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História All Day I Think of You - All Day I Think of You


Escrita por: D4rknessEyes

Notas do Autor


~ Olá!
Nessa história eu também me inspirei em música para escrever, mas dessa vez foi em várias então não dá pra deixar o link de todas haushajshua Será que vcs conseguem reconhecer algumas?
Enfim, espero que gostem :)

Capítulo 1 - All Day I Think of You



Puxei a cortina para o lado, criando uma pequena abertura de espaço suficiente para que pudesse olhar através da janela. O céu estava coberto de nuvens acinzentadas que escondiam o sol e mesmo assim o garoto no outro lado da rua insistia em usar um par de óculos escuros (que aliás, não combinavam nem um pouco com sua camiseta de estampa exageradamente colorida). Ele tentava fechar o porta-malas do carro enquanto mantinha uma mochila pendurada nos ombros e ao mesmo tempo um belo gato cinza se enroscava em seus tornozelos pedindo por atenção.

Não pude deixar de sorrir da cena, que aos meus olhos era de certo modo adorável. O vento suave trazia sinais de chuva e bagunçava aqueles fios de cor escura que eu tanto admirava, e que me pareciam encantadores até quando se encontravam em um dia ruim.

Para ser sincero, não havia muitas coisas que eu pudesse não gostar nele.

Kim Heechul era meu vizinho desde sempre, e tive a sorte de poder desfrutar da sua "ilustre companhia" durante toda a minha vida. Estudamos juntos desde o fundamental e ao longo do tempo acabei lhe concedendo o título de "melhor amigo".

Mas nossa aproximação não foi tão fácil de ser realizada.

De início, simplesmente nos odiávamos. Éramos exatamente o oposto um do outro e por muitas vezes acabávamos discutindo por coisas inúteis. Tudo o que eu dizia ele discordava ou revirava os olhos, tudo o que ele fazia eu criticava, passávamos horas tentando entrar em um acordo sobre certo assunto e seu jeito egocêntrico claramente me irritava pois contrastava muito com a minha personalidade.

Dessa maneira, descobrimos que na verdade éramos a combinação perfeita. Com a convivência obrigatória - fazendo dupla nas aulas de matemática - somada a essas desavenças, se tornou evidente que tínhamos mais em comum do que aparentava e nosso laço se fortaleceu com o passar dos anos.

Foi nesse meio tempo que percebi quantos passos eu já havia dado além da linha denominada amizade. Heechul significava mais para mim do que o próprio poderia imaginar e eu sempre me pegava pensando como seria caso um dia ele tomasse consciência desse fato. Tantos sorrisos por aí, e apenas o dele era capaz de mudar meu dia completamente fazendo com que eu agisse feito um bobo. Muitos olhares me cobiçavam, mas meu verdadeiro desejo era que um dia ele me visse de outra maneira e gostasse de mim tanto quanto eu gostava dele.

Sim, eu já havia considerado a possibilidade de lhe contar sobre meus sentimentos, mas na hora H sempre perdia a coragem pois não sabia como ele poderia reagir e a opção de simplesmente continuar escondendo sempre me parecia mais tentadora.

Aliás, cheguei a arquitetar muitos planos, várias abordagens, mas nenhuma delas parecia boa o suficiente. Tudo era muito fácil na teoria, mas na prática a história era outra. Eu não poderia chegar nele e dizer: "Oi Heechul, como vai? É o seguinte, eu gosto de você" e depois fazer de conta que não havia dito nada demais. Uma declaração levava tempo para ser concretizada, e eu não fazia ideia de quanto a minha ainda precisaria para se aperfeiçoar.

De qualquer forma não adiantava pensar sobre isso, pois em poucos minutos ele estaria bem longe de mim e esse segredo morreria comigo.

Heechul estava se mudando, e eu nem mesmo havia me dado ao trabalho de obter informações sobre onde ele iria. Só sabia que sua mãe havia conseguido um emprego melhor em outra cidade, mas como era distante, ela havia optado por procurar uma residência em um lugar mais perto.

