mais uma vez e largou o celular em cima da cama.

“Isso ainda vai me dar muita dor de cabeça...”, pensou antes de fechar os olhos e cair num sono profundo.

[…]

Erick sentia muita falta daquilo. O ar, a paisagem, o clima... Tudo era como ele lembrava, e por mais que estivesse em um local completamente diferente do qual esta acostumado, ele podia sentir a familiaridade do lugar. Não tinha esperanças de que poderia voltar para lá, o lugar que realmente considerava uma casa, mas lá estava ele, livre de tudo o que o machucou há menos de alguns meses. Estava feliz e o sorriso em seu rosto explanava bem aquilo.

Tinha passado algumas horas debaixo do sol, levando caixas e mais caixas para o apartamento que seria seu lar temporário naquele momento. Não era um local grande, mas tinha o seu charme e o aconchego que Erick mais queria. Fora isso, iria dividi-lo com uma das pessoas mais importantes de sua vida.

– Terminou tudo? – perguntou Nathy, saindo da cozinha com um pano de prato em mãos.

Nunca tinha visto Nathália tão linda quanto naquele momento. Lembrava-se de vê-la com olheiras escuras sob os olhos, que tinham a coloração clara opaca naquele período. Seus cabelos não tinham o mesmo brilho e balanço, ficando presos na maior parte do tempo. Erick sabia que seu pai, o pai deles, tinha feito aquilo com ela. Tinha deixado ela praticamente morta por dentro.

Mas aquilo tinha sido revertido. Ele não gostou nem um pouco de quando ela anunciou que iria se mudar para a casa da avó deles, sem o pai saber. Mas ele não podia culpá-la por querer fugir, ela tinha sofrido tanto quanto ele... Talvez até mais.

Agora ela estava linda e saudável novamente. A pele morena contrastando com os olhos verdes era brilhosa e macia, os cabelos com vida, assim como os olhos, que tinham um brilho de alívio e felicidade. Ela tinha terminado a faculdade e começara a trabalhar. Conseguiu dinheiro o suficiente, junto com uma ajuda de sua mãe, para conseguir alugar um apartamento e sair da casa da avó.

Agora Erick faria parte da vida de Nathy novamente. Como ele imaginava desde o dia que ela saiu de casa.

– Falta só mais uma caixa.

– Okay, vou terminar de fazer o almoço e posso te ajudar a desencaixotar tudo. Douglas vem pra cá para o jantar, então quero que se comporte.

Erick revirou os olhos, mas apenas assentiu. Ele não gostou do fato da irmã estar com um namorado. Não conhecia o homem, mas, mesmo assim, Erick sempre fora muito ciumento quando se tratava da mais velha. Só de imaginar que outra pessoa poderia repetir aquelas coisas horríveis dava vontade de matar o indivíduo. Ele iria conhecer o namorado da irmã naquela noite e estava ansioso para ameaçá-lo de todas as formas possíveis.

Colocou a caixa no quartinho que ficaria. Nathy tinha alugado um apartamento de dois quartos, que até então estava sendo feito de sala de TV para ela. Agora Erick habitaria o pequeno cômodo, que tinha uma coloração azul bem clarinha, sua cor favorita. Nathy tinha limpado o quarto, tirando os poucos móveis que estavam dispostos ali. Erick deixou a caixa onde estava e foi rapidamente para o carro buscar a última.

Não conseguia tirar a mãe da cabeça naquele momento. Ela havia ficado no Rio de Janeiro para resolver os problemas do divórcio e sua saída do trabalho. Erick não tinha gostado nem um pouco de ter deixado sua mãe sozinha no mesmo estado que aquele monstro, mas sabia que ela estava com uma amiga num local bem distante de Anderson. Além disso, conversavam no WhatsApp quase 24h por dia, certificando-se de ambos estavam bem.

Levou a última caixa para o apartamento da irmã, tirando a blusa por conta do calor que estava fazendo. Iria ser bom morar com Nathália, poderia ter essa liberdade de ficar sem camisa uma vez que ela sabia muito bem de suas cicatrizes. Esperava que a convivência desse certo entre os dois e Douglas, que vivia ali por conta de Nathy.

Jogou-se na cama antes de começar a organizar suas coisas, pegando o celular e passando os contatos rapidamente em seu WhatsApp. Parou no contato de Henry, sentindo uma palpitação estranha ao ver a foto de perfil do amigo. Às vezes, Erick esquecia o quão lindo era o sorriso de Henry e as fotos do WhatsApp dele o lembravam disso com frequência.

