História Além do Limite - O passado vem á tona.

“É como sempre tivesse um espaço vazio, essas lembranças que ninguém pode apagar.”

 

Manhattan ─ Nova Iorque, 12h27min.

Quatro anos antes.

 

Olhando pela janela do carro Justin suspirou, olhando para seu lado encontrou seu pai lendo um jornal. Coçando a nuca bufou encostando a cabeça no banco, seu pai havia o chamado de ultima hora para uma viajem as pressas para Nova Iorque, algo havia acontecido e era preciso ir para lá, foi apenas isso que o seu pai disse, ele estava escondendo algo a mais o que deixava Justin frustrado e irritado. Só de pensar que nesse momento poderia estar treinando o deixou aliviado, não que ele não gostasse, era que às vezes era exaustivo.

Justin nunca teve uma vida normal como á de um jovem de dezessete anos, talvez em uma parte da sua infância fora normal até ser estragada por seu pai. Desde pequeno ele teve que amadurecer mais rápido que o normal, mesmo que sua mãe tenha sido contra á tudo isso.

Batucando os dedos na perna Jeremy se irritou com o ato.

─ Tudo bem Justin. ─ suspirou fechando o jornal direcionando seus olhos ao seu filho ─ O que quer saber?

─ Por que acha que eu quero saber algo? ─ desconversou se ajeitando no banco.

─ Porque você não para quieto! ─ Jeremy esbravejou.

─ Tudo bem, eu quero saber sim.

─ Então fale.

─ O que viemos fazer aqui em Nova Iorque? ─ questionou.

─ Um filho de um amigo meu está com problemas e pediu minha ajuda. ─ disse massageando a têmpora.

─ Um filho de um amigo seu?

─ Sim, um filho de um amigo meu Justin. ─ disse seu pai entre dentes.

─ Desde quando você tem amigos? ─ Jeremy o olhou com incredulidade.

─ Sempre tive amigos pirralho. ─ murmurou Jeremy abrindo o jornal emburrado.

─ Mamãe sabe que você me trouxe para cá? ─ Jeremy o olhou assustado.

─ Não e nem precisa saber, está na hora de você agir. ─ disse por fim tentando encerrar aquele assunto.

Patrícia nunca foi de acordo que seu filho entrasse nesse mundo assim como seu marido entrou, nenhuma mãe iria querer isso para um filho. Mas falar com Jeremy era a mesma coisa que falar com uma pedra.

─ Chegamos senhor. ─ Taylor, o motorista avisou.

─ Obrigado Taylor. ─ assentindo Taylor abre a porta do banco de trás.

Saindo do carro Justin se depara com um quintal extenso e uma mansão enorme, quase o mesmo tamanho da de seu pai.

─ Fecha essa boca garoto, e levante essas calças. ─ Jeremy advertiu ─ Sua mãe não lhe deu modos não? ─ fazendo o que seu pai disse Justin soltou uma risada debochada.

─ Engraçadinho você em pai.

─ Vamos.

Seguindo seu pai pelo extenso gramado se aproximaram da porta de entrada que foi aberta no mesmo instante assustando Justin o fazendo dar dois passos para trás quase caindo-nos poucos degraus que tinha ali.

─ Porra. ─ disse baixo olhando para trás. Seu pai pigarreou fazendo Justin o olhar vendo um olhar severo em sua direção.

─ Você falou palavrão, sabia que é feio.

Justin ouviu uma voz doce e olhou para baixo vendo uma miniatura de gente a sua frente agarrada á um ursinho de pelúcia. Ele abriu a boca para falar, mas nada saia.

─ Me desculpe pelo Justin Lucy. ─ Jeremy se agachou ficando em sua altura ─ Como você está?

─ Estou bem. ─ respondeu animada.

─ Que bom. Lucy você poderia nos levar até o seu irmão? ─ assentindo a pequena seguiu na frente sendo acompanhada pelos dois.

Justin perdeu o ar assim que seu pai deu uma cotovelada em seu estômago sem que Lucy percebesse.

─ Droga! ─ Justin praguejou ─ Por que fez isso?

Jeremy apenas o olhou e saiu à frente deixando um Justin sem ar e vermelho para trás.

─ Meu irmão está no escritório. ─ Lucy disse parando em frente a uma porta com dois brutamontes na frente.

─ Obrigado pela sua ajuda Lucy. ─ Jeremy agradeceu fazendo a pequena sorrir.

─ De nada.

Os brutamontes abriram espaço para eles passarem, mas antes de Justin entrar seu pai o impediu.