Claro que não fiquei contente com a notícia, mas tentei não deixar isso aparente pois o meu egoísmo estava saindo fora de controle. Confesso que fiquei irritado ao imaginar que a pessoa mais importante para mim estava escorregando por entre meus dedos, eu não faria nada para impedir e talvez nunca mais veríamos um ao outro, mas sufoquei esse sentimento ruim e o guardei nas profundezas do meu coração já que não poderia descontá-lo em ninguém - afinal, não havia um culpado definido nessa história toda.

Seria estranho não tê-lo mais ao meu lado, me cutucando com a ponta do lápis e pedindo a resposta dos exercícios. Seria estranho olhar pela janela do meu quarto e ver completos desconhecidos perambulando pelo quintal onde eu sempre o via estirado na grama ou então tentando fazer com que seu gato descesse de cima da árvore.

Eu sabia que, independentemente do que fizesse, sempre iria parecer que estava faltando alguma coisa.

A cadeira que ficava de frente para mim no refeitório agora se encontraria vazia, as minhas tardes na biblioteca não valeriam a pena e eu não teria alguém para me dar cobertura enquanto dormia no meio das aulas. Ninguém me mandaria mensagens em horas inoportunas só para perguntar se o par de sapatos combinava com o chapéu, ninguém tentaria me arrastar para alguma festa em plena terça-feira, eu agora teria que jogar partidas de videogame sozinho e talvez as pessoas não se preocupariam em fingir interesse por meus discursos desnecessários.

Heechul estava saindo da minha convivência de forma repentina e eu não havia conseguido me estabilizar ainda, tendo em vista que já era acostumado às suas manias por todos esses anos. Ele prometeu que me ligaria sempre que tivesse tempo, tentaria me visitar assim que possível e trocariamos muitas mensagens mesmo que fosse para ter conversas aleatórias...

Mas nunca seria a mesma coisa.

Eu não estava satisfeito pois nada se comparava à felicidade interior de vê-lo todos os dias bem na minha frente, e não através da tela de algum aparelho. Nós não sairíamos com tanta frequência e eu tinha certeza que ficaria perguntando a mim mesmo coisas do tipo "Onde ele está?", "O que está fazendo?", "Será que ele está doente?", "Será que encontrou um novo melhor amigo?"

E o pior, não sabia se ele teria essas mesmas preocupações ou se minha imaginação estava passando dos limites e eu seria esquecido. Talvez suas promessas eram apenas palavras vazias, e quando ele chegasse no novo colégio em sua nova vida, seguiria em frente sem medir esforços e eu ficaria aqui tentando descobrir se ainda pensava em mim.


Observei atenciosamente enquanto Heechul dava meia volta em torno do veículo e jogava sua mochila no banco do passageiro, batendo a porta com força logo em seguida. Agachou-se, segurou o gato em seus braços e o levou para dentro da casa, desaparecendo de minha visão.

Foi nesse momento que me ocorreu uma ideia maluca.

De algum jeito, comecei a pensar que talvez não precisasse viver com esse sentimento reprimido no meu peito, e que ao invés disso poderia deixá-lo partir sabendo que haveria alguém lhe esperando, alguém que realmente se importava e sentiria sua falta. 

Alguém que lhe amava.

Minhas últimas palavras - que provavelmente seriam um simples "Vou sentir saudades" - poderiam ser substituídas por um sincero "Eu te amo". Seria melhor tirar esse peso das minhas costas e finalmente me confessar do que guardar isso eternamente e passar pelo arrependimento, me perguntando como seria se tivesse agido de maneira diferente.

Mas o que faria para completar meu objetivo? Pensando bem, eu não acreditava que teria coragem o suficiente para concluir uma tarefa tão difícil. Deveria ser direto ou discreto? Eu deveria lhe comprar alguma coisa de última hora? Será que daria tempo de olhar na internet e pesquisar sobre "frases bonitas para se declarar"?

Chacoalhei a cabeça, afim de espantar aqueles pensamentos idiotas que não ajudavam em nada. Eu estava nervoso, só isso, então a melhor opção seria agir com o coração ao invés da razão - antes que mudasse de ideia.

