Com o tempo retornando, Alice voltou à vida novamente e logo que o momento previsto em que Jeff aparecia atrás dela e a esfaqueia chegou, ela se virou em um ataque que cortou o pescoço do assassino, que caiu largando a faca e levando as mãos com o pescoço, em todo o momento a encarando com ódio em seus olhos.
— Isso foi obra sua...
Logo em seguida, voltou o olhar enfurecido para a albina que continuava a sorrir tal como uma boneca, imutável.
— Este é o portal que leva ao mundo "normal". Acho que chegou a hora de lhe contar a verdade.
Ela não disse nada, apenas confirmando as suspeitas dela.
— Finalmente!
A morena abriu um sorriso satisfeito.
— Eu acho que até a parte que eu sou uma existência oposta à sua você sabe...
— Sei.
— Você me criou... Quero dizer.. Você me forçou a ser isso.
— ...Huh?
— Há anos... Uma menininha de cabelos negros como a noite que sofria de esquizofrenia chamada Ecila perdeu seus pais em um acidente e no orfanato que vivia, ela era maltratada e tinha várias visões de criaturas que vinham a atacar a todo momento. Então, ela decidiu escrever um livro sobre essas criaturas usando pessoas que ela conhecia em suas histórias...
— (...Ecila? Cabelos negros?)
— Simultaneamente, em uma mansão longe dali, vivia uma alegre menininha de cabelos brancos como a neve chamada Alice. Ela era muito bondosa mesmo com tudo que os pais proporcionavam de melhor, ela não era mimada e fazia bom uso ajudando àqueles que necessitavam. Ela era amada por todos... O contrário de Ecila.
— ...
— Cansada daquele lugar pavoroso e de ser assombrada, Alice tomou a desastrosa decisão de suicídio. E, com a força do espírito negativo e cruel que tinha dento de si, ela criou um mundo repleto de monstros sedentos, como um pesadelo, foi batizado pela próprio como Nightmareland, a terra dos pesadelos.
— (Então é isso que esse lugar é...)
— Porém, antes de se matar, ela escreveu um diário, e nele confessava todas as coisas horríveis que provocou com as pessoas que ela conhecia após ser adotada por um senhor rico....
A Chorona, sua tia,foi ela que a convenceu sobre a ideia de os afogar naquelas águas naquele dia em que estava escondida entre arbustos observando tudo.
O Homem Torto, o primeiro irmão bastardo mais velho, ela o empurrou daquele penhasco.
O Homem da Areia, seu pobre avô, quando ele estava distraído, ela trocou a areia sonífera por veneno.
O Bicho-Papão, amigo de Levi Fernsby, ela o denunciou para um membro da organização de tráfico de órgãos.
Mary Sangrenta, a prima por parte de mãe, ela destruiu o sino que poderia tê-la salvo.
— Pare...
Subitamente começando a chorar, ela implorou caindo de joelhos lembrando-se aos poucos dos acontecimentos, mas a alina não a obedeceu.
Hoody, o "melhor amigo" dela na escola, ela trocou a água da banheira por ácido.
Jeffrey e Liu, os irmãos Fiedler, seus vizinhos, ela convenceu Jack que o irmão planejava algo contra ele e o tornou assassino da própria família, em seguida, quando o viu sobre a árvore, atirou sobre o galho que o matou da enorme altura.
Jack Risonho, um pobre jornalista e colega próximo de John, foi ela que avisou Jeffrey do jornalista naquele dia.
O Homem Esguio, motorista particular do pai adotivo, ela foi quem tacou a bola e provocou a criança a ir para a rua, assassinando não só o motorista como também o tio dele, o Homem Criminoso.
Jason Howells, dono da fábrica de brinquedos local, ela provocou o incêndio com um isqueiro.
Clockwork, a vizinha dos irmãos Fidler, ela colocou um pequeno explosivo nas engrenagens quando a morena não estava perto.