E aquilo lhe fez lembrar-se do dia que estava tão feliz com sua aprovação na Argos Belo Horizonte Clube que fez a loucura de ligar para Henry para contar a novidade. Ele realmente não soube o que lhe deu na cabeça, mas, assim que se tocou do que fez, desligou de imediato, o coração completamente acelerado. A demora de Henry lhe deixou mais nervoso ainda, dando-lhe mais um motivo (ou uma desculpa) para desligar.

– Por que você ligou pra ele? – perguntara Danilo, sua voz mostrando um pouco de sua irritação.

– Nada.

Silêncio.

– Você ama ele, Erick? – após um tempo, Dan fez a pergunta que Erick não esperava.

– Eu já amei ele sim... – fez uma pausa – Ele era o irmão que eu nunca tive.

– Você entendeu o que eu quis dizer com amar – retrucou Danilo.

Erick começou a morder os lábios, tentando não encarar o amigo. Era constrangedor aquele tipo de coisa, ainda mais quando não sabia o que sentia de verdade por Henry.

Vendo que Erick não iria comentar nada, Danilo fez o favor de mudar de assunto, falando mais sobre a aprovação de Erick. Essa era uma das coisas que ele mais gostava no central, o fato de ele dar um tempo a Erick e não insistir, isso deixava tudo entre eles mais confortável.

Jogou o celular de volta na cama. Lembrar-se daquele dia não era muito legal, uma vez que deixava as coisas em sua cabeça mais confusas do que o normal.

Desde que se reencontraram, um dos passatempos preferidos de Erick era stalkear Henry no Facebook. A conta do amigo era bem ativa, ele vivia compartilhando coisas e vez ou outra postava uma foto no Instagram e compartilhava no Face. Era meio bizarro, mas Erick não conseguia deixar de fazer isso. Queria saber se Henry estava bem. Ou então como andava sua vida amorosa.

Danilo havia tirado o celular das mãos de Erick inúmeras vezes para que ele não ficasse naquela sofrência danada sempre que entrava no Facebook. Eles discutiam por alguns minutos, mas Erick era tão insistente que Danilo sempre devolvia o celular com uma cara de poucos amigos.

Ficou passando o Facebook de Henry até Nathália chamá-lo para comer, sentindo cada palpitação estranha quando via uma foto nova.

Não podia mais fazer aquilo consigo mesmo, ainda mais que estavam no mesmo estado, na mesma cidade.

De novo.

[…]

Fazia uma semana que Erick estava morando na casa de Nathália. E dali a mais algumas semanas ele iria para o seu primeiro treino nas categorias de base do time da Argos Belo Horizonte Clube.

A convivência com a irmã era ótima, mas ele ficou muito desgostoso quando Douglas se provou um cara muito legal, divertido e que ainda por cima era viciado em vôlei. Ele não jogava, mas sabia demais do esporte, dos jogadores, dos times... De tudo que se pudesse imaginar sobre vôlei, Douglas sabia. Era bom conversar com o cunhado e acabaram que ficaram amigos, mas Erick ainda mantendo a promessa de que iria capá-lo se magoasse a irmã.

Era de madrugada e ele tinha se levantado para ir à cozinha pegar um copo de água. Para ir pra cozinha, Erick tinha que passar pelo quarto da irmã e assim que o fez, começou a ouvir uns gemidos. Porém, a porta estava aberta e eram claros gemidos de dor. Ele demorou uns segundos para notar que a irmã estava se debatendo um pouco na cama ao lado de Douglas.

– Por favor, para! – ela murmurava, Erick conseguiu ouvir.

Ele sabia muito bem o que era aquilo. Ele mesmo já havia passado por aquilo milhares de vezes. Não pensou duas vezes antes de ir correndo até a irmã e começar a sacudi-la, tentando acordá-la.

– Nathália! Nathália! – Erick falava alto, segurando os ombros dela.

O que aconteceu a seguir foi muito rápido, mas Erick viu claramente os olhos verdes de Nathy o olhando com puro horror e medo. Ela começou a se debater, gritando para que ele a soltasse, que não fizesse nada a ela e lhe deu um forte tapa na cara. Logo em seguida, Erick sentiu seu corpo sendo empurrado, caindo no chão com força e só depois percebeu que fora Douglas que o tirou de cima de Nathália.

