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História Além das Quadras - Duras verdades, doces verdades


Escrita por: MarcelineA

Notas do Autor


Olá amoras! Como estão?
Como prometido, mais um capítulo dessa história que eu estou amando escrever *-*
Obrigada pelos comentários ♥
Sem mais delongas! Espero que gostem do capítulo!
AH, NÃO ODEIEM O ERICK, POR FAVOR! ELE É UM AMORZINHO ♥
Ghost Kisses
~Marceline

Capítulo 4 - Duras verdades, doces verdades


Fanfic / Fanfiction Além das Quadras - Duras verdades, doces verdades

Julho de 2015

Quando mais novo, Henry não era muito fã de festas. Com certeza preferia passar suas noites jogando videogame, mas, com o passar do tempo, começou a apreciar os ambientes festeiros que Chris insistia em levá-lo.

Não gostava quando a festa era lotada e quase não dava para andar, mas, de resto, tudo passou a ser agradável a sua maneira. Gostava do ambiente escuro em que a maioria delas era realizada e também da música alta, a batida em seus ouvidos era aconchegante.

E mesmo que tivesse comparecido a poucas festas do colégio desde que entrara, estava decidido a ir aquela em especial. Claro, veria seu melhor amigo depois de muito tempo, então não podia deixar de se sentir animado quanto a isso. Iria apenas por causa de Erick.

Era o segundo ano do ensino médio. O pai de Erick tinha sido transferido para o Rio de Janeiro quando eles estavam no oitavo ano do fundamental e, desde então, não se viam, só conversavam por telefone ou Skype. Mas não era a mesma coisa, claro. Queria vê-lo pessoalmente, queria abraçá-lo e trocar soquinhos amigáveis como fazia quando eram crianças.

Erick tinha vindo para Belo Horizonte por conta dos Jogos da União daquele ano, os Jogos dos quais participavam apenas os Colégios Militares do Rio, BH e Juiz de Fora. As duas delegações estavam hospedadas no CMBH e, desde que os Jogos começaram, Henry não teve a oportunidade de ver o amigo.

Os Jogos tinham caído justamente na semana em que teriam treino pesado de vôlei no Arsenal Esporte Clube, o clube que frequentava desde o ano anterior e no qual almejava a jogar profissionalmente. Teriam um campeonato dali a alguns dias, então todos os treinos eram importantes.

Erick tinha ficado desapontado por não poder ver o amigo, Henry sentiu isso quando se falaram pelo celular. Henry havia contado por alto sobre a competição sub-17 de que participaria, mas o assunto não rendeu muito. Erick tinha tendência a se esquecer das coisas quando algo o empolgava; e ficou bastante animado quando soube que o amigo provavelmente iria na festa que o CMBH estava organizando para os atletas.

Mal posso esperar para nos encontrarmos – dizia Erick super feliz – Eu quero muito que você conheça meus companheiros de time! Eles são demais e você vai gostar muito deles, tenho certeza.

Henry ficou super feliz com aquilo, pois se lembrava nos primeiros meses separado de Erick. Lembrava do garoto chorando e dizendo que queria voltar para casa, que o lugar dele não era ali. Um conforto sempre abraçava o coração de Henry ao se lembrar daquilo.

Erick tagarelava sobre algumas coisas que aconteciam no CMRJ, dizendo que contaria detalhes a Henry quando se encontrassem. Dizia que não desgrudaria do amigo nem por um segundo

Então a sexta-feira chegou, e, com ela, o tempo frio daquela noite. A festa começaria às 19h. Já eram 19h30 e Henry ainda estava no treino. Conversou com o treinador para sair alguns minutos mais cedo e falou com Chris que se encontrariam na festa mais tarde.

Tinha conhecido Christian no clube, nas férias de dezembro, e depois, em fevereiro, que estava no mesmo colégio que ele, porém uma série a frente. Foi assim que Henry ficou sabendo que o central de quase dois metros era mais novo que ele. O pai de Chris também era militar, e eles tinham sido transferidos de Porto Alegre para Belo Horizonte. Como Chris já estudava em um colégio militar antes da transferência, não precisou passar pela semana de adaptação.

Henry saiu da quadra, pegando sua bicicleta do lado de fora e pedalou para fora do clube. Sua casa era dali a algumas quadras, então sempre ia para o treino a pé ou de bicicleta. O vento frio batia contra seu rosto quente. O suor com o vento frio lhe dava calafrios não ruins, mas sim agradáveis.

Em pouco tempo, chegou ao prédio em que morava. Deixou sua bicicleta no bicicletário do térreo e subiu para seu apartamento pelo elevador. Não tinha ninguém em casa quando chegou. Seus pais tinham levado seus irmãos gêmeos, Júlio e Raquel, para uma festinha de aniversário de um dos coleguinhas da escola. Provavelmente não voltariam antes de Henry sair.

Deixou suas coisas no quarto e tratou de ir para o banheiro. Tomou banho rapidamente, voltando para o quarto quando já eram quase 20h30. Enxugou os cabelos castanhos com a toalha cinza e foi em direção ao armário para pegar suas roupas. Colocou uma cueca boxer azul marinha e tirou uma blusa preta de mangas compridas e gola V do cabide. Pegou também sua jeans de lavagem azul escura e as meias. Passou desodorante e perfume, enquanto vestia as roupas apressado.

Achou que a blusa de manga comprida estava suficiente para aguentar o frio da noite, então calçou seus coturnos pretos e colocou uma touca cinza escura na cabeça. Pousou os óculos de armação preta e grossa na ponte do nariz, pegou sua carteira, celular e chave e saiu do apartamento, indo em direção ao ponto de ônibus do outro lado da rua.

Assim que chegou ao colégio, meia hora depois, viu que o ginásio estava todo iluminado. Entregou o ingresso para um dos alunos responsáveis na portaria e desceu o íngreme morro que dava para o ginásio do colégio. Visualizou várias pessoas conhecidas no caminho, muitas das quais o cumprimentaram com um sorriso ou um aceno de cabeça. Havia várias pessoas desconhecidas também, mas Henry estava procurando um rosto em particular, obviamente.

