POV Minhyuk
Está tão escuro aqui. Sinto o cheiro de algo podre, e posso ouvir som de goteira. Eu não tenho certeza se já é de manhã ou não, pois a cela em que estou é completamente fechada, e as grades que a prendem dão a vista para um extenso corredor com lâmpadas que piscam em mau contato.
— O garotão vai ficar em pé ai o tempo todo?
Olho para trás e encaro meus dois colegas de cela. O mais alto e mais velho entre os dois está deitado no beliche de cima, parece tentar escrever algo na parede com um pedaço de vidro que não quero nem imaginar de onde tirou. O outro está de pé no centro da cela, me encarando. — Hoje faz três dias desde que essa injustiça aconteceu comigo, e não sei como conseguiram apressar tanto as coisas, mas Hoseok e eu fomos transferidos para um presidio no interior da cidade. Quando chegamos aqui eu pensei que poderíamos ficar juntos, mas fomos separados. Essa é minha primeira noite aqui, mas tudo o que eu consigo pensar é em como esta o Jooheon, como o Hyunwoo esta lidando com isso, e claro... Como esta o Hoseok.
— Como eu faço para descobrir onde outra pessoa esta, aqui? — pergunto.
O mais velho para o que esta fazendo e me encara.
— O garoto tem marra. — ele debocha.
— Não é isso. — tento não encara-lo. — Eu realmente preciso saber se a pessoa que foi presa junto comigo esta bem.
O que estava no centro se aproxima de mim, toca meu rosto e seu sorriso amarelado é exposto.
— Ele tem uma pele bacana.
— O que acha que esta fazendo? — tento recuar. — Eu só... Eu só quero saber como meu amigo esta.
— Acha que as coisas aqui saem de graça? — o de cima da cama fala. — Precisa dar algo em troca antes de qualquer coisa.
Agarro as grades atrás de mim e encaro as lâmpadas piscando. — Eu estou com medo, estou com medo de estar aqui, eu não quero estar aqui.
— Por favor, não me machuquem. — peço assustado.
Hyunwoo disse que faria o possível para me tirar daqui, e eu prometi que protegeria o Hoseok, mas o que exatamente isso me custara aqui dentro. — Eu estou com medo.
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POV Hyunwoo
— Mais uma! — grito.
— Já não acha que esta extrapolando? — o homem do bar diz em resposta.
— Você está aqui para me servir ou controlar minha vida?! — grito enraivecido. — Mais uma!
Ele logo vem até minha mesa com mais duas garrafas de bebida, e leva com ele as outras cinco, vazias.
— O que está fazendo? — o puxo pela camisa. — São minhas, deixe elas aqui.
— Estão vazias. — o homem tenta respirar fundo.
— São minhas! — grito.
Dois rapazes da mesa ao lado se levantam e se aproxima da gente.
— Algum problema aqui velhote? — o que parece mais novo pergunta.
— Velhote? — sorrio engasgado. — Eu?
— Não arrumem confusão aqui. — ele pega as garrafas e começa a andar de volta ao bar.
Volto a me concentrar na bebida enquanto os dois rapazes permanecem sorrindo entre si e me encarando.
— Vão ficar aqui pra sempre?
— Velhote... Por que esta bebendo aqui sozinho?
— Se me chamar de velhote de novo eu vou enfiar essa garrafa em um lugar onde não vão conseguir tirar. — resmungo.
— O velhote está bravo. — o mais novo sorri.
— Chega...
Agarro a garrafa e a bato contra a mesa, quebrando-a. Os dois rapazes se afastam em susto.
Um grande baque me assusta. Vejo o homem do bar batendo um taco de baseball contra a bancada.
— Os três! — ele berra. — Pra fora.
Abro minha carteira, pego um pouco de dinheiro e jogo para o alto. Saio do bar indo em direção ao meu carro.
— Hey, você!
Olho para trás e vejo os dois rapazes me seguirem.
— Hyunwoo?
