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História Além das Quadras - Nunca me deixe


Escrita por: MarcelineA

Notas do Autor


Olaar!
Não foi postado ontem pq a beta ficou doente.
Já que me ignoraram com o lance do grupo do Whats, não criarei.
Espero que gostem do capítulo.
Ghost Kisses
~Marceline

Capítulo 15 - Nunca me deixe


Fanfic / Fanfiction Além das Quadras - Nunca me deixe

Assim que o garoto saiu do quarto, Henry pareceu se dar conta das palavras que foram ditas por ele. Sentiu aquele aperto no peito, aquela queimação característica que não sentia há muito tempo. Henry sabia muito bem o que significava aquilo, mesmo que o tivesse sentido poucas vezes.

Lembrava-se de sentir isso com Marge, quando gostava da menina e a via com outra pessoa. Lembrava-se também de sentir aquilo com Erick, quando este foi puxado para a pista de dança por Eduarda naquela festa em que se viram depois de muito tempo. Lembrava-se de sentir aquilo todas as vezes que notava alguma menina dando em cima de Erick e mesmo que ele, tapado do jeito que era, não desse bola, Henry ainda sentia aquela queimação, aquela raivinha e aquele aperto peculiar no coração.

Ele só não esperava que sentisse ciúmes novamente por causa de Erick.

O modo como aquele menino falou dele... Mesmo que não desse para identificar se era algo romântico ou fraternal, Henry sentiu seu coração praticamente ser amassado e jogado no lixo. Não fazia do tipo ciumento, mas, quando isso ocorria, era uma das piores sensações do mundo.

Em um estalo de memória, Henry lembrou-se do nome daquele cara. Danilo. Lembrou-se que era o central do time de Erick. Lembrou-se das poucas vezes que viu Erick sem aquele garoto ao lado. O cara era tão alto quando Chris, mas Henry queria partir pra violência naquele momento.

Mas ele sabia que não podia sentir algo assim. Erick nunca seria seu de verdade para que Henry sentisse ciúmes daquela forma. Erick poderia até voltar a ser seu amigo (coisa que ele achava bastante improvável), mas sabia que nunca seria seu do jeito que ele tanto desejava. Então não podia sentir ciúmes, não podia mesmo.

O quarto ficou em silêncio por alguns minutos, Chris em algum lugar no cômodo, observando Henry parado, sem dizer ou fazer qualquer coisa além de respirar e olhar fixamente para a porta que Danilo acabara de sair. Henry sentia o olhar, mas não estava se importando.

Ele não sabia se queria descobrir a verdade. Não sabia se queria saber que os dois tinham um caso e que Danilo estava protegendo Erick, da mesma forma que Chris o protegia. Mas Henry não acreditava que Erick pudesse sequer cogitar ter sentimentos românticos para consigo. Entretanto, ele tinha feito alguma coisa para o melhor amigo que o machucou profundamente, tanto que fez com que ele mudasse completamente. Talvez Danilo estivesse se referindo a algo relacionado à amizade deles e não a sentimentos românticos de Erick.

Mas quando se trata de Erick... Eu tento fazer as coisas para o bem dele.”

Aquela frase ainda ecoava em sua mente e, a cada vez que outras daquele estilo a acompanhavam, Henry ficava mais puto.

– Tá tudo bem? Você melhorou? – perguntou Chris depois de um tempo, chegando perto.

– To – respondeu simplesmente.

Então se encaminhou para pegar suas coisas que ainda estavam jogadas na frente da porta. Tinha perdido toda a paciência que ele prezava em manter sempre. Não era uma tarefa fácil deixar Henry irritado, mas quando ele ficava, era difícil fazê-lo voltar ao normal.

– Não parece – Chris disse, ajudando o outro com as malas.

– Hm...

– Você tá bicudo, o que aconteceu? Foi por causa do que aquele cara falou?

Henry olhou para Chris com aquele olhar “o que você acha, porra?” e voltou a focar em sua mala, tirando alguma muda de roupas para poder trocar depois de um banho.

– Eu odeio como esse cara mexe com você – comentou Chris depois de um tempo.

– Ele é meu melhor amigo e eu acabo de descobrir que eu fiz alguma coisa desconhecida por mim para deixá-lo daquele jeito. Como você quer que eu me sinta? – disparou Henry.

Ele não queria ser tão transparente, mas quando se tratava de raiva, irritação, estresse e ciúmes, Henry não conseguia esconder de forma alguma. Detestava aquilo.

Chris largou as coisas que estava fazendo e se voltou para Henry, puxando-o para sentar na cama debaixo de um dos beliches que estava disposto no quarto. Ele pegou as mãos do outro, segurando-as com firmeza e olhando para os olhos cor de chocolate de Henry.

– Então me conta o que você está sentindo.

Henry conteve a vontade de soltar um suspiro e depois de desviar o olhar, mas não conseguiu encarar Chris por muito tempo. Não podia falar que estava sentindo ciúmes de Erick. Aquilo deixaria as coisas ainda mais difíceis no relacionamento incerto deles dois. Ao contrário dele, Chris era extremamente ciumento e inseguro, ainda mais quando se tratava de Erick. Henry mesmo se surpreendeu com aquela conversa em seu baile de formatura. Talvez ele pensasse que, com Erick longe, ele não ofereceria nenhuma ameaça para a relação dos dois.

– Nada. – Henry disse, tentando manter uma cara impassível, mas aparentemente não estava funcionando muito bem.

– Dá pra ver na sua cara que não é nada, Henry – Chris pareceu se controlar pra não se desestabilizar. Apertou as mãos de Henry rapidamente – Você sabe que pode me falar qualquer coisa.

“Qualquer coisa que você queira ouvir”, pensou Henry imediatamente, já se arrependendo um pouco do pensamento babaca. Mas ele não podia evitar pensar aquele tipo de coisa. Às vezes Chris o irritava com sua teimosia e insistência. Henry percebia que ele estava tentando fazê-lo falar, usando uma estratégia mais tranquila, sem forçar a barra.

“Não vai dar certo, fofo”, ele pensou com um pouco de escárnio.

Henry sabia que só sairia daquela se desse uma resposta plausível para Chris. Então se esforçou um pouco para dar uma desculpa boa o suficiente para ele acreditar e deixá-lo em paz. Ele não era muito bom naquilo, mas tinha que começar a pegar o jeito se quisesse escapar de algumas investidas desnecessárias de Chris. Sua sorte era que nunca teve uma crise de ciúmes perto dele, então Chris não iria saber diferenciar as coisas.

– É tenso pensar que você é a causa do sofrimento de seu melhor amigo – começou Henry. – Então to tentando digerir isso ainda.

Chris demorou um pouco para responder.

– E você quer saber o que você fez?

– Você não iria? – rebateu Henry. Não estava mentindo, estava apenas omitindo a informação dos ciúmes.

– Nesse ponto você tem razão. – falou Chris calmamente, passando a acariciar a mão de Henry com o dedão. Foi sentindo-se um pouco mais confortável com aquilo – Mas, entenda, a probabilidade de você vê-lo novamente é quase nula. Então tenta deixar isso pra lá e foca no teu presente, que está sendo maravilhoso.

Isso ele não podia negar. Mas como era possível simplesmente “deixar isso pra lá” se a amizade dois vinha desde que eram bebês praticamente? Como simplesmente parar de pensar em alguém que é tão importante para si? As coisas não eram simples quando se tratava de Erick, mas Chris não parecia entender isso muito bem.