─ Você fica aqui. ─ Justin o olhou incrédulo.

─ O que? Mas por quê?

─ Sem perguntas. ─ disse por fim entrando pela porta.

Justin bufou se perguntando o porquê o trouxe então. Olhando para o lado viu a garotinha de cabelos loiros cacheados o olhando atenta.

─ Qual é o seu nome? ─ perguntou o olhando com a cabeça inclinada para o lado.

Justin pigarreou colocando as mãos nos bolsos da calça.

─ Justin. ─ respondeu simples a olhando.

─ Quantos anos você tem Jusxin?

─ É Justin. ─ corrigiu ela ─ Tenho dezessete.

─ Que legal! ─ pulou animada assustando Justin. ─ Eu tenho assim óh ─ Lucy levantou três dedos de uma mão e dois na outra.

─ Que legal! ─ Justin a imitou.

─ Por que você anda que nem um pato Jusxin? ─ perguntou ela, os dois brutamontes rirem deixando Justin irritado.

─ Eu não ando que nem um pato!

─ Anda sim.

─ Ando não.

─ Anda sim.

─ Ando não.  ─ Justin implicou.

─ Anda sim.

─ Ando sim.

─ Anda não. ─ Lucy se confundiu fazendo Justin rir.

─ Peguei você.

─ Você sabia que os golfinhos dormem com um olho fechado e o outro aberto. ─ Lucy disse depois de uns segundos em silêncio.

─ Ah é? E como você sabe disso? ─ Justin implicou mais uma vez.

─ Eu vi no Animal Planet. ─ disse animada.

A porta do escritório foi aberta e de lá saiu seu pai e mais um cara que Justin não conhecia.

─ Jake, este é meu filho. ─ Jeremy apresentou Justin. ─ E Justin esse é Jake, o filho de um grande amigo meu.

─ E ai. ─ Justin e Jake deram um aperto de mãos.

─ Bom, vamos para a sala de estar, lá podemos conversar enquanto peço para Adelaide servirem algo para vocês.

─ Biscoitos! ─Lucy gritou animada.

─ Lucy porque você não vai chamar a Memphis enquanto isso?

─ Okay Jake.

─ Ela é adorável. ─ Jeremy disse enquanto Justin e ele se acomodavam no sofá.

─ Sim ela é.

─ Ela não pergunta sobre eles?

─ Sim sempre. ─ Respondeu Jake deixando Justin confuso?

O que diabos eles estão falando? Perguntou-se.

─ E como estão as coisas?

─ Está indo bem. As coisas começaram a evoluir desde que meus pais se foram e eu comecei a tomar conta disso tudo. Gina é de grande ajuda também.

Juntando uma peça com a outra Justin passou a entender. Não conseguindo se contiver Justin perguntou.

─ O que aconteceu? ─ ignorando o olhar severo de seu pai, Jake o olho confuso. ─ Com seus pais...

─ Justin você não queria ir ao banheiro meu filho? ─ Jeremy deu um sorriso amarelo.

─ Não eu... ─ parou de falar assim que olhou para seu pai.

Ele conhecia aquele olhar, era aquele “se você não sair daqui agora se considere morto.” Justin engoliu a seco e se levantou.

─ Eu... Eu vou ao banheiro. ─ apontou para trás de si.

Se virando ele acaba esbarrando em um corpo pequeno, e o segura assim que vê que iria cair. Justin sussurra um desculpa e só então repara que ele havia esbarrado em uma garota. Justin engoliu a seco e perdeu o ar por uns segundos.

Porra que linda! Pensou.

Olhando para o lado ele vê Lucy segurando a risada, então Justin percebe que ainda está segurando a garota, rapidamente tira as mãos de sua cintura. Sentindo seu rosto esquentar olha para o seu pai e o vê boquiaberto.

─ Bom, deixo eu lhes apresentar minha irmã. ─ Jake se pronunciou ficando ao lado de Memphis. ─ Essa é Memphis.

─ Prazer Memphis, eu sou Jeremy e esse é meu filho Justin. ─ Memphis sentiu um pingo de raiva no tom de Jeremy quando se referiu ao seu filho.

─ O prazer é meu. ─ ela sorriu.

Justin soltou uma lufada de ar a olhando de soslaio.

─ Biscoitos! ─ Lucy gritou tirando todos daquele silêncio constrangedor.

 

Meia hora havia se passado e Memphis se sentia deslocada. Lucy estava brincando por ai, seu irmão estava em um conversa com Jeremy e tinha o filho de Jeremy, que estava com uma cara emburrada olhando para o nada. Memphis soltou uma leve risada chamando a atenção de Justin que se ajeitou no sofá a olhando com o cenho franzido. Uma batida na porta foi ouvida e todos se viraram.

