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História Além das Quadras - Eternamente o único


Escrita por: MarcelineA

Notas do Autor


Olaar amoras! Como cês tão?
Então, tenho que explicar o motivo de o capítulo não ter saido ontem. A Lethy, beta linda maravilhosa, ficou doente e tava enrolada com assuntos pessoais. E eu não ia forçá-la a betar estando mal, né? Pois é. Além do mais, ela me mataria se eu postasse sem que ela betasse, então ficou para hoje :v
Estou muito feliz com o retorno que estou tendo dessa história, então agradeço a cada um de vocês por tudo o que vocês têm me proporcionado até agora ♥ MUITO OBRIGADA POR TUDO ♥
Nos falamos mais nas notas finais!
Boa leitura
Ghost Kisses
~Marceline

Capítulo 8 - Eternamente o único


Fanfic / Fanfiction Além das Quadras - Eternamente o único

Ao longo de 2014

Henry queria seguir seu próprio conselho, mas estava sendo verdadeiramente difícil.

Havia dito para Erick que ele tinha que deixar o tempo agir, que o que tinha que acontecer aconteceria e que não adiantava ficar sofrendo atoa. Mas ele mesmo estava sofrendo com a separação.

Fazia quase um mês que estavam separados e mesmo conversando todos os dias pelo Skype, Henry sentia a diferença. Sentia falta da maneira exagerada com que ele chegava em seu quarto lhe chamando para jogar vôlei. Sentia falta das brincadeiras idiotas que faziam quando estavam entediados. Sentia falta dos toques simples e inconscientes que recebia de Erick.

Ser separado da pessoa mais importante de sua vida era horrível. Para completar, estava apaixonado por essa pessoa, o que doía um pouco mais do que o normal.

Mas ele estava determinado e condenado a esquecer esse sentimento indevido.

Henry queria ter se declarado, mas perdeu totalmente a coragem quando imaginou todas as reações que poderia arrancar de Erick. A maioria levava à separação e destruição da amizade deles, então preferiu guardar o sentimento para si. A última coisa que queria era destruir a amizade com Erick.

No final das contas, foram separados de qualquer forma.

Tinha sorte de que pelo menos a separação era diferente daquela que ele imaginou nos vários dias em que pensou sobre o assunto.

Agora passava a maior parte das suas férias jogando videogame e indo aos treinos do Arsenal Esporte Clube. Como prometera, não desistiu do voleibol e até estava começando a ter um sentimento mais profundo a respeito do esporte. Ele via que, quanto mais treinava, melhor ficava, então isso era ótimo para incentivá-lo a continuar jogando.

Entretanto, era diferente sem Erick. Tudo era diferente sem seu melhor amigo. Henry só imaginava quando poderia ver Erick pessoalmente de novo.

Estava jogando God of War no PlayStation 2, mais entediado que o normal, quando alguém bateu na porta. Sem tirar os olhos do jogo, ele falou que a pessoa podia entrar e logo Marge apareceu na sua frente, fazendo com que ele morresse no jogo.

Já tem dias que você não sai de casa direito – ela sentenciou com as mãos na cintura. Henry apenas a encarou. – Vamos jogar.

Não estou afim. – ele resmungou, largando a manete e se jogando de costas na cama, acariciando o pelo macio e rajado de Cheshire.

Eu estou ficando depressiva só de olhar para você – disse Marge sentando-se ao seu lado e acariciando o gato que estava nas pernas de Henry.

Só ainda não me acostumei com a partida de Erick.

Eu sei que não – ela falou vagamente – As coisas são bem diferentes sem ele, não é?

É... – Henry torceu a boca e começou a mexer na pulseira da amizade deles – Sinto como se alguma coisa fosse arrancada a força de mim.

Marge o puxou pela mão, fazendo o garoto sentar e depois o fez deitar em seu colo. Henry sentiu os dedos finos e gelados da garota lhe tocando na cabeça, acariciando o cabelo grande e bagunçado dele. Henry fechou os olhos, apreciando o carinho e se aconchegando ainda mais no colo da melhor amiga. Pelo menos ainda a tinha para si.

Ainda não conseguiu se declarar? – ela perguntou.

Henry soltou um suspiro. Lembrava-se de que tinha contado a situação para ela, já que não podia desabafar com Erick. Ela que o tinha encorajado a falar alguma coisa, se declarar, mas também o aparou quando ele quase surtou pelos pensamentos sobre o que aquilo podia acarretar.

Eu não vou fazer isso, ainda mais agora que estamos separados – ele disse. – Seria pior se eu contasse com ele longe.

Marge torceu os lábios, soltando um “você tem razão”. Ela odiava ver Henry assim. Odiava vê-lo sofrer sem ter o que fazer quanto a isso. Era sua função ajudá-lo a superar aquilo. Ela tinha que fazer com que ele arrumasse formas de sentir-se melhor.

Ficaram em silêncio por algum tempo, Marge passando a acariciar Cheshire junto com Henry, que agora tinha se aninhado na barriga do garoto.

Já que você não está a fim de jogar, vamos tomar sorvete – sugeriu Marge.

Precisando de chocolate nas veias? – brincou Henry, abrindo os olhos e olhando os verdes escuros da garota.

Você não faz ideia – suspirou Marge – As aulas vão começar e eu não sei se estou preparada para entrar pro terceiro ano.

Então somos dois precisando de um pote enorme de sorvete – disse Henry e se levantou do colo de Marge, indo até seu armário.

Marge comentou alguma coisa sobre Cheshire enquanto Henry colocava uma blusa, já estava de shorts, e pegava seus chinelos. Checou o celular que estava em cima da cômoda, vendo que ninguém tinha lhe enviado mensagem e o colocou no bolso dos shorts junto com a carteira.

Podemos? – perguntou Marge, deixando Cheshire de lado e levantando da cama.

Podemos.

Então saíram do quarto de Henry. Ele deixou um recado na geladeira para os pais dizendo que tinha saído, pois ambos estavam trabalhando e dariam por falta dele quando chegassem. Pegou as chaves do apartamento e saiu, com Marge logo atrás. Foram conversando durante todo o percurso até a sorveteria mais próxima, uma das preferidas de Marge.

Ray e eu vamos ao Parque Mangabeiras pra fazermos uma sessão de fotos – disse Marge quando chegaram à sorveteria e foram se servir – Vamos?

Quando? – ele perguntou, colocando seu sorvete preferido: Romeu e Julieta.

Ela só pode amanhã – respondeu ela, enchendo o pote com sorvete de chocolate. Marge era chocólatra assumida. – Vai ser minha modelo.

E você está adorando isso, hein? – Henry olhou para Marge com um sorriso malicioso, fazendo a garota revirar os olhos e dar o dedo do meio para ele.

Henry sabia que Rayssa era a mais recente crush de Marge. A garota tinha se assumido bissexual há alguns meses para Henry e Erick, ambos achando graça do fato, uma vez que ela sempre se afirmava hétero e a pegadora do Colégio. Então aconteceu de ela começar a se interessar por uma garota nova de sua série.

Marge chegou a ter um caso com a garota, que era certinha demais para o gosto dela, mas mesmo assim seguiu ficando com ela. Até Marge saber que a guria tinha ficado com ela por pura curiosidade, dando um pé na bunda de Marge quando viu que não era mesmo lésbica ou bi.

Henry foi o que teve que aturar as crises de raiva que Marge tinha de vez em quando. Já Erick foi o responsável em levá-la para festas sub17 para que pegasse quem visse pela frente. Henry ia algumas vezes às festas, mas não gostava muito. Ia apenas por insistência de Erick.

