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História Alguns Tons de nós - É por isso que as pessoas tem pensamentos gays perto de mim


Escrita por: ML_chan

Capítulo 4 - É por isso que as pessoas tem pensamentos gays perto de mim


Fanfic / Fanfiction Alguns Tons de nós - É por isso que as pessoas tem pensamentos gays perto de mim

"Tudo bem".

Foi o que eu precise ouvir para entrar em desespero. Um sentimento enorme de medo e culpa tomou conta de mim.

"Ai, eu não falei com meus pais, e agora?"

"Se eu chegar em casa com um menino, o que eles vão pensar?"

"Por que você o convidou, Jimin? Ai meu Deus"

Eu notei que minhas mãos começaram a tremer, eu as segurei rapidamente. Ok, sem pressão. É só até ele arranjar um lugar. Vai dar tudo certo.

Eu espero.

* * *

Era já de noite, eu havia falado com meus pais e eles aceitaram mais rápido que o normal. Foi estranho. Acho que quando o Jungkook chegasse eles iam fazer questão de dar um "tour pela casa" de brinde para ele.

Eu já tinha arrumado o quarto de hospedes que ficava do lado do meu quarto (???), ia fazer frio então eu coloquei umas três cobertas. Só para garantir.

Meu coração não parava de pular dentro do meu peito. Isso é novo para mim. Uma vez eu gritei "para de pular ainda dentro, por favor!". Meu pai vai me levar a um psicologo no final de semana.

Quanto mais chegava perto da hora do Jungkook chegar, mais me batia um arrependimento.

Será que eu deveria...?

Eu estava repensando a minha vida por um momento, quando eu ouvi a campainha tocar. Parecia melodia de filme de terror.

Um suspiro.

Eu me levantei e caminhei devagar até a porta.

-- Olá...? -- Eu ouvi do lado de fora. -- Aqui é o Jungkook... Eu... Eu sou colega do Jimin.

Aquilo partia meu coração... Desculpe-me, Jungkook... Eu realmente não sou bom o suficiente para isso...

-- Me desculpe, por favor... -- Eu falei baixo.

-- Oi? Jimin? -- Ele continuava a falar lá fora.

Cada minuto que passava era mais agoniante para mim... Por favor, só vá embora logo...

Se não fosse por aquela carta... É impossível mudar a personalidade de alguém tão fácil assim. Ainda mais com apenas uma carta. Eu não devia ter a lido.

-- Hum... Acho que não tem ninguém aqui... -- Eu ouvi sua voz atrás da porta.

Em seguida ouvi passos.

Um e dois.

Cada um fazia uma pequena rachadura dentro de mim. Eu me encostei-me à porta e deslizei nela até o chão.

Por que era tão difícil para mim?

-- O que houve, filho? -- Minha mãe apareceu de repente.

Eu abri meus olhos. Nada.

Ela se sentou perto de mim e passou a mão pelos meus cabelos, igual quando eu era criança.

-- Não deixe que a sua felicidade fique em segundo lugar, está bem? -- Ela falou, se levantou e saiu.

Era isso.

Tudo dá errado por isso. Eu sempre deixo a felicidade em segundo lugar, eu sempre penso para o lado oposto. Era isso o tempo todo.

Convide Jungkook para ficar na sua casa no dia 24.

Não deixe sua felicidade escapar.

Sim. Esse Jimin do futuro era mais esperto do que eu podia imaginar. Vai ver eu não sou um completo fracote.

Eu me levantei rapidamente e abri a porta. Ele não estava mais lá.

Não deixe sua felicidade escapar.

Eu não vou deixar.

Então eu peguei o casaco que estava pendurado perto da porta e sai correndo.

Nada.

Onde está você, Jungkook?

Corri e corri.

Quando eu virei a esquina, atravessando a rua, lá estava.

-- Jungkook! -- Eu gritei o mais alto para ver se ele me ouvia.

Ele se virou no mesmo instante.

