“Quando se trata de você não há crime, então vamos pegar nossas almas e entrelaça-las”.
Manhattan ─ Nova Iorque, 23h47min.
Roman pende a cabeça para trás deixando um suspiro pesado escapar por seus lábios, ele estava se sentido deslocado e aborrecido depois de tanto tempo.
O tédio se apossava de seu interior e por esse e outros motivos que se martirizava por ter escutado Justin e ido atrás de Thomas, ele pensava que poderia curtir uma ótima noite de domingo em algum barzinho, jogando bilhar e degustando de uma bela cerveja geladinha.
Porém seus planos foram pelos ares assim que pisou na casa dos Hudson’s e encontrou Thomas em um cubículo nos fundos da mansão, mexendo em seus robôs bizarros. Roman sabia que podia ir curtir a noite sozinho, no entanto, nesses dias para cá ele havia se divertido enquanto ensinava suas artes manhas para o quatro olhos.
Thomas lembrava um pouco Justin quando o mesmo tinha seus dezessete anos, um bobão que não tinha conhecimento das coisas boas que esse mundo oferecia.
Mas neste exato momento Roman sentia uma súbita vontade de fincar a chave de fenda que estava ao seu lado em Thomas, pelo simples motivo de já não mais suportar aquele música clássica em seus ouvidos. Ele estava a ponto de se jogar pela janela e sair gritando, seus ouvidos sangravam com aquela maldita sinfonia que durava minutos.
Ele estava a ponto de enlouquecer.
─ Roman me passa a chave inglesa. ─ Thomas pediu.
─ O que diabos você está fazendo? ─ entregando a ferramenta para Thomas, Roman pergunta.
─ Adicionando um módulo de som nos protótipos. ─ responde, se mantendo concentrado ─ Com base de alguns cálculos de algumas pesquisas do centro de pesquisa da ONU, eu posso fazer com que eles consiga interagir com os seres humanos, é algo fácil. ─ ele da de ombros ─ Só vou precisar sofisticar o sistema de navegação.
─ Você invadiu o sistema da ONU? ─ Roman indaga incrédulo.
Apertando o bocal na lateral da cabeça de um dos protótipos com a chave inglesa, Thomas pula do pequeno banco de madeira que fazia com que ele ficasse da altura do robô e olha para Roman ajeitando os óculos no rosto.
─ Apenas dei uma olhada de cinco minutos. ─ tempo bastante para o mesmo decorar algumas fórmulas. ─ Você não tem noção das coisas que esses caras nos escondem!
Ele da às costas á Roman, pegando o controle e pondo o ponto com o microfone no ouvido.
─ Preciso modificar a modulação de voz. ─ Thomas sussurra para si mesmo.
─ Você planeja fazer o que com essas coisas? ─ para Roman aquilo tudo era uma perda de tempo, mas não podia negar que aquelas coisas eram impressionantes. ─ Isso é quase um transformers. ─ ele se aproxima de um protótipo o tocando.
─ Não toca!
─ Você pode fazer eles se transformarem em carros? ─ Roman pergunta eufórico.
─ Que absurdo!
─ Por quê? Você pode ganhar muito dinheiro com essas coisas sabia! ─ Roman partiu para a persuasão assim que as cifras de dinheiro rondavam envoltas de sua cabeça ─ Estamos falando de uma evolução eletrônica meu amigo quatro olhos. ─ ele alisa o titânio ─ O governo pagaria uma fortuna por essas coisinhas aqui.
─ Essas coisas não foram feitas parem ser vendidas a qualquer pessoa, muito menos para o governo!
─ Irônico você dizer isso já que você os criou para o Jake, um herdeiro da máfia de Nova Iorque!
Thomas respira profundamente.
─ Mas que diabos! Desliga essa merda! ─ vocifera Roman apontando para o radio, aquela sinfonia de instrumentos já o irritava.
─ Se veio aqui para atrapalhar o meu trabalho peço que saia! ─ Thomas aponta para a porta de metal com um olhar furioso para cima de Roman que não se abala. ─ Em suas palavras, se manda!
─ Eu até iria, se a porcaria do lugar aonde eu durmo estivesse sendo feito de motel! ─ ele olha para o robô. ─ Então quer dizer que essa lata velha vai poder falar?
─ Essa “lata velha” é feita de titânio! E sim, eles irão poder falar.
─ Jake deve ter gastado uma fortuna nisso tudo.
─ Ele faria de tudo para proteger suas irmãs. ─ murmura Thomas.