Ele tinha ligado o abajur e podia ver muito bem o estado da irmã. Ela estava ofegante, um suor frio cobria sua pele morena. Ela olhava para frente tentando controlar a respiração, Douglas dando-lhe beijos no rosto e abraçando-a de lado para que ela se acalmasse.

Erick não tinha levantado, olhando para a irmã ali no chão mesmo. Depois de um tempo, viu que os olhos dela encontraram os seus e também que ela segurou para não soltar um grito, como se ele fosse um pessoa desconhecida. Porém, depois de ver que era ele, Nathália relaxou e levantou-se da cama, indo até ele e o abraçando forte.

– Desculpa, maninho – ela disse abraçando-o forte, as lágrimas molhando sua camisa.

Ele a envolveu com os braços, não sabendo muito bem o motivo, mas logo sua duvida foi sanada.

– Eu pensei que fosse ele – ela sussurrou em seu ouvido e ele sentiu um arrepio de medo lhe percorrer a espinha.

Claro. Claro que era isso. O mundo sempre falava que Erick seria a cópia exata de Anderson se não fosse pelos olhos herdados de Adriana. Ele não deveria ter tentado ajudar, não o faria de novo. Era horrível ser confundido com aquele monstro, mas não podia fazer nada.

Nathália o apertou mais e Erick sentiu que ela estava realmente culpada por ter se confundido e batido nele. Mas Erick não a culpava. Ele também não iria gostar de ser acordado por Anderson no meio da madrugada, ainda mais depois de um pesadelo com o próprio, o que Erick tinha certeza que estava acontecendo com a irmã alguns minutos antes.

Ele odiava se olhar no espelho por causa disso. Doía ver os traços daquele homem em seu rosto. Doía lembrar-se de tudo o que passou nas mãos daquele monstro.

Erick não conseguiu se conter, começou a chorar junto com a irmã. Ela lhe entendia. Ela tinha passado por aquilo também. Ela era a única que não o julgaria por seus atos ou pelo o que sofreu. Ela estaria sempre ao seu lado, mesmo que ele a lembrasse de seu agressor.

Sentiu-se imensamente culpado e mal por desencadear aquilo na irmã. Não queria vê-la sofrendo novamente.

Douglas ainda estava na cama, olhando para os irmãos, o quarto num silêncio absoluto exceto pelos soluços e respiração pesada de ambos. Não iria atrapalhar o momento deles.

Erick se perguntou se Douglas sabia de tudo, de toda a história de Nathália e, por consequência, da sua. Mas aquilo não importava naquele momento. Queria apenas sentir o calor e o perfume familiar da irmã.

Não queria deixá-la escapar.

Não de novo.

[…]

– Mas você tem que ir mesmo? – Jules perguntou, a voz totalmente embargada por conta do choro que não parava desde a manhã.

– Sim, campeão, eu preciso ir – respondeu Henry, afagando os cabelos negros do irmão, que estava grudado em sua perna, como se aquilo fosse impedi-lo de viajar.

Iria passar umas três semanas treinando em Saquarema, onde ficava o Centro de Desenvolvimento de Voleibol da CBV, Confederação Brasileira de Voleibol, e depois partiria para os Estados Unidos. Estava ansioso. Treinaria com pessoas novas que provavelmente já tinham um sincronismo entre si. Ele e Chris teriam que se adaptar ao novo time e isso o deixava nervoso. Tivera umas duas crises de ansiedade por causa disso, mas estava tentando manter-se calmo.

Claro que aquela situação não era a única a desencadear aquilo.

– Eu não quero que você vá! Quem vai brincar comigo? – choramingou Jules.

Henry soltou uma risadinha e olhou para frente, onde Raquel observava a cena sem nenhuma expressão no rosto. Aquilo o deixou chateado, mas tentou focar-se em Jules naquele momento.

Abaixou-se até a altura do irmão, segurando seus ombrinhos com delicadeza e olhando no fundo daqueles olhos azuis. Tinha que confessar que lhe partia o coração ao ver a tristeza naqueles olhinhos, além do fato de deixá-lo por quase um mês.

– Você é um cara forte, né? – Henry perguntou com delicadeza, vendo Jules assentir esfregando os olhinhos – Então vai conseguir cumprir a missão que eu tenho pra você.

Aquilo despertou a atenção do irmão.

– Uma missão? Que missão? Eu consigo qualquer coisa!