-- Me desculpe por te deixar esperando! -- Eu falei. Ele ainda estava do outro lado da rua, me observando.

Ele não se moveu. Era óbvio Jimin, ele devia estar com raiva de você por você ter feito ele de idiota na frente da sua casa.

Dois minutos se passaram.

-- Eu vou embora. -- Eu falei já me virando para retornar para casa e chorar para sempre.

-- Jimin! -- Uma voz chamou meu nome. -- Espere por mim.

Eu me virei e vi Jungkook atravessando a rua e quase sendo atropelado.

Ele parou na minha frente e ficou me observando.

-- Vamos?

O que eu faço...?

Isso não estava na carta.

* * *

Enquanto nós caminhávamos, Jungkook olhava para todos os lados e fazia pergunta sobre tudo o que via.

-- Uau, que lugar é aquele? -- Ele apontou para um parque com brinquedos.

-- Ah, é só um playground normal e...

-- Podemos ir lá? -- Ele perguntou sem esperar uma resposta.

Ele correu até lá.

Parecia uma criança.

-- Jungkook espera! -- Eu gritei e corri atrás dele.

Ele pulou em um dos brinquedos que girava e começou a girar nele.

-- Jungkook você vai se machucar, desce daí! -- Eu tentei segurar ele, mas não deu.

-- Jimin Hyung suba nesse aqui, é divertido! -- Ele falou seguido de uma gargalhada.

Aquilo era bom.

Eu apenas obedeci a sua ordem e fui até o brinquedo. Jungkook se apoiou também e começou a girar.

-- Jungkook, se eu vomitar a culpa é sua! -- Eu falei me segurando no brinquedo cada vez mais forte.

-- Você é chato, Hyung... -- Ele disse ainda brincando e parou o brinquedo.

-- Eu não sou chato... -- Falei enquanto saia daquela maquina mortífera que eles chamavam de brinquedo. -- Eu sou realista.

-- Sei...

-- É verdade!

Jungkook correu do brinquedo até um banco que estava próximo. Eu me sentei ao seu lado.

Ele estava suado. Sua camisa branca do uniforme se tornou transparente e estava grudando no seu corpo. Embora não fosse higiênico, era uma bela visão...

-- A noite está tão bonita. -- Ele respirou fundo enquanto uma brisa refrescante passava por nós. -- Por que você não se interessa por nenhum clube, Jimin? O que você gosta de fazer?

-- Aigoo, você faz muitas perguntas! -- Falei rindo.

-- É verdade, faça perguntas para mim também!

Tudo bem.

-- O que você faz quando não está estudando? -- Perguntei.

-- Leio livros.

-- Você gosta de ler?

-- Gosto. Eles me ajudam a esquecer um pouco da realidade.

Faz sentido.

-- Que tipo de livros você gosta?

-- Hum... Vários. -- Muito prestativo Jungkook. -- Mesmo que eu te fale, você não vai entender.

-- É verdade.

Nós rimos um pouco. Era bom estar ali com Jungkook, ele me passava uma sensação de segurança, fazia eu me sentir bem. Algo que eu não me sentia desde que aquela carta chegou.

-- Então, por que você ficou uma década sem ir para escola daquela vez? -- Resolvi matar minha curiosidade.

Ele parou de dar risada e só ficou com um sorriso no rosto. Respirou fundo, e do nada ficou pensativo.

Acho que ele não queria falar disso. Não vou tentar insistir.

-- Posso perguntar mais uma coisa? -- Falei.

-- Sim.

-- Por que você não entra para o clube de canto?

-- Por quê? -- Ele ainda continuava pensativo.

-- Porque você parecia estar se divertindo enquanto cantava Jungkook.

-- Minha mãe... -- Ele falou de repente. -- Faleceu.

Aquilo um tiro no meio do rosto.

Ele estava dizendo que a mãe dele faleceu.

De verdade.