Então a mais recente quedinha de Marge foi por Rayssa. Depois que começou a ficar com mulheres, Marge começou a reparar na melhor amiga e viu que ela era extremamente atraente. Só tinha um porém... Rayssa estava namorando um garoto há dois meses, então Marge não tentaria nada.

Isso está me matando – comentou Marge quando se sentaram à mesa do lado de fora da sorveteria – Tipo assim, ela me provoca sem saber, Henry! Ontem ela dormiu lá em casa e se trocou na minha frente! Você sabe o quanto eu me controlei pra não agarrá-la?

Henry quase se engasgou com o sorvete quando ouviu e deu risada da expressão de Marge. Ela parecia verdadeiramente aflita, mas a situação não deixava de ser engraçada.

Não ria! Você me entende perfeitamente. Você já ficou com ela e ainda fizeram coisinhas a mais! – ela o acusou, apontando a colher de plástico na direção de Henry – E também, não me venha dizer que você NUNCA olhou para o corpo do Erick quando ele trocava de roupa na sua frente.

Vai se fuder – resmungou Henry tomando mais uma colherada do sorvete, relembrando do tempo que ficou com Rayssa – Não vou afirmar que ele fica muito sexy de cueca branca.

Marge soltou uma risada exagerada e olhou para Henry com malícia. Ela o conhecia o suficiente para saber que ele tinha mais coisa para falar.

E... – ela disse, sugerindo para que ele continuasse a falar.

Henry revirou os olhos e olhou para Marge, vendo que tinha chocolate no canto de sua boca. Ele esticou a mão na direção da menina, limpando o sorvete dali com o dedão e colocando-o na boca. Nunca foi muito fã de chocolate.

E que quando ele dormiu lá em casa uns dias antes de se mudar, foi inevitável olhar para o pau duro dele enquanto ele dormia – comentou Henry sem olhar para Marge.

Ela explodiu em uma risada histérica e exagerada, dizendo “eu não acredito, eu não acredito, eu não acredito”.

Marjorie! Menos, por favor – reclamou Henry – Estamos em público, sua louca.

Me desculpa, mas é que... Meu Deus, Henry! Você poderia ter pagado um boquete enquanto ele dormia, duvido que ele não fosse gostar.

Henry sentiu seu rosto esquentando, pois imediatamente imaginou a cena. Só lembrar da cueca branca, marcando o formato perfeito de seu pau duro enquanto ele dormia jogado no colchão no chão, já fazia seu estômago dar voltas. Ficou analisando o corpo do garoto por um tempo, mas ficou preso verdadeiramente em observar a face do melhor amigo. O modo como o outro parecia dormir em uma profunda paz era reconfortante. Nem parecia que tinha chorado algumas horas antes por conta da partida iminente.

Você não presta. – disse Henry.

Você que fica olhando pro pau do teu melhor amigo e eu que não presto?

Aaaah, como se não tivesse ficado olhando pros peitos da sua melhor amiga.

Aquele dia foi louco, tenho que confessar – respondeu Marge com a mão no queixo, pensativa.

Então não fale de mim – riu Henry.

Okay, okay... – ela disse em tom de redenção e terminou seu sorvete. Olhou para Henry com um sorrisinho – Não deu nem uma cutucada?

Marjorie!

Okay... Não seja chato!

Henry se limitou a revirar os olhos.

Então... – começou Marge vendo que Henry não falaria mais nada – Como a Ray beija? Como foi ter feito oral nela? Meu Deus, isso me dá até um fogo só de pensar em estar no seu lugar.

Henry fez uma careta. Lembrava-se perfeitamente quando pediu para Rayssa lhe ensinar a beijar, já que pedir para Marge era quase um incesto depois que parou de gostar da garota. Nessa época, aos seus 13 anos, Henry sentia um pouco de dúvida quanto a sua sexualidade, pois começara a sentir atração por Erick nesse mesmo período.

Então, por experimentar mesmo, ele perguntou a Ray se ela podia ajudá-lo quanto a isso. E ele tinha que confessar que adorou cada segundo que eles ficaram. Rayssa é dois anos mais velha que ele, então já tinha certa experiência sobre o assunto. A coisa saiu mesmo de controle quando ela pediu para que ele fizesse um oral nela e ele acabou por machucá-la sem querer. Sentia-se um pouco culpado até hoje, mesmo ela dizendo que não tinha sido nada demais. Ficaram apenas nos beijos por mais algumas semanas, até pararem naturalmente.

Ela beija muito bem – ele disse – Assim, muito bem.

Marge pareceu empolgada.

Me. Dê. Detalhes – ela disse pausadamente e Henry riu.

Ele fez um breve comentário sobre o relacionamento dele com Ray alguns anos atrás. Marge o escutava atentamente e mesmo que ele tivesse um pouco envergonhado sobre o assunto, seguiu mesmo assim.

E foi ai que você descobriu que preferia uma rola na sua boca a uma boceta?

Meu Deus do céu, tem como ser mais indiscreta? – reclamou com ironia. Marge deu de ombros.

Posso ser mais escandalosa se preferir. – ela tinha um sorrisinho sugestivo no rosto.

Vai tomar no cu.

Quem toma literalmente no cu aqui é você, querido.

Marjorie!

[…]

Calma, você precisa se acalmar, vai dar tudo certo. Não precisa ficar assim, é só um trabalho. Calma, calma... – Henry dizia para si mesmo enquanto estava se preparando para uma apresentação de trabalho na frente da turma.

Seria o primeiro trabalho que apresentaria sem Erick. Desde sempre, faziam trabalhos juntos e, sempre que precisaram apresentar, Erick fez questão de estar ao lado de Henry, às vezes falando coisas baixinho para que o outro relaxasse.

Porém, não teria nada disso naquele momento.

Henry só estava esperando aquele dia fatídico chegar. Não tinha dormido nada na noite anterior ao trabalho, então, além da ansiedade, estava completamente exausto. Cochilou por alguns minutos durante a noite toda, mas toda hora acordava e chegou a ter uma crise, que foi amenizada ao ligar para Erick.

Mas agora ele não poderia contar com o amigo para lhe ajudar e estava a ponto de surtar.

O grupo estava se preparando, lendo as suas partes do trabalho pela última vez, e Henry tentava se acalmar. Sabia tudo sobre sua parte, poderia fazer uma apresentação sem maiores problemas se não estivesse tão nervoso e querendo se enfiar num buraco.

A professora chamou o grupo de Henry e eles foram lá para frente, todos nervosos e com os papéis em mãos, caso esquecessem alguma coisa. Henry seria o terceiro dos cinco a apresentar, então focou no papel em sua mão.

Mesmo assim, sentia o suor descendo pelo seu pescoço e coluna, dando-lhe uma agonia tremenda. As mãos suadas apertava o papel com força, amassando-o nas laterais. Ele tentava manter a respiração lenta e constante, mas estava bem complicado, o peito subindo e descendo de maneira exagerada.

Então ouviu as últimas palavras da parte de um dos seus colegas e travou, sabendo que era sua vez de falar. Ele não podia travar ali. Ele não podia ter uma crise justo agora. Não podia decepcionar seus colegas, muito menos fazer com que eles tirassem nota baixa. Simplesmente não podia.

Olhou para a turma e seu coração acelerou. Todos estavam encarando Henry. Alguns cochichavam alguma coisa e olhavam para ele, às vezes apontando discretamente. O seu olhar pousou do da professora, que apenas perguntou se ele não iria continuar a apresentação.