Mesmo tendo sentimentos extras por Erick, Henry prezava sua amizade com ele acima de tudo. Ele preferiria perder o amor da sua vida a perder o melhor amigo do mundo. Preferia não ter um caso romântico com Erick a nunca mais falar com ele. Podia doer um pouco pensar dessa forma, mas Henry sempre colocou família e amizade acima de qualquer coisa.

– Vou tentar – mentiu Henry para tentar livrar-se daquele assunto chato.

Mas é claro que não iria. Era óbvio para si mesmo que ele iria correr atrás daquilo. Iria tentar fazer Danilo falar algo a respeito, nem que fosse uma mísera informação. Henry precisava saber daquilo mais que qualquer coisa.

Chris se inclinou para frente e selou os lábios nos de Henry, dando-lhe um beijo terno e confortador. Logo se separaram e quando se levantaram da cama para continuar arrumando suas coisas, a porta do quarto foi aberta e por ela passou um garoto alto com os cabelos negros amarrados para trás.

Ele deveria ter a altura de Chris, senão um pouco menos. Sua cara não expressava uma das mais convidativas, mas depois de vários “eu te achava metido antes de te conhecer” direcionados a si, Henry aprendeu a não julgar as pessoas pela cara delas. Mesmo assim, aquele rosto com traços fortes e marcados e olhos castanhos claros não colaboravam em nada para o pré-julgamento de Henry.

– Vocês devem ser os outros dois que vou ter que dividir o quarto – ele disse, a voz um pouco impassível.

Seus olhos passaram por Chris e depois por Henry, parando no último por um tempo maior.

– Eu sou Christian e esse é o Henrique – se adiantou Chris, dando um passo a frente.

Henry sentiu que aquele gesto foi algo para tentar protegê-lo de alguma ameaça que o garoto de cabelos negros poderia fornecer. Não gostou nem um pouco daquilo, nunca precisou de macho nenhum para se defender.

– Gabriel – disse simplesmente e analisou Henry mais uma vez, como se tivesse decidindo se gostava dele ou não. – Vocês são da seleção não é? Qual posição?

– Somos sim – Henry se adiantou pra frente de Chris, tentando sorrir simpático para Gabriel – Eu sou líbero e ele central. E você?

– Oposto – fez uma pequena pausa – E capitão de vocês.

Henry definitivamente não esperava que fosse dividir quarto com o capitão do time deles. Mas aquilo poderia ser algo bom, não poderia?

– Prazer em conhecê-lo – Henry disse mais de forma automática do que qualquer outra coisa.

Gabriel apenas assentiu e caminhou para o outro beliche, que ficava do lado oposto da que Chris e Henry estavam. Pensando agora, não tinham nem perguntado qual cama Danilo já tinha escolhido.

– Vocês já fizeram as divisões das camas? – perguntou Henry para o capitão.

Gabriel virou-se para Henry, aqueles olhos claros eram um tanto assustadores para o seu gosto.

– Acho que o outro cara ficou com essa debaixo – Gabriel deu de ombros subindo na cama de cima. – Particularmente pra mim tanto faz.

– Ahm... Okay...

Então voltaram a arrumar as coisas, decidindo que Henry ficaria com a cama de cima e Chris na debaixo. O silêncio se instalou no cômodo e aquilo começou a incomodar Henry de uma maneira absurda. A aura daquele menino era verdadeiramente estranha e sua presença estava incomodando Henry mais do que ele achou que fosse. E ele estava simplesmente lá, deitado em sua cama mexendo em seu celular.

– Vamos dar uma volta – disse Henry a Chris depois de um tempo, quando terminaram de arrumar suas coisas nos armários e gavetas.

Chris assentiu e ambos foram para o banheiro tomar um banho antes de poder explorar as maravilhas que tinham em Saquarema. O banheiro ficava no corredor e era amplo e para todos os hóspedes daquele andar. Enquanto estavam se dirigindo para o banheiro, o corredor em silêncio e vazio, Chris o surpreendeu novamente, porém, dessa vez, com um tapa e um aperto na bunda que fizeram Henry pular.

– Ta maluco? – ele sussurrou alto. Não sabia se as pessoas dos outros quartos estavam dormindo ou não. – Alguém pode nos ver!

– E desde quando você liga pra isso? – perguntou ele com o cenho franzido.

– Desde quando eu não conheço essa gente e não quero sofrer com homofobia num lugar desses.

Ele tinha que confessar que, por mais que detestasse aquela frase, ele estava sentindo que algo de bom não viria. Algo em Gabriel lhe dizia para eles tomarem cuidado e serem mais discretos quando estivessem com o capitão. E raramente o sentido de Henry falhava.

– Além do mais, a moça aí não é assumida, então vamos manter na surdida para não termos maiores problemas. Tanto com o time quanto com sua família.

Chris bufou e se afastou um pouco de Henry, mas não o suficiente para que ele deixasse de sentir o cheiro e a presença do outro.

– Eu odeio quando você tem razão, Chibi.

– Às vezes acho que você esquece que seus pais são uns puta religiosos homofóbicos da porra.

– Quando eu to longe deles, fica difícil lembrar mesmo – ele deu de ombros e abriu um mini sorriso para Henry – Também é difícil lembrar disso quando tem essa coisa maravilhosa ao meu lado.

Henry arqueou uma sobrancelha, com um sorriso mínimo no rosto.

– Tá falando de mim?

– Ah, pode apostar.

– Sou fabulosa mesmo. – Henry deu de ombros e mandou um beijinho e uma piscadela para Chris, que soltou uma risada.

– Você não presta

– Nunca disse que prestava.

[…]

Erick não sabia exatamente onde estava. As coisas ainda eram um pouco confusas e turvas para ele naquele momento. Seus olhos se abriram ainda mais depois de um tempo, tentando assimilar o que estava acontecendo. Mas a única coisa que ele conseguia enxergar era a escuridão a sua frente. Notou que estava numa cama, os lençóis macios cobrindo-lhe da cintura pra baixo.

Parecia que tinha acabado de acordar e levou um leve susto ao sentir um braço ao redor de sua cintura, ao mesmo tempo que uma respiração fraca e lenta batia em seu ombro. Ele piscou, tentando assimilar quem era a figura a seu lado, mas não conseguia enxergar.

Erick se remexeu, um pouco desconfortável, pois quem estava ao seu lado era um desconhecido. Não gostava de ficar perto de pessoas desconhecidas, imagina dividir uma cama?

A pessoa era uma desconhecida. Até então.

Com sua mexeção, Erick acordou a pessoa que estava consigo e levou um baita de um susto ao reconhecer a voz do indivíduo.

– O que foi, amor? – a voz de Henry soou em seus ouvidos de maneira embargada e sonolenta. Igualzinho quando eram crianças e acordavam de manhã cedo após dormirem na casa um do outro.

Erick não disse nada. Estava completamente surpreso com aquilo. Diante do silêncio do outro, Henry se desvencilhou de Erick, esticando o braço para algum lugar. Logo uma claridade abateu os olhos de Erick, mas não foi forte o suficiente para deixá-lo cego.

Não era nenhum tipo de piada, Henry estava ali ao seu lado.

Agora, com a luz fraca do abajur, Erick podia ver com perfeição o rosto sonolento do outro. Os cabelos estavam mais compridos que o que ele estava acostumado quando estavam no Colégio. Estava mais pras mechas bagunçadas e grandes de quando eram pequenos. Seus olhos chocolate estavam parcialmente abertos, cheios de sono. Erick pode ver a boca vermelha de Henry entreaberta, enquanto ele esfregava os olhos.

“Meu Deus... Que pecado...”, Erick pensou, estagnado, olhando para o melhor amigo.

– Erick... – chamou Henry, a voz já estava mais alerta. – Por que tá me olhando assim?

