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História Algum lugar que só nós conhecemos - Privilégios


Escrita por: Eartari_Maia

Notas do Autor


Oi queridos!! Tudo bem com vocês?

Eu sei que estou super atrasada, e acreditem, sinto muitíssimo por isso. Infelizmente tenho sido acometida por uma série de coisas na vida pessoal, inclusive em relação à saúde, que tem me dificultado muito. Moro em Brasília e nesta época sofremos muito com o clima aqui, na maioria dos dias temos tido umidade do ar abaixo de 10%, tanto eu como minhas filhas tivemos ataque de rinite, sinusite etc... é o auge dos problemas respiratórios. Enfim, perdoem-me pela demora.

A verdade é que gostaria de ter trabalhado para que este capítulo estivesse melhor ainda, mas não queria demorar mais ainda a postar, inclusive não dediquei muito tempo procurando músicas para a trilha, mas as que escolhi caem bem para o contexto: Lulu Santos: "Apenas mais uma de amor" e "Certas coisas" (linda de viver!!!); e Roupa Nova "Começo, meio e fim", esta última casa perfeitamente com o finalzinho do capítulo, se ouvirem vão perceber!!

Então vamos à diversão? Espero que gostem apesar de que eu gostaria que estivesse mais profundo, de qualquer maneira o próximo capítulo também já está pronto, falta apenas revisar o texto e escolher as músicas.

Boa leitura!

PS: Editei! Havia postado de madrugada, com sono e não fiz as correções necessárias! :)

Capítulo 4 - Privilégios


Fanfic / Fanfiction Algum lugar que só nós conhecemos - Privilégios

Enquanto estavam no curso de formação os aspirantes continuavam em suas habitações de origem, ao ingressarem na carreira militar eram transferidos para um setor na ala militar, composto de acomodações destinadas aos soldados. Muitos militares fixavam residência nessa ala, outros conforme ocupavam posições mais elevadas ou constituíam família, se preferissem poderiam se mudar.

Conforme combinado, Ariella teve uma conversa com Tauriel sobre as coisas que observou durante os exames e o banquete, ela abordou o assunto de forma sutil mas muito franca, deixando clara sua preocupação com a integridade emocional da jovem, deu-lhe vários conselhos e orientações de como se portar em relação aos seu sentimentos e ao rei para não criar expectativas em relação a ele  que jamais poderiam ser correspondidas. A princípio Tauriel se sentiu constrangida, não conseguiu abrir plenamente seu coração pois ela mesma era incapaz de mensurar e expressar o que de fato sentia, mas depois entendeu as razões e preocupações de Ariella, que não eram sem fundamento. No fim, tomou a conversa como algo positivo, estava determinada a seguir os conselhos, para se curar desses sentimentos dos quais não poderia esperar alegrias, mas o contrário.

Quando chegou o momento de fazer sua mudança sentia-se pronta e entusiasmada, enquanto Ariella e Duinhir estavam tristes, sua filha crescera e agora viveria sua vida completamente independente deles. Era um marco para a vida da moça, que em breve estaria na fase adulta.

Apesar da determinação de Tauriel em tentar ignorar os efeitos que o rei lhe causava e decidir não mais procurar meios de vê-lo e sim evitá-lo, sentiu-se abalada quando o avistou entrando no salão onde os soldados iniciantes estavam reunidos, foi como se suas pernas tivessem desaparecido.

"Valar, eu não queria vê-lo, só porque decido lutar contra o que sinto parece que se tornou mais intenso, por que, por que sinto isso.... preciso reagir... Elbereth, senhora das estrelas, por favor me ajude!" Tauriel refletia com o olhar perdido e a respiração pesada.

Ela se perdeu em pensamentos de tal forma que não interagia com os colegas durante a reunião e não conseguia prestar muita atenção nas instruções que o capitão Daeron dava, e para tornar as coisas mais difíceis, o rei estava ao lado dele. Ela tentava prestar atenção ao capitão, mas era como se um imã arrastasse seu olhar para seu senhor, a necessidade de olhá-lo era tão grande que chegava a lhe doer, e ela não poderia dizer se era mera impressão, mas algumas vezes sentiu que ele a olhava também.