As coisas que passavam em sua cabeça eram tão doloridas quanto socos e chutes, ele podia falar bem sobre isso, já que passou pelas duas situações quando era mais novo. O sentimento de que era um fracasso e que decepcionaria todo mundo lhe atingiu com força. Ele começou a ofegar, o ar não entrando mais em seus pulmões e seus punhos amassando os papéis que estavam em suas mãos.

Henry encostou na parede e desceu até sentar-se no chão, murmurando para que alguém o ajudasse. Começou a rir de maneira histérica para tentar amenizar o que estava sentindo, mas foi em vão, pois as lágrimas vieram logo em seguida, dificultando sua situação respiratória.

Ele ouviu as vozes de algumas pessoas, mas não conseguiu distinguir o que nenhuma delas estava dizendo. Henry só esperava que Erick aparecesse naquele momento, mas era uma espera em vão. Não deixou de ter um pouco de esperança de que o melhor amigo apareceria ou daria um jeito naquela situação, como sempre fazia, mas obviamente nada veio.

Henry não se sentia muito confortável com o fato de depender tanto de Erick, mas o melhor amigo era sua âncora e nada mudaria aquilo. Ele precisava de Erick desesperadamente. Precisava ouvir que não era um fracasso, precisava ouvir que era amado e que as pessoas não o julgariam por nada ou o culpariam por tudo.

Ele precisava ouvir a voz de Erick.

Mas não ouviu.

Foi assim que teve a maior crise de sua vida. Empurrou alguém que estava tentando levantá-lo, pois queria apenas ficar abraçado aos seus joelhos murmurando coisas desconexas para todos. O coração acelerava cada vez mais com os pensamentos. O ar era ainda mais impedido de entrar em seus pulmões. As lágrimas corriam livremente pela pele branca. Sua cabeça doía tão intensamente que ele queria gritar.

Então tudo parou.

Parou de sentir o que estava sentindo. Parou de chorar. Parou de apertar o papel em mãos. Parou de respirar.

Pela primeira vez na vida, ele desmaiou por conta da crise, sendo engolido pela doce escuridão.

[…]

Em um piscar de olhos, o dia 30 de agosto chegou e com ele, mais um ano na vida de Henry.

Ele sempre gostou de comemorar aniversários. Achava a data bem importante e sempre rendia coisas divertidas e presentes que tanto queria. Era tradição de sua família fazer uma festa de aniversário para todos, então ele estava bem animado com a ideia de fazer 16 anos.

Mas, mesmo animado, ele sentia-se um pouco triste, pois era a primeira vez que comemoraria a data sem Erick. Sentiria falta de passar o dia praticamente inteiro com o melhor amigo, jogando vôlei até o horário da festa e depois jogando videogame até não aguentarem mais e desmaiarem na cama de Henry.

Era basicamente um ritual de aniversário que infelizmente seria quebrado.

Mesmo assim tentou-se não se apegar aquilo. Sabia que dariam um jeito de pelo menos conversarem por alguns minutos.

Ele tinha acabado de colocar sua calça bege quando a campainha tocou e sua mãe gritou para que ele fosse atender a porta. Mesmo estando sem camisa, correu até ela e, achando que eram seus avôs, abriu a porta sem olhar no olho mágico. Do outro lado, encontrou um garoto extremamente alto com um sorriso no rosto.

Ei! – saudou o garoto e coçou a nuca após ver o estado de Henry – Acho que cheguei cedo demais.

Henry sorriu solidário.

Eu é que estou meio atrasado – ele deu de ombros – Aqui o povo chega umas boas horas depois do horário marcado, então sempre tento marcar quase uma hora antes do horário que eu realmente quero.

Henrique, quem é? – gritou Cassandra da cozinha.

Henry fechou a porta após o outro entrar e caminhou até a grande cozinha. Viu a mãe cozinhando alguma coisa enquanto os gêmeos, Júlio e Raquel, estavam no berço montado ali.

É o Christian, mãe – ele disse, aparecendo no recinto e mostrando o garoto moreno. – Chris, minha mãe Cassandra. Mãe, Christian.

A mulher sorriu para Chris e foi cumprimentá-lo devidamente após secar suas mãos.

É um prazer conhecê-lo, Henrique fala muito de você. – disse Cassie, cumprimentando o garoto.

Também é um prazer conhecer a senhora.

Por favor, não sou tão velha assim – ela deu uma risada – Pode me chamar de Cassandra. Fique a vontade. Henrique, termine de se arrumar logo e vá vestir os gêmeos. Seus avós já estão chegando.

Tá – ele disse e chamou Chris para ir até o berço. – Esses são meus irmãos, Jules e Rach.

Henry acariciou a cabeça de ambos, que sorriram pra ele, Raquel balançando os braços e Júlio movimentando as pernas. Henry sorriu, o olhar com um brilho diferente ao olhar para os dois bebezinhos. Ele estava simplesmente amando ser o irmão mais velho.

Olá – disse Chris afinando a voz e brincando com os dedos na frente de Raquel.

Vem, vamos – Henry disse e seguiu o corredor até seu quarto, Chris acompanhando-o.

Ao chegarem no quarto, Henry soltou um suspiro ao ver Cheshire enroscado justo na camisa preta que ele tinha escolhido usar naquela noite.

Ah, meu Deus, saia dai! – disse Henry, pegando o gato e tirando-o de cima da blusa – Não sei qual o problema de vocês em sempre deitar em cima das roupas.

Chris soltou uma risada e voltou seus olhos para Henry.

Feliz aniversário – ele disse estendendo um pacote com papel de presente de balões para Henry. – Eu não sabia bem o que comprar, então se não gostar, culpe Rayssa.

Henry soltou uma risada, rasgando o embrulho.

Por que não perguntou para Marjorie?

Está brincando? Ela falaria algo que você detesta só para eu me foder com você – disse Chris. – Além disso, você sabe que o desgosto que ela tem por mim é recíproco.

Henry revirou os olhos, preferindo não falar mais nada. Chris e Marge não se davam nem um pouco bem. Ele dizia que a garota era inconveniente demais, além de ser supergrossa. Já Marge dizia que o outro era muito irritante e seu jeito superinsistente era desnecessário. De cara os dois não se deram bem e Henry sempre estaria no meio daquela confusão quando os três estivessem no mesmo ambiente.

Ele terminou de abrir o presente, vendo que era um livro do Stephen King. Não era muito chegado a ler livros, preferia quadrinhos ou mangás, mas Stephen King era um dos poucos autores que gostava. Ele sorriu para o garoto e lhe deu um soquinho amigável no ombro.

Obrigado, cara.

Tem mais, abre o livro. – disse Chris, sorrindo também.

Ele abriu o grosso livro justamente onde tinha algo dentro. Henry viu que era um bracelete fino de metal com os dizeres “Never Give Up” gravados na parte de dentro. O sorriso de Henry aumentou e ele colou o bracelete no pulso oposto a que a pulseira de Erick ficava.

Isso significa muito. Muito obrigado – ele disse a deu um abraço amigável no amigo.

Fico feliz que tenha gostado.

Henry assentiu. Quando ia vestir sua camisa, o som de uma chamada no Skype lhe chamou a atenção e ele correu para o computador. Sentou-se na cadeira e atendeu a chamada, o rosto sorridente de Erick aparecendo na tela.

FELIZ ANIVERSÁRIO PORRA! – gritou o garoto do outro lado da tela.

O coração de Henry acelerou. Erick ainda tirava esse tipo de reação dele. Ele apenas sorriu abertamente, sentindo-se feliz acima de tudo.

Obrigado, mano. – falou rindo um pouco.

É uma merda eu não estar aí, então se considere abraçado por minha pessoa. – falou Erick animado. – Pela sua carinha, você não descobriu! – soltou uma risada alta. – Eu sabia que não iria descobrir, sou um gênio mesmo.