Erick piscou umas duas vezes, ainda encarando aquele rosto lindo tão perto do seu. Ele sorriu.

– Nada... Só fico feliz em ficar olhando para você. – respondeu Erick, vendo o sorriso envergonhado tomar os lábios de Henry.

– Odeio você! Sabe me deixar com vergonha tão fácil – ele disse escondendo o rosto nas mãos, voltando a deitar de costas para o colchão.

Foi naquele momento que Erick percebeu que estava apenas de cueca debaixo das cobertas. Mas, não se importando muito com o fato, ele levantou o tronco, inclinando-o sobre Henry. Apoiou a cabeça em uma das mãos e com a outra tirou as mãos de Henry do rosto.

– E você fica lindo envergonhado. – devolveu Erick, o sorriso brincalhão tomando seu rosto.

– Eu vou bater em você, Erick Moreira! – exclamou Henry.

– Vem então. – provocou Erick, ainda sorrindo.

– Ah, você não fez isso. – disse Henry com um ar verdadeiramente ofendido.

Erick soltou uma risada, pois sabia perfeitamente que o outro não gostava de ser desafiado daquela forma. Ele sabia, também, como provocar ainda mais.

– Duvido que tenha coragem

Não demorou muito para Henry estar em cima de si, lhe socando de maneira moderada. Foi assim que soube que Henry também estava usando apenas uma cueca branca. Erick sabia que Henry, mesmo com aquele tamanho, podia tirar sangue de si, então soube que o outro não estava com tanta raiva.

– Você é um idiota! – ele dizia, enquanto lhe socava.

Então Erick segurou os pulsos de Henry e o girou, ficando por cima dele, prendendo suas mãos acima da cabeça. Ele sorriu com a carinha emburrada de Henry. “Meu Deus, como consegue ser tão lindo?”, pensou.

– Sai de cima de mim, Erick! – exclamou Henry.

– Me obrigue – retrucou Erick.

– Você vai se ver comigo!

– Ah, cala a boca! – Erick disse antes de selar os lábios com os de Henry.

Ele pode sentir a relutância de Henry, mas logo ele cedeu, retribuindo o beijo com a mesma intensidade e desejo que Erick.

O toque de Henry causava arrepios em Erick. Uma sensação de borboletas no estômago lhe atingiu, o coração parecendo inflar de tanta felicidade. Cada toque, cada beijo, cada sorriso e olhar... Tudo aquilo era tão perfeito que Erick não podia desejar por nada mais.

As línguas se entrelaçaram, despertando em Erick aquela sensação gostosa de estar no lugar certo. Com a pessoa certa.

Eles se beijaram, numa intensidade que se tinha apenas quando se dava o primeiro beijo. Com ele, sempre era assim e sempre seria assim. O primeiro.

Erick soltou as mãos de Henry para segurar o rosto do outro, aprofundando ainda mais o beijo. Henry, por sua vez, levou as mãos aos cachos rebeldes de Erick, acariciando a nuca e puxando-os de vez em quando.

Aproveitando a distração de Erick, Henry inverteu as posições novamente, ficando por cima e não deixando o outro fazer o que queria. Erick sorriu contra os lábios de Henry, não se importando quem estava por cima ou por baixo. O que importava realmente era que estavam juntos.

– Agora você vai me pagar – sussurrou Henry, separando as bocas minimamente e olhando para os olhos de Erick, sorrindo maliciosamente.

Erick engoliu em seco, pois sabia o que viria a seguir. Henry sempre fazia aquela expressão quando estava prestes a “puni-lo” por alguma coisa. Ele tinha que confessar que era a melhor punição que poderia receber.

Henry começou pelo pescoço, beijando a pele branca ali com vontade, mordendo e chupando. Não passou muito tempo ali, foi descendo e descendo, passando por seu peito e barriga até chegar à virilha. Ele parecia estar com pressa e Erick também não estava muito bem para esperar um pouco mais. A cada mordida e lambida que Henry lhe dava, era um arfar que saia de sua boca. Todas aquelas sensações já foram sentidas mil vezes por ele, mas parecia sempre que era a primeira vez.

– Parece que alguém tá com probleminhas aqui. – disse Henry malvado, agora sentado sobre as pernas de Erick e com o tronco erguido.

Ele passou o dedo no elástico da cueca de Erick, provocando-o ao puxá-la e soltá-la algumas vezes. Erick não disse nada, apenas ficou encarando aqueles olhos maliciosos enquanto tentava respirar de forma normal.

– Você tem sorte que eu não to com paciência pra te provocar.

Então tirou a cueca de Erick rapidamente, este não sabendo exatamente o que aconteceu, apenas que estava nu e excitado, ansiando por algum toque de Henry. O outro tocou o pau de Erick com um tanto de brutalidade, mas não a ponto de machucá-lo e começou a fazer movimentos de vai e vem enquanto encarava o rosto de Erick.

Ele já havia desistido de tentar manter a respiração controlada. Havia desistido de tentar resistir a Henry. Havia desistido de ter um pensamento além de “Que desgraça linda pra caralho”. Havia desistido de tudo e se entregado a Henry. Pois era pra isso que Erick servia, para se entregar a Henry de todas as formas que ele podia e queria.

Erick não controlava suas reações diante das ações de Henry. Tinha intimidade o suficiente para aquilo, não precisavam se esconder atrás de uma máscara. Ele não precisava se esconder atrás da sua máscara de cara machão e durão. Com Henry, ele podia gemer diante de uma simples punheta o tanto que queria. Podia fazer suas caras involuntárias de prazer que o outro tanto amava.

– Você fica tão lindinho sentindo prazer – riu Henry. Dava pra ver claramente que ele estava se divertindo com aquilo.

– Cala... A boca... – Erick falou com dificuldade.

– Não me manda calar a boca, gracinha. Quem tá com o teu pau na mão sou eu. – provocou Henry e passou o dedão na glande de Erick, que não conteve o gemido alto que saiu de sua boca. – Isso, mexe com fogo, mexe.

Erick suspirou. Aquele homem ainda ia matá-lo algum dia. Ele ficou calado e, pelo visto, Henry interpretou aquilo como mais um ato de provocação, pois rapidamente se inclinou e...

O som do despertador soou alto pelo quarto, fazendo Erick acordar assustado.

Ele estava ofegante e respirando pesado. Não precisava ver pra saber também que estava tendo uma ereção e infelizmente não era daquelas matinais.

– Eu odeio minha mente. – ele resmungou, ainda deitado na cama.

Ainda teimava em colocar o celular pra despertar num horário aleatório, para poder acordar cedo e regular seu sono. Mas claramente não adiantava, pois ele apenas desligava o despertador e voltava a dormir. Porém, naquele dia foi diferente.

Não era a primeira e nem seria a última vez que tivera sonhos eróticos com Henry. Eles não eram tão frequentes quando era mais novo, mesmo que já os tivesse. Mas de uns tempos para cá, pareciam vir com maior frequência. Ele achava que era algo normal, afinal, eles tinham uma ligação muito forte naquela época, mas Erick não entendia o porquê de ser Henry.

Ele tinha que admitir que aquele sonhos eram bons e que ele gostava... Porém gostava só quando estava vivenciando aquilo, pois quando acordava, era um inferno. Erick nunca fora do tipo que gostava de bater punheta. Não via graça em nenhum tipo de pornô, não ficava nem um pouco excitado e muito menos se via fazendo aquele tipo de coisa com outras pessoas. Era algo que ele simplesmente não ligava e fazia apenas por necessidades fisiológicas. Infelizmente, homens precisavam se aliviar, sendo à base do sexo ou da punheta mesmo.