Me virei, dei uma última olhada no espelho tentando reunir confiança e saí pela porta, desembaralhando meus pensamentos à medida que meu destino se aproximava cada vez mais.

Até que estava indo bem considerando as circunstâncias, mas quando cheguei na rua me pareceu um grande desafio dar um passo à frente do outro sem entrar em pânico, e quando finalmente pisei na calçada, minha confiança voltou à estaca zero. O som grave de um trovão vibrou no céu e as folhas secas espalhadas pelo chão começaram a ser arrastadas de um lado para o outro pelo vento.

O sentimento de "O que estou fazendo aqui mesmo?" começou a me assombrar e tive de fazer esforço para não nutrir a vontade de voltar para o conforto da janela do meu quarto. Antes que pudesse ensaiar mentalmente algum discurso Heechul apareceu do lado de fora, atravessando o caminho de pedras e vindo ao meu encontro. Ele empurrou os óculos escuros para o alto da cabeça e sorriu alegremente ao parar diante de mim.

- Então você veio, Siwon? Achei que tivesse se esquecido da minha pessoa.

Passei alguns segundos em silêncio, apenas admirando a beleza que irradiava de seu sorriso e que era suficiente para me deixar sem defesas. Mesmo que o visse todos os dias, aquela sensação hipnotizante sempre tomava conta do meu ser e eu podia sentir meu coração vacilar. Era muito mais forte do que qualquer outra paixonite que já tive, e não seria exagero comparar a intensidade do meu amor com a profundidade dos oceanos ou até mesmo o tamanho do universo: Infinito.

- Eu precisava vir. Não conseguiria dormir em paz se você fosse embora sem que me despedisse - falei em tom de brincadeira, mesmo que no fundo houvesse uma ponta de sinceridade em minhas palavras.

Por um instante achei ter visto seu semblante escurecer quando toquei no assunto da despedida, mas se foi verdade, desapareceu antes que eu pudesse consertar o que havia dito trazendo de volta a costumeira expressão alegre.

- Quanto drama! Não me surpreendo caso um dia você se torne um grande ator renomado - ele riu de forma descontraída tentando aliviar o clima triste do qual ambos sabíamos que pairava no ar - Sabe, esse seu jeito certinho, suas pregações dramáticas e suas piadinhas infames... vou sentir muita falta de tudo isso.

Antes que eu pudesse formular uma resposta ele se lançou sobre mim, colocando seus braços em volta do meu pescoço em um abraço apertado. Demorei alguns milésimos de segundo para entender o que significava aquilo mas logo tratei de retribuir o gesto, envolvendo seu corpo magro com meus braços e fechando os olhos tentando gravar seu perfume marcante em minha memória.

Um abraço nunca havia sido tão reconfortante e ao mesmo tempo doloroso como aquele. O calor emanando do corpo dele não parecia ser suficiente para aquecer a fria sensação de abandono que se apoderava de mim à medida que os minutos passavam cada vez mais depressa. Aquela poderia ser a última vez que eu o tocava, então o correto seria estar aproveitando ao invés de apenas me sentir incompleto. Parecia que se nos separássemos, uma parte de mim acabaria se partindo também, e tudo que eu mais desejava naquele momento era que o tempo congelasse para que ficássemos juntos por instantes intermináveis; se possível, para sempre.

E tão rápido quanto começou ele acabou com nossa ligação física, se afastando lentamente com dois passos arrastados e me trazendo de volta à realidade.
Seus lindos olhos escuros brilhavam, e eu sabia que seu maior objetivo era se segurar para não chorar na minha frente. Ele não queria que sua última imagem vista por mim fosse um rosto vermelho cheio de lágrimas, e sim que minha última lembrança sua fosse de um belo sorriso.