– Isso mesmo! Você consegue fazer qualquer coisa! – exclamou Henry com um sorriso. – Preparado pra receber a missão?

– Siiiim!

– Então, quero que você cuide muito bem da sua irmã. É uma missão muito importante hein? Você também vai ter que ajudar e cuidar do papai e da mamãe, viu? Ninguém é melhor do que você pra cumprir essa missão, ouviu?

– Sim! Não vou te decepcionar, Henry! – as lágrimas já não corriam pelo rosto de Jules e ele parecia muito animado com aquilo.

– Isso ae, campeão – ele disse sorrindo e levantou-se, afagando o cabelo do pequeno.

Então Henry olhou para Rach, que já não prestava atenção nos dois, estava sentada brincando com suas bonecas. Ele se aproximou da irmã cautelosamente, afagando os cabelos dela. Rach nem sequer o olhou. Henry mordeu o lábio e agachou-se na frente dela.

– Ei, princesa – ele chamou, mas ela o ignorou. – Raquel. – nada – Raquel? Rach!

Ao ouvir o apelido, Rach levantou o rosto, aqueles olhos heterocromáticos encarando Henry com a inexpressividade de sempre.

– Eu tenho uma missão pra você também, boneca – Henry disse acariciando o cabelo de Rach.

– Hm… – ela respondeu. A essa altura, Jules tinha ido para algum lugar em que seus pais estavam.

– Quero que você cuide do seu irmão enquanto eu estiver fora, okay? Promete que vai cuidar dele direitinho?

– Tá – respondeu e voltou sua atenção para as bonecas.

Henry levantou-se soltando um suspiro. Estava quase desistindo de tentar alguma ligação com a irmã mais nova.

Como estavam quase de saída e Christian ainda não tinha chegado, Henry tratou de ligar para o amante para apressá-lo. Ficaram meio estranhos um com o outro durante um tempo, mas, depois que a data da viagem estava quase chegando, resolveram deixar aquilo de lado e aproveitar a situação.

Antes mesmo que o segundo toque soasse, a campainha tocou e ele soube que era Chris.

– Mãe, pai! Vamos! – gritou Henry para os pais.

Rapidamente eles apareceram, conversando e com os gêmeos no colo. Cumprimentaram Chris, trocaram algumas palavras e desceram para a garagem. Como a rodoviária não era muito longe da casa de Henry, não ouve problema em Jules ir no colo do irmão enquanto Rach ficava na cadeirinha.

O percurso até a rodoviária foi animado, todos, exceto Raquel, falando sem parar e animados com a oportunidade que tiveram de defender o Brasil em uma competição internacional. Foram rapidamente até a área de desembarque, esperando o ônibus sair.

Não demorou muito para que o horário da viagem chegasse e Henry e Chris pudessem finalmente embarcar para Saquarema.

– Comporte-se, coma direito, não treine até morrer e qualquer coisa pode ligar pra gente, ouviu? – perguntou Cassie, dirigindo-se ao filho. – Você também, Chris. Se cuida e cuida dessa peste aqui.

– Ei! – exclamou Henry fingindo ofendido, mas logo abriu um sorriso e abraçou a mãe. – Vou me cuidar e te ligar todos os dias.

– Isso mesmo, bom garoto – ela respondeu com um sorriso e afagou os cabelos de Henry.

– Se cuida, meu garoto – Fábio aproximou-se e deu um abraço em Henry. – Não faça nenhuma besteira.

– Não vou fazer, pai. – Henry deu dois tapinhas no ombro do pai e voltou seu olhar para os gêmeos, Jules tentando conter as lágrima. Ele abaixou-se na altura dos dois e abriu os braços – Abraço de despedida.

Jules correu até Henry, puxando Rach junto. Ambos lhe deram um abraço apertado, mas Jules ficou um pouco mais agarrado ao pescoço do irmão. Henry o afastou depois de alguns segundos, relembrando-o da missão que havia dado a ele.

– Não vou te decepcionar, Henry – Jules disse com firmeza, secando os olhos com as poucas lágrimas que teimaram em sair.

Henry sorriu.

– Tenho certeza que não.

Olhou para os pais e para os irmãos mais uma vez. Entrelaçou os dedos com os de Chris e levantou a outra mão, dando um aceno para os parentes antes de entrar no ônibus.

– Amo muito vocês! Vamos trazer uma medalha! – ele disse animado.

– Também amamos você e sabemos muito bem que vai ser a de ouro! – respondeu Cassie acenando também.