Henry franziu o cenho confuso.

Descobrir o que? – perguntou.

Onde está o seu presente de aniversário – respondeu Erick vitorioso – Já tem um tempo que eu enviei e pedi pra sua mãe esconder num lugar que eu sabia que você não ia mexer.

Henry não acreditou.

Sério? Puta que pariu! Onde tá? Não acredito que você me enganou.

Haha, como enganei! – divertiu-se Erick – Está na parte de cima do seu armário, atrás dos seus jogos de tabuleiro.

Henry revirou os olhos com um sorriso. Fazia séculos que não mexia naqueles jogos, então era realmente um bom esconderijo.

Só quando se virou para ir até o armário que se lembrou da presença de Chris. Acabou sentindo-se um pouco culpado.

Ahm... – disse coçando a nuca – Chris este é o Erick, aquele meu amigo...

– Melhor amigo – enfatizou Erick, já não se mostrando tão animado.

Sim, melhor amigo – disse Henry, fazendo uma careta. – Aquele que se mudou pro Rio. Bem, Erick esse é o Christian, ele joga comigo e está no CMBH também.

Hm... É um prazer – disse Erick tentando ser simpático, mas Henry viu que o outro não estava muito a vontade com Chris ali.

Ham... Você pode me dar licença um pouquinho? Daqui a pouco eu te chamo.

Tudo bem – disse Chris, analisando o amigo.

Henry levou-o até a porta e a fechou assim que o amigo a atravessou.

Espero que você não tenha me trocado. – disse Erick, a voz um pouco triste.

Erick, eu te conheço há mais de 10 anos, nunca vou te trocar – declarou Henry. – Você é insubstituível, tu sabe disso.

A visão de Erick mordendo os lábios e olhando pra baixo deixou Henry um pouco aflito. Não queria que o outro achasse que poderia ser substituído, jamais faria isso com o melhor amigo.

Okaaay, vamos ver o que você me deu! – comentou Henry chamando a atenção do outro, que voltou o olhar para a tela e deu um sorriso mínimo.

Henry posicionou a cadeira de rodinhas perto do armário e subiu, mantendo-se equilibrado. Tirou os jogos, colocando-os em outro compartimento do armário e tirou de lá uma caixa azul com um laço preto.

Ele desceu na cadeira e sentou-se nela, arrastando-a até a frente do PC. Erick parecia mais animado agora. Henry desatou o laço preto do embrulho e abriu a tampa da caixa, revelando seu conteúdo.

Caralho não acredito! – ele exclamou verdadeiramente perplexo. – Não... Puta que pariu, Erick! Sério isso? Meu Deus... Você não existe!

Eu sabia que ia amar! Eu sou o melhor amigo do mundo! – Erick deu uma risada e sorriu sinceramente para o melhor amigo.

Dentro da caixa havia um funko pop da Alice do filme animado Alice no País das Maravilhas, era um dos poucos daqueles bonequinhos que não tinha e não conseguia encontrar. Também havia o livro Alice's Adventure in Wonderland & Other Stories, uma edição de luxo lançada apenas em inglês, mas que Henry queria muito. Ele tinha uma coleção de livros e coisas de Alice no País das Maravilhas, então adicionar aqueles itens à sua coleção era simplesmente maravilhoso e o deixou superanimado e agradecido.

Eu não vou nem perguntar quan...

Realmente não pergunte – riu Erick – Eu nem acreditei quando Nathy disse que tinha conseguido comprar, então agradeça a ela também.

Puta que pariu, cara... Eu não tenho nem palavras pra agradecer... É com certeza o melhor presente de todos! Você sempre sabe dar os melhores presentes – riu Henry.

Claro, te conheço melhor que você mesmo – declarou Erick com um sorriso.

Você tem razão. – riu Henry. – Isso vale também pra você.

Melhores amigos hoje...

E para toda a eternidade.

 

* * *

Atualmente – Ao longo de agosto de 2016

Toda aquela situação frustrante e terrível com Erick tinha sido deixada de lado depois de algumas semanas que a competição tinha acabado.

Claro que, se dependesse mesmo de Henry, ele ficaria remoendo aquilo para o resto da sua vida, ou pelo menos até entender o que estava acontecendo. Mas ele se esforçou, e foi obrigado por Marge a focar em outras coisas. Estava estudando para o ENEM mais que o normal, saia do colégio, ia para o cursinho e ficava lá até suas aulas de noite começarem. Apenas em dias de treino que não fazia isso e, assim que voltava do cursinho, ia para a cama ou dava atenção aos gêmeos.

No final dos dias, ele estava tão cansado que não conseguia pensar em mais nada na hora de dormir, simplesmente deitava a cabeça no travesseiro e apagava. Aquilo não estava sendo muito agradável nem saudável para ele, mas não tinha outra escolha.

Nos finais de semana, quando não tinha escola ou cursinho, ele ocupava sua mente jogando videogames, treinando ou saindo com Marge ou Chris, que conseguiam lhe divertir pelo menos um pouco depois de tanto se sacrificar durante a semana. Porém, às vezes acabava voltando no momento em que Erick destruiu a amizade deles e tinha que se controlar muito para não chorar ou surtar.

O dia estava quente naquele sábado e Henry não suportava o calor. Estava deitado em sua cama jogando videogame com Cheshire em sua barriga quando alguém invadiu seu quarto chamando seu nome.

– Henry! – a voz fina e feminina de Raquel invadiu o local.

Henry imediatamente pausou o jogo e ficou sentado após tirar Cheshire de cima de si. Olhou para a garotinha de 3 anos, a pele era tão branca quanto a sua, mas os cabelos eram bem diferentes, longos e negros, assim como seus olhinhos, que possuíam um padrão exótico, sendo o esquerdo num azul intenso e o direito num castanho esverdeado. Henry era simplesmente apaixonado pelos olhos da irmã.

– Oi, princesa. – disse Henry, calmamente olhando para a irmã mais nova. Ela segurava várias bonecas nas mãos.

– Brinca comigo? – ela perguntou sem muita expressão no rosto. Ele ficou surpreso, pois raramente Rach o chamava para brincar. Não pode deixar de abrir um mínimo sorriso e sentir-se feliz por tê-la por perto e por ela ter tido a iniciativa de chamá-lo.

– Claro, meu amor. – ele disse levantando da cama.

Raquel entregou algumas bonecas para ele e com uma das mãos livres, o puxou para fora do quarto, levando-o até o que ela dividia com o irmão gêmeo. O cômodo em questão estava uma bagunça, vários brinquedos deles espalhados pelo chão. Henry entendeu por que foi chamado para brincar quando viu Júlio dormindo em sua cama.

Geralmente os gêmeos brincavam juntos, chamando Henry apenas quando queriam. Eles se davam muito bem e brincavam sem maiores problemas. Às vezes brigavam, mas era por coisas bobas e logo estavam fazendo as pazes. Henry admirava a conexão que eles possuíam mesmo ainda tão pequenos.

Raquel sentou-se no chão, entregando alguns bonecos de Júlio para Henry e pegando alguns carrinhos do irmão para si. Então ela começou a falar sobre como iriam brincar, Às vezes ele não entendia muito bem o que ela falava, já que ela tinha um pouco de dificuldade, mas mesmo assim Henry se esforçou ao máximo para seguir o que a garotinha dizia.

– Não, ele não pode ir aí – ela disse depois de alguns minutos de brincadeira.

Então ela pegou o boneco de sua mão e colocou-o onde queria.

– Ei, princesa – chamou Henry. Raquel olhou para ele. – Você está com fome?