Viro-me para o lado, mas no exato momento recebo um golpe na cabeça.
Tudo fica escuro.
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— Hyunwoo! Hyunwoo...
Abro os olhos sonolentos.
— Vai ficar na cama para sempre?
Vejo um vulto passar pela porta do quarto.
— Minhyuk?
Levanto apressado da cama. Corro e enfim chego à sala de estar, e lá está ele, seus cabelos molhados como se tivesse acabado de sair do banho, seu rosto corado, em cima da mesinha de centro panquecas e sucos.
— Minhyuk?
Ele estende a mão para mim, me aproximo e a seguro. Cada parte minha estremece. — É realmente ele? — Sento-me ao seu lado no sofá, ele pega um pedaço da panqueca e me dá na boca.
— Como? — questiono. — Como esta aqui?
Seu sorriso agora me traz um aperto no peito. Ele acaricia meu rosto e bagunça um pouco meus cabelos. Em seguida ele me faz deitar no sofá com a cabeça apoiada em suas penas.
— Eu sinto tanto a sua falta. — falo. — Como você esta? Esta tudo bem?
Minhyuk agora beija minha testa, fazendo uma lagrima derramar de meus olhos.
— Seja forte. — sua voz soa em um sussurro abafado.
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— Minhyuk! — grito despertando.
Minha respiração está ofegante. Estou um pouco tonto, mas sei que estou sentado em minha cama, no apartamento. — Foi tudo um sonho? — Levanto cambaleando, noto estar sem camisa, e usando apenas uma bermuda.
— O que foi que aconteceu? — questiono a mim mesmo, vendo uma marca roxa em minha testa, pelo espelho do armário.
Eu só consigo me lembrar de estar no bar bebendo, só.
— Vai ficar na cama para sempre?
Meus pelos arrepiam. Tento controlar minha respiração. Corro para fora do quarto e assim que chego à sala de estar vejo em cima da mesinha de centro um prato com panquecas e uma jarra de suco,
— Minhyuk? — chamo confuso.
Ouço o gemido de Jooheon, e então vejo Changkyun com Jooheon no colo.
— O que esta fazendo aqui? — questiono assustado.
— Ah! Acordou. — ele sorri para mim.
— Achei que ia dormir o dia inteiro. — ouço agora a voz de Kihyun.
Não tinha notado a presença dele até então, ele esta na cozinha fazendo algo no fogão.
— Okay... O que os dois estão fazendo aqui? — insisto.
— A Senhora Sun Hee o encontrou bêbado desmaiado ontem. — Changkyun conta. — Ela te trouxe para cá, com a ajuda do marido dela, e como o Kihyun fofoqueiro estava observando ela pediu para ele tomar conta de você. Eu cheguei hoje cedo, estava com saudades desse gorducho.
Ele beija a bochecha do meu filho o que faz abrir um sorriso desdentado. — A conexão deles dois às vezes me irrita.
Vou até a cozinha, pego um pouco de café e fico encarando Kihyun.
— O que foi? — ele questiona.
— Você cuidando de mim? — resmungo.
— Quem não gosta de mim é você. — ele coloca em questão. — E meu problema com você, era o fato de estar enganando o Minhyuk com a história do noivado, mas como tudo já se resolveu...
Permaneço o encarando. — Kihyun é uma boa pessoa?
— Obrigado. — agradeço.
— Oh! — ele grita. — Ouviu isso Chang!
Changkyun sorri, sentando-se no sofá.
— Hyunwoo, eu... Eu queria falar com você sobre uma coisa. — o namorado do mais velho diz. — O Hyungwon comentou que os advogados do seu pai não vão pegar o caso do seu irmão e do Minhyuk, então, eu conversei com meus pais e eles se propuseram a ajudar.
Largo a xícara e corro até o sofá.
— Está falando sério? — questiono.
— Sim. — ele permanece sério. — Você esta me assustando.
— Desculpa. — me afasto. — Mas... Por quê?