– Obrigado por tudo – agradeceu Chris, dando um aceno também.

Então finalmente entraram no ônibus e ocuparam seus devidos lugares, ainda de mãos dadas. O ônibus partiu depois de alguns minutos e Henry sentiu seu coração acelerando no peito, o peso do que estava por vir caindo só agora em seus ombros.

Mas ele estava animado. Esperava que tudo desse certo e que as coisas corressem bem, tanto nos treinos em Saquarema, quanto na competição em Miami. Estava ansioso também, de uma maneira não prejudicial, já que Marge havia dito que a o Centro de Desenvolvimento de Voleibol era um paraíso.

– Preparado pra essa nova fase? – perguntou Chris ao seu lado, apertando-lhe a mão.

Henry devolveu o aperto junto com um sorriso em direção ao outro.

– Ainda é meio inacreditável pra mim, mas sim. E você?

– Pode acreditar, porque é bastante real – Chris sorriu – Com tanto que eu esteja ao seu lado, estou preparado pra tudo.

Às vezes, Henry não se sentia muito confortável com aquele tipo de demonstração de afeto. Não estava acostumado àquilo e definitivamente ainda não estava preparado para tal coisa. Apenas sorriu para o amante e recostou-se na cadeira, várias coisas passando pela sua cabeça.

“Espero que dê tudo certo”, pensou antes de cair num sono profundo.

[…]

Henry estava simplesmente embasbacado naquele momento.

Tinham acabado de chegar ao Centro de Desenvolvimento e... Meu Deus, aquele lugar era um verdadeiro paraíso. Para qualquer lugar que ele olhava, via o verde bonito cobrindo a paisagem. Árvores de todos os tamanhos e uma grama verdinha e aparada. Além de ficar localizado às margens da praia, possuía uma piscina semiolímpica e outra infantil, além das várias quadras, tanto de vôlei quanto de outros esporte, e alguns prédios baixos espalhados, onde deveriam ficar o alojamento, sala de musculação, restaurante e afins.

Foram direcionados para um dos prédios, o qual Henry julgou ser aquele em que ficavam os alojamentos. Enquanto passavam, Henry tentava absorver todos os detalhes da beleza daquele lugar. Aquilo tudo passava uma paz e aconchego que Henry sentia em poucos lugares.

Várias pessoas perambulavam por ali, e Henry desejou que pudesse ver alguns de seus ídolos, tanto da seleção brasileira quanto do time para a qual torcia ferrenhamente, o Sada Cruzeiro. Porém ele sabia que estavam em período de jogos, os jogadores provavelmente treinando nos locais em que iriam competir ou então no exterior.

Chegaram ao quarto deles em alguns minutos, a guia que os acompanhava entregou a chave do quarto aos dois, comunicando que dividiriam o quarto com mais dois meninos, também da seleção. A guia os deixou sozinhos, sumindo na esquina do corredor. O local ficou em silêncio, exceto pelo barulho de chaves nas mãos de Henry.

– Então, vamos...

Henry foi brutalmente interrompido, sendo beijado de surpresa e prensado contra a porta por Chris. Ele estava com muita vontade de continuar com aquilo, mas podiam ser pegos e não sabiam como as pessoas iriam reagir àquilo.

– Chris... – sussurrou Henry, depois de ter se separado de Chris, mas o outro começou a beijar seu pescoço. – Podemos ser pegos...

– Assim que é gostoso, meu bem – murmurou Chris, mordendo o pescoço do parceiro logo em seguida.

Aquilo foi suficiente para Henry tacar o foda-se e se entregar para Chris. Ele mesmo gostava de viver assim, na adrenalina, então não sabia por que diabos estava se importando tanto com o que os outros iriam pensar.

Haviam largado a bagagem ali mesmo, ficando livres para poderem se agarrar sem nenhum empecilho. Chris fez uma das coisas que Henry mais gostava, o pegou pelas coxas e o prensou ainda mais na porta, para que ele não caísse. Automaticamente o líbero envolveu a cintura do central com as pernas, ficando da altura dele e podendo beijá-lo como queria.

Podia não gostar de ser pego no colo, mas daquela maneira... Ele tinha que confessar que era irresistível e gostoso.

– Meu Deus, eu tava querendo fazer isso há séculos – murmurou Chris quando Henry puxou seu lábio inferior com os dentes.

– Nem faz tanto tempo que a gente não se pega assim – brincou Henry, sorrindo para Chris.