Ela simplesmente balançou a cabeça e levantou-se, deixando os brinquedos de lado. Henry levantou-se também e ambos foram para a cozinha em silêncio.

Uma das coisas que mais incomodava Henry no momento era não conseguir ter uma ligação com Raquel. Ela sempre era muito reservada, falava muito pouco e parecia sempre estar num mundinho próprio onde apenas Júlio podia entrar. Isso fazia Henry sentir-se incapaz de fazer alguma coisa pela garota.

Já Júlio era o extremo oposto. Conversava com qualquer um mesmo que nunca tivesse visto a pessoa. Sempre era bastante sociável com todos, brincava com todos e não era nem um pouco tímido. Era muito animado e gostava bastante de estar rodeado de pessoas. Jules era uma criança fácil de lidar e Henry gostava de estar próximo a ele.

Raquel sentou-se a mesa enquanto Henry perguntava o que ela queria para comer. A garotinha disse que queria um misto quente, então Henry tratou de fazer o lanche da garota. Seus pais estavam dormindo, então a casa estava bem silenciosa.

Um bocejo chamou a atenção de Henry e ele virou-se, vendo Júlio coçando os olhos enquanto abraçava um golfinho de pelúcia.

– Você dormiu demais – sentenciou Raquel, olhando para o irmão.

– Desculpa... – ele balbuciou, voltando os olhos azuis sonolentos para a irmã.

– Tudo bem – ela disse – Henry brincou um pouco comigo.

– Aaaaah, vocês brincaram juntos e não me chamaram? Poxa, Henry! Eu queria brincar com você! Vamos brincar agora? O Cheshire pode brincar com a gente também? Ele pode ser nosso bebê! Henry, Henry, vamos brincar de casinha? Eu quero ser o filho! A Quels vai ser a mãe e você vai ser o pai. O Cheshire vai ser meu irmãozinho.

– Por que eu tenho que ser a mãe? Eu quero ser sua irmã. – disse Raquel franzindo o cenho levemente.

– Mas você já é minha irmã, vamos mudar na brincadeira.

– Mas eu quero ser sua irmã. O Henry pode ser o nosso pai e o Cheshire pode ser a mãe.

Henry não se conteve, soltando uma risada. Realmente imaginou-se casado com Cheshire e foi uma cena cômica a ser imaginada.

– Por que está rindo? Você não quer casar com Cheshire? – perguntou Raquel séria.

– Eu vou me casar com Cheshire se você quiser, Rach – ele disse sorrindo para a garota, que não retribuiu, apenas olhou para Júlio.

– Então podemos ser irmãos.

– Okay, okay – Henry interveio, pois viu que Jules ia rebater – Vamos comer primeiro, depois decidimos isso, sim? Jules, você quer o quê?

– A mamãe ia fazer suco de laranja pra mim no almoço – disse Jules, sentando-se ao lado de Raquel – Ela não fez, você pode fazer? O que você vai comer, Quels? Quero o mesmo que ela.

– Queijo quente? – Henry perguntou, sabia que o irmão não gostava muito de presunto. – Vou fazer um misto para Rach.

– Sim, queijo, só queijo – ele respondeu e virou-se para a irmã.

Então ele começou a contar sobre o sonho que teve em uma espaçonave. Jules falava e falava enquanto Raquel prestava atenção no irmão, sem interrompê-lo ou tirar os olhos dele. Henry fez os lanches para os três e eles comeram enquanto conversavam, Raquel falando pouco como sempre e Júlio tagarelando bastante.

– Henry! Henry! Chama a Marge pra vir brincar com a gente – disse Júlio com comida na boca. – Ela pode ser a irmã de Cheshire!

– Jules, não fale de boca cheia – repreendeu Henry. – Marge está em uma competição em Juiz de Fora, campeão. Não vai poder vir aqui.

O semblante de Júlio se tornou chateado, mas logo a expressão animada voltou a seu rosto.

– Quando você vai levar a gente pra ver um jogo seu? Nós queremos ver, não é, Quels? Você é muito bom, não é Henry?

– Queremos. – confirmou Rach, parecendo um pouco mais animada com aquilo.

Henry soltou uma risadinha a bagunçou os cabelos negros de Júlio.

– Quando a mamãe e o papai puderem ir a um jogo meu, vocês peçam pra eles levarem vocês, certo?

Os olhinhos de Júlio brilharam de animação. Raquel apenas observava os irmãos, terminando de comer seu misto quente e tomar seu achocolatado.

– Você vai me ensinar a jogar, não vai? Eu quero ser tão bom quanto você!

Henry abriu um sorriso sincero. Agradecia todo dia por ter aqueles dois como irmãos, mesmo que Raquel fosse mais afastada. Mas Jules conseguia ser animado pelos dois. Sentiu-se bem naquele momento como não se sentia fazia um tempo.

– Você vai ser muito melhor que eu, campeão, muito melhor.

[…]

Pela primeira vez em todos esses anos, Henry não se sentiu animado em fazer aniversário.

Estava completando 18 anos naquela terça-feira ensolarada. Tinha acordado cedo e recebido um café da manhã na cama, Jules e Rach dizendo que tinham ajudado Fábio, o pai deles, e Cassandra a preparar a comida. Henry sorriu agradecido, mas não se sentiu tão animado assim.

Depois de receber os parabéns, abraços, beijos e todo o amor do mundo, ele comeu a comida, compartilhando-a com Jules e Rach, que pareciam estar morrendo de sono. Como tinha que ir para a escola, foi acordado um pouco mais cedo apenas para ter um café da manhã na cama.

No Colégio, várias pessoas lhes desejavam parabéns, as mais chegadas lhe dando abraços e beijos. Henry apenas agradecia, desejando internamente que aquilo acabasse logo de uma vez. Seus pais sempre organizavam uma festa, então ainda teria que aturar seus parentes mais tarde.

– Olha quem já pode ser preso! – Henry ouviu a voz de Caio atrás de si.

Ele virou-se para o garoto, vendo que o time inteiro de vôlei estava ali, menos Chris. Estavam no pátio, onde teriam que entrar em forma para ser feita a chamada e receberiam alguns avisos importantes. Todo santo dia era a mesma coisa e inconscientemente desejava que aquilo acabasse logo. Estava no seu terceiro ano, então a pressa de terminar aquela etapa estava sendo maior do que o amor que tinha pelo colégio naquele momento.

Os outros lhe abraçaram apertado, Henry agradecendo e sorrindo para eles.

– Nós fizemos uma vaquinha e compramos um presente para você – disse Luiz com um sorriso no rosto.

– Esperamos que goste – falou Ricardo entregando o pacote.

– Ah gente, não precisava – ele sorriu rasgando o pacote e deparando-se com uma cueca infantil dos Vingadores. A risada não pode ser contida. – Ah não, sério?

– Nós sabemos que você ama super-heróis, então... – riu Caio. – Vai ter que vestir para a gente tirar fotos.

– Nunca na sua vida – riu Henry.

Eles deram uma risada e Luiz lhe entregou outro embrulho.

– Esse é o presente de verdade – ele falou e os outros concordaram.

– Aposto que é um conjunto de pijamas do Homem Aranha da sessão infantil – brincou Henry sorrindo.

– Não é uma má ideia, o próximo aniversariante vai receber isso aí mesmo – Caio disse rindo.

Então Henry abriu o pacote revelando um conjunto de acessórios para vôlei. Tinha joelheiras pretas novas, assim como uma cotoveleira. Também tinha um par de protetores de antebraços branco. Para completar o presente, havia várias fotos de todos os jogos que eles jogaram até ali. Henry sorriu para as fotos, cada uma com escritos atrás de incentivo para continuar no vôlei.