─ É sei, sei. ─ Roman abana a mão ainda olhando para o robô, aquela merda era mesmo feita de titânio, era tão brilhante. ─ Conheço uma pessoa que faria a mesma coisa. ─ Roman diz se lembrando de Justin.
─ Só mais um pouquinho e... Pronto. ─ após Thomas apertar o único botão da cor verde no controle, o robô ao lado de Roman acende as luzes e se movimenta, assustando Roman.
─ Mas que merda... ─ murmura Roman abismado.
─ Espero que dê certo. ─ Thomas sussurra engolindo a seco. ─ Olá CJ-01.
─ Olá, eu sou CJ-01. ─ Roman dá um pulo para trás de susto ao ouvir a voz robotizada do pedaço de lata a sua frente. ─ CJ-01 está muito feliz.
─ Ainda está com alguns chiados. ─ Thomas entorta o lábio insatisfeito após o protótipo dar um pequeno curto.
─ Isso é... Incrível! ─ Roman olha do robô para Thomas. ─ Ele responde apenas a sua voz? ─ o robô o olhou e a ficha de toda a vida de Roman desde até seu tipo sanguíneo aparece em seu sistema.
─ Como eu havia dito antes, em base de alguns cálculos de umas pesquisas feitas no centro de.... ─ Roman ignora aquela baboseira toda e se aproxima do protótipo.
─ Eu tenho muitos planos para você meu amigo. ─ o sorriso de Roman é grande, e o robô sem entender apenas acena com a cabeça e se encolhe quando Roman bate em sua lataria estranhando o ato.
─ Eu disse para não tocar nele! ─ brada Thomas.
─ Relaxa quatro olhos.
─ Relaxa quatro olhos. ─ o robô repete e Roman gargalha.
─ Meu amigo eu adorei essa doideira aqui!
ὂ
Puxando Justin pela mão até seu quarto, Memphis sente o nervosismo percorrer por todo o seu corpo temendo por ser pega por seu irmão, ela não sabia qual seria sua reação ao descobrir que estava com Justin esse tempo todo e não com Tina, mas previa que não iria ser uma das melhores.
Enquanto Justin se divertia com toda essa situação resolveu a provocar mais ainda.
Parando de andar, o corpo de Memphis impulsa para trás por causa de seu movimento inesperado.
─ O que foi? ─ ela pergunta confusa enquanto o puxava pela mão tentando fazer com que ele andasse. ─ Se Jake nos pegar aqui... ─ sua fala é interrompida quando ele puxa sua mão forçando seu pequeno corpo bater contra o dele. ─ Justin!
Passando seus braços ao redor de Memphis ele a aperta, a impedindo de se movimentar.
─ Está me sufocando! ─ ela murmura quase sem fôlego, seu corpo totalmente espremido contra o dele. ─ Justin... ─ ela suplica, sua voz sai abafada.
Sentindo seu cabelo acariciar o seu pescoço, Justin abre um sorriso afrouxando um pouco o abraço.
Ele se sentia tão bem com ela ali, em seus braços.
─ Agora sim. ─ ele a solta totalmente e ela o olha incrédula.
─ Por que você faz essas coisas?! ─ ela estava ruborizada, Justin ri.
─ Se acostume. ─ ele implica, pegando em sua mão e entrando em seu quarto.
Memphis revira seus olhos, e o assisti se jogar em sua cama de forma despojada.
─ Vou me trocar. ─ ela avisa e ele devolve com uma piscada.
Assim que Memphis entra em seu closet com Justin a observando, ele rapidamente se levanta da cama e começa por analisar as fotos em uma mural ao lado da cama. Era a primeira vez que estava em seu quarto mesmo a conhecendo há anos.
Sorrindo ao ver as fotos de quando Memphis era pequena ele volta á olhar para a porta do closet e de forma cautelosa, porém rápida, toma uma fotografia em mãos. Era de Memphis com Lucy, o que mais deixou Justin encantado era o tamanho do sorriso de Memphis, ele havia adorado esse sorriso.
Guardando a fotografia no bolso da calça ele coça a nuca disfarçando assim que Memphis entra no quarto o olhando por sua atitude suspeita.
─ O que está fazendo? ─ ela se aproxima e Justin se sente nervoso.
─ Nada. ─ ele diz de forma rápida sorrindo minimante.
─ Sei. ─ murmura desconfiada.
A puxando pela cintura ele deposita um leve beijo em seus lábios.
─ Relaxa ruivinha. ─ acariciou sua cintura enquanto puxava seu lábio inferior. ─ Você me deve um encontro, e hoje você será inteiramente minha o dia todo.
─ Só hoje? ─ ela sorri abraçando seu pescoço.
