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História Alfred's Chronicle - Para o homem que viu tudo


Escrita por: AndrewFerris

Notas do Autor


Deem uma olhada nas outras fics, espero que gostem tanto quanto dessa!

Capítulo 5 - Para o homem que viu tudo



     Diário de Guerra: 20 de outubro de 1973. Ontem consegui arrumar um trabalho como funcionário num porto da zona oeste, descarregando caixas com suprimentos para um supermercado e algumas empresas médias. Um soldado carregando caixas não seria trabalhoso. O salário era consideravelmente bom, porém o que me interessava era não ficar parado em casa. Minha indignação com Jammie aumentava mais a cada dia, então era melhor eu me manter afastado dele, e o meio que eu tinha escolhido fora trabalhar. Me visto com uma camiseta branca e calça preta, saio cedo para levar meus irmãos à escola, dando à minha mãe uma chance de dormir um pouco mais antes dos afazeres diários que ela tanto se dedicava. Depois de levar cada um deles, levo Jammie para a escola dele, que era mais longe que a dos demais, que estudavam todos juntos. Deixo ele sem dizer nada,  queria que ele próprio percebesse o que estava fazendo e como era errado. Acima de tudo, queria que ele confessasse. A primeira coisa que faço depois de deixá-lo é formalizar minha contratação, falando diretamente com o homem que me contratou, senhor Goddard.
     -Bom dia, senhor Goddard - Cumprimenta Penny assim que ele abre a porta do pequeno escritório não muito longe do porto.
     -Bom dia senhor Pennyworth - Declara aos bocejos.
     -Trouxe os documentos que faltavam.
     -E faltava algum? - Pergunta sem interesse.
     -Um comprovante do Exército e atestado de antecendentes.
     -Ah sim - Se recorda bocejando de novo - Entre, fique à vontade - Penny se senta sem pressa e espera Goddard se sentar para continuar - Mostre o que trouxe - Alfred entrega os documentos e observa o seu futuro patrão avaliando-os - Está tudo certo. Você está limpo, mas não por muito tempo - Brinca dando uma risada de leve.
     -Não entendi senhor.
     -Vai entender em breve, meu jovem. A cidsde está podre, em breve iremos apodrecer com ela - Penny sai do escritório pensativo.
     -Obrigado pela oportunidade, senhor Goddard.
     -De nada, senhor Pennyworth. Boa sorte no primeiro dia - Penny caminha de volta à sua casa com o que seu chefe tinha dito na cabeça, afinal era inegável, a cidade estava podre. Suja, corrupta, com criminosos em todas as esquinas, quem pensava que a cidade ia bem apenas se iludia. Sem parar de meditar essas ideias ele continua até chegar em casa, encontrando sua mãe acordada e arrumando as camas.
     -Bom dia mãe.
     -Bom dia filho.
     -Não consegui te avisar ontem, mas consegui um emprego.
     -Isso é maravilhoso, onde fica? - Pergunta a mãe de Penny dobrando um cobertor.
     -Na região oeste da cidade.
     -Que horário?
     -Infelizmente só faltavam vagas para preencher no período noturno.
     -Mas não é perigoso?
     -Qualquer lugar à noite é perigoso. Além do mais, aquela é a região onde o tráfico se concentra sem grandes focos. O foco deles é nosso bairro e a zona sudoeste mais à frente.
     -Tome cuidado - Pede a mãe de Penny com um aperto no coração.
     -Vou tomar. Se eu sobrevivi a uma guerra acho que sobrevivo a Gotham - Depois de ajudar a mãe a limpar a casa, Penny sai à procura de um velho amigo na cidade, Lucius Fox. Assim que chega na casa do amigo, bate na porta e se espanta com a criança que aparece.
     -Oi, tudo bem? Sabe me dizer se o senhor Fox ainda mora aqui? - A criança corre para dentro da casa e sai um homem magro de bigodes e cabelo loiros e uma aparência horrorosa.
     -Quer alguma coisa, senhor?
     -Boa tarde, gostaria de saber se Lucius Fox ainda mora aqui - O homem na porta fica inexpressivo.
     -Não conheço.
     -Certo, obrigado mesno assim.
     -É só isso mesmo? - Pergunta o homem engolindo em seco.