– Vocês são fodas – disse Henry, sorrindo para os colegas.

– Você que é o tampinha mais foda que já tivemos no time! – exclamou Caio, passando o braço sobre os ombros de Henry. – Ainda tem chances de dizer que eu faço o seu tipo.

Henry revirou os olhos com um sorriso e afastou Caio com um empurrão. Seus amigos sabiam muito bem sobre sua orientação sexual. No início eles estranharam, exceto Caio, que ficou lhe perguntando se ele fazia o tipo dos gays (mesmo que Henry afirmasse que era pansexual). Mas depois que viram que Henry simplesmente não tinha mudado, que continuava o mesmo de sempre, eles ficaram mais tranquilos, vendo que aquilo realmente não importava.

– Vamos lá, ele merece um abraço em grupo – disse Rick, indo em direção a Henry e o abraçando.

Logo os outros jogadores o abraçaram também, fazendo com que ele fosse praticamente engolido.

– Okay, okay! Já entendi que vocês me amam – reclamou Henry tentando afastar os garotos altos de si.

Então tiveram que se separar, pois estava na hora de entrar em forma para os avisos.

Henry passou os olhos pelo local, procurando Chris. Mesmo que ele estivesse no segundo ano e Henry no terceiro, eles se viam todas as manhãs. Chris não era de faltar ou chegar atrasado, então estranhou a ausência do amante.

A voz grave do monitor chamou sua atenção, então Henry passou a prestar atenção, mas não parava de se perguntar onde diabos Chris poderia estar.

[…]

A festa de aniversário de Henry naquela terça tinha sido melhor do que ele imaginava. Chamaram seus parentes mais próximos e para sua surpresa, sua prima Andressa tinha aparecido com o marido e os filhos gêmeos. Depois de uma situação tensa que ocorreu com ela anos atrás e ela foi quase expulsa da família, Deds resolveu dar as caras novamente. Tinham chamado Chris e Marge também, então ele teve que aturar um pouco as brigas entre os dois.

Em algum momento da festa, seu celular tocou, mas quando ele foi atender, a pessoa do outro lado da linha tinha desligado. Franziu o cenho pra o celular, identificando o número apenas como sendo um que ligava pra ele esporadicamente. Então deu de ombros, com certeza era algum trote ou alguém da cadeia ligando. Ele que não iria retornar a ligação.

A semana se passou rápido e Henry deu graças a Deus que era sexta-feira. Tinha colocado todos os deveres em dia. Assim que terminou, Jules pediu para que eles jogassem videogame, então ficou jogando com o irmão até Marge aparecer de surpresa em sua casa.

– Marge! – gritou Júlio assim que a garota apareceu na porta do quarto de Henry. Ele levantou-se da cama e saiu correndo para agarrá-la. – Eu estava com saudades! Não brincamos faz tanto tempo!

Marge soltou uma risada e pegou o menino no colo.

– Eu também tava com saudades de você, Ju – ela disse dando um beijo estalado na bochecha dele – Nós vamos brincar amanhã, okay? Hoje vim arrastar seu irmão para treinar.

– Aaaah, por quê? Posso treinar com vocês? – ele perguntou com beicinho. Marge mordeu a bochecha dele e o colocou no chão.

– Hoje não, campeão. – ela falou, afagando os cabelos negros de Júlio – Mas eu prometo que amanhã vamos brincar muito okay?

Os olhinhos de Jules brilharam.

– Promete mesmo? – ele perguntou.

– Prometo. E aí, bonequinha? – disse Marge para Raquel, que estava apenas observando seus irmãos jogando. Ela se aproximou da menininha e afagou os cabelos dela.

– Oi, Marge – ela respondeu vagamente, sem olhar para a outra.

– Jules, Rach, por que vocês não vão se arrumar para a gente descer para o parquinho? – sugeriu Henry, querendo ficar a sós com Marge. Jules pareceu animado com a ideia.

– Vamos, Quels! Vamos levar o Cheshire pra passear! – exclamou Jules, pegando o gato nos braços desajeitadamente e saindo do quarto sendo seguido pela irmã.

Henry observou seus irmãos saindo do quarto e fechando a porta. Soltou um suspiro quando eles saíram, passando as mãos no rosto e desabando de costas na cama.

– Você não está bem – afirmou Marge, sentando ao seu lado. – O que foi dessa vez?

– Raquel – ele disse simplesmente – Eu não consigo ter uma interação grande com ela e isso está me matando! Ela é minha irmãzinha e eu sinto que não consigo fazer nada por ela.

– Você tem que esperar, Henry – comentou Marge, acariciando os cabelos curtos do amigo – Ela é só uma criança, tenha calma que vocês vão criar alguma ligação mais pra frente.

– Você não entende, Marge! – ele exclamou, levantando o tronco e sentando-se – Ela é quase uma sombra para o Jules. Ela raramente me chama para brincar, prefere ficar sozinha a ter minha companhia. Eu tenho muito medo de ela não gostar de mim ou sei lá, não se sentir a vontade comigo. Ela é minha preciosidade e eu sinto que não estou fazendo o necessário para termos uma ligação.

Marge ficou alguns minutos quieta, então reparou que Henry estava chorando. Tirou as mãos do rosto do menino e limpou suas lágrimas. Ela realmente não entendia aquela situação. Henry sempre foi muito ligado às pessoas que ele gosta, então não ter isso com a própria irmã deveria ser devastador para ele.

– Eu sei que é uma situação complicada, mas eu sei que você vai arrumar uma solução para esse problema – ela disse com a voz calma. – Tente se aproximar dela com Júlio por perto, dê atenção a ela quando Júlio não está. Você é um irmão incrível, com certeza ela vai se ligar a você em algum momento, não se preocupe com isso.

– Você acha mesmo? – ele perguntou, os olhos ainda com algumas lágrimas.

– Mas é claro! Você é incrível com tudo o que faz, não deixe ninguém dizer o contrário – ela disse, sorrindo para ele.

Com aquelas palavras, Henry lembrou-se do que estava quase esquecendo depois de todas aquelas semanas.

Você nunca vai ser um bom jogador. Desista do vôlei assim como tudo o que você desiste na sua vida medíocre.”

– Parece que não é bem assim – ele comentou com um olhar triste. Detestava se lembrar daquele acontecimento.

Ele viu Marge cerrando os punhos. Assim que ele chegou a BH naquela noite, ele imediatamente ligou para ela. Em poucos minutos a garota estava em sua casa e passaram a noite inteira conversando, Henry chorando ao contar o que tinha acontecido nos jogos. Marge ficou com raiva de Erick por conta daquilo que tinha ouvido e sempre que Henry falava algo a respeito, ela demonstrava sua raiva.

– Não ligue para o que aquele idiota disse – ela falou, a voz séria.

– Ele é meu melhor amigo, difícil não levar a sério aquilo – ele disse, tentando se manter calmo.

Marge não tinha mais o que dizer. Ela sabia o quanto Erick significava para Henry e o quanto ele tinha destroçado o coração de seu melhor amigo.

– Tudo bem, sem ficar na bad, vim aqui para jogar, então vamos jogar. – ela sentenciou levantando-se da cama e puxando Henry pelo pulso.

Ela caminhou até o armário, pegando uma roupa qualquer e tacando em cima do amigo. Deixou sua própria mochila na escrivaninha e desligou o videogame e a TV. Henry vestiu a blusa que ela havia jogado em cima dele e quando foi calçar as meias, reparou na mochila.

– Vai dormir aqui? – ele perguntou.