– Eu odeio meu corpo também...

Lembrou-se que, a ultima vez que fizera aquilo, foi há 3 meses. Fazia um tempo considerável e percebeu que já era a hora de fazer de novo pela frequência desnecessária que ficava excitado durante o sono.

Meio contrariado, Erick levou a mão ao seu próprio pau, fazendo os movimentos de vai e vem de maneira rápida para que pudesse acabar logo. Os mesmos movimentos que Henry fazia segundos atrás. Erick parou...

Henry...

Ainda com a mão lá, ele começou a fazer os movimentos mais lentos, da mesma forma que Henry fez em seus sonhos. Fechou os olhos, imaginando o garoto em cima de si, aquele sorriso malicioso e dominador no rosto.

Erick soltou um gemido baixo ao imaginar aquilo.

A imagem de Henry não saia de sua mente e, por mais que ele tentasse reprimir aquilo, ele sabia que não sairia até terminar o serviço. Até porque não era a primeira vez que aquilo acontecia, que precisava da imagem de Henry para que o serviço ficasse mais prazeroso e não desconfortável.

Então imaginou a continuação do sonho, Henry inclinando-se e colocando a boca em sua glande, beijando e chupando com uma habilidade que só ele tinha.

– Henry... – Erick gemeu um pouco mais alto.

Os movimentos de sua mão foram aumentando à medida que ele imaginava Henry indo mais rápido e mais fundo, a boca molhada percorrendo toda a extensão de seu membro. Foi indo mais rápido à medida que Henry ia mais fundo em sua mente. Então não demorou muito para que, com um gemido mais alto, Erick gozasse na própria mão, sujando sua barriga e um pouco do lençol.

Tirou a mão melada de seu pau, a respiração ofegante por conta do orgasmo. Ele respirou fundo, fechando os olhos com mais força e abrindo-os logo em seguida, para bufar um pouco irritado.

– Eu odeio minha vida.

[…]

Henry não esperava ter que acordar tão cedo para iniciar as séries de treinamento.

Acordaram todos os meninos às 7 horas da manhã e, depois de todo um ritual de trocar de roupa e ir comer, eles estavam na academia, com os profissionais da área os avaliando fisicamente para poderem lhes passar o treino de musculação.

Henry suspirou com aquilo. Desde sempre não era fã de praticar esportes ou se movimentar. Encontrou seu amor pelo vôlei, mas mesmo assim as outras coisas ainda eram um pouco chatas pra ele, principalmente quando se tratava de musculação.

Nesse meio tempo, pode conhecer alguns dos seus companheiros de equipe... E olha, Henry tinha que dizer que o time deles estava de parabéns. Cada cara gato ou gostoso que tinha lá, que ele não conseguia tirar os olhos de algumas bundas e costas enquanto eles malhavam em aparelhos próximos ao que ele estava.

Inclusive, Henry não deixou de perceber que Danilo tinha as costas do jeitinho que ele gostava de apertar e arranhar. Assim como Gabriel tinha aquela bunda redondinha e os músculos do braço definidos, e, além disso tudo, o cabelo amarrado em um coque meio desarrumado dava um ar sexy para o capitão.

– Ei, você me ouviu? – a voz de Chris lhe tirou dos devaneios sobre a bunda de Gabriel.

– Oi, desculpa – ele disse virando o rosto para o central, que franziu o cenho.

– Você tava encarando a bunda daquele garoto?

Henry não pensou muito antes de soltar um:

– O que posso fazer? O cara é um sapão – ele deu de ombros, arrependendo-se quase que imediatamente das palavras. A cara que Chris fez não foi nada agradável.

– Eu... – começou Chris, mas depois franziu ainda mais o cenho e se afastou um pouco de Henry – Eu não vou falar nada.

– Oras! Até parece que você também não fica olhando – resmungou Henry.

Chris fez uma cara de ofendido. Juntou ar e abriu a boca para falar, o dedo levantado. Mas então pareceu pensar melhor e simplesmente balançou a cabeça na direção de Henry, se virando logo em seguida e saindo de perto.

Henry franziu o cenho, não entendendo muito bem a atitude de Chris. Poderia ser ciúmes, mas geralmente o outro começava a falar. E muito. Não descartou a ideia, mas também não foi procurar saber a respeito, pois estavam quase na hora do almoço.

Voltaram pros quartos, tomaram um banho e depois almoçaram, tendo o tempo livre até 16h para estarem em uma das quadras para a próxima etapa do treino. Nesse meio tempo, acabaram ficando sempre perto de Danilo e Gabriel, então Henry não teve as chances de falar com Chris, que estava um pouco estranho com ele.

Porém, quando voltaram do delicioso almoço, Henry viu a movimentação de Danilo pegando objetos necessários para passar um tempo na praia. Pensou que seria a oportunidade perfeita de conversar com o garoto a respeito de Erick.

Já Gabriel havia trocado a camisa de mangas da seleção por uma regata azul marinha, dando a Henry a perfeita visão de seu corpo magro, porém definido. Se seu celular não tivesse vibrado com uma mensagem no WhatsApp, Henry provavelmente ficaria o dia inteiro secando o corpo de Gabriel. Tinha que evitar isso, já que não sabia da posição do capitão a respeito do mundo LGBT.

– O que você vai fazer? – perguntou Chris depois de um tempo, quando Gabriel saiu com o celular numa braçadeira e tênis e Danilo saia com uma sacola e toalha em mãos.

– Eu vou dormir um pouco – disse Henry automaticamente, indo pra cama de cima com o celular em mãos, vendo a mensagem de Marge.

– Vou também. – respondeu Chris, deitando-se na cama debaixo da de Henry.

Ele sabia que Chris iria para onde ele fosse, então, se ficasse ali, poderia driblá-lo quando ele caísse no sono. Lógico que não ia deixar sua missão de tirar informações a respeito de Erick para trás. Henry ficou acordado, conversando com Marge, que estava surtando por ter conhecido uma garota “muito linda e gostosa”, nas palavras dela.

Ativa Do Henry: Henry, tu n tá entendendo! Ela é maravilhosa!

Passivo Da Marge: KKKKKKKKK Só trabalho com fotos

Ativa Do Henry: Ah, vsf! Eu só sei o nome dela... Queria saber ao menos o sobrenome pra stalkear no face

Passivo Da Marge: Terei que usar meus serviços de agente do FBI? UHSAUHSA

Ativa Do Henry: Mas é um homão da porra mesmo! O nome dela é Danielle

Passivo Da Marge: Eu vou ver o que faço por você UHSAUHSA

Ativa Do Henry: Vou te amar pra sempre

Passivo Da Marge: Já me ama demais, n preciso disso

Ativa Do Henry: Vsf...

Ativa Do Henry: Ela é branquinha, cabelo escuraço e liso e acho que os olhos dela são mel ou algo do tipo, não consegui identificar a cor... Ah, e ela faz fisioterapia, só não sei em qual universidade.

Passivo Da Marge: Vou ver o q faço por ti

Ativa Do Henry: Mds Henry, eu to apaixonada!

Passivo Da Marge: ATA...

Passivo Da Marge:E a Ray?

Então Marge parou de responder. Ela sempre ficava assim quando o assunto era Rayssa. Lógico, Henry sabia que Marge tinha uns sentimentos meio loucos pela melhor amiga, mas ela sempre foi uma incógnita.

Ativa Do Henry: Já superei. Vida que segue.

Henry soltou um suspiro e disse que iria ver o que conseguia achar a respeito daquela Danielle. Ele tinha que mudar de assunto, pois não gostava de ver a amiga respondendo de modo seco.