     -Apenas isso, por que? - Pergunta Penny desconfiado.
     -Por que você poderia querer algo diferente.
     -Como?
     -Tenho heroína.
     -Desculpe senhor, não estou interessado - Assim que Penny se vira e vai embora começa a pensar na pobre criança que devia ser filha daquele homem. Se a polícia ou qualquer gangue aparecesse ele poderia se dar mal, mas a criança iria pagar o pato. Incomodado, Penny segue caminho e para numa lanchonete, onde pede um sanduíche simples e um suco de laranja. Enquanto espera sentado seu pedido, uma mulher se aproxima dele com simpatia.
     -Posso me sentar?
     -Pode - Responde Penny ao notar que as outras mesas estavam ocupadas.
     -É novo na cidade? - Pergunta a mulher se sentando.
     -Não. Moro aqui desde a infância e você?
     -A mesma coisa. Meus pais vieram aqui com intenção de subir na vida, até terminarem endividados como tantos outros, vítimas dos antigos abusos nos impostos e inflações da cidade.
     -Minha mãe contraiu uma dívida do meu pai que era viciado em jogos de azar. Terminamos com um apartamento que pagamos até hoje.
     -Pelo menos você tem casa.
     -E você não?
     -Eu moro onde consigo, caso contrário durmo na rua - Explica respirando fundo.
     -Me desculpe mas, qual é o seu nome? - Indaga Penny interessado na pessoa peculiar com quem conversava.
     -Betty Rogue e você?
     -Alfred Pennyworth.
     -Parece nome de gente chique - Brinca Betty rindo de leve.
     -Quer alguma coisa? Tenho dinheiro sobrando aqui.
     -Não quero que pense que sou uma mendiga coitada que puxa conversa com estranhos apenas para conseguir tomar o café.
     -Isso nem chegou a passar pela minha cabeça. O que realmente pensei é que você é uma pessoa que representa a situação que Gotham passa.
     -Gotham sempre foi assim - Afirma a jovem indignada - Onde está com a cabeça?
     -Passei algum tempo fora do inferno. Estive no inferno e agora que voltei a Gotham parece que ao invés de melhorar, a cidade se torna pior do que o que eu testemunhei.
     -O que você viu? - Pergunta Betty curiosa.
     - Eu vi uma cidade podre, onde todos apodrecem com ela - Penny deixa seus pensamentos de lado e se volta ao momento - Tem certeza de que não quer nada?
     -Aceito um café com leite - Decidiu a jovem corando de vergonha. Penny se levanta e vai ao atendente.
     -Moço, pode me ver um café com leite e um sanduíche básico, por favor?
     -Com certeza, já vai sair, senhor - Penny volta para a mesa e não deixa de reparar um homem com olhos vermelhos que o observava disfarçadamente.
     -Já pedi, espera um pouco que seu lanche chega.
     -Mas eu pedi apenas um café.
     -E eu quis pagar mais - Ela sorri.
     -É difícil encontrar alguém como você, senhor Pennyworth.
     -Me chame de Alfred.
     -Alfred é estranho, vou chamar de Pennyworth mesmo. O senhor ricaço.
     -Eu não sou rico.
     -Algumas pessoas dão mais valor a generosidade e bondade do que ao dinheiro, mesmo nesses tempos - Alerta Betty mostrando outro sorriso.
     -Não me deixe esquecer isso. Ainda existe esperança.
     -Sempre existe esperança - Assim que os dois comem, caminham juntos por algumas ruas antes de parar em frente a um prédio corporativo.
     -Gostei de ter te conhecido senhor Pennyworth - Confessa Rogue se despedindo de Penny com um abraço.
     -Como eu faço pra te ver de novo? - Pergunta Penny com satisfação.
     -Em breve, espero. Deixe que as coisas aconteçam - Cada um vai numa direção diferente, e assim Penny volta pra casa, onde sua mãe preparava o lanche das crianças, que brincavam alegres na sala antes de avistarem o irmão e correrem para abraçá-lo. Exceto Jammie, que estava lendo um livro concentrado, ou fingindo que estava lendo. Quando a noite cai e todos vão dormir, Penny tom um banho e se troca para a primeira noite no novo emprego. Quando chega lá, um funcionário gordo de bigode explica para ele como funcionam as coisas, e em menos de uma hora ele já estava descarregando caixas e marcando opções em pranchetas.