— Minhyuk é um grande amigo, ele sempre apoiou meu relacionamento com o Kihyun, ele até conversou com meus pais sobre isso.
— Ele fez isso? — pergunto.
— Não se preocupe, nossos advogados são bons. — ele agora abre um sorriso. — Para falar a verdade, eles estão agora conversando com a polícia.
Levanto e respiro fundo.
— Okay... Está na hora de colocar a cabeça no lugar, Hyunwoo. — digo a mim mesmo.
— Isso a e! — Kihyun grita da cozinha.
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POV Minhyuk
Um estalo repentino me desperta. Abro os olhos e o escuro me assusta. Viro para o lado e me assusto ao ver o outro preso, o mais jovem, sentado em sua cama, se masturbando enquanto me encara. — Ele esta começando a me apavorar.
— Quinze minutos! — alguém grita do lado de fora.
O homem logo fecha as calças e se coloca de pé, o mais velho desce do beliche e também se coloca de pé. — O que está acontecendo? — Mesmo sem entender me levanto e fico de pé ao lado deles.
A cela abre de repente, e dois guardas entram. Por alguns segundos nos revistam e revistam a cela.
— Podem ir. — um deles fala.
Ir? Para onde? — Nós três seguimos o outro guarda. Passamos por algumas celas, por um longo corredor, e enfim um grande refeitório. — Respiro aliviado.
— O que foi flor? — o que estava se masturbando questiona. — Estava achando que estava indo para a cadeira elétrica? O que fez foi tão grave assim?
Não respondo, apenas fico observando o tanto de presos que há aqui. Muitos têm guardas em seus lados. — Devem ser perigosos. — Tento encontrar o Hoseok, mas não consigo.
— Vai ficar parado ai bonitão? — outro preso esbarra em mim.
O que eu faço? Eu estou faminto, mas eu preciso encontrar o Hoseok. — Ouço gargalhadas. Viro-me para trás e enfim o vejo. Hoseok está abatido, seus lábios cortado e suas mãos tremulas. Ele esta sentado em sua cadeira de rodas sendo trazido por outro preso. Corro até ele, e seus olhos de repente ganham vida.
— Minhyuk! — ele chora.
— Conhece? — o que o traz fala. — Leva o encosto com você então.
O observo se afastar e sorrio para meu amigo.
— Você esta bem? — ele pergunta.
— Não se preocupa comigo. — digo. — Olha você, o que aconteceu?
— Aquele cara. — ele se refere ao homem que o trouxe. — Queria saber se não podia andar de verdade, e me jogou para fora da cadeira... Mas eu estou bem. — ele afirma. — Só assustado, e com fome.
Empurro a cadeira de rodas, e entramos juntos na fila. Assim que pegamos nossa comida, encontramos uma mesa afastada vazia.
— Você parece que não dormiu direito. — observo.
— O cara me deixou com o beliche de cima, como ele quer que eu suba naquilo. — ele revira os olhos. — Mas novamente, não se preocupe, eu estou fazendo como o Hyunwoo pediu, agindo friamente.
— Pelo menos o seu colega de cela não fica ameaçando de estuprar você.
Hoseok engasga e prende um sorriso.
— Acha isso engraçado? Não foi você que acordou com alguém se masturbando enquanto te encarava.
— Um dia, a gente vai rir de tudo isso. — Hoseok diz.
— Duvido. — como um pedaço do pão. — Eu só quero sair daqui logo, eu não vou aguentar isso por muito tempo.
Hoseok abre um novo sorriso.
— Confia no meu irmão. — ele pede. — Quando ele coloca algo na cabeça ele não tira até aquilo acontecer. Pode demorar um pouquinho, mas nós vamos sair.
Faço que sim com a cabeça.
— Esta lidando com isso melhor do que eu imaginava. — coloco em questão.
— Não sou tão bobo quanto aparento. — ele toma sua água.