Então foi pro Facebook, jogando o nome da garota lá. Viu vários perfis, descartando todas as loiras, de cabelo castanho claro, ruivo e as que não moravam em Belo Horizonte ou em Minas. Passou uns bons 30 minutos procurando, mandando fotos de garotas que batia com a descrição de Marge, mas ela sempre negava.

Isso deu tempo para Henry escutar a respiração pesada e regular de Chris, denunciando que o garoto estava dormindo profundamente. Então aproveitou a deixa para trocar de roupa rapidamente e sair do quarto de fininho, indo em direção à praia.

Quando saia do prédio, percebeu que Chris nem tentara falar uma palavra consigo. Estava tão distraído com Marge que nem percebeu aquele fato até então. Soltou um suspiro. Teria mais uma longa e chata conversa com o amante.

No caminho, sua atenção voltou para o Facebook. Estava andando um pouco a deriva, já que não sabia onde era a praia, mas não se importou muito, pois teve sucesso ao mandar a foto de uma menina realmente muito bonita, com óculos escuros e um sorriso fofo, porém malicioso no rosto.

Danielle Hamze”

UFMG – Fisioterapia”

Belo Horizontina, 23 anos”

Esteve em Arsenal Esporte Clube”

Todos aqueles dados levaram Henry a ter praticamente certeza que era a garota da qual Marge falava e, assim que entrou no álbum de fotos e mandou algumas para a melhor amiga, esta confirmou com alegria que Henry tinha concluído sua missão com sucesso. Ele sorriu para o celular. Ficava feliz quando conseguia achar uma pessoa sabendo tão pouco.

Só estranhou um pouco nunca ter visto aquela garota no Arsenal, já que, segundo Marge, ela trabalhava lá como fisioterapeuta, ou pelo menos estagiária.

Ativa Do Henry: Eu tenho um face para stalkear. Te como, beijos <3

Passivo Da Marge: Eu sei que sou dms, não precisa agradecer! Te dou, beijos :*

Ele sempre ria com o modo como demonstravam o amor um pelo o outro. “Talvez o ‘eu te como’ e ‘eu te dou’ sejam o nosso eu te amo” dissera Marge um tempo atrás, naquela febre louca de A Culpa É das Estrelas e assim ficou. Henry gostava disso, era sempre bom ter alguém para ser idiota com você.

Depois disso, resolveu perguntar para alguém que passava onde ficava a praia e logo se encaminhou para lá, demorando uns 10 minutos para achar a cabeleira loira de Danilo, sentado na areia. Foi chegando mais perto, vendo que os cabelos do outro estavam molhados, jogados para trás e algumas gotas de água desciam por suas costas.

– Ah! Oi – exclamou Henry, fingido ter se encontrado com ele por mera coincidência.

Danilo virou a cabeça na direção de Henry, colocando a mão sobre os olhos para poder tapar o sol e conseguir ver quem era. A expressão que ele fez, definitivamente, não foi a melhor.

– Oi – retribuiu, sem dizer mais nada.

– Tudo bem? – Henry tentou puxar assunto. Danilo deu de ombros.

– Indo na medida do possível.

– Ah, sim... Claro... – disse Henry sem graça.

Então um silêncio super desconfortável caiu sobre os dois, ambos olhando para as ondas que quebravam na areia mais adiante. Henry sempre foi péssimo em puxar assunto com as pessoas e obviamente não seria diferente naquele momento, ainda mais que ele tinha segundas intenções ao conversar com Danilo.

– Seleção brasileira, hein? Ficou animado quando foi escalado? – perguntou Henry depois de um tempo. Danilo deu de ombros.

– Ah, pra mim tanto faz, tanto fez.

Henry queria perguntar por que, diante de uma oportunidade maravilhosa daquelas, Danilo tratava como se fosse algo irrelevante, algo que não acrescentasse em nada sua vida no voleibol. Porém, diante das respostas curtas dele, Henry soube que o outro não estava para conversa.

Mesmo assim, foi teimoso o suficiente para tentar mais uma vez.

– Você joga em qual posição mesmo?

Danilo virou-se para Henry, uma expressão divertida tomou conta do seu rosto.

– A mesma que o seu namorado.

Henry franziu o cenho, não entendendo de imediato o que Danilo falou. Demorou uns segundos para a ficha finalmente cair.

– Ele não é meu namorado. – respondeu Henry com firmeza.

Agora Danilo tinha se virado completamente para ele, ainda sentado na toalha, e lançou um sorriso levemente maldoso ao outro.

– Não foi o que pareceu... Tanto nos Jogos quanto na porta do quarto mais cedo – Danilo deu de ombros.

– Nós só ficamos e... – Henry bufou – Não tem nada sério rolando entre a gente.

– E ele sabe disso? – perguntou, com uma sobrancelha loira arqueada.

Henry parou uns segundos para pensar a respeito. Às vezes, só às vezes, suspeitava que Chris estava levando o relacionamento deles a sério demais. Não estavam. Definitivamente não. Nenhum dos dois fez um pedido concreto, ele não podia tirar conclusões precipitadas. Henry só não falava das outras pessoas que ficava para não deixá-lo com ciúmes, apenas por causa disso. Não estavam em um relacionamento sério e ponto.

– Bom, isso não me importa – disse Danilo depois de um tempo. Foi aí que Henry percebeu que demorou demais para formular uma resposta cabível. – Como disse antes, não somos amigos.

– Tem razão, não somos amigos. – disse Henry, retomando a compostura – Mas não acha um pouco injusto da sua parte me odiar por algo que você não sabe? Ou melhor, por algo que nem eu sei?

Aquilo pareceu tomar a atenção de Danilo, pois ele ficou calado alguns segundos, analisando Henry de cima a baixo. Era estranho conversar com um cara com quase 2 metros de altura e olhá-lo de cima, já que Danilo ainda estava sentado. Porém, aquela sensação não durou muito, pois o garoto levantou-se, ficando de frente para Henry, com os braços fortes cruzados em seu peito.

– Então tá. Vamos, me conte a sua versão da história.

As coisas não estavam se encaminhando do jeito que Henry esperava, mas não podia ser direto do jeito que queria. Tentaria dar um jeito de Danilo revelar alguma coisa, qualquer coisa, que o fizesse saber mais a respeito do melhor amigo.

– Basicamente fomos separados durante um ano. Conversávamos sempre que podíamos e depois nos encontramos nos Jogos lá em BH no ano seguinte. Estávamos super de boas, conversando e tudo o mais. Então eu fui ao banheiro e quando voltei, ele tinha simplesmente sumido. Nem nos despedimos, ele foi embora sem dar o mínimo de satisfação. Mandei mensagens, liguei e ele sempre me ignorava. Ou quando respondia, eram respostas curtas. Eu perguntava o que estava acontecendo e ele dizia que não era nada, que estava cansado ou com problemas no colégio. Eu sempre tentava puxar conversa, mas ele nunca dava continuação. Não desisti, mas as coisas no Colégio foram ficando mais tensas e acabamos nos afastando ainda mais. Eu tentei ligar mais algumas vezes, nas férias, mas dizia que o número não existia. Ele simplesmente se afastou sem falar nada, dar nem uma explicação. Eu tentei. Corri atrás. Não desisti do meu melhor amigo. Mas pelo visto não foi o suficiente, ele já tinha desistido de mim.

Ficaram em silêncio por alguns segundos, Danilo parecendo absorver a história que Henry tinha acabado de contar. Henry estava ofegante ao metralhar aquelas palavras, as coisas que sentia naquela época vindo à tona. Apertou a mão em punho, começando a girar o aro de seu anel para tentar se acalmar.