Primeiro, eu estava calculando se o que eu tinha acabado de ouvir era real. Então, eu olhei para Jungkook. Todo sorriso e alegria de um segundo atrás tinha desaparecido.

-- Ela cometeu suicídio... No meu primeiro dia de aula aqui. -- Ele continuava sem nenhuma expressão. -- E devido ao compromisso do funeral e da mudança, acabei faltando. Minha avó está vindo morar comigo, eu tive que inventar alguma coisa. -- Nada. -- E eu prometi a minha mãe que não participaria de nenhum clube.

Enfim, um sorriso sem graça. Aquilo doía mais em mim do que nele.

-- Desculpa, acabei te contando coisas sem importância. -- Ele disse tentando mudar o rumo da conversa.

-- Não, me desculpe por ter perguntado.

Eu ainda estava meio perplexo, olhei para Jungkook e vi que ele olhava para o céu novamente.

No primeiro dia, a carta dizia para eu não convidá-lo.

Por que eu o convidei mesmo assim?

Não o convide hoje, de jeito nenhum.

A carta só veio até mim para que eu pudesse não ter mais nenhum arrependimento.

Se o Jungkook estiver aparentando estar triste, por favor, fique ao lado dele para ajudar no que for necessário.

Jungkook se levantou rapidamente.

-- Podemos ir embora? -- Ele disse.

* * *

Quando chegamos em minha casa e eu abri a porta, Jungkook se tornou o menino curioso de sempre.

-- Nossa, é bem grande mesmo! -- Ele falou olhando para todos os cantos.

-- é verdade. -- Eu ri do seu jeito de criança de explorar tudo.

-- Para ser honesto, eu estava ansioso para vim. -- Ele disse. -- Não sabia se você estava mesmo falando sério naquela hora. -- Então um sorriso surgiu no seu rosto. Era um daqueles de tirar o ar. -- Por isso, eu estou feliz. Muito feliz. Obrigada, Jimin.

-- Então pode ficar aqui o quanto quiser! Amanhã e depois de amanhã! Todos os dias! -- Eu falei meio que sem pensar. Foi a emoção do momento. -- E se você quiser, eu vou chamá-lo cedo para não se atrasar no clube de canto.

Ele deu uma gargalhada.

-- Você parece uma mãe. -- Ele disse e continuou sorrindo.

Isso.

Vou fazer com que esse sorriso do Jungkook dure para sempre.

Pelo menos, pelos próximos dez anos até o fim.

* * *

Uns dez anos no futuro...

Jin, Namjoon e Suga acenavam para mim e Hoseok enquanto voltávamos. Eles estavam esperando perto do carro.

-- Suga você nem tem filhos, por que tem um carro desse tamanho? -- Hoseok perguntou enquanto entrava no carro.

-- Aqui é puro swag. -- Ele falou. -- Mentira, é do meu irmão. Não enche.

Enquanto Hoseok e Suga discutiam sobre de quem era o carro, Jin fazia caretas para Jungsan.

-- Embora ele seja adotado, ele parece um pouco com você, Jimin. -- Ele comentou.

-- Que bom que ele não parece com o Hobi.

-- Que?

-- Que passagens são essas? -- Suga perguntou tirando as passagens da mão de Hosek.

-- Vou dá-las para Jungkook.

-- Hã?

-- Eu posso, não posso?

Então, depois de alguns minutos de questionamento de Suga, todos finalmente entraram no carro.

Hoseok se virou para nós e perguntou o que nós estavamos levando para Jungkook.

-- É segredo. -- Jin e Namjoon responderam e uníssono.

-- Sim, é segredo. -- Suga também respondeu.

-- Não é justo! -- Ele se virou para Suga. -- Além do mais, eu não te perguntei Yoongi.

Eu arrumei o pequeno chapéu de Jungsan.

-- Então pergunte. Já falei que era segredo, vai ser constrangedor se você não perguntar.

Uns dez anos no passado...

Durante um inverno, quando ele tinha 17 anos, Jungkook se envolveu em um acidente e acabou morrendo.