Mandou uma mensagem para Erick dizendo que já tinha chegado. Não demorou muito para o outro responder que estava dentro do ginásio na arquibancada que dava de frente para a entrada do local. Então Henry desceu a arquibancada perto da entrada e passou pela lateral da quadra, o único acesso para o outro lado do ginásio. Estava digitando uma mensagem quando esbarrou em alguém.

Desculpe – disse Henry, olhando para cima. Não conseguiu ver como a pessoa era direito, já que estava escuro, mas pode vislumbrar um sorriso malicioso no rosto do garoto alto à sua frente quando uma das luzes estroboscópicas passou sobre ele.

Desculpo se souber seu nome – o cara respondeu, inclinando-se para perto de seu ouvido, já que o som estava bem alto.

Henry lhe lançou um sorriso igualmente malicioso e se inclinou para falar também.

Henrique.

Augusto.

Henry sorriu mais uma vez e passou pelo garoto, que claramente lhe olhava com segundas intenções. Depois de tanto sair com Chris e os caras do time, tinha aprendido certas habilidades sobre flertar. Não era muito bom na coisa (preferia que chegassem nele ou ser direto), mas sabia identificar quando alguém estava a fim ou não.

Aquele cara definitivamente estava.

Chegou ao outro lado, a lanterna do celular ligada para poder encontrar Erick. Não demorou muito para sentir seu corpo sendo esmagado contra outro em um abraço apertado e ligeiramente possessivo. Não tinha visto o rosto do amigo, soube quem era apenas pelo toque e o calor familiar.

Henry não pode deixar de notar que estava praticamente sendo engolido pelos braços de do amigo. Quando tinham se separado, Erick não era muito maior que ele; mas agora podia ver que o garoto, com certeza, estava na casa dos 1,80cm de altura (senão mais), enquanto ele mesmo lutava para sair dos 1,62cm.

Eles se separaram depois de longos segundos, e o coração de Henry acelerou quando viu o sorriso enorme que Erick trazia no rosto. A iluminação escassa não o impediu de ver aquele sorriso de que tanto gostava, muito menos de notar o quanto aquele sorriso não mudara depois de anos.

Jamais se esqueceria do momento em que notou os verdadeiros sentimentos que nutria por Erick. Achava que, com a distância, isso se dissiparia aos poucos, até que só sentisse saudade quando o visse novamente. Ledo engano. Parecia que o sentimento adormecido apenas ganhou mais força quando escutou a voz de Erick.

Você não sabe o quanto eu senti sua falta, você não tá medindo! – falou Erick, a animação presente na voz com sotaque carioca – Meu Deus, como você mudou!

Eu faço uma ideia, acredite – disse Henry, sorrindo também. – Vou dar uma de tia, mas, caralho, como você cresceu!

Erick soltou uma risada. Henry não sabia que sentia tanta falta dela até ouvi-la.

Não posso dizer o mesmo.

Não começa! – resmungou Henry e Erick riu mais uma vez.

Vem, vou te apresentar meu time – Erick, animado, pegou Henry pela mão e o puxou em direção a um grupo de garotos que estava próximo.

Erick lhe apresentou os meninos, sendo que no terceiro nome, Henry já tinha esquecido o nome do primeiro, mas não comentou nada, apenas cumprimentou os garotos e saiu para se sentar com o amigo um pouco afastado. Podia ser bom com nomes e fisionomia, mas aquilo era gente demais.

Eu não acreditei que os gêmeos nasceram alguns dias depois de eu ter me mudado! – exclamou Erick – Queria muito conhecê-los!

É só você vir aqui me visitar – disse Henry com quem não quer nada – E não esperar uma viagem da escola pra vir.

Erick fez uma careta.

Eu sei que isso é péssimo, mas realmente não deu... Os treinos e a escola estão me consumindo demais. Quase que eu não venho pros Jogos por causa de nota.

Então engataram em uma conversa sobre escola e vôlei. O som estava bem alto, então os dois tinham que se aproximar sempre que iam falar alguma coisa. A cada vez que Erick se inclinava para falar algo em seu ouvido, Henry estremecia e sentia seu coração acelerando, o hálito quente batendo em seu pescoço e o perfume misturado com o seu cheiro característico não ajudavam no autocontrole. Pouco faltava para ele agarrar Erick pela nuca e lhe tascar um beijo que queria há muito tempo.

Ei! – uma voz alta lhes tirou da bolha particular em que estavam. Era um dos amigos de Erick que viera falar com ele – Nós vamos descer, nos encontramos por aí.

Erick levantou-se para falar alguma coisa com o garoto e Henry aproveitou a oportunidade para checar seu celular. Tinha umas 10 mensagens no grupo do time do colégio, algumas do time do Arsenal e duas de Marge. Leu rapidamente que a garota não iria poder ir à festa, já que estava estudando para o vestibular que faria dali a alguns dias. Respondeu o mais rápido que pode e foi ver as mensagens do time do colégio.

Chris: Onde caralhos vcs tão?

Luiz: Estamos do lado de fora, idiota.

Chris: Deveriam ter avisado antes. Vcs viram o Henry? N encontrei ele aq dentro

Rick: N, eu e o Vini chegamos juntos e n vimos ele

Caio: Deve ter dado uns perdidos com alguma garota

Henry revirou os olhos, mas continuou lendo.

Chris: Vou procurar, se eu n achar encontro vcs ai fora. N saiam dai

Luiz: Ta

Rick: Aproveita e vê se encontra a Eduarda, ela disse que ia no banheiro e ate agr n voltou

Luiz: Deu descarga nela mesma

Caio: Ou deve ter dado uns perdidos com o Henry

Henry fez uma careta e checou a hora das mensagens. Tinham se passado quase 45 minutos desde a última. Ele se espantou, não sabia que tinha ficado tanto tempo assim conversando com Erick.