– Não, imagina.

– Shiiiu, para de reclamar e me beija.

Eles se beijaram novamente, com a intensidade que costumavam a ter quando começaram a ficar. Chris apertava as coxas de Henry com força, fazendo o garoto arfar. Os dedos de Henry arranhavam a nuca do outro, causando arrepios na pele morena.

Chris pressionou ainda mais Henry contra a porta e, quando menos esperaram, a porta sumiu das costas de Henry. Por sorte, Chris tinha um tempo de reação excelente, fazendo com que eles não caíssem no chão com tudo. Henry apertou ainda mais suas pernas ao redor de Chris. O silêncio tomou conta do local por alguns segundos.

– Ér... – disse a pessoa de dentro do quarto.

“Meu Deus, não acredito que isso tá acontecendo”, pensou Henry.

Ele se soltou rapidamente de Chris e virou-se para a pessoa que havia atrapalhado sua pegação.

– Ei, eu conheço você – ele disse no impulso, arrependendo-se no exato segundo.

Era difícil não reconhecê-lo, não quando, nos Jogos, os olhos de Henry sempre iam para Erick e aquele mesmo garoto estava sempre presente. Henry não se recordava do nome dele, mas dava pra ver nitidamente que era poucos centímetros menor que Chris. Os cabelos loiros escuros estavam bagunçados, a cara meio amassada e o tronco nu revelava a pele branca do garoto. Seus olhos claros encaravam Henry e Chris de forma curiosa e meio envergonhada.

O garoto semicerrou os olhos quando ouviu Henry falando e, de repente, seu rosto tomou uma expressão meio antipática, como se ele tivesse o reconhecido e não tinha uma lembrança agradável dele.

– Desculpa por isso, nós... – começou Henry, mas foi interrompido.

– Deixa isso pra lá. Isso não é problema meu.

Henry ficou levemente chocado com a agressividade do garoto, mas tentou manter a postura.

– Eu sou...

– Henrique Diniz – interrompeu o garoto de forma seca – Dispensa a apresentação, te conheço muito bem.

Henry franziu o cenho. Não se lembrava de ter trocado uma palavra com aquele cara para ser “conhecido muito bem” ou ser tratado daquela forma hostil e totalmente fria. Talvez fosse alguma influência de Erick, mas Henry não acreditava que o amigo perderia tempo falando dele para alguém.

– Desculpa, mas nós nunca conversamos.

– Não preciso disso pra saber que você é um babaca – devolveu o garoto com um tom irônico.

Henry ficou sem palavras para aquilo, mas também não iria conseguir rebater se quisesse, pois Chris logo se meteu no meio, encarando o outro com uma cara não muito boa.

– O babaca aqui é você. Não fale assim dele – Chris disse, cutucando o peito do garoto com violência.

Ele afastou o dedo de Chris, encarando-o com o semblante debochado que encarava Henry alguns segundos antes.

– Minha sinceridade te incomoda? – perguntou irônico e soltou uma risada debochada – Pelo menos não saio ferindo os sentimentos dos outros, não é mesmo Henry?

– Do que você tá falando? – questionou, passando a frente de Chris e encarando o garoto com certa raiva.

Ele soltou uma risada falsa.

– Ah, agora vai bancar o inocente? Me poupe, se poupe, nos poupe. Você sabe muito bem que a culpa é toda sua!

– Culpa de que? O que caralhos você tá falando? Eu mal te conheço e...

– Mas Erick conhece – ele chegou mais perto, olhando Henry de cima com um ar de superioridade. – E ele está todo fodido da cabeça por sua causa!

– Minha... Causa? – Henry não queria acreditar naquilo. Aquelas palavras só podiam ser uma mentira. Não era possível que ele tinha causado alguma coisa ruim a Erick.

– Sim, sua causa – repetiu o garoto – E você não merece absolutamente nada dele.

Ele finalizou, passando por Henry, trombando em seu ombro de propósito. Encarou Chris por mais alguns segundos e depois saiu do quarto, deixando os dois sozinhos.

Um milhão de coisas e questionamentos passavam pela cabeça de Henry naquele momento. Queria entender o motivo de ser a causa de tudo aquilo para Erick. Não se lembrava de ter feito nada para que o amigo o odiasse, e ouvir aquilo de outra pessoa deixava seu coração em pedaços. Henry só queria o amigo de volta, mas pelo visto o ódio que o outro sentia era profundo demais para que as coisas pudessem voltar ao normal.