─ Hoje, amanhã, depois de amanhã... ─ diz em intervalo de beijos.
─ É? ─ ele assente sorrindo contra os seus lábios. ─ Fico feliz.
Justin Bieber Point of View.
─ Você sente falta de sua cidade natal? ─ pergunto desviando minha atenção da direção e a olho.
─ Denver foi o lugar em que convivi com meus pais até eles morrerem. ─ ela suspira ─ De certa forma eu sinto falta sabe? ─ me olhou ─ Mas não penso em voltar para lá. ─ volta a apoiar a cabeça na janela. ─ Não seria a mesma coisa sem eles.
Mesmo depois desse tempo todo eu não sabia o que levou a morte dos pais de Memphis. Em alguns bailes aonde os maiores mafiosos de todos os lugares se encontravam nunca sequer já ouvi algum comentário sobre a morte, que para muitos até hoje é um mistério.
Poucos comentavam sobre o assunto, pois o pai de Memphis era um homem que muitos respeitavam.
Quando vim à Nova Iorque pela primeira vez e conheci Memphis eu havia colocado meu pai contra parede e fiz algumas perguntas, mas a única coisa que ele disse era para mim não me meter nesse assunto, pois as pessoas que estavam por trás disso eram perigosas.
─ Desculpa. ─ pedi baixo, eu não devia ter perguntado porque sabia que isso era algo que mexia muito com ela, eu era um idiota.
─ Não precisa se desculpar. ─ ela sorri e acaricia minha perna. ─ E então, para aonde iremos? ─ pergunta animada.
─ Eu não conheço muito de Nova Iorque, mas alguém me ajudou á encontrar alguns lugares. ─ a olhei e ela sorria com o cenho franzido.
─ Alguém é?
─ Alguém. ─ concordei com a cabeça, não iria dizer á ela que esse alguém era a Siri.
Deixei o carro em uma rua sem saída e saí dando a volta e abrindo a porta para Memphis que sorriu em agradecimento.
─ A gente vai se divertir muito hoje. ─ passei meu braço por seu ombro.
─ Se a gente estivesse assistindo á algum filme no Loft já estaria sendo divertido. ─ ela beija minha bochecha abraçando minha cintura.
─ Não sei se eu conseguiria assistir á algum filme com você. ─ eu a olhei me lembrando da noite passada, nem havíamos conseguido terminar High School Musical. ─ Apesar de que, se a cada vez que assistirmos á um filme acontecesse aquilo eu iria gostar.
─ Eu sei que iria gostar.
─ Na verdade eu iria amar. ─ beijo seus lábios a sentindo rir contra eles. ─ Não está com frio? ─ esfreguei seu braço por cima do sobretudo que ela usava a apertando contra mim.
─ Não, você é quentinho. ─ disse toda manhosa esfregando seu nariz gelado no meu pescoço.
─ Quentinho?
─ Uhum.
─ Sabe onde estamos? ─ lhe perguntei e ela olhou em volta.
─ Chinatown? ─ a surpresa em sua voz é notória ─ Nunca havia vindo aqui antes.
─ Aqui tem algumas comidas orientais bem gostosas. ─ Memphis olhava para tudo encantada. ─ Tenho que alimentar a minha garota. ─ digo próximo ao seu ouvido e ela me olha tímida, com o rosto corado.
─ Que bom, porque a sua garota está morta de fome. ─ abri um sorriso.
─ Ah, então precisamos resolver isso agora mesmo.
Caminhamos abraçados por entre aquelas pessoas, parando uma vez ou outra em uma barraquinha de acessórios.
─ Essa é bonita. ─ comentei com os lábios em seus cabelos a pulseira de couro com um pequeno pingente de panda que Memphis segurava, o cheiro de seu cabelo era maravilhoso.
─ É, queria levar outra coisa. ─ entorta a boca.
─ Tipo?
Memphis demora alguns segundos para responder, até ela apontar para o canto da barraca.
─ Meias? ─ pergunto estranhando sua escolha.
─ São fofas. ─ ela se estica pegando um par me mostrando, era azul claro com um urso panda.
─ Você quer? ─ ela assente timidamente. ─ Tudo bem.
─ Espera. ─ ela segura meu braço assim que ia estender a nota de dinheiro, Memphis estica o braço pegando outro par de meias, só que agora era da cor marrom com um urso pardo. ─ Essa é sua.
─ O que? ─ não consigo segurar a risada, ela se encolhe com o rosto corado. ─ Meias de casal? ─ puxo seu corpo pela mão, ela não me olhava. ─ Tudo bem. ─ ela rapidamente me olha com o cenho franzido.