– E onde entra a parte que você ficou com um garoto naquela festa?

Henry franziu o cenho, surpreso.

– E desde quando isso é relevante em algum nível? – perguntou ele rapidamente, não entendendo como Danilo sabia daquilo.

Foi a vez de Danilo franzir o cenho surpreso. A expressão do central era tão dura que não dava para identificar o que ele estava sentindo naquele momento. Seus olhos não expressavam muita coisa, ao passo que a cara fechada não ajudava nem um pouco na situação também.

– Erick sabia que você também ficava com caras? – perguntou Danilo depois de um tempo.

– Mais uma vez: como isso é relevante para o fato de Erick ter simplesmente me afastado?

Danilo pareceu pensar um pouco, mas Henry não sabia se ele estava em conflito sobre explanar algo ou se estava realmente confuso com aquela situação toda.

– Isso só teria relevância se ele fosse um preconceituoso de merda, o que eu duvido muito, já que, pelo menor, a mãe dele nunca foi. Ele jogou isso pra cima de mim nos Jogos em Resende, dizendo umas merdas preconceituosas. Mas eu não acreditei. Claro que não. Eu conheço Erick o suficiente para saber que ele não ligaria para isso. – sua última frase não soou tão confiante quanto queria.

Ele queria muito acreditar que Erick não era um preconceituoso. Porém, diante de tantas mudanças e também sendo elas tão repentinas, Henry não sabia mais de nada. Não sabia mais em que acreditar. Mas é claro que ele não precisava demonstrar aquela insegurança para Danilo.

Danilo ficou calado, analisando o rosto de Henry com aqueles olhos claros como gelo.

– Olha, cara... Eu sei que você não gosta de mim e essas coisas. Mas, no momento, você é a única pessoa que pode me dar algum tipo de luz a respeito de toda essa situação. Erick é meu melhor amigo e eu o amo demais para desistir tão facilmente dele. Eu vou entender se ele não quiser mais olhar para a minha cara, mas eu preciso saber pelo menos o motivo disso tudo. Então, por favor, me ajuda a entender o que diabos está acontecendo.

– Eu... – começou Danilo, ainda parecendo um pouco confuso – Eu não sou a melhor pessoa para dizer isso a você.

– Me diga qualquer coisa, Danilo! Qualquer coisa! – Henry disse quase desesperado, agarrando os braços de Danilo no processo.

Ele arregalou os olhos com a atitude de Henry e este achou que iria ser empurrado com violência, mas não foi. Danilo apenas encarou Henry com mais afinco, provavelmente num conflito mental sobre dizer alguma coisa ou não. Também não fez nada para tirar as mãos de Henry de seus braços.

Henry sentiu o coração acelerar quando Danilo abriu a boca para pronunciar alguma coisa, mas foi rapidamente interrompido por uma voz familiar um pouco distante.

– Ei, Henry! O que você tá fazendo aí?! – Chris vinha na direção deles.

Num impulso, Henry soltou os braços de Danilo, virando-se para Chris. Tentou colocar sua melhor máscara de que estava tudo bem, mas não sabia se funcionaria naquele momento. Estava verdadeiramente atordoado com aquela situação.

– Nós... Só estávamos conversando, Chris – Henry lançou um olhar para Danilo e sorriu para o amante logo em seguida.

Chris olhou desconfiado, tanto para ele quanto para Danilo, a expressão de poucos amigos, provavelmente por conta da cena hoje mais cedo. Depois de analisar um pouco Danilo, Chris voltou seu olhar para Henry a sua frente.

– Eu estava te procurando. Você não atendia o celular. O treino começa daqui a pouco.

– Ah, sim... Claro! Deve ter acabado a bateria. Desculpa. – disse Henry com pressa e se adiantando na direção de Chris – Vamos então, não queremos chegar atrasados no treino, né?

– Eu vou com vocês. – Danilo disse calmamente, pegando suas coisas e caminhando ao lado dos outros dois.

Um silêncio desconfortável e constrangedor abateu o trio. Henry estava nervoso, não querendo que Chris descobrisse sobre o que ele e Danilo estavam falando. Já Chris mandava olhares ameaçadores na direção do outro central, que parecia tentar manter-se alheio aquela situação toda.

Nenhum dos três pronunciou uma palavra até o quarto deles. Ao chegarem lá, deram de cara com Gabriel trocando de roupa.

– E aí? – saudou Danilo, quebrando o silêncio.

– E aí? – respondeu Gabriel, não falando mais depois.

Novamente o silêncio se instalou, mas não tinha mais o clima tenso de anteriormente. Gabriel parecia do tipo ranzinza e que não falava muito, então Henry evitou se dirigir muito ao capitão. Já iam interagir o suficiente durante os treinos.

Ele foi o primeiro a sair, amarrando os cabelos negros em um rabo de cavalo. Danilo foi logo em seguida, dizendo um “nos vemos daqui a pouco”, deixando Chris e Henry sozinhos. Não deu nem cinco segundos desde que Danilo saiu, Chris se postou ao lado de Henry, o encarando com uma expressão não muito boa.

– O que estava acontecendo na praia? – perguntou sem rodeios. – Você e aquele garoto... Estavam próximos demais.

– Nós só estávamos conversando, Chris. – disse Henry tentando manter a calma, enquanto colocava a camisa azul de treino.

– Você não gosta que as pessoas te toquem enquanto estão conversando com você – acusou Chris – E você nunca faz o mesmo.

– Eu só segurei os braços deles, o que tem demais nisso, meu Deus? – perguntou Henry, incrédulo com o nível de ciúmes de Chris.

– Uai, primeiro você fica secando ele aqui no quarto e depois na academia. Agora eu vejo vocês dois na maior intimidade, cheios de toques. O que você quer que eu pense? – argumentou.

– Primeiro, que ele tem namorada, ou namorado. Não sei, não importa. Segundo...

– Como você sabe que ele é compromissado? Você perguntou?

– Meu Deus! Você não reparou na aliança de todo o tamanho no dedo dele?

– Quer dizer que você estava olhando para conferir se ele tinha alguém?

– Meu Deus, Chris! Não! Claro que não! É impossível não ver aquela coisa brilhando no dedo dele – exclamou Henry, já ficando irritado com a atitude do outro. Henry nunca suportou ciúmes, ainda mais exagerado daquele jeito.

– O que estavam conversando então?

– Não quero falar sobre isso. – disse Henry juntando suas coisas para poder sair do quarto.

– Então você estava dando em cima dele. – concluiu Chris.

Henry virou-se rapidamente.

– Como é? O que você acha que eu sou? Eu não dou em cima de gente compromissada.

– Diz a pessoa que pegou cara casado... – divagou Chris como quem não quer nada.

– Eu não sabia! Ele não tinha aliança! Não disse que era casado e tinha filhos! Não tava escrito na testa dele isso! – Henry se descontrolou, gritou com o amante.

Então os dois ficaram em silêncio, se encarando como se não houvesse amanhã. Chris conseguia ser irritante. Conseguia deixar Henry irritado de uma forma que ele não sabia que era possível. Aquilo tudo era ridículo.

– Eu posso ser a piranha que for. – começou Henry, um pouquinho mais recomposto. – A vadia que for. Mas eu não suporto a ideia de traição. Tanto de trair, de ser traído ou de ser o motivo de traição. Então, se isso aconteceu, é porque o caráter da pessoa não era bom o suficiente e não o meu.

Finalizou o discurso saindo do quarto, batendo a porta ao sair.