     -Novato - Grita o homem gordo de longe - Me ajuda a levar isso aqui - Penny se junta ao que lhe chamou e mais dois homens, então carregam juntos uma caixa grande que parecia conter chumbo de tão pesada.
     -Não seria mais prático usar uma dessas máquinas? - Sugere Penny confessando a si mesmo o quanto a caixa pesava.
     -Acho que o novato está certo - Comenta um dos que carregava a caixa, um homem loiro, alto e robusto - Mesmo quatro de nós não conseguimos nem tirar essa coisa do container direito.
     -Não podemos usar essas máquinas, não estão à nossa disposição - Revela o homem gordo puxando mais ar para segurar a caixa.
     -Desse jeito não vamos conseguir nada além de dor na coluna - Reclamou Penny dando a causa como perdida.
     -Vamos empurrá-la no final da rampa, não se preocupe garoto mimado - Dito e feito, assim que terminaram de descer a rampa passaram a empurrar a caixa até chegar no depósito. Onde outros funcionários cuidariam de transportá-la.
     -Para onde vai aquela caixa? - Questiona Penny tirando o suor da testa.
     -Como assim para onde vai? - Retruca o gordo - Vai para o mesmo lugar que o resto, para um mercado na zona sul - Penny ri com ar de zombaria.
     -Quer mesmo que eu acredite que aquilo vai pra um mercado? A menos que o mercado tenha passado a vender material de academia, acho aquela caixa muito suspeita - Observou com astúcia.
     -Sinceramente Pennyworth, não é da nossa conta o que colocam ou não nas caixas que transportamos. Seu trabalho é carregá-las de um lado para o outro, não ficar questionando o que tem aqui e ali.
     -Não podemos dar nem uma espiada?
     -Claro que pode, se quiser ser demitido. Agora volte ao trabalho - Sem conseguir tirar o que já tinha visto de Gotham e o mistério que agora varria a sua mente (se é que uma caixa pesada pudesse ser chamada de mistério), Penny se perguntou como estariam seus companheiros americanos que continuaram no Vietnã. Assim que faz uma pausa para comer, Penny se senta em cima de um caixote e saboreia um sanduíche simples de presunto, queijo e salada que sua mãe havia preparado, então olha distraidamente para dois fiscais do porto que jogavam cartas e batiam papo alegres. Penny olhou mais atentamente para os dois e percebeu o que antes supusera ser sua imaginação. Ambos estavam armados. Seu batimento acelera e ele se vira para outro lado quando um dos fiscais o notou, termina seu sanduíche sem virar o rosto de novo e segue de volta para a segunda parte da jornada. Enquanto ajudava a descarregar um container mais pesado que os demais, o homem gordo assobia para ele balançando a cabeça desapontado enquanto ele se aproxima.
     -Senhor?
     -Estava olhando para Thomas e Carl?
     -Quem são esses?
     -Não se faça de engraçadinho, são dois fiscais da região - 
Explica o sujeito irritado.
     -Devo ter desviado o olhar para eles uma ou duas vezes, por que?
     -Por quê esses sujeitos são o tipo de pessoa que não devemos nos intrometer. Eles fazem o trabalho deles e nós fazemos o nosso.
     -E suponho que o trabalho deles seja cuidar para que a polícia não venha aqui e ajudar bandidos seja lá no que for.
     -Atenção novato, trabalho aqui há vinte anos, não quero problemas quando estou à beira de me aposentar.
     -Se nunca arrumou problemas deixa os bandidos controlarem o porto - Conclui Penny com frieza.
     -Cuidado garoto, não sabe com o que está mexendo. Essa cidade está cheia de gente perigosa.
     -Estive num lugar muito pior, senhor, vi todos os perigos que imaginar.
     -Nem a guerra te prepara o suficiente para as surpresas da vida - Alertou o gordo indignado - E se tem algo que Gotham aperfeiçoou com o passar do tempo foi sua capacidade de nos surpreender.
 


Notas Finais


Comentem sobre a história pessoal! Suas críticas, elogios, o que quiserem, o autor agradece!!!


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