– Ah não, nós vamos sair depois de treinar e eu não aceito um não como resposta – ela disse, sorrindo – Trouxe as coisas para tomar banho.

– Vamos aonde?

– Sei lá, na hora vamos decidir. Talvez pra Savassi ou pra Fleming. Meu pai me emprestou o carro por essa noite, podemos ir pra qualquer lugar. Meu desejo quase sexual de te embebedar ainda está de pé.

Henry soltou uma risada.

– É sério. Eu não acredito até hoje que você não bebeu. Quem olha acha que você é todo puro e santo.

– Mas eu sou puro e santo!

– Querido, você é uma vadia, isso sim.

– Pelo amor, Marge!

– Eu estou mentindo? – ela perguntou, arqueando uma sobrancelha. Henry a olhou com os olhos semicerrados.

– Está. – disse convicto.

– Aham, tá bom – ela disse com ironia – Com quantas pessoas você já ficou mesmo?

Henry pareceu pensar.

– Umas 50? – ele respondeu, dando de ombros.

– E com quantas você transou?

– Mais da metade? Não sei, não importa.

– Não sabe... Aham... – ela falou sarcástica – Conhecendo você, tu lembra o lugar e o nome de cada pessoa que tu trepou.

– Talvez... – Henry disse dando de ombros. – Você também é dessas que trepa com todo mundo, nem vem.

– Então somos duas vadias – Marge disse sorrindo maliciosamente para Henry, que soltou uma risada.

– Duas vadias então – ele repetiu. – Não posso fazer nada se sexo é bom e cerveja é ruim.

– Não insulte minha queridinha, seu herege! – Marge aponto o dedo para Henry. – Você não sabe o que está perdendo.

– Na verdade estou bem assim.

– Fique bêbado e honre seu lema. O sexo vai ficar mil vezes melhor – disse Marge pegando a bola de vôlei e se encaminhando para fora do quarto, Henry seguindo-a. – E se você estiver chapado de maconha... Meu amigo...

Henry soltou uma risada.

– Você é impossível mesmo – ele comentou antes de abrir a porta do quarto dos gêmeos e vê-los brincando.

Raquel estava rindo de algo que Júlio havia falado e aquilo deixou Henry um pouco mal. Ele raramente conseguia fazer a garota dar risada daquele jeito. Na verdade, era um parto para conseguir fazê-la falar com ele, quanto mais rir de algo como Jules conseguia.

Marge aparentemente viu a expressão no rosto de Henry, pois pousou a mão em seu ombro e lhe deu um afago, como se dissesse que tudo iria ficar bem. Ele olhou para os olhos verdes da amiga e sentiu-se acolhido. Soltou um suspiro e forçou um sorriso no rosto.

– Vamos, amores? – ele disse, tentando parecer animado.

– Vamos! – exclamou Jules superempolgado e correndo até Henry e Marge, segurando Cheshire que estava preso a uma coleira.

Raquel acompanhou os três em silêncio. Como seus pais ainda não tinham voltado do trabalho e Henry precisava cuidar dos irmãos enquanto isso, ele foi obrigado a levá-los lá para baixo. A sorte era que tinha um parquinho de areia, então poderia deixá-los brincando lá sem maiores problemas. Sempre faziam isso de qualquer forma. Até Cheshire estava acostumado a dar voltas pelo condomínio e nunca fugiu.

Fecharam o apartamento e desceram pelo elevador, Jules tagarelando algo sobre um desenho animado que tinha assistido dias atrás e Rach apenas observando o irmão gêmeo e acariciando o pelo longo de Cheshire. Marge conversava com Jules igualmente animada, já que gostava do mesmo desenho que o garoto. Finalmente chegaram ao térreo e caminharam para a parte de lazer do condomínio.

Lá tinha piscina, churrasqueira, parquinho e algumas quadras. Era um lugar bom para se morar e se divertir. Marge e Henry deixaram os dois no parquinho de areia, que tinha algumas crianças com seus pais e foram para a quadra de vôlei que ficava ali do lado, onde podiam ficar de olho nos gêmeos.

Começaram aquecendo, fazendo um treino de defesa e ataque enquanto conversavam coisas banais.

– Você nem sabe – dizia Marge recebendo um ataque de Henry. – A Ray está de rolo com um carinha do estágio dela, dá pra acreditar?

– Sério? Uau – inpressionou-se Henry, recepcionando o ataque de Marge – Ela não cansa de ficar trocando de namorado? Cada mês ela tá com um cara diferente.

– Eu sei! Mas o pior mesmo é que o cara tem 27 anos! Vinte. E. Sete, Henry! – exclamava Marge claramente desgostosa com a situação. – Ela vai me trocar por um cara 7 anos mais velho, nem acredito.

– Primeiro que vocês nem namoraram ou ficaram para ela te trocar.

– Tu para de estragar meus sonhos, garoto.

Henry revirou os olhos. Ele levantou a bola para si mesmo com toque e atacou.

– Você tem que desencanar, apenas – ele disse simplesmente.

– Eu pego geral. Geral mesmo. Mas nem por isso deixo de sentir algo por ela. – falou Marge, soando meio triste – Você faz a mesma coisa e vimos bem que você ainda não superou o Você-Sabe-Quem.

Henry soltou um suspiro. Definitivamente não queria pensar em Erick agora.

– Como vão os seus gatos? – ele perguntou, tentando mudar de assunto. Marge logo percebeu o incômodo do amigo.

– Estão bem – ela respondeu, atacando a bola que Henry havia levantado para ela. – Segundo a veterinária, a Margot vai dar luz daqui a duas semanas! Você vai querer ajudar?

– O campeonato do juvenil começa semana que vem. Duvido que eu vá conseguir, apesar de ser uma experiência aparentemente bizarra.

Marge bufou.

– Não é.

– Você está acostumada.

– Talvez, mas é muito legal. Dá pena, mas é uma experiência interessante.

– Não acredito.

– Idiota.

– Chata.

Hora ou outra Henry parava a bola para ver se os gêmeos e Cheshire estavam bem. Quando se certificava que estavam, ele voltava a atacar a bola para Marge, voltando a conversarem sobre várias coisas. Ficar com Marge nunca era chato. Ela sempre sabia o que dizer e sempre conseguia manter um assunto por bastante tempo, sem contar que conversava sobre qualquer coisa. Isso fazia Henry sentir-se a vontade e não pensar muito em coisas que não precisavam ser pensadas naquele momento.

Conversaram sobre vestibular, que Henry faria em novembro. Conversaram sobre a faculdade de farmácia que Marge estava cursando e quase abandonando por conta do vôlei. Conversaram sobre sexo, bebidas, Chris, Rayssa, vôlei e sobre as férias que iriam passar juntos na casa de praia de Marge. Conversavam e jogavam, Henry levantando bolas para Marge atacar com tudo, treinando o saque de Marge e a recepção de Henry. Enfim.

Estava de noite quando Marge olhou em seu celular, falando que já eram 19h e que pretendia sair pelo menos até 20h30. Então recolheram a bola, negligenciada por alguns minutos para descansarem, ambos pingando de suor, e foram até o parquinho de areia. Jules reclamou um pouco por estarem subindo cedo, mas mesmo assim acompanhou os dois para casa.

Eles e Cheshire estavam todos sujos de areia e Henry deu graças a Deus que sua mãe e seu pai estariam em casa para dar banho neles. Henry sempre cuidava dos gêmeos enquanto seus pais não chegavam e ele não tinha treino. O resto do tempo, os dois iam para uma creche até Henry sair dos treinos de vôlei. Ele cuidava mais dos irmãos do que seus pais. Não que fossem ausentes, apenas trabalhavam demais e chegavam cansados, então Henry ficava com o trabalho pesado antes de deixar os pais darem atenção aos irmãos. Mas ele nunca se importou, afinal.