Começou a digitar uma resposta para seus amigos quando Erick chegou por trás dele.

Quem é Eduarda? – perguntou com um tom falso de malícia. Henry não se assustou com a aparição repentina.

É a capitã do time de vôlei feminino – respondeu Henry, dando de ombros enquanto mandava a mensagem, sendo respondido logo em seguida– Eles acham que a gente se pega de vez em quando.

E se pegam? – Erick perguntou de maneira sugestiva.

Henry franziu o cenho.

Não mesmo – ele disse se levantando – Somos apenas amigos

Amigos com benefícios?

Amigos apenas – disse sério – Vamos, agora é minha vez de te apresentar ao meu time. Bom, pelo menos uma parte dele.

Erick assentiu e deixou que Henry seguisse na frente para mostrar o caminho. Chris dissera que eles estavam na outra arquibancada, na área mais iluminada e perto de uma das portas, então os dois foram pra lá. No caminho, Erick ia falando sobre Nathália, sua irmã, que prestes a se formar na faculdade.

Eles se desviavam de várias pessoas enquanto atravessavam o ginásio, que tinha se transformado em uma pista de dança. Enquanto caminhavam, Henry acenava para algumas pessoas que o cumprimentavam.

Parece que você se virou bem sem mim quanto isso – disse Erick – Você é bem popular.

Henry riu.

Sou apenas conhecido – Henry deu de ombros, não querendo muito entrar no assunto “socializar”.

Algum motivo pra isso? – Erick perguntou divertido.

Henry pensou um pouco.

Talvez meu time tenha derrotado o terceiro ano nas olimpíadas desse ano – disse Henry. No CMBH, dificilmente as séries mais novas conseguiam vencer algum jogo contra as séries mais avançadas, então aquilo era um verdadeiro feito. – E também pode ser porque toco violino na banda.

Você nunca me disse que aprendeu a tocar violino – apontou Erick, tentando não parecer incomodado, mas falhando. A essa altura, já estavam subindo as arquibancadas em direção ao grupo de Henry.

Comecei depois que você foi embora – comentou Henry – Sabe, pra acalmar a ansiedade. – então subitamente parou, com Erick parando também um degrau abaixo dele. – Chegamos.

Meu Deus! Eu te procurei a festa inteira! – disse Chris ao ver Henry, já indo em sua direção – Onde se meteu?

Henry riu e balançou a cabeça para Chris.

Botando a conversa em dia com esse ser humano aqui – Henry apontou para Erick com o dedão – Gente, esse é meu ami...

Uau, o levantador monstro do Rio é seu amigo? – perguntou Vinícius incrédulo.

Henry virou-se para Erick com uma sobrancelha arqueada. O garoto pareceu levemente envergonhado com todo mundo olhando para ele. O time feminino também estava lá e as garotas devoravam Erick com os olhos. Obviamente Henry detestou cada olhar e se segurou para não colocar-se na frente dele, como se assim pudesse barrar os olhares todos.

Se não fosse o seu levantamento, teríamos ganhado – resmungou Chris. Henry logo lembrou-se que o seu central nunca tinha ido muito com a cara de Erick. – Você treina fora?

Ah sim... – disse Erick, sorrindo um pouco convencido – Treinamos desde pequenos.

Treinamos? – perguntou Vinícius.

Sim – respondeu Erick – Henry treinava comigo. Ele era meu atacante.

Henry sentiu uma batida de seu coração falhar quando ouviu as palavras “meu atacante”. Sempre sonhou em ser central de Erick e era assim que sempre treinavam.

Até o dia do acidente.

Você nunca me disse que jogava como atacante! – censurou Christian com o cenho franzido.

Não que fosse fazer diferença – Henry abanou a mão – Não tenho altura para isso.

Ah sim, mas aposto que continua com aquelas bolas espirradas no bloqueio – disse Erick animado. O time de Henry o encarou mais uma vez. Ele simplesmente deu de ombros.

Nunca mais treinei isso – murmurou Henry.

Primeiramente, vai treinar sim. Eu levantarei pra você – sentenciou Rick e voltou seu olhar para Erick com um sorriso – É bom rever você, Erick.

Igualmente, Ricardo – ele respondeu, sorrindo um pouco estranho. Eles tinham estudado juntos nos anos iniciais de Erick no CMBH. Assim como Henry e Erick, Rick tinha entrado para o time de vôlei logo no primeiro ano de colégio.

Henry demorou alguns segundos para notar que o melhor amigo não tinha gostado daquilo. Claro, depois do que aconteceu, Henry nunca mais voltou a atacar e não queria fazer isso sem Erick. Só voltaria a atacar novamente se ele fosse o seu levantador.

Não sirvo para isso – disse Henry, simplesmente.– Meu lugar é na zona de defesa.

Ei, guris – disse Isabel, uma das jogadoras do feminino – Não vamos discutir isso aqui.

É – concordou Eduarda. Pelo visto tinham achado a menina. Ela levantou-se de onde estava, sorriu para Erick e pegou sua mão – Vamos dançar.

Erick pareceu surpreso, mas não disse nada, apenas virou-se para Henry enquanto era puxado por Eduarda. Sua expressão implorava que ele se juntasse ao grupo. Henry não gostou nem um pouco daquilo, mas não podia culpar a amiga quando ele mesmo tinha experimentado dos efeitos de Erick.

Vamos, gente – ele chamou e começou a descer os degraus da arquibancada atrás dos dois.

[...]

Estavam na pista de dança improvisada havia quase 40 minutos. Os meninos já tinham perdido a timidez e alguns dançavam desajeitadamente, enquanto as meninas riam da forma dura como dançavam. Menos Henry. Ele sempre gostou muito de dançar e viviam pedindo a Marge para dançar com ele. Então ele fora o primeiro a se soltar, juntando-se a algumas das meninas.