Quando todos começaram a aplaudir ela percebeu que tinha terminado, viu os elfos se levantarem e mal percebeu que Melda tentava lhe chamar atenção indicando que alguém se aproximava.

- Mellon, está tudo bem? Você parece desorientada, ouviu qual é a sua turma e onde vão se reunir? O príncipe está chegando! Melda demonstrava preocupação com a amiga.

- Bem ... eu... Ela não conseguiu concluir o que ia falar.

- Bom dia senhoras, bem Melda, vim exatamente para levar essa mocinha à sua turma. Tauriel, é bom que esteja prepara, exigiremos muito de você. Legolas falava com um sorriso no rosto.

- Hîr nín Legolas - ela o reverenciou – é assim que espero!

- Que bom, então vamos!

Tauriel ficou nervosa ao ver o rei caminhando entre as turmas, mais uma vez teria que se esforçar para fingir a si mesma que não teria ninguém assistindo, e sentiu um pouco de alívio quando viu Duinhir e Amdir, com a presença deles ficaria mais confiante.

A jovem tomou seu arco e buscou concentrar sua atenção nele, nos alvos e nas instruções que recebia diretamente de Legolas, estava tão focada que não percebeu o tempo passar, logo chegou o horário do almoço e todos foram para o refeitório, ela sentou-se em uma mesa junto com Melda, Amdir e Duinhir.

- Ouvi dizer que você foi imbatível no tiro com arco mellon! Tauriel, oiê, por onde está? Melda tentava chamar atenção de sua amiga.

- Tauriel? Duinhir falou tocando sua mão, só então ela voltou sua atenção para seus companheiros.

- Perdoem-me, eu estava pensando em como vai ser a parte da tarde, como sabem será treino com espada, e a ideia de que estaremos sendo observados por ninguém menos que o rei não me deixa confortável.

- Não se preocupe, você já foi admitida, não estará lá para provar nada a ninguém, e sim para se desenvolver mais ainda, todo guerreiro precisa praticar, mesmo os comandantes e o rei, não é verdade?! Amdir tentou acalmá-la.

- Sim, você está certo, me desculpem!

Chegada a tarde os soldados retornaram aos treinamentos, Feren dividiu a turma em duplas, ele e Legolas passariam as instruções de treino. Tauriel fez dupla com Caladon, que junto com ela e outros dois elfos, eram os únicos iniciantes no grupo de Feren, que era mais avançado. Caladon é um elfo silvan muito simpático, de longos e lisos cabelos castanhos e olhos verdes que ela conhecia desde que foi acolhida na casa de Duinhir e Ariella, filho de Alarcyon, um conselheiro do rei e amigo próximo de Duinhir, e de Ronefel, uma curandeira que trabalhava com Ariella, e isso facilitaria as coisas para ela que se sentiria mais a vontade com ele.

- Boa tarde Tauriel! É um prazer que estejamos no mesmo grupo!

- Boa tarde Caladon! É uma satisfação estar aqui, seremos uma grande equipe.

Enquanto praticavam os exercícios que eram instruídos, Tauriel refletia sobre os motivos que a levaram à decisão de tornar-se uma guerreira, lembrou-se de sua mãe penteando seus cabelos e cantando músicas maravilhosas, lembrou-se de seu pai, deitado com ela na grama apreciando as estrelas, ensinando-lhe os nomes das constelações e contando contos sobre os Valar, sobre os anos das árvores de Valinor e sobre seus ancestrais. O fato dela não saber ao certo o que aconteceu com ele naquela tragédia a incomodava. Ela não presenciou o funeral, mas sabia que o corpo de sua mãe descansava abaixo do solo da floresta. Mas... e seu pai?

Ela sorriu para as boas lembranças, a saudade apertou em seu peito e ela não conseguiu evitar que lágrimas brotassem em seus olhos, mas não permitiu que rolassem. Nesse momento nada mais importava, ela dedicaria o melhor de si e suas armas em prol de lutar contra qualquer coisa que ameaçasse seu povo.

A cada golpe ela imaginava um inimigo caído ao chão, sabia que sua amada floresta estava ficando perigosa. Seu rei pressentia que o mal em breve se intensificaria, acabando com o período de “aparente paz” pelo qual a terra-média passava, mas que nunca foi de fato vivenciado plenamente na agora conhecida por “floresta das trevas”, e era por isso que a formação de novos soldados estava recebendo uma atenção especial do rei e de seus altos comandantes como a séculos não acontecia. Sim, ela daria o máximo de si, defenderia sua casa com sua própria vida.