- Acha que vai conseguir se acostumar com o novo colégio? Quero dizer, nem sempre é fácil conviver com pessoas novas e desconhecidas - tentei jogar uma isca de forma sutil, na esperança de descobrir quanto tempo levaria até que ele encontrasse alguém para substituir meu posto. O fato de ele ser popular e conseguir facilmente conquistar os outros com seu carisma era o suficiente para despertar em mim a insegurança. Mais cedo ou mais tarde acabaria me afogando no mar de dúvidas e receios que eu mesmo havia criado; queria que ele fosse só meu, e minha ganância havia crescido mais do que minha mente podia lidar.

Para meu azar, Heechul me conhecia há tempo suficiente para entender as intenções através daquela pergunta:

- Está com ciúmes achando que vou encontrar um novo melhor amigo e te esquecer? - ele me encarou com um ar interrogativo e não pude fazer nada além de olhar para baixo, desconcertado. Diante do meu silêncio, continuou - Não precisa ficar assim, seu bobo. Não há ninguém como você, mesmo se eu olhar em volta é tudo igual. Onde mais iria encontrar uma boa pessoa como você, ou um coração bom como o seu?

Pisquei algumas vezes sem entender, acreditando na possibilidade de estar sendo enganado por meu sentido auditivo. Desde quando ele dizia palavras tão doces e gentis afim de me confortar? Aguentei firme e evitei dizer: "Quem é você e o que fez com Heechul?" para não arruinar o momento. Cheguei a sorrir por perceber o quanto ele estava se empenhando em me fazer sentir melhor.

Desligados do mundo à nossa volta, quase não percebemos quando a mãe dele caminhou ao nosso lado a passos rápidos, indo em direção ao carro segurando uma gaiola para transporte (dentro da qual imaginei que o gato cinzento estivesse). Entrou no automóvel ainda com o objeto em mãos e se sentou atrás do volante, gritando um breve "Vamos logo Heechul, estamos atrasados!" para meu amigo que apenas revirou os olhos em resposta.

Senti um frio na barriga ao pensar no que estava prestes a fazer. Eu ainda não me sentia preparado para simplesmente despejar meus verdadeiros sentimentos em cima dele e esperar que carregasse todo o peso da informação durante a viagem, mas não havia escolha. Meu tempo tinha acabado, e não dava para continuar enrolando.

Minhas mãos suavam e tive a impressão de que acabaria gaguejando caso optasse por frases mais longas e palavras difíceis; precisava ser curto e direto, sem dar espaço para interrupções.

Mas era como eu sempre dizia: Tudo muito fácil na teoria, mas na prática a história era outra.

- Heechul... preciso te dizer uma coisa, antes que você vá embora - enrolei ao invés de ir direto ao ponto, contrariando meus princípios.

Ele apenas arqueou as sobrancelhas, com uma sombra de expectativa estampada no rosto. Atento a qualquer reação de sua parte, continuei a dizer após respirar fundo:

- Sei que é difícil ouvir isso, de forma repentina, mas me sinto culpado por te ver se afastando e não ter contado ainda. Todos esses anos mantive segredo pois achei que você sempre estaria ao meu lado até que eu criasse coragem, mas parece que não é bem assim. Não sei o que vai pensar de mim, mas a verdade é que... Eu te a-

- Shh! - ele sibilou, colocando o indicador sobre meus lábios e me impedindo de continuar a frase. Não sei se me assustei mais com esse gesto ou com o que ele disse em seguida:

- Eu já sei o que vai dizer. Aliás, você é terrível no quesito disfarce.

Senti um arrepio descer pela minha espinha como se houvesse um cubo de gelo escorregando por dentro da camisa que eu vestia. Milhares de perguntas começaram a tomar forma, mas todas ficaram presas em minha garganta e a única reação que tive foi piscar, desacreditado. Como ele poderia ter descoberto? Será que eu não havia tomado cuidado? Qual seria sua opinião sobre isso? E mais importante, desde quando ele sabia?

Creio que Heechul não percebeu o quanto fiquei chocado com aquela notícia, pois com um aceno e mais algumas palavras de despedida das quais não consigo me lembrar, apenas se virou e começou a caminhar para longe de mim - me deixando naquele estado. Na verdade, eu havia ficado contente por não precisar demorar mais naquela declaração que, na melhor das hipóteses, estava saindo um grande desastre.
Mas e então, como seriam as coisas a partir daquele momento?