Zero, uma pobre estudante que Alice invejava, ela a fez cair na armadilha e ser esmagada por todo aquele peso com o auxílio de Jeffrey, que ao que se pode concluir, ela traiu e o matou mais tarde. Um ciclo de traição entre os dois, certo?
— Por favor...
Alice implorou, com ambas as mãos sobre os olhos.
O Rake, o antigo professor de história dela, foi ela também que o empurrou daquela altura monstruosa.
Cherry, uma estudante de beleza exótica, também tomada pela inveja e ira, ela foi quem a chamou e causou o atropelamento naquela noite.
Ticci Toby, um ídolo virtual que morava perto, para a infelicidade dele, foi ela quem atrapalhou o ladrão em sua primeira tentativa de assalto, sendo na segunda a vítima o gamer, que não escapou com vida.
Sally, uma colega de classe que considerava como irmã, naquele dia que ela fora convidada para dormir na casa Maclure, foi ela quem atirou a amiga e empurrou Miranda.
O Bonequeiro e o Pintor sangrento, ambos artistas locais que ela admirava, Alice foi aquela que destruiu o urdimento e libertou o cão selvagem da corrente.
E... Doutor Smiley, aquele que ela amava... Bem mesmo ele escapou de sua perversidade, ela convenceu o pai inconsolável sobre a incompetência do médico.
— Sim, e mesmo naquele mundo que ela mesmo havia criado... Ela acabou se entediando e vendo através do espelho a vida perfeita de Alice, ela sentiu tanta inveja que a convenceu e ambas trocaram de posições.
Uma aprisionada no inferno.
E a outra, em uma vida feliz.
— Mas não foi bem assim, logo ela também ficou satisfeita com a vida perfeita que a verdadeira Alice tinha e quando fugiu... Bem, acabou retornando para este lugar. Você não só roubou a minha forma como a minha vida também, Ecila... Tudo porque estava sozinha e não suportou toda a dor. Você se lembra agora?
— MENTIRA!!
Mas ela sabia, aquele instinto assassino, tudo batia de acordo com a história...
— O que você vai fazer...?
— Bom, Alice, está na hora de retornar para a minha vida e família... Você irá ficar aqui...Eternamente.
E em uma expressão assustadoramente severa no olhar que usualmente era dócil, a morena juntou as poucas forças que ainda lhe restava e se levantou.
— Sinto muito, "querida", mas isso eu não permitirei. Mesmo que eu tenha roubado tudo de você até agora... Se você é a única forma de ha\ver paz e felicidade que eu tenho... Eu não a deixarei ir!!
— É mesmo...?
Quando prestes a avançar sobre a albina, a morena sentiu algo segurar em seu pé e quando viu que era Clockwork, os olhos abriram-se em choque.
Aproveitando o momento de imobilidade da tola morena, com sua velocidade impressionante, a suposta "Ecila" pegou o livro no bolso da morena, se afastando com um olhar pesaroso, como se não estivesse apreciando aquilo.
Com pena.
— Adeus, minha querida Ecila... Mas há outras pessoas que precisam de mim agora.
— NÃO,... ALICE!!
— E assim... A perversa Ecila ficou aprisionada com o mundo que ela própria criou enquanto Alice retornou para a família seguramente e tudo voltou a ser paz novamente. Fim.
Uma mulher contava para os dois adolescentes e fechava o livro, observando os rostos surpresos e insatisfeitos, querendo mais.
— Que final triste para Alice... quer dizer, Ecila...
— Você gostava dela?
O rapaz perguntou para a irmã.
— De jeito nenhum! Ela era tão má! Mas, bem... Provavelmente ela foi influenciada pelos sentimentos ruins e pela doença dela, então não consigo odiar ela completamente...
— Você é como a Alice então...
— Hehe, acho que sou.
A garota soltou uma risadinha apreciando a comparação do irmão com a personagem favorita.
— Só falta a beleza.
Ele completou em um sorriso, sendo encarado pela irmã, logo o ambiento tornou-se completo por risadas, e, longe dali...
Uma mão tingida de vermelho surgiu de um buraco perto de uma árvore.
— A..li...ce...
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