Todos esses pensamentos a fizeram manter o foco, nada era mais importante do que aperfeiçoar suas habilidades.. Ao final das atividades sua amiga Melda a aguardava para irem juntas aos seus quartos, que eram vizinhos.

- Tauriel! Olhei para você em um momento... parecia triste... e também distante.

- Apenas lembranças, estava lembrando dos meus pais, sinto falta deles.

- Entendo, se quiser conversar, podemos jantar juntas!

- Ótimo! Mas não vamos falar sobre coisas tristes!

- Então até mais mellon!

Quando Tauriel chegou ao refeitório, Melda já esperava por ela e sentaram-se, a princípio, sozinhas, conversaram sobre várias coisas, Melda confessou que após a noite do banquete pensou realmente estar apaixonada por Amdir, e também comentou sobre o quão interessado o príncipe havia se mostrado pela amiga, mas antes que Tauriel fizesse qualquer comentário, ela notou o olhar de Melda a uma direção, e ao seguir seu olhar viu que Amdir se aproximava. Ele sentou-se à mesa com elas, jantaram, conversaram um pouco e então Tauriel, lembrando do que sua amiga lhe falou sobre ele, achou por bem deixá-los a sós para que ficassem mais a vontade.

Apesar dos protestos dos amigos ela saiu do refeitório e foi dar uma volta, tomou uma das diversas trilhas da fortaleza que levava às partes mais internas, onde haviam cavernas, grutas e até mesmo cachoeiras. Sentou-se em um banco de pedra próximo a uma pequena cachoeira que deságua ali formando um córrego estreito que atravessa a fortaleza, é um lugar onde ela gostava de refletir, o som da queda d'água é relaxante para ela, que estava de olhos fechados quando percebeu que alguém se aproximava.

- Este definitivamente é um local agradável, gosto de vir aqui também, é uma coincidência prazerosa encontrá-la aqui. Era Legolas.

- Hir nîn, mae govenaen!

- Tudo bem? E então, o que achou do dia de hoje?

- Um bom dia de treinamento, mostrou que temos sempre algo a aprender e melhorar constantemente. E quanto a você meu príncipe, em que momento costuma treinar?

- Em um horário especial, a noite, é o horário dos comandantes, Ada também, frequentemente treino também a sós com ele, nos nossos jardins privados.

- Entendi, durante o curso de formação quando era autorizada eu procurava assistir aos treinos do alto escalão, mas nunca os vi lá...

- Certamente você verá! Tauriel não podia deixar de sorrir, apesar de achar uma possibilidade no mínimo remota.

- Meu Senhor, receio que eu deva me retirar, preciso me recompor para amanhã.

- Você tem razão mas, se estamos a sós, por que não está me chamando pelo nome, como havíamos combinado? Começaram a sorrir.

- Prometo que vou me acostumar!

- Tudo bem, agora vamos, vou acompanhá-la ao seu quarto.

Foram em direção à ala dos militares, ao chegarem à porta do quarto de Tauriel eles se despediram rapidamente. Ela entrou e só então se deu conta que estava mais cansada que o habitual, despiu-se e foi para a cama.

Elfos não necessitam de muito sono, podem ficar dias sem dormir, e naquela noite Tauriel não dormiu, deu pequenos cochilos, pensou muito em tudo, deu-se conta de que, no fim, acabou não notando a presença de seu rei a rondar o campo de treinamento depois que ela iniciou seu treino com todo foco que foi capaz de reunir, mas sabe que ele esteve lá maior parte do tempo, e se sentiu bem ao concluir que seria capaz de controlar sua vontade de vê-lo, bem como a essa estranha atração que ela era incapaz de definir e que as vezes parecia poder dominá-la. Se pegou a imaginar o rosto dele, e se sentiu incomodada, precisava acabar com isso.

*********************

Legolas deixou Tauriel e dirigiu-se aos aposentos do rei.

- Você demorou, como foi jantar no refeitório? Esteve com a jovem ruiva?

