História Algum dia de 2035, com esperança - Pôr do Sol

03 de Fevereiro de 2035 (sótão)
 

Oi, papel.

Escrevi de madrugada em você. Depois daquilo eu consegui dormir, mas não tão tranquilamente quanto eu gostaria. Sonhei com algumas coisas também. Tinha uma garota loira (acho que era a Nathalie) correndo e se escondendo entre algumas árvores, morrendo de rir de mim que não conseguia correr do mesmo jeito que ela. Depois ela corria e eu a perdia de vista de vez, nem mais a voz dela eu conseguia ouvir. Escurecia e eu ficava sozinho, sem saber em que direção olhar. Acordei tremendo, sem entender onde estava, mas logo a sensação ruim passou.

Bem, agora já está tarde. Acredito que daqui a mais uns vinte minutos o pôr-do-sol começa. Vim para o sótão justamente para ver essa maravilha da natureza de modo mais decente. Aqui tem uma janela miúda que, se eu ficar um pouco de lado em relação ao vidro, me deixa ver o sol desaparecer ao oeste.

Passei um bom tempo não gostando dessa hora do dia, sabe? É que me lembra bastante o passado, dias melhores e outras pessoas por perto e eu interpretava de um modo mais... Negativo. Mas acho que aprendi a lição. Pelo menos essa lição, eu espero. Agora ver o pôr-do-sol não me tortura mais como antes, na verdade ele consegue renovar uma parte de mim que acho que tá cheia de aranhas.

Enfim, vou pra janelinha agora, já vai começar.

Tô precisando ver esse disco brilhante sumir por trás dos telhados das casas mais uma vez. Quem sabe não tenho até mesmo um bom sonho depois disso?

Tchau, papel.

Hoje vou trocar você um pouco pelo sol.