Porém uma coisa o estava incomodando desde que saíram da arquibancada. Depois de muito treino, conseguia esconder um pouco quando algo lhe inquietava. E não é como se estivesse com raiva de Eduarda ou coisa parecida. Não a culpava por querer dançar colada a Erick. O cara estava lindo, claro que iria chamar a atenção das garotas. Não é como se Henry pudesse fazer muita coisa quanto a isso. Maldito ciúmes de algo que nem era seu.

Entretanto, notou de cara que Erick não estava muito a vontade com aquela situação. Às vezes,inclusive, lançava uns olhares de socorro a Henry, que apenas dava de ombros, continuando a dançar com Isabel e Vitória. Henry rebolava com as duas sem medo de ser feliz, o funk entrando pelos seus ouvidos, dando-o paz interior. Não era fã do gênero, mas não negava que tinha uma batida contagiante.

Em algum momento, seu celular começou a tocar. Henry viu pelo visor que era sua mãe. Sinalizou para o único que estava o olhando, no caso Christian, e saiu de perto da rodinha, indo em direção ao banheiro para atender.

Entrou lá rapidamente e retornou a ligação. Falaram por alguns minutos, ela dizendo que já tinham chegado e perguntando como ele voltaria. Henry respondeu que arrumaria um jeito e que era pra ela não se preocupar.

Okay, só faça silêncio quando chegar. Foi um parto colocar os gêmeos para dormir – ela disse, parecendo cansada – Divirta-se, meu amor, e tome cuidado.

Henry se despediu da mãe e guardou o celular no bolso. Aproveitou que estava lá e foi fazer suas necessidades. Quando saiu da cabine, deu de cara com o garoto em que tinha esbarrado mais cedo. Reconheceu Augusto pelo sorriso e um pouco pelas linhas do rosto. Henry sempre foi bom em guardar fisionomias e nomes.

Ei! – disse Augusto, sorrindo para ele do outro lado do banheiro. Estava sentado em uma espécie de banco que tinha no enorme banheiro, perto da pia – Você é o cara de hoje mais cedo! Henrique, certo?

Henry assentiu, sorrindo também, e foi lavar as mãos. Augusto se levantou, já caminhando para o seu lado.

Você é daqui mesmo? Não te vi em nenhuma competição

Ah, sim – respondeu Henry secando as mãos – Não deu para participar de nenhum jogo.

Você joga? O quê?

Vôlei.

Augusto encarou Henry de cima a baixo, um pouco incrédulo.

Eu sei o que deve estar pensando – Henry apoiou o quadril na pia, de lado, e cruzou os braços, sorrindo – Mas sim, eu jogo. Treino para ser líbero.

Augusto pareceu sem graça.

Faz sentido. Desculpe por parecer presunçoso.

Não se desculpe, estou acostumado – Henry deu de ombros e se desencostou da pia – Bom, eu tenho que ir, estão me esperando.

Posso, ahm, me juntar a você? – perguntou de maneira sugestiva. Henry sorriu assentindo.

Então, juntos, os dois saíram do banheiro conversando. Henry descobriu que Augusto era do Rio e que jogava como pivô no handebol. Quando saíram, tiveram que falar próximo ao ouvido um do outro para se fazerem ouvir sobre a música alta que tocava. Henry decidiu que, se Augusto não tomasse uma decisão logo sobre agarrá-lo ou não, ele mesmo o faria. Estavam chegando perto da rodinha de seus amigos quando Henry se cansou daquele papo e se virou pra o outro.

Eu estou a fim e aparentemente você está a fim. Vamos logo nos pegar ou você vai continuar enrolando?

Uou, eu não esperava por essa – disse Augusto genuinamente surpreso. Henry deu de ombros. – Está bom, então...

Augusto se aproximou com um sorriso, fazendo Henry sorrir também e caminhar o resto da distância entre eles. Enquanto as mãos de Henry se ocuparam com a cintura do outro, as dele envolveram o seu pescoço, abraçando-o, e então os lábios dos dois entraram em contato. Foi de Henry a iniciativa de começarem um beijo de língua. Sem objeções, é claro.

O pivô tinha gosto de coca-cola, o que foi verdadeiramente agradável. E, quanto mais intenso o beijo ficava, mais Henry apertava a cintura dele. Apesar de ser dez centímetros mais baixo, Henry não se sentia desconfortável beijando Augusto, embora fosse como costumava se sentir com a maioria dos caras mais altos. Henry nunca fez exigências quanto à altura, mas de fato achava melhor quando o cara não era tão mais alto, e raramente ficava com garotas mais altas, então estava tudo bem.

Henry nunca se importou em falar com ninguém sobre ficar com garotos. Ficava com garotas também, mas sempre preferiu caras. Aquela atitude provavelmente desencadearia uma fofoca tremenda no dia seguinte, mas ele não se importava de qualquer forma. Seus pais estavam tranquilos quanto a isso (Cassandra até o incentivava), então era só o que ele precisava.

Porém queria contar a Erick. Não somente contar, mas revelar de uma vez por todas o que sentia pelo amigo desde o acidente que os aproximou. Queria revelar aquilo antes de Erick ir embora, porque era importante que fosse pessoalmente. O assunto era delicado demais para ser conversado por telefone ou qualquer coisa do gênero.

Então decidiu, enquanto ainda beijava Augusto, que contaria tudo a Erick.

Henry intensificou ainda mais o beijo. Queria esvaziar a mente antes de contar qualquer coisa e beijar sempre foi um meio de acalmar seus nervos; mas não se preocupou muito com sua ansiedade. Erick sempre o fizera relaxar e, mesmo depois de tanto tempo, tinha certeza de que tudo continuaria a ser como era antes.

Eles se desvencilharam para retomar o ar, sorrindo um para o outro de forma maliciosa.

Eu meio que esperava que você beijava bem, mas isso foi surreal – comentou Augusto no ouvido de Henry, que riu.

Você não viu nada – devolveu Henry.

Augusto arqueou uma das sobrancelhas, a expressão totalmente sugestiva.

A gente pode tentar ir para um lugar mais reservado para você me mostrar o que eu ainda não vi.

Henry fez uma careta.

Eu adoraria, mas tenho algo a fazer.