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POV Hyunwoo
Já é noite, estou a um bom tempo esperando, desde que Changkyun disse que conseguiria uma reunião entre os advogados e eu. — Esperar... É uma coisa que eu realmente odeio fazer. — Batidas na porta me deixam em alerta. Apresso-me e assim que abro vejo um homem parado, ele usa um terno preto e carrega uma pasta em mãos. — Ele parece realmente jovem para ser um advogado.
— Kim Sungchan. — ele se apresenta. — Advogado da família Im.
— Entra, por favor. — peço.
Ele logo se senta no sofá, tira da pasta um notebook vermelho, e alguns papéis.
— É impossível tirar os dois de lá? — pergunto de cara.
— Eles foram presos por causa da influencia do seu pai. — o advogado fala. — É uma prisão ilegal baseada em suposições e envolve muito suborno.
— Então... Para tirar os dois de lá eu precisaria expor isso? Expor o meu pai?
— Não acho que resolveria, ele tem muita influencia você pode acabar saindo mal visto, ainda mais com os últimos acontecimentos.
Coço a cabeça e bufo irritado.
— Entretanto. — ele diz. — A situação do Lee Minhyuk é mais fácil de resolver.
— Como?
— Eu consegui algumas imagens das câmeras de segurança do hospital onde a sua esposa morreu. E analisando bem se pode ver que ele não saiu da frente da sala de cirurgia por nenhum minuto.
— Isso prova que ele não a matou. — digo.
— Entretanto há um breve momento em que ele sai, é justamente o momento em que a Kim Naeun é levada para o quarto logo após ter o bebê.
— Você não esta ajudando. — coloco em questão.
O homem abre um arquivo de vídeo em seu notebook. Na imagem vemos um corredor com vários quartos.
— Esse aqui é o quarto da Kim Naeun. — ele aponta.
Ficamos observando. Ele acelera o vídeo, e mostra Naeun sendo levada para o quarto. Não muito depois vejo um rosto familiar entrar no quarto, uma mulher.
— Sun Hee. — consto. — É a Sun Hee.
— Nesse momento você ainda estava na sala de cirurgia, sendo preparado para o transplante.
Sun Hee sai do quarto no exato momento em que uma enfermeira entra no quarto dela com um bebê nos braços, provavelmente Jooheon.
— Por que exatamente estamos vendo isso? — questiono.
— Aqui, agora. — ele fala.
Alguém vestido como um enfermeiro entra no quarto.
— Esse é o motivo de suspeitarem que um de vocês seja o assassino da Kim Naeun. — o advogado conta.
— Ainda não entendi.
Ele da zoom na tela e mostra os pés da pessoa, que está com um all star de cano longo.
— Não da para saber se é um homem ou mulher. — coloco em questão. — Como isso nos ajuda?
Ele agora muda o vídeo e mostra as cenas onde Minhyuk esta parado em frente à sala de cirurgia, ele da um zoom nos pés dele, e vemos que esta usando um tênis esportivo.
— Não foi o Minhyuk! — abro um sorriso. — Ele não matou a Naeun, eu sabia.
A cena continua de repente outros pés aparecem, porém a câmera não pega seus corpos, mas algo chama nossa atenção.
— Aqui. — o advogado fala.
O mesmo all star de cano longo surge em cena junto a outros pés, mas está bem no canto inferior do vídeo, não da para ver de quem pertence, e a filmagem termina ali.
— Não pode ser. — digo confuso. — Isso quer dizer que...
— Yoo Kihyun, Chae Hyungwon, Im Changkyun ou a Sun Hee foi quem matou a Kim Naeun. — ele afirma.
Coloco as mãos na cabeça respirando fundo.
— Com isso eu posso dar um jeito de tirar o Minhyuk da prisão, mas não posso fazer nada por enquanto com as acusações de que seu irmão seja o mandante. Fora que o seu pai já afirmou do ataque que ocorreu antes de tudo.
— Tire o Minhyuk da cadeia. — peço. — Quanto ao Hoseok, eu dou um jeito.
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