─ Pensei que não tinha gostado.
─ É engraçado. ─ ela revira os olhos ─ Mas eu gostei. ─ selo nossos lábios. ─ Eu vou levar as duas. ─ entrego a nota para o vendedor. ─ Agora vamos comer?
─ Sim.
Logo na frente avisto a feirinha com barracas de comida, abraço Memphis pelo ombro e sinto minha boca salivar com aquele cheiro de comida diferente, tinha tantas opções.
─ Aquilo ali parece ser bom. ─ levo Memphis até a barraca e leio o letreiro. ─ É comida coreana.
─ Olá. ─ uma senhora já de idade nos cumprimenta ─ Já sabem o que vão querer?
Coço a nuca meio perdido antes de responder, havia um cardápio na minha frente e eu não sabia o que escolher pelo simples motivo de nunca ter visto aquelas palavras na minha vida.
Eu já havia comido comida coreana por causa do JC já que o mesmo é coreano, e meu intuito logo de vir nessa barraca era que eu pensei que poderia impressionar Memphis ao escolher nossa comida, na minha cabeça era só pedir o que eu já havia comido com JC, mas diabos! Por que a droga do nome tinha que ser difícil de lembrar?
─ Isso aqui, é... ─ balbucio e novamente coço a nuca umedecendo os lábios.
A mulher olha para aonde eu apontava no cardápio e sorri.
─ Jjajjangmyun.
─ Jjajjang... O que? ─ tento repetir e escuto Memphis rir.
─ É um prato de macarrão chinês de inspiração. O molho é feito com carne picada e feijão preto. ─ ela nos mostra a imagem do prato ao lado. ─ É também conhecido por ser o prato mais comido pelos solteiros no Black Day.
─ Black Day? ─ Memphis pergunta.
─ Dia dos solteiros. ─ ela explica.
─ Definitivamente não vamos comer esse. ─ digo rápido.
─ Por quê? Parece ser bom. ─ Memphis abraça meu braço.
─ Você é solteira por acaso?
─ Você fez um pedido por acaso? ─ ela retruca e eu olho para o lado soltando uma risada forçada. ─ Alias, é só uma comida.
─ Temos Kimchi, é um prato muito conhecido da cultura coreana. ─ a moça sugere com um sorriso.
─ Pode ser esse? ─ Memphis me olha.
─ Se você quiser. ─ dou de ombros e ela revira os olhos.
─ Pode ser esse. ─ diz Memphis a senhora.
─ Já trago.
Memphis me puxou até uma mesa pequena e sentamos nos banquinhos um de frente ao outro.
─ Está emburrado? ─ ela pergunta e ri.
─ Claro que não.
─ Está sim. ─ eu reviro os olhos ─ Justin, sorri. ─ ela toca minhas bochechas as esticando me forçando a sorrir. ─ Fica tão lindo quando sorri.
─ Só quando sorrio? ─ agora é a vez dela de revirar os olhos.
─ Aqui está. ─ a senhora deposita uma tigela com algo vermelho.
─ Isso é feito do que? ─ as palavras escapam da minha boca.
─ Acelga, rabanete e repolho. ─ ela sorri ─ Aqui está à água.
─ A gente não pediu água, pediu? ─ pergunto a Memphis assim que a senhora sai, ela da de ombros.
Pegando os palitinhos eu olho para Memphis que bebericava a água.
─ Sabe usar os Hashi?
─ Uhum. ─ ela murmura pegando os palitinhos e os mexendo para mim. ─ Viu.
─ Você primeiro ou eu? ─ a pergunto intercalando meu olhar para a tigela e ela.
─ Vamos os dois. ─ ela pega um pedaço do que eu acho ser a acelga e eu faço o mesmo.
Meio hesitante eu coloco na boca mastigando, olho para Memphis que olha para mim e ao mesmo tempo pegamos o copo d’água o levando a boca.
─ Isso é muito picante. ─ Memphis arfa com a boca aberta ao largar o copo.
─ Agora eu entendi o porquê da água que não pedimos. ─ abano minha blusa por conta do calor da comida picante vendo Memphis gargalhar e voltar a pegar o Hashi. ─ Tem certeza que vai querer comer? ─ arqueio a sobrancelha e ela da de ombros.
─ Apesar de ser picante é bom. ─ abro um sorriso a assistindo comer e beber a água em seguida.
─ Então come bastante porque o dia ainda não terminou ruivinha.
Eu iria fazer tudo o que eu havia vindo idealizado por dois anos, e na minha imaginação, Memphis estava envolvida em tudo o que eu queria fazer, ela era a parte principal.
Continua.
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