Algo a ver com Erick Schneider? – perguntou curioso.

Henry o encarou por uns segundos, parecendo ligeiramente perdido.

Vi vocês conversando na arquibancada – explicou Augusto – Não sabia que ele conhecia alguém tão... Uau.

A tensão de Henry se dissipou e ele se permitiu rir.

Amigos de infância – respondeu dando de ombros.

Entendo – concordou Augusto – Beijo de despedida?

Por que não? – sorriu Henry e se aproximou novamente, pegando o outro pela nuca.

Dessa vez, as mãos de Augusto foram para a cintura de Henry, apertando-o com vigor e um pouco de agressividade. As línguas se enrolavam dentro das bocas, cada um explorando o máximo que podia do outro. Henry arranhava a nuca de Augusto, já que não tinha muito cabelo para puxar com os dedos.

Depois de uns minutos na euforia, Henry se afastou de novo.

Agora tenho que ir

Foi muito bom te conhecer – comentou Augusto ainda com as mãos em Henry, que sorriu e lhe deu um selinho.

Igualmente.

Então Henry se afastou, indo em direção à sua rodinha de amigos, que ainda dançavam. Ele passou os olhos pelo grupo, vendo que Erick não estava mais lá.

Cadê Erick? – perguntou Henry para Chris, que estava mais próximo.

Eu não sei. Ele foi atrás de você e não voltou mais

Okay, vou procurá-lo

Tem certeza? Vamos aproveitar a festa

Eu estou aproveitando – respondeu Henry – Não se preocupe comigo. Eu já volto.

Ele saiu de perto dos demais, prestando atenção em tudo para ver se encontrava Erick em algum lugar. Pegou o celular e tentou ligar para ele diversas vezes, mas sempre chamava e ninguém atendia. Estava a quase 20 minutos procurando quando trombou em alguém.

Desculpa – disse Henry, olhando para cima e reconhecendo um dos colegas de Erick – Ei, você é amigo do Erick né? Erick Schneider.

O garoto pareceu um pouco surpreso, mas respondeu que sim.

Onde ele está? Você o viu?

Ele apareceu e disse que não estava se sentindo muito bem, então foi para o alojamento.

Droga”, pensou Henry.

Ele agradeceu e seguiu o caminho de volta até seus amigos, ligando para Erick incessantemente. Sabia que não podia ir até o alojamento, então sua única saída era tentar chamá-lo pelo menos para se despedirem.

Nenhum sinal de vida.

Desde então, a amizade deles, mesmo virtualmente, nunca mais foi a mesma.

 

* * *

Atualmente 20 de julho de 2016

O dia e a hora do primeiro jogo deles tinha chegado e, obviamente, Henry estava em seu momento de prevenção de surto. Estava sentado no banco que tinham colocado perto da quadra. Tinha seus headphones sobre as orelhas tocando alguma música clássica que gostaria de aprender no violino algum dia. Mascava um chiclete de menta e montava e desmontava seu cubo mágico enquanto os outros se preparavam para a partida contra Juiz de Fora.

Henry sempre agradecia por seus amigos lhe darem um espaço antes dos jogos. Fazia muito tempo que não tinha uma crise pré-jogo justamente por conta dessas coisas que o ajudavam a se acalmar. Mantinha-se sempre prevenido para essas situações, então estava tranquilo até. Desde que começara a fazer coisas para distrair o cérebro, tinha crises bem mais espaçadas, o que era bom.

Porém, uma coisa ainda lhe incomodava. Na verdade, várias coisas o estavam incomodando ultimamente, mas ele estava conseguindo ser forte e aguentar a pressão. Mas o fato de Christian dizer que queria conversar era o que mais lhe incomodava no momento. Estava tentando não pensar nisso. Esse tipo de coisa o matava por dentro e Chris sabia disso. Talvez o outro não tenha feito de propósito, mas de qualquer forma, Henry tinha que aguentar até poderem conversar. Ou evitar uma conversa.

Chris tinha se certificado mais cedo se Henry tinha tomado seu calmante antes da partida. Okay, talvez ele tenha perguntado mais de duas vezes se Henry tinha tomado o remédio. Gostava da preocupação, mas às vezes podia ser um pouco exagerada. Um simples “sim” não era suficiente para Christian.

Sentiu um aperto no ombro, fazendo-o sair de seus devaneios. Henry olhou para cima, vendo Vinícius acenando pra ele, sinalizando que o jogo iria começar. Guardou o cubo, tirou os headphones e os guardou junto com o celular em sua bolsa. Cuspiu o chiclete que mastigava e colocou outro na boca. Tinha trocado seus óculos pelas lentes de contato, que agora lhe incomodavam um pouco os olhos, mas nada que o atrapalhasse tanto.

Levantou-se do banco e deu alguns pulinhos, vendo que várias pessoas estavam ali perto para assistir ao jogo, tinham até uma pequena torcida. Henry sorriu minimamente, tentando ao máximo se manter calmo, e se encaminhou para a quadra. Virou-se de costas para os jurados de forma que eles pudessem anotar o seu nome e número que estavam na camisa verde com detalhes vermelhos que usava.

Algumas garotas do time feminino acenaram. Sabendo que era com ele que falavam, acenou de volta e piscou para elas. Algumas outras meninas de outras delegações também estavam lá e Henry tentou não parecer tenso quando viu que elas acenavam e apontavam para ele da mesma forma que as do seu time. Estava acostumado a isso por conta da altura, mas ainda era algo que lhe incomodava um pouco.

Havia alguns garotos lá também e, inconscientemente, Henry procurou Erick com os olhos. E não soube se ficou aliviado ou desapontado quando constatou que o garoto não estava ali. Soltou um suspiro e voltou sua mente para o time agora a sua frente. A primeira coisa que reparou era que eles não tinham um líbero. Dessa forma, o time de Henry sabia que estava um passo a frente só de ter um jogador especializado em defesa.