Subiram e cumprimentaram Fábio, que estava na cozinha fazendo o jantar.

– Pai, eu e a Marge vamos sair, okay? Os gêmeos estavam no parquinho.

– Tudo bem, filho – disse o mais velho picando uma cebola. Era impressionante como Henry era uma cópia fiel do pai, tendo apenas herdado a cor dos cabelos da mãe. – Vocês vão aonde?

– Para um bar ou boate com certeza, tio – disse Marge, sorrindo – Vamos aproveitar os 18 anos dele.

[…]

– Eu tenho certeza que não estamos indo nem para Savassi, muito menos para a Fleming.

Estavam no carro do pai de Marge com a garota no volante. Estavam indo pra um lugar que Henry reconhecia, mas por estar muito escuro, ele não tinha certeza. Okay, talvez ele não fosse a melhor pessoa para se localizar ou reconhecer lugares.

– A Mandy queria ir também e pediu para a gente buscá-la em casa – explicou Marge ,entrando em uma rua escura – Disse que estava afim de beber um pouco.

– Hm... – gemeu Henry. Já era quase 21h e ele estava começando a ficar com fome, já que não comeram a comida que Fábio estava preparando.

Depois de alguns minutos, eles finalmente estacionaram em um lugar e Marge virou-se para Henry.

– Vamos. – ela disse desligando o carro e saindo.

Ele a acompanhou e olhou para a fachada da casa. Ela se adiantou, os saltos altos que usava batendo contra o concreto da calçada, e tocou a campainha. Ajeitou o vestido curto no busto e esperou. Henry ajeitou a armação dos óculos e depois colocou as mãos na jaqueta de couro. A voz de Mandy soou no interfone, Marge disse que eram eles e então a porta foi aberta e ambos entraram.

Passaram pela varanda, Marge guiando-os até a lateral do casarão, onde estava tudo escuro.

– Marge, tem certeza que é por aqui?

– Eu já vim aqui várias vezes, relaxa.

Então continuaram andando, Henry segurando no braço de Marge para que nem ela, nem ele tropeçassem em nada que estivesse no chão. Quando ele menos esperava, a luz foi acesa e vários rostos conhecidos aparecem.

– Surpresa! Feliz aniversário, Henry! – gritaram.

Vários amigos seus estavam lá. O time de vôlei do colégio, o time do Arsenal, tanto feminino quanto masculino e alguns colegas de sala de Henry. Ele sentiu-se feliz e querido naquele momento, dissipando várias de suas preocupações.

Porém, notou que Rick, Luiz e Caio não estavam ali. Quando foi se virar para perguntar a Marge onde eles estavam, seu corpo foi encharcado da cabeça aos pés por um líquido transparente e com um cheiro superforte de álcool.

– Chuveirada para o aniversariante maior de idade – disse Rick, aparecendo na sua visão, uma garrafa de cachaça na mão.

– Finalmente você fez 18 anos, agora podemos sair para beber! – exclamou Caio animado, também com uma garrafa nas mãos.

– Meu Deus, socorro! – Henry pronunciou tentando tirar o excesso de álcool de seu corpo. – Isso era mesmo necessário?

– Mas é claro! – exclamou Luiz. – Fizemos com todos, não seria diferente de você.

– Sei – resmungou Henry, tentando parecer com raiva, mas não conseguia. – Muito obrigado, gente.

Chris se aproximou dele com um sorriso enorme no rosto e com uma toalha em mãos, estendendo-a para Henry.

– Você não sabe o quão trabalhoso foi organizar essa festa – comentou Chris, olhando Henry se enxugar – Mas deu tudo certo. Feliz aniversário.

– Então foi por isso que você sumiu a semana praticamente inteira! – exclamou Henry, tocando o peito de Chris com o dedo indicador – Eu fiquei preocupado, achei que tinha feito algo.

– Haha não. Demorei um pouco para convencer minha mãe a deixar eu usar a casa hoje e depois outros detalhes que você não precisa saber – Chris deu de ombros e voltou seu olhar pra Marge – Obrigado por ajudar a distraí-lo.

A garota deu de ombros e assentiu. Henry arqueou uma sobrancelha.

– Você mentiu pra mim? – perguntou Henry – Estão se dando bem agora?

Marge bufou irônica e revirou os olhos. Chris deu um sorrisinho sem graça.

– Só a parte de sair pra qualquer lugar e buscar a Mandy... – ela explicou. Teve que mentir nesse aspecto para ele não saber de nada – Obviamente não. Aceitei isso por sua causa, apenas – ela deu um beijo na testa de Henry, entrelaçando seus dedos. Henry sabia que ela estava fazendo aquilo apenas para provocar Chris – Agora vou embebedar essa coisinha aqui.

Marge ia puxando o garoto para a mesa ali perto com bebidas, mas Chris foi mais rápido ao segurar o pulso do garoto.

– Marjorie, quero falar com ele a sós uns minutos – disse Chris sem olhar para a garota, olhando fixamente para Henry.

Ela revirou os olhos e murmurou qualquer coisa, saindo ali de perto e indo cumprimentar Rayssa.

– Eu tenho um presente para você – ele esclareceu um pouco mais a vontade agora que Marge não estava por perto – Calma que vou pegar. Não saia daí.

Henry apenas assentiu e observou Chris se afastando e entrando em casa. Ele aproveitou o momento para cumprimentar e agradecer aos convidados, que lhe deram abraços e lhes desejavam parabéns.

Após alguns minutos, Chris voltou com uma caixa relativamente grande em mãos. Ele sorria ao entregar o pacote para Henry, que alargou mais o sorriso e desatou o laço do pacote. Tirou de lá um chapéu do Chapeleiro Maluco, aparentemente feito à mão e ficou sem palavras, intercalando o olhar entre Chris e o chapéu.

– Você...

– Sim – interrompeu Chris, coçando a nuca um pouco sem graça – Foi um dos motivos que não consegui falar muito com você. Demorou demais para conseguir fazer isso direito.

– Cara... Isso é demais – ele disse, simplesmente amando o presente – Eu nem sei o que dizer... Ninguém jamais fez algo assim pra mim.

Chris sorriu com o brilho nos olhos do amante.

– Fico feliz que tenha sido o primeiro. – falou Chris e abaixou o tom – Eu queria muito te beijar agora, mas...

– Tudo bem – interrompeu Henry com um sorriso – Vamos ter tempo para isso mais tarde. Mas pelo menos me dê um abraço descente.

Chris soltou uma risada pelo nariz e passou os braços ao redor do corpo de Henry, não ligando para o cheiro nem o molhado de álcool em sua roupa.

– Você é o melhor. – sussurrou Henry.

– E você é o único.

 


Notas Finais


Uma coisa: amem o Júlio e a Raquel. Eles são umas gracinhas e eu amei criá-los *-*
Eu me enrolei um pouco com as respostas para alguns comentários (tem uns enormes e lindos que eu preciso de um pouquinho mais de tempo para responder), mas prometo que vou respondê-los ainda hoje. Provavelmente daqui a pouco alguns terão suas respostas.
Acho que é isso. Mandem comentários! Eles ãso importantes para eu saber se estao gostando ou não. O feedback de vocês é muito importante para mim ♥
No mais é isso u.u
PREVISÃO PARA O PRÓXIMO CAPÍTULO: 3/02
Me sigam no twitter: @porra_maia
Nos vemos nos comentários u.u
Ghost Kisses
~Marceline


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