- Ada! Os novos soldados estão muito animados, bem-dispostos, os comentários são muito positivos. Estive com Tauriel, mas foi só por alguns minutos. O que achou de hoje?

- Satisfatório, logo poderemos planejar os novos padrões de defesa e da guarda contando com o novo contingente. Observei Tauriel por alguns minutos durante o treino de espada, e apesar de ter muito a trabalhar suas habilidades com lâminas, ela demonstra potencial.

- Já tem uma posição em mente para ela?

- Ainda não, por enquanto quero dedicação dela totalmente aos treinos. Ela e as outras ellith.

- Entendido, se me permite ada, vou me recolher, boa noite.

- Sim, boa noite.

Ninguém poderia perceber, mas naquele dia Tauriel foi o alvo da atenção do rei, que observou seus movimentos, sua postura, de forma tão atenta que notou que apesar da concentração, a mente e o coração da moça demonstravam dor. Os elfos por natureza eram seres com muita capacidade sensorial, e Thranduil, nascido na primeira era sendo um dos elfos mais velhos dentre os que vivem na terra-média, possuía dons ainda mais apurados, com isso ele pôde perceber que a dor que viu na moça tinha origens em seu passado, passado esse aparentemente cercado por um segredo que vinha sendo defendido por uma força estranha, um segredo que provavelmente ela mesma desconhecia, e isso deixou o rei ainda mais intrigado.

********************

Passados alguns meses, as ellith que ingressaram no exército começaram a sair para a floresta acompanhando as patrulhas das equipes da guarda a título de treinamento, Legolas acompanhava a guarda ao menos duas vezes por semana, e procurava sempre que possível fazer com que Tauriel fosse com a equipe que ele acompanharia, quando não conseguia, ele a encaixava com o grupo de Amdir. Com Duinhir não era possível porque a ronda do grupo dele era noturna.

Com o passar do tempo ela ia aprimorando-se cada vez mais, e Thranduil começou a não ter razões para continuar orientando Feren a não designá-la a nenhuma posição, e para disfarçar a situação de estar a “poupá-la”, ele mantinha as outras ellith na mesma condição, apenas em constante aprimoramento. Ele tinha informações da ruiva através de Legolas, imaginava que ela provavelmente não se sentia confortável com isso e com razão, e que o mesmo talvez pudesse ser dito das outras jovens, já que quase todos dos que com elas iniciaram tinham sido confiados para alguma função.

Tauriel dava o máximo de si para não pensar em seu senhor, enquanto estava envolvida em sua rotina ou qualquer outra atividade, ela se concentrava completamente ao que estava fazendo, sem deixar que nada a distraísse, no entanto, nos seus momentos de descanso, principalmente a noite, as vezes pensava nele, especialmente nas noites de céu estrelado, era inevitável admirar as estrelas e não imaginar o rosto do seu rei. Mas ela estava determinada a superar isso por completo e aos poucos estava conseguindo.

O que ela não sabia era que ele vinha pensando nela, mais do que deveria, mais do que um rei pensa em um cidadão de seu reino, ele deveria se preocupar com o bem-estar de seu povo como um todo, mas ela vinha ocupando seus pensamentos como um elfo especial ocuparia, um elfo próximo.

Além de ter chamado atenção do rei desde que chegou sem que ele pudesse dizer a razão, contando apenas com seus instintos a alertar para algo que viria, houve o episódio das provas, em que ela atraiu olhares, e não somente dele. No fundo, o que Thranduil queria era mantê-la em segurança, longe dos perigos de fora do castelo, mesmo que o custo fosse deixar de contar com ela em um campo de batalha.

********************

O tempo continuou passando e como tudo estava sob controle no reino e os dias eram tranquilos, as ellith continuaram sem designação a alguma tarefa ou função, até que um dia o assunto foi abordado por Legolas e Feren, de modo que levou o rei a ter que enfrentar a questão.

- Meu Senhor Thranduil! Feren reverenciou o rei ao entrar em seu escritório.

- Feren, Légolas!

- Ada, queremos saber o que pensa a respeito de algo.

- Prossigam.

- É sobre os soldados formados na última turma meu senhor, aqueles que ainda não ocupam uma posição efetiva. Já os temos colocado eventualmente a acompanhar as patrulhas. Feren começou.