Rick, que era capitão, tinha ganhado no cara ou coroa e escolhido a metade da quadra de costas para o sol, o que ajudava muito. Em consequência, o outro time ficou com a posse de bola e iria sacar primeiro. O juiz apitou e o jogador de Juiz de Fora se preparou para sacar.

Quatro segundos.

Levou exatos 4 segundos para o cara sacar depois do apito. O saque foi por cima e veio com uma velocidade e forças medianas. Dava para pegar sem muito esforço. Foi um saque parado, a bola girando pelo modo como foi batida. Henry se deslocou para a esquerda ao mesmo tempo em que gritava que a bola era sua. Pegou-a com perfeição, direcionando-a para Rick, que fez um levantamento alto para Chris. Henry prendeu a respiração, pois sabia que o central não gostava de bolas altas. Mesmo assim, ele conseguiu saltar e cravar a bola no chão do time adversário.

– ISSOOOO! – gritaram e se reuniram rapidamente no centro, se cumprimentando com tapinhas pelo corpo.

Henry virou-se para trás, vendo que Rick iria para o saque. “Seis segundos. Uma quicada na a bola em cada mão. Braço direito segurando a bola, ele é canhoto. Respira fundo, joga a bola e bate com bastante força inclinando o corpo para frente. Chance de um ace.”

Henry sempre gostou de analisar como as pessoas jogavam e o que elas faziam. Passou a fazer isso quando viu que era necessário para ser líbero e viu que isso evitava que pensasse na pressão do jogo, distraía sua mente. Tinha que estudar as pessoas para prever seus movimentos. E ele já conhecia extremamente bem todos os seus companheiros de equipe. Tanto que não precisou olhar para Rick para saber exatamente o que ele estava fazendo.

Contou até seis a partir do momento em que soou o apito e viu a bola sendo colocada em jogo pelo levantador, que fez um ace maravilhoso na borda da quadra. Juntaram-se novamente para comemorar.

O jogo foi passando e eles estavam com uma vantagem muito grande sobre o outro time. Oito pontos de diferença eram muita coisa e Henry percebeu que o outro time estava se desestabilizando, principalmente com a atuação de Chris em quadra. Era de se esperar que ele intimidasse os outros com seus quase dois metros de altura e pancadas fortes na bola.

Tinham fechado o primeiro set, o placar 25x12. Os dois times saíram de quadra para os cinco minutos de intervalo, e Henry seguiu calado para a troca de banco. Trocariam de quadra, então jogariam contra o sol agora e isso não era nada bom. Eduarda distribuía garrafas de água para os meninos com a ajuda de Isabel.

– Do jeito que está, ganhamos essa fácil – disse Eduarda, sorrindo vitoriosa para os meninos. Não tinha muito o que falar, eles estavam realmente indo bem. – Continuem assim que chegaremos na final sem muitos problemas.

Eduarda continuou falando sobre alguns defeitos que reparou durante o jogo, então Henry não percebeu quando Isabel chegou por trás dele e lhe cutucou as costelas.

– Acho que alguém especial veio ver o jogo – disse ela em tom baixo para que apenas Henry ouvisse. Ele a olhou franzindo o cenho, o bico da garrafa em sua boca. Ela simplesmente apontou com a cabeça para a área onde estavam os torcedores e ele seguiu a direção com o olhar.

Preferiu não ter feito.

Uma coisa era certa: Henry reconheceria Erick de todas as formas possíveis. Não precisava estar de óculos (suas lentes eram horríveis, diga-se de passagem) para ver que o garoto estava a alguns metros dali, sentado com a cabeça entre os braços. E não demorou muito para seus olhares se encontrarem, a expressão de Erick mostrando um leve desgosto.

Foi questões de segundos para o coração de Henry acelerar e ele começar a respirar com um pouco mais de dificuldade. Fechou os punhos, cravando as unhas curtas nas palmas das mãos, tentando controlar o que provavelmente seria uma crise pública. O calmante que tomou mais cedo impediu que os sintomas da crise se agravassem, mas Henry não queria correr o risco de ter um surto no meio do jogo.

Então foi rapidamente até a sua bolsa, vasculhando-a, procurando o calmante. Quando aceitou que não acharia a cartela de maneira alguma, se virou para Chris, os olhos levemente arregalados.

– Me diz, pelo amor de Deus, que você tem um calmante ai – disse Henry tentando se controlar e não demonstrar o tanto que estava desesperado.

– Você está bem, Henry? – perguntou Duda colocando uma das mãos nas costas dele.

– Sim, não se preocupe – respondeu rapidamente, sem tirar os olhos de Chris, que vasculhava sua bolsa. Sabia que ele sempre andava com coisas como chicletes e calmantes para esses casos.

Chris logo lhe entregou a cartela de comprimidos. Henry a arrancou da mão dele e tirou logo dois, jogando-os na boca e tomando água logo em seguida antes mesmo de Chris falar qualquer coisa.

– Você está maluco? Não pode tomar tantos assim de uma vez! – Chris disse alarmado, pegando Henry pelos ombros. – O que diabos aconteceu pra você fazer isso? Pelo amor de Deus, Henry!

– Eu vou sobreviver – disse ele com a respiração voltando ao normal.

Sentou-se no banco e fechou os olhos, fazendo contas de cabeça para não pensar muito no fato de Erick estar ali assistindo ao jogo. Nunca imaginou que ele poderia ser um gatilho para suas crises de ansiedade.

Realmente as coisas tinham mudado.

[…]

Henry estava deitado no banco do vestiário com o braço sobre os olhos naquele momento.

Tinham ganhado a partida contra Juiz de Fora por 2 sets a 0, já que os jogos eram limitados a 3 sets para não ter jogos muito extensos. Porém, Henry sentia como se tivesse jogado mais de cinco sets seguidos. Nunca tinha sido tão torturado durante um jogo em toda a sua vida. Saber que Erick estava ali, analisando-o, julgando-o e, provavelmente, pensando coisas ruins a seu respeito, matava Henry de uma maneira inexplicável. Os calmantes tinham funcionado, mas agora ele tinha a sensação de que cada pedaço do seu corpo foi esmurrado com um amaciador de carne.