Memphis sentiu todo o seu corpo se arrepiar ao o ver adentrando a sala de estar, abaixando a cabeça, Justin estranhou o ato da garota.

─ Jeremy, esse é Taron um amigo meu.

─ E o braço direito dele. ─ Taron completou o cumprimentando. ─ Eu não queria ter interrompido, mas só vim avisar que está na hora de eu levar Memphis para aula de esgrima.

─ Memphis pratica esgrima? ─ pergunta Jeremy surpreso.

─ Sim, e ela é ótima nisso. ─ Taron sorriu abraçando Memphis pelo ombro.

Justin havia percebido que Memphis manteve a cabeça abaixada o tempo todo desde que esse cara entrou na sala, e havia percebido também a forma que seu corpo tremeu assim que Taron a abraçou.

Ele não havia gostado dele.

 

Los Angeles ─ Califórnia, 18h23min.

Atualmente.

 

Com a cabeça encostada no azulejo do banheiro e a água caindo sobre seu corpo Justin se lembrou de quatro anos atrás, quando á conheceu. Havia passado dois dias desde que viu Memphis naquele vídeo, havia algo de muito estranho nisso tudo, polícia conseguindo provas tão facilmente, os carregamentos roubados, os caras do Russel mortos, ataque na arena de basquete, a quadrilha misteriosa, Memphis... Franzindo o cenho Justin se lembra do vídeo gravado.

“Estou de volta”

“Eu vou atrás de você gatinha”

“Gatinha”

“Gatinha”

“─Memphis pratica esgrima?”

“─ Sim, e ela é ótima nisso.”

“─ Agora temos que ir se não ela vai se atrasar, vamos gatinha?”

─ Taron... ─sussurra Justin ─ Filho da puta!

 

─ JC! ─ Justin gritou chamando a atenção de todos assim que pisou na sala.

─ Precisa de ajuda para esfregar a costa companheiro? ─ pergunta Roman em um tom de gozação fazendo todos rir.

Olhando para baixo Justin percebeu que estava apenas de toalha.

─ JC eu quero que você pesquise tudo sobre Taron Egerton. ─ disse ofegante.

─ O que? Mas por quê?

─ Só pesquise.

─ Justin o que deu em você?

─ Pai é o Taron!

─ Quem diabos é Taron?! ─ vociferou.

─ O porra do braço direito do Jake Hudson. ─ Jeremy o olhou confuso.

─ Jake?

O Ignorando, Justin olha ao redor se aproximando da estante de jornais velhos que seu pai guardava o que ele achava totalmente desnecessário. Folheando um por um ele era observado por todos ali.

─ Ôh garoto, assim você vai rasgar! ─ esbravejou seu pai o vendo jogar os jornais no chão.

─ Achei algumas coisas aqui. ─ JC gritou ainda com a atenção no notebook. ─ Taron Egerton tem vinte e seis anos, nasceu em...

─ Pula essa parte. ─ falou Justin se aproximando apoiando uma mão na mesa e a outra no encosto da cadeira onde JC estava.

─ Tudo bem. ─ JC prolongou o “bem” ─ Aqui está dizendo que ele foi preso á três anos por porte ilegal de armas, vandalismo e... Abuso.

─ Porra. ─ Justin socou a mesa. ─ O que mais?

─ Ele foi solto á uns seis meses.

─ Como assim solto? ─ Roman perguntou.

─ Por bom comportamento, pela fiança e aqui está dizendo também que retiraram a queixa do abuso, alegam que a garota tinha conscientização de tudo, que realmente não foi um abuso.

─ Isso não está me cheirando bem. ─ argumentou Jeremy.

─ Pai você ainda tem contato com o Jake?

─ Sim, mas... ─ Justin o interrompeu.

─ Liga pra ele.

Antes mesmo de Jeremy começar a digitar os números seu celular tocou.

─ É o Jake.

─ Atende!

─ Olha aqui moleque, grita comigo de no...

─ Pai atende logo isso.

─ Jeremy falando.

─ Coloca na viva voz. ─ Justin sussurrou, Jeremy fez o que ele pediu.

─ Jeremy, eu preciso da sua ajuda. ─ Jake falou desesperado.

─ O que aconteceu?

─ A Memphis. ─ assim que esse nome ecoou pela sala todos olharam para Justin. ─ Ela foi sequestrada.

 

Continue...