A última coisa que queria era ser algo de ruim para Erick.

Começou a pensar demais e, sempre que ele pensava demais, sua respiração começava a acelerar, o coração em seu peito martelava com violência seu peito. Começou a tremer e suar frio, as mãos tentando fazer algo para que ele pudesse se acalmar, mas já tinha começado, ele não iria conseguir reverter aquilo sozinho. Nunca conseguia. Lágrimas começaram a correr pelo seu rosto, suas mãos foram até as orelhas, tentando abafar um som que não vinha do lado de fora, mas sim de sua cabeça. Caiu de joelhos, dobrando seu corpo como se pudesse não ser atingido por aqueles sentimentos ruins se estivesse naquela posição.

Odiava aquilo.

E odiava mais ainda ter que passar por aquilo por causa de Erick.

[…]

Danilo não gostava de ser rude com as pessoas, ainda mais pessoas que ele não conhecia direito. Mas só a presença de Henry lhe dava uma raiva tremenda.

Depois de ter virado um amigo importante para Erick, Danilo detestava tudo que fazia mal ao garoto. Ele havia sofrido demais e não merecia passar por mais sofrimento, não por conta de outras pessoas. Para piorar a situação, ele tinha passado no teste para um dos times de Minas Gerais e nada que ele pudesse fazer ou falar faria Erick mudar de ideia. E Danilo sabia que, querendo ou não, ele iria encontrar com Henry em algum momento.

Estava doido para jogar aquelas coisas na cara de Henry e sentiu um alívio tremendo quando o fez. Ele nunca foi muito de violência, mas estava com uma vontade grande de cair na porrada com aquele cara gigante por se intrometer.

Danilo estava dormindo quando ouviu uma pancada na porta. De início ignorou, achando que era o outro garoto que dividia quarto com ele, mas depois ouviu vozes e mais uma leve pancada. Não ia conseguir voltar a dormir, então levantou-se e abriu a porta.

Definitivamente não esperava por aquilo, muito menos que Henry estaria ali, diante dele. Ele sabia que o outro tinha sido convocado, claro, a lista de jogadores estava disponível para qualquer pessoa ver, mas Danilo não esperava que iria dividir o quarto com ele. Na verdade, era a última coisa que queria. Já era ruim o suficiente estar ali, ter que dividir o quarto com alguém que detestava não estava nos seus planos.

Sair do quarto foi a melhor alternativa que lhe surgiu para que não fizesse nenhuma besteira, porém parou ao virar a esquina do corredor, quando ouviu a voz daquele cara alto e moreno dizendo que tudo ficaria bem e que Henry deveria se acalmar.

Danilo, por pura curiosidade, espiou a esquina, que dava direto para o quarto deles. A porta estava aberta e ele podia ver nitidamente os dois, Henry de joelhos com as mãos nas orelhas, provavelmente chorando, e o cara alto o abraçando e fazendo carinho, continuando a dizer que ficaria tudo bem.

De início, ele não entendeu muito bem o que se passava, mas aí lembrou-se de Erick contando que Henry sofria crises de ansiedade com frequência. Sabia mais sobre Henry do que gostaria. Lógico que ele nunca iria interromper Erick falando, ainda mais quando ele via a felicidade e a paixão do amigo quando falava de Henry. Porém, por mais que o outro pudesse transparecer felicidade, Danilo sabia que ele não estava feliz.

E sabia que Henry era a causa primária de tudo de ruim que começou a acontecer com Erick.

Porém, ao ver aquilo, e saber que foram suas palavras que possivelmente o causaram, ele se sentiu mal e culpado. Não queria fazer mal algum a ninguém, mas controlar a raiva nunca foi o seu forte.

Ele deu um passo em direção ao quarto, na intenção de ir lá e pedir desculpas. Não queria fazer aquilo, mas a culpa foi maior do que seu orgulho. Queria que Henry ficasse ciente de que ele não estava fazendo bem nenhum a Erick, mas também deixar Henry naquela situação já era demais. Entretanto, mesmo que fosse inevitável o encontro dos dois em Belo Horizonte, Danilo não iria contar para Henry que Erick estava de volta. Tinha que controlar sua raiva para que aquilo não saísse de sua boca sem querer. Henry não podia saber daquilo, senão iria procurar por Erick e aquilo não seria nem um pouco bom. Para nenhum dos dois.