Seu rendimento no jogo caiu muito depois de ter visto Erick. Perdia bolas fáceis, errava passes com mais frequência que o normal, esqueceu-se de trocar de lugar com um dos centrais e até chegou a trombar em Luiz em uma das jogadas. Tinha sido tão desastroso que preferiu ficar a metade do segundo set de fora do jogo, atrapalhando o sistema estratégico do time deles.

Conseguiu se recuperar depois de escutar algumas músicas e brincar um pouco com seu cubo mágico, mas não conseguiu voltar ao jogo. O time, por fim, conseguiu ganhar o segundo set por 25x20, mas Henry percebeu que sua presença fazia falta. Nunca imaginou que faria tanta diferença assim para o time, então decidiu que, independentemente do que acontecesse, se esforçaria mais para os outros jogos.

Um rock bem pesado tocava em seus headphones no volume máximo, abafando totalmente os barulhos de fora e a confusão em sua mente. Henry acompanhava a letra da música, concentrando-se somente nela, traduzindo-a. Estava vestido daquele jeito desde que entraram, apenas tirou sua blusa molhada com suor e deitou-se no banco com uma perna pra cada lado. O suor já tinha secado de sua pele aquela altura.

Algo lhe cutucou o joelho depois de um tempo. Henry ignorou, mas logo seu corpo foi sacudido com um pouco mais de violência. Ele tirou o braço dos olhos e abriu um deles, vendo a figura embaçada de Chris tampando a luz do vestiário. Henry tirou os headphones, mas continuou deitado.

– Você não vai tomar banho? – perguntou Chris. Mesmo sem enxergar direito, já que tinha tirado as lentes, viu que ele tinha acabado de sair do banho, tendo uma toalha branca ainda ao redor dos ombros.

– Encontre minha alma nos Portões do Inferno e me devolva, por favor – respondeu Henry, abrindo os olhos devagar por conta da claridade.

– Eu disse a você que não podia tomar tantos calmantes de uma vez – respondeu Chris, passando desodorante.

– Você disse depois de eu ter tomado – retrucou Henry.

– Isso porque você nem me deixou falar! – disse Chris, alto. – Foi todo desesperado! O que aconteceu exatamente para você surtar daquele jeito?

Henry sentou-se no banco e encarou Chris. Eles se olharam por alguns segundos antes de Henry desviar o olhar.

– Estava nervoso por causa do jogo – respondeu, sem olhar para o ficante.

– Você não me olha quando está mentindo – disse Chris. Pela sua visão periférica, Henry viu que ele já estava praticamente vestido. – Anda logo, Henrique. Fala o que aconteceu para você ficar daquele jeito.

– Foi o jogo, já disse! – repetiu ele.

Então um silêncio caiu sobre eles. Henry, mesmo não olhando para Chris, sentia os olhos dele cravados sobre si. O clima estava tenso e as vozes dos poucos caras que ainda permaneciam no vestiário eram a única coisa que podia ser ouvida naquele momento. Henry notou que seus companheiros de time não estavam naquela seção de armários.

– É aquele cara, não é? – perguntou Chris. Henry pode notar o desgosto em sua voz. – Erick, não é? Eu vi que ele chegou para o segundo set. Foi depois disso que você ficou estranho.

Henry manteve-se em silêncio.

– Você não pode deixar aquele cara foder com sua vida, Henry – disse Chris. – Era sobre isso que queria falar com você. Você gosta dele, não gosta?

– Claro que gosto. – disse Henry devagar, agora olhando para Chris – Ele é meu melhor amigo.

– Não foi nesse sentido que quis dizer – resmungou Chris – Quero dizer que você está apaixonado por ele, não está?

O coração de Henry acelerou um pouco. Ele se levantou para olhar Chris nos olhos.

– O que te faz pensar isso? – questionou Henry, tentando não desviar os olhos. Notou o silêncio que preencheu o vestiário depois de um tempo.

– Tudo em você muda quando se trata dele. Sei que sua crise de ontem foi por causa dele. Eu vi vocês dois conversando. O que ele fez para você ficar daquele jeito? Pelo o que eu me lembre de você falando, ele era basicamente sua fuga das...

Chris foi interrompido por um beijo ligeiramente desesperado. Henry simplesmente não queria ouvir mais nada sobre aquilo. Não queria pensar naquilo, nos momentos que Erick lhe tratou como lixo ou nos momentos que ele esteve presente em suas crises. Não queria pensar em Erick.

Henry sempre soube como ludibriar Chris. Apesar de ser bem teimoso quando estava falando, assim que sua boca ficava ocupada, parecia que todos os seus pensamentos evaporavam. Chris era muito dedicado a qualquer coisa relacionada a Henry, principalmente quando se tratava de beijos e carinhos.

Pareceu que Chris também teve a consciência de que estavam sozinhos, então retribuiu o beijo de Henry com intensidade. Os músculos do central ficaram relaxados sob as mãos de Henry, quando este as colocou nos braços do outro, que se inclinou e envolveu sua cintura em resposta, tirando-o ligeiramente do chão. Por mais que detestasse aquilo, ele não podia parar agora. Ou era isso ou aturar Chris questionando-o sobre Erick. Odiava fazer algo assim com Chris, mas não tinha muita escolha se quisesse não ser bombardeado de perguntas ou de verdades que doíam.

Henry subiu as mãos até o pescoço de Chris, puxando-o mais para baixo e intensificando ainda mais o beijo. As línguas se tocavam com familiaridade, permitindo a Henry sentir-se bem depois de toda a turbulência do dia. Eles se separaram para buscar ar, mas Henry não parou. Forçou a cabeça de Chris mais pra baixo ainda, para alcançar a pele morena de seu pescoço. Começou a distribuir beijos e leves mordidas naquela região, vendo que o outro estava gostando por conta dos apertos que dava em seu quadril.

