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História (aliud in ore, aliud in corde) - . - a se impetrare ut nom posse -.


Escrita por: UYScuti

Notas do Autor


hey <3 "estou de volta"

"aliud in ore, aliud in corde" significa: "uma coisa em seus lábios e outra em seu coração/ o coração sente e a boca mente" e "a se impetrare ut nom posse" significa: "não se pode demandar contra si mesmo"

Capítulo 1 - . - a se impetrare ut nom posse -.



Abyssus abyssum invocat
Um abismo atrai o outro
Accipe quod tuum, alterique da suum
Aceita o que é teu e dá o alheio a seu dono
Accipere quam facere praestat injuriam
Antes sofrer o mal que fazê-lo
Accipere quam facere praestat injuria
Antes sofrer injúria, que praticá-la

 

Parabéns, querido

Tornou-me um boneco 

 

respiro e inspiro 

mas não sinto

não sou nada

além de um boneco 

feito de plástico 

sem sentimentos, sem movimentos 

 

minha boca não se abre

você é quem dita as regras

as palavras e as ações 

apenas você 

 

meus olhos são fixos

ao horizonte, ao nada, ao vazio

como ao que que há em mim

eu não o sinto 

 

meu corpo é imóvel (tanto que dói)

se eu me mover, perceberás 

e um fim em mim dará

(não me abandone, querido

eu não suportaria 

viver sem seu amor 

não sentiria nada além da dor

(tão dolorosa quanto esta que sinto agora)

aceito a dor, machuque-me

eu sorrirei para ti

desconte sua raiva

serei obediente 

 

grite, pois

meus ouvidos nada ouvem 

além dessa tua voz insana

que conduz-me a combustão 

 

lembro-me, o rosa em meus cabelos 

como o do vestido rosa amassado 

jogado num canto, rasgado  

não deixa-me usá-lo

sinto-me belo nele

como nunca senti-me

mas, tu, meu amor, odeia 

(ou odeia a mim?)

 

eu sorrio e aceito 

sou seu bonequinho de plástico 

vestido de f(alsidade)elicidade e hematomas 

dei-te minha alma 

e você a jogou aos ventos

 

(não compreendo)

 

não sinto 

saudades da minha família 

das minhas músicas 

dos meus livros

das minhas roupas 

dos meus vestidos

das minhas perucas

das minhas maquiagens

do velho eu

 

nada importa agora 

tudo se foi

naquele incêndio 

que provocaste 

em meu peito

consumindo-me por inteiro 

 

...

 

minhas lágrimas secaram 

não choro, não sinto

quem chora por mim, são outros 

quem chora por mim

são as nuvens 

sempre nubladas 

perderam a limpidez (como eu)

estou sujo, cinza.

não o meu corpo.

minha mente, meus olhos, minha alma, tudo está cinza

elas entendem a dor

afinal, o que é o amor?

não sinto nada além de dor

 

(pare está matando-me!)

 

há um grito de socorro preso em minha garganta 

sufocando-me,

sinto meus pulmões 

eles pedem socorro

(dói tanto, pare)

fortemente, tuas mãos apertam-me o pescoço 

como se fosse de plástico 

não há carinho, como antes houvera

há raiva, somente 

e dor

 

nos olhos, o brilho do desespero 

esse brilho jamais desaparece

ele só cresce — 

 

estou sorrindo, querido 

(como me pede)

estou sorrindo... 

 

o que mais diz sobre a felicidade 

do que um sorriso estampado nos lábios? 

 


Notas Finais


comentários? algo? pedras?


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