Ele deixou todos nós e a promessa que fizemos para trás.

Nos arrependemos muito, pois não fizemos nada.

* * *

Depois daquilo tudo, eu perguntei se Jungkook não queria tomar um banho, já que ele estava todo suado.

Meus pais, aparentemente haviam saído enquanto eu dava uma de rápido e corria atrás de Jungkook. Será que eles já notaram...?

Enquanto eu estava no meu quarto, colocando meu pijama, eu notei que havia uma toalha em cima da minha cama. Obviamente, Park Jimin, foi uma ótima pessoa e esqueceu-se de levar a toalha para Jungkook.

Parabéns.

Eu vesti rapidamente minha roupa, peguei a toalha e fui até o quarto de Jungkook.

Estava muito silêncio.

-- Jungkook? -- Eu dei umas três batidas na porta.

Nenhuma resposta.

Bati mais uma vez. Nada.

Eu empurrei levemente a porta. Não tinha ninguém no quarto.

Eu entrei lá dentro, fui até sua cama e deixei a toalha lá. Onde está ele?

Eu já ia começar a procurá-lo pela casa, quando eu ouvi:

-- Hyung? -- Sua voz rastejou lentamente pelos meus ouvidos.

Eu me virei devagar.

Eu poderia cair com o que eu vi, mas eu me segurei.

Jungkook apareceu enrolado já em uma toalha. Apenas com uma toalha.

Eu engoli e seco. Aquilo era tentador.

Ele só pode estar fazendo um jogo comigo.

-- E-Eu só vim trazer a toalha e... -- Olhe para outro lado, Jimin! Outro lado!

-- Já tinha uma toalha no banheiro. -- Ele falou meio que brincando. Isso foi uma provocação.

-- Eu notei. -- O quarto ficou meio quente de uma vez só. -- Ok, eu já vou, tchau.

Eu me virei e sai dali.

Agora eu era quem estava suando feito um louco.

* * *

À noite, quando eu já estava na cama, quase finalmente esquecendo-se de tudo e pegando no sono, eu ouvi uma batida minha porta.

Eu levantei meio sem rumo, depois de uns cinco segundos em pé eu já comecei a imaginar coisa na minha cabeça, como "quem estaria batendo à uma hora dessas na porta do meu quarto? É claro que um fantasma".

Eu comecei a meio que me perder nos meus pensamentos até que eu ouvi uma voz:

-- Hyung... -- Dizia.

Eu corri para abrir a porta.

-- Jungkook? -- Eu falei e olhei para seu rosto. Ele estava encharcado de lagrimas. -- O que aconteceu?

-- Eu... Eu tive um pesadelo. -- Uma criança. Jungkook era uma criança.

-- Um pesadelo? -- Perguntei dando espaço para ele entrar. -- Que tipo de pesadelo?

-- Do tipo muito ruim...

Aquilo mudou completamente o meu rumo. Também não estava na carta. O que devo fazer?

-- Você... Você... -- Eu ia me arrepender muito de falar. -- Você pode ficar aqui comigo...

Ele me olhou por um momento, como se estivesse esperando algum tipo de aprovação. Apenas retribui o olhar e assenti com a cabeça.

Eu tirei o colchão que ficava debaixo da minha cama (eu não ia o deixar dormir comigo! Não ainda...) E coloquei uns lençóis para Jungkook.

Ele se deitou no colchão. Depois de eu me certificar de que ele estava bem e confortável, eu me deitei na cama.

A gente conhece milhares de pessoas e nenhuma delas te toca realmente. Então, você conhece uma pessoa e sua vida muda.

Nos arrependemos muito, pois não fizemos nada.

Podíamos ter feito algo, podíamos salvá-lo.

O Jungkook está mudando minha vida. Por isso, eu vou salvá-lo.

-- Obrigado, Jimin. -- Ele disse.

Depois disso, nós dois caímos no sono.



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