Não demorou muito para Chris erguê-lo pelas coxas até sua cintura, onde Henry cruzou as pernas para não cair e voltaram a se beijar com intensidade. Chris virou-se depois de alguns segundos, pressionando as costas do outro contra um dos armários fechados. Henry adorava quando Chris fazia aquilo e adorou também quando foi a sua vez de receber carícias no pescoço. Chris lambia e chupava seu pescoço com calma, fazendo-o desejar mais a cada segundo que se passava.

Ele foi descendo as carícias até chegar à clavícula de Henry e começou a mordê-la, o que fez este se contorcer em seus braços por sentir cócegas naquela região.

– Meu Deus, não faz isso – riu Henry tentando manter a voz baixa. Sentiu Chris sorrir contra sua pele e mordê-la ainda mais, provocando-o.

As unhas de Henry não marcavam a pele de Chris, mas era bom tentar, além de que podia, dessa forma, sentir a textura macia da pele dele sob a ponta dos dedos. Henry apertava a pele do outro cada vez que sentia cócegas em sua clavícula e soltava risadas abafadas também. Sentia seu pau sendo esmagado pela barriga definida de Chris e também sentia que estava começando a ter uma ereção.

Henry foi pego de surpresa quando Chris o ajeitou em seu colo, pegando em sua bunda no processo e apertando-a com as mãos grandes.

– Senta – sussurrou Henry no ouvido do outro de maneira sensual, mordendo o lóbulo da sua orelha.

Chris não disse nada, apenas voltou a beijar Henry na boca, tirando uma de suas mãos da bunda de Henry para tatear o banco atrás de si. Assim que conseguiu senti-lo, Chris sentou-se no banco, sem interromper o beijo, fazendo-o se sentar em seu colo, com uma perna de cada lado de seu corpo. As mãos do central foram para a cintura do líbero, que rebolava sem hesitar, sentindo a ereção do outro que estava sendo formada.

O beijo ficou ainda mais intenso quando Henry começou a fazer esses movimentos em cima de Chris, que, por sua vez, subiu as mãos até o quadril de Henry e apertou-o com força, acompanhando os movimentos dele. O coração de Henry batia acelerado de um jeito bom e ele podia sentir o de Chris batendo mais rápido que o seu. Era bom saber que tinha esse efeito sobre ele.

– Você não tá medindo a minha vontade de transar com você – disse Henry no ouvido de Chris quando eles se afastaram para respirar um pouco.

Henry viu a expressão um pouco espantada de Chris antes de se separarem ao ouvir a porta do banheiro batendo. Afastaram-se rapidamente de olhos arregalados, Chris ficando em pé em um salto e vestindo a camisa, enquanto Henry espiava o corredor pela beirada dos armários. Esperou alguns segundos para ver se alguém aparecia, mas nada.

Henry apenas esperava que, quem quer que tivesse batido a porta, houvesse apenas desistido de ir ao banheiro e nem se dado o trabalho de entrar. Estavam tão concentrados naquele momento que, se alguém os tivesse visto, provavelmente eles não teriam notado. Então voltou seu olhar para Chris, que ainda estava com os olhos um pouco arregalados. Henry sentiu que o outro estava com vergonha. Deu um sorriso sacana e olhou-o da cabeça aos pés.

– Precisa de ajuda com isso? – perguntou apontando para o meio das pernas do central com a cabeça. Chris olhou para baixo e virou o corpo, pegando seu casaco no armário e amarrando-o na cintura. Henry riu.

– Nunca mais diga aquilo – disse Chris envergonhado.

– O que? – perguntou Henry – Que eu quero transar com você?

Chris ficou tenso. Henry apenas o encarou.

– É...

– Por quê?

Chris devolveu o olhar de Henry.

– Apenas não faça.

Henry encarou Chris por mais alguns segundos antes de dar de ombros e pegar suas coisas para tomar banho. Jogou a toalha no ombro e foi se dirigindo para a área dos chuveiros, mas, antes que pudesse sair da seção de armários onde estavam, Chris perguntou:

– É verdade?

Henry virou-se para ele, vendo-o sentado no banco claramente nervoso. Era engraçado e estranho ver um cara daquele jeito e tamanho todo envergonhado e tímido. Henry sentiu um confortozinho no coração e sorriu. Chegou perto de Chris, pegando seu rosto entre as duas mãos, e olhou no fundo de seus olhos castanhos. Nunca conseguiria lidar com o fato de que Chris era extremamente fofo.

– Por que mentiria sobre isso?

– Talvez para me deixar envergonhado como estou nesse momento – respondeu, fazendo careta. Henry riu.

– É verdade – disse Henry e depositou um beijo nos lábios quentes de Chris – Cada palavra.

– Eu odeio quando você faz isso.

– Não odeia nada – retrucou Henry. Então começou a espalhar beijos pelo rosto de Chris, intercalando os beijos com cada palavra que dizia – Eu. Sei. Que. Você. Não. Tem. Capacidade. De. Me. Odiar.

– E você é muito convencido.

– Apenas com o que eu tenho razão – deu um último beijo na boca de Chris e voltou à posição normal, já que estava meio curvado para beijar o ficante. – Vou tomar banho e a gente se manda daqui.

– Não demore, temos que comer ainda.

Henry revirou os olhos com um sorriso no rosto e se encaminhou para o chuveiro.

Queria dizer que estava tranquilo, mas a verdade é que sua mente tinha se voltado para Erick mais uma vez. Infelizmente.


Notas Finais


ntão? O que acharam? Estão gostando?
Estou me dedicando muito para essa história e gostaria de saber como estou me saindo! Então não deixem de comentar, por favor! Eu respondo todos os comentários com muito amor e carinho ♥
Qualquer errinho que tenha passado na hora da revisão da betagem, por favor me falem para eu consertar!
Qualquer dúvida a respeito de qualquer coisa, podem me falar que eu irei responder!
PREVISÃO PARA O PRÓXIMO CAPÍTULO: 4/12
Espero que tenham gostado! Nos vemos nos comentários ♥
Ghost Kisses
~Marceline


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