Voltou para o quarto cautelosamente. O cara alto que estava com Henry se levantou rapidamente quando viu sua presença, fazendo uma cara feia para Danilo, como se quisesse matá-lo ali mesmo. Talvez quisesse, afinal, ele tinha sido babaca em ter feito aquilo. Era mais sensato que isso, não podia deixar sua raiva machucar os outros daquela forma.

– Sai daqui antes que eu faça alguma besteira. – ameaçou.

Danilo rapidamente levantou as mãos, em forma de redenção.

– Eu só quero pedir desculpas.

– Acha mesmo que eu vou acreditar nisso? Você acabou de ser um extremo babaca e vem pedir desculpas? Se arrepende rápido hein? Hipócrita.

Danilo suspirou.

– Fui hipócrita, fui babaca e estúpido, mas quero me desculpar. Eu sou melhor que isso – ele disse com firmeza e olhou para Henry, que havia parado de chorar e olhava para ele com uma cara de tristeza profunda. Aquilo fez Danilo sentir pena. – Mas quando se trata de Erick... Eu tento fazer as coisas para o bem dele.

Henry o olhava atento, franzindo o cenho quando ele mencionou o nome de Erick. Danilo fechou os olhos e suspirou, abrindo-os logo em seguida e continuando seu discurso.

– Ele não está bem, eu não sei direito o que aconteceu, mas pelo o que eu entendi, alguma coisa que você fez desencadeou isso tudo. Enfim... Não conheço o seu lado pra julgar, então te peço desculpas. Não foi minha intenção você ter uma crise de pânico ou o que quer que você sofra...

Henry levantou-se, olhando para Danilo de uma forma tão estranha que ele sentiu um calafrio. Não conseguia identificar o que estava naquele olhar, mas conseguia ver o desespero nítido.

– Como ele tá? – Henry perguntou, a voz fraca e embargada. – Por favor, me conta como ele tá. O que eu fiz pra ele? Eu quero muito consertar tudo isso, mas eu estou tão perdido que...

– Não cabe a mim falar nada disso – interrompeu Danilo – Além disso, só porque estou pedindo desculpas não significa que eu gosto de você ou que nós somos amigos.

Além da pena, Danilo estava fazendo aquilo por que já tinha sido babaca demais numa época de sua vida. Destratara pessoas importantes para si por causa de sua raiva. Com o tempo havia conseguido controlá-la, então tinha que manter-se assim. Não queria repetir com qualquer outra pessoa, amiga ou não, o que fez naquele tempo obscuro de seu passado.

– Me fala qualquer coisa... Por favor... – implorou Henry.

– Desculpa, mas não posso... – disse, o tom mais calmo e com certa pena – Entenda... Eu estou fazendo isso para o bem dele. Uma hora isso provavelmente vai ser em vão, mas não importa.

Não importava mesmo. Faria o que fosse necessário para manter Erick bem.

Então saiu do quarto novamente, sua mente um pouco confusa diante da reação de Henry. Ele aparentemente não sabia o que tinha feito para foder tanto com Erick. Aquilo estava verdadeiro demais para ser encenação e também não tinha motivos para ele fingir que não sabia de nada. Danilo ficou pensando naquilo. Para ter alguma opinião formada, teria que entender o lado de Henry também, saber o que aconteceu aos olhos daquele cara que ele desgostava porque tinha ferrado a mente de um de seus melhores amigos.

Iria dar um jeito de saber daquilo. Não iria falar nada sobre Erick para Henry.

Iria manter Erick seguro o máximo de tempo que ele conseguisse.


Notas Finais


Então gente? O que acharam do primeiro capítulo do Arco 2? Estão ansiosos para os jogos deles? Para o Henry encontrar com o Erick lá em BH? Fortes emoções nesse arco HAHA
Queria a opinião de vocês em criar um grupo no WhatsApp para a gente interagir melhor e você ficarem sabendo um pouco mais das atualizações de AdQ e tudo o mais. Se tiver uma galera interessada, eu coloco um aviso no próximo capítulo e ai fazemos o grupo u.u Quero conhecer meus leitores lindinhos ♥
PREVISÃO PARA O PRÓXIMO CAPÍTULO: 9/07
Respondam nos comentários a respeito do grupo no Whats! Mas não deixem seus número lá, por favor UHSUAHSA
Muito obrigada a todos por lerem e espero vê-los nos comentários ♥
Ghost Kisses
~Marceline


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