Naquele momento, tudo o que mais precisava era de algo para extravasar a raiva.

[…]

Mesmo precisando extravasar um pouco a raiva, Henry conteve-se para não atrapalhar seu desempenho. O técnico Sérgio foi bem claro ao dizer que o desempenho deles nos treinos que iria selecionar os titulares, pelo menos pros primeiros jogos. Ele queria ser o líbero titular, sem sombra de dúvidas. Não sabia muito bem como o seu “adversário” jogava, mas sabia que o são paulino não tinha uma cara muito agradável. Além disso, era consideravelmente maior que Henry, dando-o, talvez, uma vantagem.

Sérgio apresentou Gabriel como o capitão, para os integrantes que não o conheciam e Henry se surpreendeu com o modo calmo, porém firme que ele incentivava o time a dar o melhor de si. A princípio, Henry não achou que ele fosse um bom capitão, mas vê-lo falando com a voz grave e confiante fez com que ele mudasse totalmente de ideia.

Então começaram o treino, primeiro correndo ao redor da quadra para aquecer. Depois pegaram as bolas e começaram a fazer vários exercícios de aquecimento também, Henry notando que Chris parecia lhe evitar, ao passo que pegava Danilo o olhando várias vezes.

Ele decidiu que não iria se importar com aquilo, pois Chris estava começando a querer passar dos limites com aquela palhaçada desnecessária. Já Danilo... Parecia que ele estava a todo momento analisando Henry de alguma forma e aquilo estava começando a deixá-lo desconfortável.

O treino foi se passando. Nunca tinha encarado algo tão pesado até aquele momento. Não tinha dado nem uma hora de treino e seus joelhos já estavam pedindo arrego de tanto ficarem semiflexionados. As boladas que havia levado eram mais fortes do que de costume, mas mesmo assim não deixou de entrar na frente delas nenhuma vez, no intuito de pegá-las.

Passada a primeira hora, eles fizeram uma pausa de 5 minutos para recuperar um pouco das energias.

– Alguém pega minha alma, acho que ela ficou na quadra – resmungou Fillip, um dos pontas do time, estirado no chão.

– Peguem a minha também, deve estar do lado da dele – anunciou Yago, também ponteiro.

– Sem moleza, pessoal. O treino ainda não acabou – disse Gabriel com a voz autoritária.

Ele era o único que estava em pé, mantendo a pose de capitão machão que ele tinha que passar. Mas dava para perceber claramente que ele estava tão cansado quanto os outros. Alguns fios do cabelo negro tinha se soltado do prendedor, grudando em seu rosto suado. Henry observou discretamente o garoto tirar o elástico do cabelo, colocando-o na boca e ajeitando os fios, para prendê-lo novamente.

Henry sempre teve uma queda por caras com cabelo comprido, então admirar Gabriel naquele ritual de prender o cabelo era uma das coisas mais sexys que Henry já vira. Se sentir atraído pelo capitão não era nem um pouco difícil, então ele teria que conter seus olhares nada santinhos para cima do outro.

Foram todos tomar suas águas antes de voltarem ao treino pesado, Chris parando ao lado de Henry, ignorando-o completamente.

– Vai ficar nisso mesmo? – perguntou Henry depois de um tempo, limpando o suor da testa.

– Ficar com o que? – rebateu Chris, ainda sem o olhar.

Henry revirou os olhos e tentou não bufar.

– Você sabe muito bem.

– Vai ter que me lembrar.

Henry encarou o outro por alguns segundos, não acreditando que aquilo ficaria assim.

– Então tá. – respondeu simplesmente e saiu de perto de Chris, não recebendo nem um olhar de volta.

Okay, talvez tivesse dado alguns motivos para Chris agir daquela forma, mas quando se tratava de Danilo, realmente não era nada. Poderia admirar a beleza do outro, mas era apenas isso. Henry não sabia o que passava na cabeça de Chris ao achar que ele se atracaria com o primeiro rostinho bonito que aparecesse em sua frente.

“Talvez seja assim mesmo”, pensou Henry, “Mas apenas em festas e não estamos em uma”

Soltou outro suspiro e se encaminhou para perto dos outros jogadores, cruzando os braços e sentindo dois olhares em cima de si. Procurou os donos, identificando logo que um deles era de Danilo. Assim que os olhos dos dois se encontraram, ele pareceu fazer uma pergunta silenciosa.

“Ta tudo bem?”

Henry apenas maneou a cabeça confirmando. Estranhou um pouco o fato de Danilo estar se preocupando, já que ele deixou bem claro que eles não eram amigos e que não gostava dele. Ignorando esse fato tão rápido quanto estranhou, foi a procura do outro par de olhos que o encarava.

Não demorou muito para encontrar olhos castanhos claros o encarando não muito agradavelmente. Logo identificou o cara como Andrade, como era chamado, sendo o outro líbero da seleção. Ficara sabendo que ele sempre fora o titular e, vendo-o treinando, Henry não se surpreendia com o fato. Ele também parecia encarar a coisa com muita competitividade, pois dava para sentir o desgosto em seu olhar.

Ele deveria ter 1,79m, no mínimo, possuindo a pela bronzeada e os cabelos castanhos claros meio bagunçados. Estava com os braços cruzados enquanto olhava para Henry, demostrando sua melhor postura de intimidador. Porém, Henry não se intimidou nem um pouco. Estava bastante acostumado com a competitividade de alguns de seus colegas, tanto do Arsenal quanto do Colégio Militar, mesmo que essa característica não fosse direcionada diretamente para si.

Tentou ignorar o outro, mas sem antes de lhe lançar um olhar ameaçador também. Henry não era muito fã de brigas, mas quando estava estressado, como naquele momento, uma brigazinha verbal (ou visual) não faria mal nenhum. Até porque ele tinha que se impor no time, não é mesmo?

– Se eu fosse você, não me incomodava muito não – uma voz grossa soou atrás de si, fazendo-o levar um leve susto.

Virou-se rapidamente, vendo Gabriel, os olhos levemente divertidos e debochados ao olhar para Andrade.

– Ele é do tipo que ladra mas não morde – comentou o capitão, ajeitando o cabelo. – Ele se acha o melhor líbero do mundo, mas acho que ele pode perder esse posto nessa temporada.

Henry ficou levemente surpreso ao ouvir aquelas palavras. Encarou os olhos castanhos claros do capitão por um segundo. Ele apenas ergueu as sobrancelhas negras com um sorrisinho de canto e saiu de perto de Henry.

Não demorou 2 segundos para uma nova presença aparecer perto dele.

– Espero que esteja se divertindo, Henry – disse Andrade com um leve deboche. – O que Gabriel disse? Que você não é suficiente para a seleção?

Henry soltou uma risada debochada e manteve um sorriso cínico nos lábios. Cruzou os braços e inclinou-se levemente na direção de Andrade, ficando mais perto do outro.

– Acho que isso vamos ver mais tarde – disse simplesmente.

Henry viu a expressão de Andrade se contrair nunca carranca não muito bonita. Ele se afastou um pouco de Henry, semicerrando os olhos ao olhar para o outro líbero. Não teria aquela reação se não fosse pelas palavras levemente encorajadoras de Gabriel. O capitão estava lhe elogiando, aparentemente a seu modo, e Henry não podia ignorar aquilo, já que ele também ajudava na decisão dos titulares do time.

– Vamos ver isso em quadra. – ameaçou Andrade.

O sorriso de escárnio de Henry aumentou ainda mais.

– Ah, pode apostar que vamos.

[…]

Erick estava nervoso.