- Ada, sabemos que não há necessidade no momento de nenhum esforço militar, mas já se passa quase uma década de sua formação, e pensamos que seria interessante intensificar as atividades desses elfos, temos grandes talentos a ser melhor explorados, como Tauriel por exemplo, e vejo como ela anseia pelo dever de proteger nosso povo, especialmente a floresta, com a qual demonstra uma incrível conexão.

- E no que pensaram? Thranduil questionou interessado por saber da ideia, especialmente com a menção do nome da jovem ruiva.

- Pensamos em algo que possa dar oportunidades iguais, em que todo nosso contingente esteja altamente preparado em caso de necessidade. Feren justificou-se. - Pensamos em fazer um revesamento para que todos possam passar por diferentes funções, além de dar oportunidades a todos, também ampliamos o tempo de treinamento e até mesmo de folga dos outros. Continuou Feren. - Dividiríamos as equipes proporcionalmente, parte veteranos e parte iniciantes.

- É interessante a ideia de que todos estejam ativos, afinal, apesar da "tranquilidade" - o rei enfatizou com um nítido tom de que não confia que essa seja uma condição permanente - nunca se sabe quando o inimigo pode aparecer. Apresentem-me o projeto quando estiver pronto, quero avaliar cada detalhe, o nome de cada elfo em cada posição, cada escala.

- Assim será meu senhor. Se me dão licença vou me retirar agora majestades. Respondeu Feren enquanto prestava uma reverência.

- Está dispensado comandante.

Logo que Feren se retirou do escritório, Legolas e o rei também dirigiram-se aos aposentos deste para o jantar. A mesa da varanda estava posta, servida com vinho e uma boa variedade de vegetais.

- Legolas, sente-se. Disse seu pai enquanto servia duas taças com vinho, entregando uma ao filho. - Tenho algo a tratar com você que acaba por se encaixar nessa questão que falávamos, é sobre Tauriel, eu já vinha pensando nisso a algum tempo.

- Que tem ela Ada?

- Para ratificar minha decisão preciso confirmar algo. O rei deu uma pausa enquanto completava sua taça. - Conforme os relatórios oficiais o desenvolvimento dela tem superado as expectativas, quero saber de você se confirma isso para fins de uma decisão que implique em mudanças talvez grandes para ela, mudanças que exijam do seu potencial e que possivelmente a coloque para enfrentar os perigos do caminho que escolheu.

- Ada, não posso deixar de admitir que ela é excepcional, nem parece uma elleth, ela é surpreendente, parece até nascida de uma linhagem de altos guerreiros. Thranduil não pôde deixar de erguer uma sobrancelha ao ouvir o último comentário de Legolas.

- Ela é filha de camponeses, mas não duvido que realmente seja muito talentosa, a vi nas provas e vi seu treino de estreia. Thranduil começou a comer, mas apesar de seu semblante indecifrável, Legolas o conhecia e sabia que ele ponderava sobre algo antes de dar continuidade ao assunto.

Terminaram sua refeição e cada um serviu-se de mais uma taça de vinho, Legolas pacientemente aguardava que seu pai retomasse a questão. Galion entrou para que retirar a mesa, e logo que ficaram as sós novamente Thranduil voltou ao tema.

- Você deve intensificar o treinamento de Tauriel, já estava decidindo isso antes de você e Feren falarem sobre o revezamento, você passará a treiná-la pessoalmente em relação as habilidades que ela menos domina, como a espada por exemplo, também quero que ela acompanhe nossa sessão pessoal com espadas, de tempo em tempo, pode ser uma vez a cada lua por enquanto.

- Tem certeza Ada? Nossos treinos pessoais são muito reservados... Legolas não conseguia disfarçar a surpresa. - Raras vezes alguém presenciou.... Ele não pôde completar o que ia dizer, foi interrompido

- Sim, espero que daqui a um tempo ela seja capaz não só de acompanhar, mas de treinar conosco. Seus treinos com ela deverão ocorrer de forma reservada e fora do horário das equipes, combine com ela como será. Quanto ao revezamento, cuide para que as ellith, tenham mais funções dentro da segurança do palácio e que a participação delas nas atividades externas se dê em proporção menor, exceto Tauriel, ela será mais ativa, a quero totalmente preparada para qualquer situação em qualquer posição. Sinto o perigo à espreita, aguardando o momento de se aproximar. Quero a intensificação do treino das outras ellith também, mas dentro de suas rotinas normais. Veja com Feren como isso tudo funcionará.