Eu simplesmente assistia enquanto ele aumentava a distância entre nós, ficando cada vez mais perto do carro onde sua mãe - não muito paciente - esperava. Minhas palavras impensadas haviam causado alguma mudança em nossa amizade? Meu pior pesadelo era que eu tivesse estragado tudo e comecei a pensar que talvez aquela não tivesse sido uma decisão sensata.

Mas no final, tinha sido mais simples do que eu esperava.

Ele havia ido embora sem que tivéssemos chorado um no ombro do outro, sem ensaios e nem mesmo tempo para acrescentar palavras.

Ainda parado de pé na calçada, observei em silêncio enquanto o Cruze Sport 6 dava partida e descia a rua, deixando para trás a casa de paredes avermelhadas. Ouvi o estrondo de um trovão novamente e grossos pingos de chuva começaram a cair logo em seguida, fazendo dupla com o vento na missão de me molhar e desmanchar meu cabelo. Mesmo que a temperatura tivesse diminuído e a água gelada se chocasse diretamente contra a pele, eu não estava sentindo frio.

Não estava sentindo nada.

Havia um borrão em minha mente, nada do que eu pensava fazia sentido e a razão me parecia uma ideia bem distante. Pensei em inúmeros cenários diferentes do que acabara de ocorrer e uma pequena dúvida começou a me confundir: Como seria se eu houvesse agido antes?

Talvez devesse ter dito da primeira vez que senti, e minha covardia acabou afastando-o de mim. Fiquei esperando o momento certo para me declarar - quando estivesse pronto - mas este demorou a chegar. Se ele soubesse do meu coração antes, teria mudado alguma coisa?

Quando o Sport mal havia chegado na metade da rua, algo me chamou a atenção. Suas lanternas traseiras piscaram uma vez e mesmo de longe pude perceber que ele havia parado (ainda que o motor estivesse ligado).
Para minha surpresa, de dentro do mesmo saiu uma figura que eu bem conhecia e, sem se incomodar com a chuva, ela veio correndo em minha direção.

Esfreguei os olhos, tentando separar a realidade da fantasia e evitar acreditar em uma cena falsa que minha mente projetava.

Mas não, era muito real.

Kim Heechul corria pela calçada e estava cada vez mais perto de mim que, sem entender nada, fiquei parado no mesmo lugar com cara de idiota. Ao se aproximar, tentei encontrar um jeito de lhe perguntar o motivo de ter voltado, mas ele não me deu tempo para fazer nada e as palavras morreram em minha garganta por causa de seu gesto seguinte.

Ele segurou meu rosto com ambas as mãos de maneira delicada e pressionou levemente seus lábios contra os meus.

Nunca, em toda a minha vida, imaginei que aquilo pudesse acontecer. Aquela cena sempre se repetia nos meus sonhos mais secretos, mas na vida real, era algo completamente novo e utópico.

Assim como em minhas fantasias, o beijo de Heechul era indescritível; uma mistura de sensações que me arrepiavam da cabeça aos pés. Seus lábios eram macios e se encaixavam perfeitamente aos meus, e nos beijávamos em uma sincronia harmoniosa com um toque de desejo.

Era como se meus pés tivessem saído do chão. Minha mente, meu corpo e minha alma estavam em chamas e mais nada no mundo existia além de nós dois.

Suas mãos subiram pelo meu pescoço e acariciaram meu cabelo molhado; este simples toque foi suficiente para me deixar eletrizado. Inconscientemente meus braços rodearam sua cintura num gesto carinhoso e quis mantê-lo preso a mim daquela forma pelo maior tempo possível, como se assim pudesse adiar o inevitável.

Aqueles breves segundos haviam sido melhores do que eu já imaginara, e se soubesse que um simples selar fosse provocar em mim sensações que até então nunca havia experienciado, com certeza eu mesmo teria tomado a iniciativa bem antes.