Por mais que tivesse se preparado psicologicamente para aquilo, ainda era difícil ter que encarar uma situação daquelas, mesmo que já tivesse passado por ela, de certa forma. Mas aquela situação era diferente. Poderia abrir-se completamente, sem o que lhe impedia de falar por conta da escola.

Estava na sala de espera, analisando o ambiente branco e com alguns brinquedos para as crianças quando uma mulher de meia idade e de altura mediana lhe chamou com um sorriso.

– Vamos lá, Erick? – os olhos azulados dela eram acolhedores, os cabelos tingidos de loiro caíam em seus ombros.

O sorriso dela também era muito acolhedor e simpático, então Erick obrigou-se a se acalmar diante da desconhecida. Entraram no consultório, também branco, com os móveis todos em preto, inclusivo o sofá a qual Erick se sentou. Tinha alguns desenhos de algumas crianças colados na parede, dando um ar mais infantil à sala.

– Então, Erick – ela disse, pegando sua prancheta e sentando-se a frente de Erick. – Tudo bem com você?

– Tudo sim e com a senhora?

– Por favor, me chame de Priscilla. E estou ótima, obrigada por perguntar – ela disse, mantendo o sorriso no rosto.

Então ficaram uns segundos em silêncio, antes de Priscilla começar a falar novamente.

– Então, como andam as coisas?

– Vão indo bem... Eu acho... – ele disse franzindo o cenho levemente.

Era sempre assim. Uma dificuldade enorme de se abrir, se expor, ainda mais para uma pessoa desconhecida. Nathália falou que Erick podia confiar plenamente nela, já que ela estava fazendo tratamento com a mesma psicóloga e disse para que o irmão frequentasse também, já que conseguiu superar tudo o que passou por conta da ajuda de Priscilla.

Sua mãe achara uma ótima ideia quando Nathy comentou a respeito. Então estava enviando dinheiro para pagar as consultas de Erick. Ele não tinha gostado muito na situação, uma vez que achava que era besteira uma coisa daquelas e dinheiro jogado fora. Porém, depois de tantas vezes ter acordado gritando, Nathália começou a ficar realmente preocupada. Estava acontecendo com uma frequência maior que ele gostaria. Nathália sofria a mesma coisa, mas depois de ter começado a fazer terapia, as crises tornaram-se bem menos frequentes.

– Acha? Por quê?

– Ah – ele coçou a nuca, sentindo-se um pouco desconfortável – Bem, eu acabei de mudar pra casa da minha irmã e as coisas... Não estão indo muito bem.

– Por quê?

– Assim... – começou, não encarando os olhos azulados da mulher – Eu amo muito a Nathy, de verdade, mas às vezes acho que eu morando com ela... De alguma forma eu acho que estou atrapalhando.

– Você a perturba muito? – perguntou Priscilla, o sorriso ainda no rosto.

Erick soltou uma risadinha.

– Não, mas... – sua expressão logo voltou a ficar meio triste – Sei lá, sinto que minha presença a incomoda.

“Na verdade, tenho certeza”, pensou Erick “Eu não deveria ter acordado Nathy naquele dia”.

– Você já tentou conversar a respeito com ela?

– Não... Eu não tenho coragem para dizer o que eu penso.

– E o que você pensa a respeito disso?

Erick fechou os olhos por alguns segundos, respirando fundo. Priscilla certamente não contaria nada daquilo que estavam conversando para Nathália, assim como, se ele perguntasse algo que Nathy falou, ela não poderia falar. Então ele teria que confiar nela quanto a isso.

– Bom, eu meio que... Sou muito parecido com meu pai e... – ele tentou usar palavras amenas. Mesmo que ela já soubesse o que tinha acontecido, verbalizar aquela situação ainda era muito complicado para Erick. – Ele fez umas coisas muito ruins para ela... Para nós dois...

Priscilla o olhava atentamente, ao passo que Erick tentava evitar seu olhar, mas sentia o da psicóloga grudado em si.

– E teve um dia, que ela acordou gritando e gemendo... Eu fui tentar acordá-la e, quando ela acordou, me olhou com um olhar tão desesperador que eu me senti a pior pessoa do mundo. Ela demorou uns segundos pra perceber que não era ele, mas mesmo assim eu me senti muito mal e fico pensando se minha presença lá não a incomoda por eu ser tão parecido com nosso pai. Eu não quero deixar minha irmã pior... Nós passamos por muita coisa e a última que eu quero é que ela sofra de novo.

Priscilla anotava algumas coisas enquanto Erick falava e quando este finalmente terminou, ela o encarou.

– E como você está se sentindo com tudo isso?

– Mal... Bastante... Às vezes eu também me pego lembrando das coisas horríveis, mas eu não me importo muito com isso, o meu maior problema é se Nathy está bem ou não.

Então continuaram a conversar sobre aquele assunto, Erick começando a sentir-se mais à vontade na presença de Priscilla. Passadas as coisas ruins, Erick relatou com um leve sorriso no rosto como era a relação deles antes de tudo aquilo acontecer. De como Nathy brincava com ele sempre que podia, das brigas idiotas por causa do controle remoto, de como ela ficava com medo e ia se enfiar nas cobertas junto de Erick.

Lembrar-se daquilo tudo lhe deixava com uma sensação quentinha no coração. Era tão bom relembrar aquelas situações, depois de tanto tempo só pensando em coisas ruins e vivendo coisas ruins, tudo o que Erick precisava era viver aqueles momentos novamente em sua mente. Nathália era uma das mulheres mais importantes de sua vida, não podia deixar de ficar feliz por e com ela.

– Bom, Erick, deu nosso tempo – Priscilla disse com ternura – Foi muito bom conversar e conhecê-lo um pouquinho.

– Foi um prazer conhecê-la também – Erick disse, sorrindo também.

Trocaram mais algumas palavras, sobre a próxima consulta, antes de Erick sair pela porta, um pouco aliviado e feliz. Despedindo-se da recepcionista, Erick saiu do prédio, dando de cara com o Corolla preto de Douglas, com Nathy ao volante. Ele entrou rapidamente no carro.

– Como foi a… – começou Nathy, mas foi interrompida por um abraço apertado de Erick.

– Por favor, nunca me deixe – ele murmurou, apertando o corpo da irmã desajeitadamente contra o seu.

– Meu Deus, o que houve, Erick? – ela disse um pouco desesperada, ainda que retribuindo o abraço.

– Só, por favor, não me deixe. – ele repetiu, segurando as lágrimas e escondendo seu rosto na curvatura do pescoço dela, com os cabelos negros e macios lhe roçando a pele.

– Claro que eu nunca vou te deixar, está louco? – ela tentou se desvencilhar dele, mas Erick a apertou ainda mais. – Tá tudo bem, pirralho. Calma, calma.

Aquela sensação quentinha voltou ao seu peito ao ser chamado de pirralho. Fazia muito tempo que não escutava aquele apelidinho vindo de sua irmã. Por mais que ele o detestasse quando era pequeno, naquele momento e naquela situação, parecia a melhor coisa de que Nathy pudesse chamá-lo. O sentimento de nostalgia não iria embora tão cedo.

– Eu te amo, sua chata.

Nathy abriu um sorriso, levando uma das mãos ao cabelo loiro, acariciando os cachos que vinham crescendo cada vez mais.

– Eu também te amo, pirra. Nunca duvide disso.

– Jamais...

 


Notas Finais


Críticas? Comentários? Xingamentos?
Aceitando de tudo.
Vou responder os comentários pendentes em breve. Desculpem-me por isso.
PREVISÃO PARA O PRÓXIMO CAPÍTULO: 24/07
Nos vemos nos comentários!
Ghost Kisses
~Marceline


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