- Isso pode ser organizado sem dificuldades.

- Quero rapidez no planejamento dessa questão das ellith, especialmente Tauriel, a quero presente no nosso primeiro treino após o próximo dia livre dela, faça os preparativos.

- Entendido Ada.

- Ela é promissora, então estou apenas abrindo oportunidade para que ela nos mostre até onde é capaz de chegar.

- Ela nos surpreenderá Ada! Legolas não conseguia disfarçar sua empolgação.

- Assim espero, por isso tomo essa decisão.

O príncipe e o rei conversaram mais um pouco sobre diversos assuntos e depois de um tempo Legolas se retitou deixando Thranduil, que continuou na varanda tomando seu vinho e olhando as estrelas, perdido em pensamentos

"... é surpreendente, parece até nascida de uma linhagem de altos guerreiros..." a voz de Legolas ecoava em sua mente repetindo essas palavras inúmeras vezes. "sempre senti mistério nela, desde que era uma pequena elffing, desde que coloquei meus olhos nela pela primeira vez ... que segredos a rodeiam? por que me desperta tanta curiosidade?"

********************

Legolas saiu do quarto de seu pai com um sorriso estampado em seus lábios, ia em direção a seu quarto mas, sem poder esperar para contar à Tauriel sobre a grande novidade, decidiu procurá-la para conversarem ainda naquela noite. Por sorte logo a encontrou sentada em um banco de pedra admirando o céu de uma das varandas existentes na ala militar. Com o passar desses poucos anos desde o ingresso de Tauriel à equipe militar, ela e Legolas vinham se tornando bons amigos e passavam muito tempo juntos, especialmente depois que Melda e Amdir decidiram assumir que estavam apaixonados e começaram a se relacionar, diminuindo o tempo de ambos para a amiga ruiva.

- Mellon! Ainda bem que te encontrei rapidamente! Disse ele com um sorriso singelo.

- Legolas!

- Tenho uma grande novidade para te contar, não podia esperar para amanhã!

- Deve ser algo muito bom a julgar pela sua empolgação!

- Sim, e diz respeito a você! Tauriel ampliou o sorriso e sentiu uma ansiedade tomar conta de si.

- Fala logo, não me deixe nervosa!

- Acabei de jantar com o rei, e ele pediu para que eu pessoalmente passe a te treinar, extraoficialmente, ou seja, fora da equipe, há apenas esse inconveniente, mais horas de treino, mais tempo que terá que me aturar! Sorriram juntos. - E não é só, ele ordenou que você passe a acompanhar nosso treino pessoal com uma certa frequência!

- Eu ... não entendo meu senhor, seu treino pessoal?

- Sim, lembra que me perguntou uma vez? O treino, meu e do rei, Tauriel isso é simplesmente inédito, ninguém participa disso, mesmo os comandantes. Você irá nos assistir, mas poderá chegar a treinar conosco, não é maravilhoso?

- Eu ... eu não sei o que dizer, por que essa honra? Sinceramente, não entendo.

- Ada não está a favorecê-la sem motivo Tauriel, você ainda não se deu conta de seu potencial.

- Meu príncipe, se me permite, eu já estava prestes a me retirar quando você chegou, estou especialmente cansada hoje, depois que cheguei da patrulha fui a ala de cura, ajudei Ariella a reabastecer o estoque de ervas, chegaram muitas, tivemos que separá-las, catalogá-las e organizá-las, não tenho tido tempo para ela como antes, então as vezes vou para lá e fico com ela nos meus momentos vagos. Ela não conseguia disfarçar que estava nervosa.

- O que houve? Você não gostou? Por que essa formalidade... agora?

- Me perdoe Legolas, não é isso, é só que me sinto cansada e estou sem reação, é um privilégio muito grande para mim, não estou nem de perto à altura disso. Preciso me acostumar com a ideia.

- Tudo bem, amanhã falaremos mais, descanse bem sua rotina agora exigirá mais de você, boa noite.

- Boa noite mellon!