Nos separamos apenas alguns centímetros para que pudéssemos voltar à realidade e recuperar o ar que se fazia necessário. Minhas mãos tremiam discretamente (duvidava que fosse por conta do frio) e meu coração batia tão violentamente no peito que cheguei a não achar impossível caso ele resolvesse saltar pela boca.

Encostei minha testa na dele, fechei os olhos e assim fiquei, com medo de que se os abrisse ele fosse desaparecer. Pensei que estava somente alimentando uma loucura da minha cabeça e que Heechul não passava de um fruto da minha imaginação, mas quando ouvi sua voz, respirei aliviado sabendo que era verdade:

- Será que agora é tarde demais para pedir desculpas e dizer que eu sinto o mesmo? - ele me perguntou com um meio sorriso - Achei que seria mais fácil para nós se simplesmente ignorássemos esse sentimento, mas percebi tarde demais que essa não era a solução. Sinto muito por ter escondido isso de você Siwon, e não tenho mais medo de dizer… que eu também te amo.

Sabe aquela sensação de sonhar que se está caindo, e de repente acordar assustado e sem fôlego? Era exatamente desse jeito que me sentia. As palavras de Heechul me atingiram repentinamente, como se eu tivesse levado um choque. Dentro do meu peito algo vibrava e eu sabia que faltavam poucos minutos antes que começasse a sofrer de um ataque de pânico. Abri a boca como se fosse dizer algo, mas nada saiu além de um murmúrio desconhecido.

Ele segurou minhas mãos entrelaçando seus dedos aos meus, tentando "me acalmar". Sorriu mais uma vez (ah, como eu adorava a fileira de dentes brancos que demonstravam sua felicidade melhor do que quaisquer palavras) e me olhou de maneira séria, lançando uma questão que até então eu não esperava ouvir:

- Você tem meu coração e, em um dia que não tardará a chegar, voltarei para te ver nem que seja em época de provas. Promete que não vai me esquecer?

Balancei a cabeça afirmativamente, incapaz de modelar alguma frase decente que servisse como resposta. Eu realmente não estava acostumado com aquele lado romântico de Heechul, e até pouco tempo pensava nele como o tipo que amava a si mesmo acima de tudo (daí surgia minha certeza de que ele nunca olharia para mim como mais que um amigo). Vê-lo se declarando para mim, mesmo que discretamente, me fazia querer reviver aquele momento inúmeras vezes.

Quebrando a aura intensa que nos envolvia, a Sra. Kim colocou a cabeça para fora da janela do veículo e, mesmo distante, gritou as mesmas palavras anteriores (mas dessa vez com mais ênfase para mostrar que não estava de brincadeira diante da teimosia de seu filho).

Ele passeou com a ponta dos dedos pelo meu rosto como se quisesse gravar os traços em sua mente, desenhando o contorno dos meus lábios suavemente. Me deu um último beijo (tão surreal quanto o primeiro) e da mesma forma que chegara ele voltou correndo sem se importar com as poças d'água que encharcavam sua roupa à medida que seus tênis se chocavam contra elas. O Cruze Sport 6 finalmente partiu e sumiu do meu campo de visão, contornando a esquina.

Dessa vez era para valer.

Eu sabia que ele não voltaria, já que minhas preces eram um tanto impossíveis de serem atendidas. A verdade é que nós não passávamos de dois idiotas, que deixamos o medo e o destino fecharem nossas portas. Infelizmente, o tempo não foi nosso amigo e acabamos tendo de seguir rumos diferentes.

Mas assim como havia prometido, eu não deixaria que a distância causasse alguma mudança na amizade que havíamos construído ao longo dos anos, muito menos no sentimento novo e correspondido que aflorescera junto. Não importava quanto tempo ele demoraria para me visitar, pois eu seria capaz de esperar por toda uma eternidade.

O amor que eu nutria por ele incondicionalmente sem dúvidas era imortal; resistiria a aço, ferro e fogo. Para Heechul todos os dias estaria aberta a minha porta, pois o amor verdadeiro resiste a tudo e à tudo suporta.


Notas Finais


Espero que tenham gostado, e me desculpem por qualquer erro ortográfico >.<


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