- Assim é bem melhor! Sorriram um para o outro e Legolas retornou à ala real, para retirar-se em seu quarto. Achou estranha a reação de Tauriel, pensou que ela ficaria tão eufórica quanto ele mesmo estava, mas, no fundo, a entendia em parte, já que ela teria contato com algo que mesmo Feren não tinha.

Tauriel correu para seu quarto completamente confusa. Com esforço ela vinha conseguindo superar seus pensamentos e sentimentos para com o rei, mas não podia ignorar que parte disso se dava em razão de praticamente não tê-lo visto nos últimos anos, nas festas ela procurava sempre estar bem envolvida entre seus companheiros militares e com sua família, procurava ao máximo evitar de aproximar ou ter contato com qualquer elfo que, de algum modo, pudesse fazer com que ela se aproximasse do rei, até mesmo Duinhir, dançava com ele, conversava com ele e Ariella, mas sempre em contexto em que estivessem bem distantes do rei.

Como seria de agora em diante, que teria que vê-lo com uma certa frequência e em um momento tão pessoal como esse? Ela se questionava se conseguiria lidar com isso. Passaria a noite em claro perdida em pensamentos.

O que ela não sabia é que enquanto não mais se esgueirava para ver seu soberano, o contrário vinha acontecendo, que ele passou a observá-la sem que ninguém percebesse, que apesar de ter pedido a Legolas que cuidasse do desenvolvimento e sucesso dela, isso para ele não era o bastante, que sem entender o porque  sentia que precisava ficar atento a ela.

********************

 Em seus aposentos, o rei refletia sobre as muitas coisas que estavam por vir, as que eram esperadas e outras imprevisíveis, para as quais seus instintos élficos alertavam que ele deverá estar preparado. Lembrava-se do treino de estreia dos novos soldados, do brilho no olhar da jovem ruiva, do quanto sua ferocidade com as armas a deixava perigosamente bela e de quão selvagem era sua expressão enquanto girava ao desferir golpes com suas adagas, deixando seus cabelos desengrenhados com algumas mechas grudando em seu rosto e descendo fluidamente pelo seu colo ao acompanhar os movimentos do seu corpo. Ela aparentava ter alcançado a maturidade, revelando-se uma elleth de beleza intensa, não era como a grande maioria das donzelas élficas, que têm aparências dóceis e delicadas e angelicais, não, Tauriel era altiva, ardente como seus cabelos, como o fogo.

Enquanto viajava nos pensamentos a mente do rei o traiu, levando-o a ter uma visão daqueles cabelos grudando no rosto da jovem e sacudindo-se ao redor do seu corpo, como no treino de estreia dez anos atrás, mas impulsionados por movimentos que não eram da luta, e sim de uma atividade que lhe era absolutamente proibida sequer de pensar, totalmente contrária aos costumes de seu povo, afinal ele era casado.

 “Que feitiço é este?” Ele indagou a si mesmo, repelindo imediatamente a visão que durou menos de cinco segundos, totalmente assustado com o que aconteceu. Decidiu meditar a fim de se purificar daquela visão, e quando pensou que estava se concentrando adequadamente, com a mente livre de pensamentos, mais uma vez sua tela mental lhe trouxe a imagem de longos cabelos vermelhos movendo-se sobre um peito masculino nu, de pele muito branca e musculatura bem definida, o peito dele, enquanto ao seu lado ele via seus próprios cabelos platinados numa total desordem, misturados cabelos vermelhos da jovem, e uma explosão de adrenalina tomou conta de seus sentidos.

O que é isso? O que está acontecendo?” Então ele mais uma vez exorcizou sua mente daquelas imagens, não conseguia acreditar no que viu e se questionava como isso aconteceu, como seria possível, então achou por bem tomar um banho em uma cachoeira de águas fortes e geladas, onde ele poderia meditar, se conectar com a natureza e limpar sua mente de forma eficiente.


 


Notas Finais


E então?
Comentem! Batemos papo nos comentários!
Em breve, breve mesmo, o próximo capítulo será postado!!
Bjs e não deixem de conferir as músicas, são bem bonitas!!!

Apenas mais uma de amor: https://www.youtube.com/watch?v=svUp8isgmes

Certas coisas: https://www.youtube.com/watch?v=NlTQAp2X6FI

Começo, meio e fim: https://www.youtube.com/watch?v=U1X98SRZnmc


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